Segunda-feira. Mais um dia de aula acaba de terminar, e eu estou exausta, como sempre. Como esses adolescentes dão trabalho! Tão jovens, bonitos, e com amores novos a cada semana... Mas realmente, não posso reclamar. Eu amo cada um deles do fundo do coração, e se pudesse, passaria a vida ao lado de todas essas crianças maravilhosas.

Passar a vida ao lado de alguém que se ama do fundo do coração... Ter uma família. Como será o sentimento? Todos os meus relacionamentos não chegaram a dar grande coisa. Meus namorados estão extintos!

O que é o amor, afinal? Ah, verdade. Eu já desisti de procurá-lo ou tentar entendê-lo...

Eu sou apenas a professora divertida desta história, não preciso de mais nada.

Ou talvez eu precisasse, e muito, mas esse sentimento se tornou tão intenso que ficou vazio, transparente. Escapou de minhas mãos e... voou para o profundo horizonte.

Mas, sinceramente... Quem iria querer alguém como eu atualmente? Já nos trinta anos, uma história de vida nada empolgante, e com um trabalho normal. Apenas mais uma pessoa qualquer no meio de tantas maravilhosas. Não preciso de atenção, não é?

Realmente... eu já tinha desistido à muito tempo. Mas...

É quase excluído o fato de que você sempre esteve lá por mim, mas ninguém notou. Minha doce companheira, e grande amiga, de coração.

Yasuko era apenas mais uma mãe entre outras. Conversava com ela normalmente igual a todo o resto. Discutíamos o comportamento de seu filho, suas notas, enfim, o básico entre mãe e professora. Uma vez ou outra conversávamos sobre a vida alheia e as fofocas do momento, claro.

Mas ela sempre foi gentil comigo, apesar de ser meio doidinha às vezes. Ela é uma pessoa tão animada e cabeça de vento, essa menininha... Mas eu realmente gosto muito da presença dela. Quando estou triste, parece que ela simplesmente ilumina tudo, deixa seu brilho radiante por onde passa. Seus cabelos dourados, por um momento, podem até ser confundidos com o sol.

Eu apreciava tanto sua presença que nem percebia que a necessitava.

Ela foi uma das poucas pessoas que já pude chamar de ''amiga verdadeira''. Apesar de no começo apenas nos vermos em reuniões normais, depois, mudou para algo mais íntimo. Começamos a visitar a casa uma da outra em tempo livre, ir ao mercado juntas, trocar os números de telefone...

Com ela até parece que eu volto a ser adolescente.

Nós líamos revistas juntas e até falávamos sobre moda ou trabalho, apesar de eu não ligar muito para meu visual, era divertido. Aquelas conversas sobre a vida dos vizinhos também não eram deixadas por fora!

Ok, agora foi descrito como se fossem duas tias velhas tomando chá e fofocando porque não tem outra coisa mais interessante pra fazer.

E outra coisa importante e extremamente impressionante nela. Compartilha o mesmo amor pelos filhos que eu com meus alunos! E com a palavra ''filhos'' conta a pequena Taiga e o nosso querido Inko-chan, claro. Os dá carinho, se importa com cada um, a relação deles é tão amável...

E eu sou tão egoísta que inconscientemente desejei esse amor para mim também.

Ficamos tão íntimas que chegamos a nos chamar pelo primeiro nome. Eu admito que, uma vez ou outra, a chamava por ''Yacchan'', um apelido carinhoso dado por Aisaka-san.

Wow! Eu acabei focando meus pensamentos nela de novo. Isso têm acontecido bastante recentemente. Quando eu passei a observá-la com tanta atenção...?

Voltando ao meu dia. Todos já tinham saído da sala, eu ainda não tinha terminado de arrumar minhas coisas. Estava no final da tarde, mas ainda não tinha anoitecido. Resolvi começar a apagar o quadro. Não tinha muita coisa, estava perto de terminar quando...

Ouvi alguns toques na porta da sala. Ela se abriu antes de eu poder me mover.

Eu já ouvi dizer que, quando você pensa muito intensamente em alguém, essa pessoa por ironia do destino resolve aparecer na sua frente.

— Olá, Yasuko-san.

Larguei o apagador e voltei minha atenção para ela.

— Yuuuuuuuri-chaaaan! — pulou em meus braços animadamente. Quase caí para trás, mas logo recuperei meu equilíbrio, colocando suavemente meus braços sobre ela e retribuindo seu abraço caloroso. Depois de alguns segundos, nos separamos e ela começou a falar. — Eu sei que não é dia de reunião entre pais e professores, encontro marcado nem nada, mas... Hoje eu simplesmente estava com tanta vontade de te ver que não pude me segurar! Eu estava apostando tudo que você estaria aqui ainda, dei sorte dessa vez. Yay!— sorria.

Eu não sabia se ficava surpresa ou honrada pelo fato de ela ter resolvido sacrificar seu sono sagrado apenas para me visitar na escola hoje.

— Você está livre para passear comigo hoje, Yuri-chan?

— Hum? Vejamos... Hoje o dia foi bem cheio, mas eu já estava de saída e não teria mais nada para fazer o resto da noite, provavelmente. Por que não? — dei um leve sorriso.

— Yeeeeey! Obrigada! Eu amo você, Yuri-chan! — Pulou sobre mim novamente, dessa vez não pude me equilibrar e caímos no chão com ela sobre mim, tentando me segurar na mesa acidentalmente deixei cair todos os meus papéis e alguns lápis no chão também.

— Ops. — fez uma expressão boba de criança que acabou de fazer besteira. Foi tão engraçado que não resisti e caí na risada, pouco depois estávamos rindo juntas.

O clima de comédia foi passando aos poucos, estava pensando em me levantar no momento que as risadas foram diminuindo, até que percebi...

Ela estava muito perto. Principalmente seu rosto. Antes de perceber, eu já tinha criado um conflito mental comigo mesma.

Me inclino para desviar e nos levantarmos normalmente ou...

Meu coração começou a bater mais forte. Acho que nesse momento em que o mundo pôde ouvir claramente o que meu coração começou a gritar, ela se deu conta da situação em que estávamos.

Dois corações cantando em harmonia.

Olhando-nos fixamente, nossas bocas se aproximavam lentamente. Por mais que o constrangimento fosse notável em ambos os rostos, nossos olhos não queriam se concentrar em nada mais que o brilho do outro.

Simplesmente aconteceu. Nada planejado ou combinado. Não senti como se fosse algo forçado ou necessitado demais. Foi simplesmente... Natural. Senti como se meu corpo flutuasse.

Nossos lábios finalmente se encontraram. Calor, desejo, amor. Senti tudo isso e muito mais.

Se eu pudesse, faria esse momento durar para todo o sempre. Me senti tão bem... Esse é de longe meu primeiro beijo e o dela, mas foi algo tão especial que parecia como tal.

Chegamos ao nível de nossas línguas dançarem juntas, em uma clássica melodia.

Fomos separando nossos lábios lentamente, ambas queriam ficar ali, naquele suave momento, para sempre. Mas a necessidade de respirar nos impedia.

— Eu também amo você... Yacchan.

O dia que eu pensei que já tinha terminado... Ainda seria longo.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.