Early In Love

Um só coração


POV Narrador

Percy estava vendo The Big Bang Theory largado no sofá de sua sala quando ouve o celular tocando.

– Alô

E aí Perciana! O que está fazendo?

– Vendo TV, porque Nicole?

Ah, eu odeio esse apelido! Eu não sou mulher!

– Certeza?

Vai cagar Percy.

– Já caguei.

Nico riu do outro lado da linha.

Vem para cá.

Por quê?

Os meninos estão todos aqui. Ainda logo.

– Tá.

Percy desligou a ligação e se levantou do sofá. Subiu para o quarto e pegou as chaves do carro. Antes de sair de casa passou no escritório da mãe. Bateu antes de entrar e colocou a cabeça dentro da sala.

– Mãe, to indo para a casa do Nico.

– Só não volta muito tarde filho.

– OK.

A mãe de Percy estava trabalhando mais que o normal ultimamente. Ela tinha começado a escrever um novo livro e sempre que isso acontecia Sally ficava mais focada que nunca. E irritada também. Poseidon e Percy tinham que tomar muito cuidado, porque qualquer coisa que diziam podia ser mal entendida.

Nico morava a quinze minutos da casa de Percy e logo o garoto chegou. Tocou a campainha e minutos depois Bianca apareceu na porta.

– Percy! – a garota disse abraçando o primo. – Entra.

O garoto entrou na casa. O mesmo não estava acostumado a visitar a casa dos primos. Na última vez que tinha estado no lugar ele era pequeno.

– O Nico e os outros estão no quarto. – Bianca fala.

– Anh, é que eu não sei onde fica. – Percy murmura constrangido

– Ah! Desculpe Percy, eu tinha esquecido que você não vinha aqui faz tempo. Venha, eu te levo. – a morena o pega pelo o braço e o conduz pela casa. – Você precisa nos visitar mais, meu pai quase não para em casa, não precisa se preocupar.

– Eu não tenho mais medo dele. – Percy fala ofendido.

– Que bom. – Bianca tinha um sorriso no rosto. – Eu lembro que quando nós éramos pequenos, você não conseguia falar com ele sem tremer todo. Uma vez você até fez xixi nas calças!

– Eu lembro. Não era culpa minha, seu pai dava medo em todo mundo.

– E ele ainda te provocava. Todo vez que você vinha ele se vestia para parecer com um vilão de filme de terror.

– Uma vez eu me lembro de entrar na cozinha e ele estava segurando uma faca cheia de um liquido vermelho. Eu achei que era sangue, mas era só ele cortando a torta de morango.

– Aqueles eram bons tempos. Mamãe ainda estava viva e o papai não trabalhava tanto. – Bianca fala com um sorriso. – Às vezes ele nem volta para casa.

Percy sentiu um aperto no coração. Ele sabia como era difícil para Bianca e Nico. Perderam a mãe quando eram pequenos e o pai se tornou frio e viciado no trabalho.

– Eu sinto tanto Bi. – Percy sussurra abraçando a prima.

– Obrigada Percy. – diz a morena se afastando. – Se não fosse por você as coisas estariam muito piores. Eu consigo aguentar, mas o problema é o Nico. Eu fico com medo de ele fazer alguma besteira para tentar chamar a atenção do papai.

– Não se preocupe. Eu vou falar com ele.

Bianca assente enxugando algumas lágrimas.

– Vem, o quarto dele é por aqui.

[...]

Percy, Nico, Jason, Leo, Beckendorf e Luke passaram o resto do dia inteiro trancados no quarto jogando videogame. O de olhos verdes tentou falar com Nico em particular, mas com os outros no quarto foi praticamente impossível. Só depois de todos forem embora é que Percy teve sua chance.

– E a Sra. O’Leary? Eu não a vi em nenhum lugar.

– Com aquele tamanho, o único lugar que ela consegue ficar é no quintal. Eu vou te levar até lá.

