Em Chamas

Capítulo 5 - O início da vingança


Deixei por conta dos representantes da sala e a dona da casa avisarem a todos sobre a festa de boas-vindas para Samanta. Ver a figura estressadinha e perturbada da garota me fez sorrir por uma semana.

No início, sábado parecia um dia longe e distante, mas à medida que os dias foram passando, minha ansiedade com a aproximação da festa crescia cada vez mais. E foi numa sexta-feira, fim do intervalo, que Samanta, surpreendentemente, veio em minha direção num momento em que eu me econtrava sozinho.

–Foi você, não foi? – sua voz sussurrada estava tão sombria que todos os músculos do meu corpo lutaram para se manter no lugar.

–Sobre o quê você está falando? – sorri como quem não sabe de nada.

A garota semi-cerrou os olhos. Havia uma onda de remórsio ali dentro que se fosse libertada, era capaz de me afogar.

–Você vai pagar por isto.

Dizendo essas últimas palavras, ela se virou, me deixando sozinho ali.

Analisei aquele corpo feminino enquanto ela se afastava de mim. Venha com o que quiser, Samanta, estarei ansioso esperando por sua vingança.



–Diiih! – Amanda gritou assim que me viu entrando em sua casa.

A música alta tornou aquele grito ainda mais insuportável.

Cumprimentando alguns alunos que ali já estavam, me juntei ao Felipe, que conversava animado com algumas garotas da sala. Pelo clima ali dentro, notei que Samanta ainda não havia chegado; a ansiedade só cresceu dentro de mim.

Entretanto, foi só pensar nisso que poucos minutos depois notei um alvoroço perto da entrada. A convidada especial enfim havia chegado.

Serpenteando por entre os alunos, me aproximei da multidão. O olhar de Samanta se cruzou com o meu no mesmo instante. Como se quisesse me provocar, me provar que o que eu pensava dela era errado, ela sorria para todos que a cumprimentavam, abraçando e compartilhando de toda a alegria daquela festa feita a ela.

Isso não era nada, Samanta. Eu quero mais, muito mais...

A música ficou mais baixa. Amanda veio em minha direção e me puxou pelo braço, me levando até o espaço reservado para o Dj. Naquele momento, lamentei por ter me aferecido para aquela função. Porém, se teria que ficar ali agora, alguma coisa teria que fazer para contornar a situação ao meu favor.

Tinha que atrair Samanta pela música.

Músicas remixadas, rock, pop e eletrônica. Nenhuma dessas levou a garota até a pista. De onde estava, eu não a via em lugar algum. Porém, vendo que alguns corpos já se cansavam daquele som estridente, mudei de tática e, enfim, escolhi uma música lenta.

A mudança repentina pertubou alguns estudantes. No entanto, essa sensação durou apenas um momento. Sorrindo, vi duplas de casais se aproximando da pista. De mãos dadas, rostos colados ou simplesmente conversando ao som lento da música; os casais dominavam a pista.

Enquanto eu caçava a figura sozinha de Samanta num canto qualquer, foi a garota quem me pegou de surpresa. Uma surpresa que sequer fui capaz de adivinhar.

De mãos dadas com alguém cujo rosto eu não tinha sido ainda capaz de ver, o casal se aproximou da pista e, como os outros, começou a deixar-se levar pela música. Ela apoiando-se no ombro dele; ele a segurando pela cintura. Pela primeira vez notei o quão deslumbrante Samanta estava. A garota sabia dançar, sabia conduzir seu acompahnante. Ela estava realmente linda ali.

E foi nesses devaneios que enfim vi o rosto do infeliz que tinha aquela garota linda em seus braços. Meu corpo inteiro tremeu ao ver aquele rosto. Era Felipe quem estava ali.

Em meio aos risos e conversas sussurradas, eu via a face de cada um deles se aproximar um do outro cada vez mais. Não!, meu cérebro gritou subitamente, incapaz de desviar os olhos daquela cena. Eu permaenci petrificado como um boneco quando os lábios deles finalmente se encontraram.