Nico percebeu a agitação no acampamento. Novos campistas haviam chegado. Duas crianças. O maior deveria ter por volta de seus 12, 13 anos, e a menor cinco, talvez seis; pensou ele.

Ele começou a escutar gritos:

-EU NÃO QUERO FICAR AQUI! EU QUERO VOLTAR PARA CASA, PARA O MEU PAI!

-Desculpe-me jovem, mas no momento isto talvez nao seja possível – a voz de Quíron era suave e firme – se puder me acompanhar para que possamos conversar melhor...

-Eu NÃO vou a lugar NENHUM com um centauro – pegou a mão da irmã – Vamos Lilo.

Os dois meninos foram se dirigindo ao portão de entrada. A menininha estava a ponto de chorar, e o menino parecia mais que apavorado. Ele se lembrava muito bem de como havia sido difícil para ele também, mas pelo menos aquele menino tinha alguém com ele.

Os campistas avistaram outra figura, desta vez entrando no acampamento. Algumas pessoas foram saudá-la, mas ela não estava muito interessada. Parecia estar procurando por algo. Até que Nico percebeu que ele encontrara. A menina que parecia ter a mesma idade que ele foi correndo em direção as duas crianças novas. Ela os abraçou, mas o menino se desvencilhou.

-ISSO TUDO É CULPA SUA – gritou novamente o menino – Éramos felizes antes de você chegar! Os monstros não nos procuravam e podíamos ter uma vida sem perigos.

- Robert... - Ela parecia a ponto de chorar com a acusação – Eu nunca tive a intenção de te trazer problemas... Eu só

-Se não tinha por que não nos deixou? Por que não foi embora?

-Rob, não fale assim com a Alice... - choramingou a menor dos três.

- Não se meta Lilo. Por que você escolheu a gente? Por quê?

-Eu... Eu não sei... Eu não escolhi vocês, foi seu pai que me acolheu e...

-MENTIROSA! Meu pai NUNCA ia acolher você. Depois do que aquela... Aquela... Coisa fez com ele, ele só queria distancia deste mundo.

- Eu não fiz por mau – sussurrou Alice, com as lagrimas escorrendo pelo rosto – mas podemos mudar isso. Talvez possamos fazer algo...

-POSSAMOS? JUNTOS? Não! Fique longe da minha família.

- ROBERT! Eu sou sua irmã.

-Não, você não é. Você não é nada, só a guria que destruiu a vida do meu pai, da minha irmã e a minha.

-ROBERT!?- ela exclamou assustada, como se esperasse tudo, menos aquilo.

-Eu te odeio, e espero que você morra destruída por aquele cão infernal que te perseguia. Ou qualquer outra coisa.

Lilo soltou sua mão:

-Você não pode dizer isso- disse com sua fina voz infantil- é muito feio. A Alice não tem culpa de nada!- e saiu correndo para a irmã. Elas as abraçaram chorando.

-Tome cuidado com as palavras guri- Exclamou uma voz atras deles – eu não admito insultas deste nível no MEU acampamento.