Os dois garotos saíram de casa e foram para os fundos. Era um espaço bem grande, mas malcuidado. A grama estava sem vida, algumas flores estavam mortas no chão. Em uma parte a terra parecia revirada, como se algo tivesse destruído o que antes estava. Logo a frente havia a maior casinha de cachorro que Percy já vira. Imagina o cachorro que lá morava.

O mais alto não teve tempo nem de pensar e uma massa peluda e negra pulou em seu corpo, o derrubando.

– Sra. O’Leary ! Você está enorme! – disse Percy tentando se levantar.

Quando finalmente conseguiu, começou a acariciar a cadela. Fazia muito tempo que ele não a via.

– Quando minha mãe morreu, meu pai voltou aqui e destruiu tudo. Ela adorava o jardim sabe? E ele acabou com ele. – disse Nico olhando para o lugar.

Percy não tinha percebido que o moreno estava calado todo o tempo em que eles estavam ali.

– Eu acho que ele não queria nada que o lembrasse dela. É uma surpresa ele não ter se livrado de mim e da Bianca também.

Percy se postou ao lado do primo e colocou uma mão em seu ombro.

– Não fale assim Nico. Ele é seu pai, ele ama vocês dois.

– Sério? Porque às vezes não parece. Ele fica o tempo naquele maldito escritório. Eu nem vejo mais a cara dele! E quando eu o vejo, parece que ele me culpa pela morte dela.

– Seu pai tem um jeito diferente de lidar com a morte da sua mãe. Ele se isola. E mesmo sem perceber Nico, você também faz isso.

Nico ficou calado olhando para o chão.

– Já pensou em conversar com ele? Talvez...

– Ele não vai ouvir. – Nico o interrompeu.

– Tente. Você não está sozinho, você tem meus pais, sua irmã, eu, os garotos, as meninas também. Você não precisa se sentir sozinho, porque você não está.

[...]

Percy tinha acabado de jantar, estava sentando no chão do seu quarto olhando algumas fotos quando se lembrou de algo.

Levantou-se em um pulo e começou a abrir as gavetas retirando todo o seu conteúdo. Tem que estar em algum lugar. Pensou. Foi revirando papéis, fotos, roupas até que achou.

Era um colar simples. Possuía um cordão marrom e um pingente no meio. Era em forma oval e atrás estava escrito:

Percy & Annabeth

O garoto se sentou na cama com o coração acelerado. Tinha se esquecido completamente daquele colar. O colar que ele tinha comprado junto com outro para Annabeth. O colar que simbolizava a amizade deles. Agora parecia uma coisa besta para Percy. Mas ele tinha dez anos naquela época, só queria impressionar a melhor amiga.

Ele se lembrava do quanto ela estava linda naquela noite de natal. O jeito que ela sorria para ele e o quanto ela o deixava nervoso. Percy soltou um sorriso ao se lembrar dos momentos que passou com Annabeth. Parecia ser em outra vida.

Abriu o pingente com cuidado e observou o local vazio. Não havia foto porque naquela época ele não sabia o que colocar. Queria algo especial, mas não tinha pensando em nenhuma foto. Agora ele sabia.

[...]

Annabeth estava na casa de Silena e Piper. Thalia estava com ela. As quatro estavam conversando sobre os meninos quando Piper disse:

– Que lindo Annabeth! Onde você comprou?

Annabeth olhou para onde Piper apontava. A loira estava inclinada de modo que o colar que usava caísse para frente.

– É mesmo Annie, eu nunca tinha visto. – Thalia disse.

– Nem eu. – Silena concordou.

– Foi alguém especial que me deu. Alguém que eu não conseguiria esquecer. – disse tocando o pingente de coração.

Piper e Silena a olharam confusas. Enquanto Thalia trocou um olhar com Annabeth.

– Nem se eu tentasse conseguiria. – a loira sussurrou.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.