À noite Anita estudava na sala quando viu Pedro lhe rodeando, como se quisesse dizer algo.

– Pedro o que foi, o que você quer. – Anita indagou, parando com a leitura por um momento.

– É Anita, olha isso aqui que eu encontrei no lixo da casa da dona Maura sem querer. –Ele falou mostrando uns papéis a ela.

– Parece um mapa do bosque pelo jeito, sei lá. – Anita disse olhando.

– Pois é, é um mapa rabiscado e riscado, mais dá pra ver direito ainda, isso parece coisa do Antônio. – Pedro respondeu.

– É os desenhos tão meio rabiscados mais são bem feitos. – Anita concordou.

– O que será que ele tá aprontando hein. – Pedro deixou como questionamento.

– Não sei, mais amanhã nós vemos isso, a gente fala com o Ronaldo ou o Fred. – Anita afirmou.

– Mais Anita até amanhã, tem uma data ai, é a hora de hoje, e eu já falei pra eles, mas ninguém me ouviu. – Pedro argumentou.

– Já esta escuro, pode ser perigoso, é melhor você ir dormir amanhã você tem aula. – Anita disse.

– Ai tá bom, depois vocês não reclamam. -Pedro falou enquanto subia a escada resmungando.

Anita ficou olhando os papéis e pensando, e se o irmão tivesse razão e se Antônio tivesse aprontando algo mais grave, e ela precisava de provas contra Antônio, ou ninguém teria paz, Anita olhou por alguns instantes os papéis e resolveu falar com Ben.

– Ben olha o que o Pedrinho achou, ainda bem que você tá acordado ainda. – Anita afirmou entregando os desenhos pra ele, quando entrou na garagem.

– Que foi. – Ben disse deixando o computador de lado e pegando os papéis que ela lhe alcançava.

– Isso aqui é bem parecido, com os desenhos do. – Ben proferiu pensativo.

– Do Antônio, o Pedro achou isso no lixo da casa da Maura. – Anita completou as palavras do garoto.

– Tem uma data aqui, um horário que é daqui a pouco. – Ben afirmou folheando os papéis.

– É, o que será que ele vai fazer. – Anita contrapôs tensa.

– Não sei, mais eu vou descobrir, e se for algo errado eu vou dar um jeito de saber. – Ben falou colocando um casaco.

– Não tá doido, pode ser perigoso. – Anita respondeu nervosa.

– A gente precisa de provas dos podres do Antônio, eu vou conseguir provar alguma coisa a vou, ele não pode ficar por ai, ele tá ameaçando todo mundo, até o Hernandez. – Ben afirmou irredutível

– Eu vou com você então, nem pensar que eu vou deixar você ir sozinho. – Anita taxou.

– De jeito nenhum. – Ben recusou.

– Então eu vou gritar e acordar a casa inteira e impedir você de sair, sozinho você não vai, se eu te sigo ai vai ser pior, não é melhor você estar comigo de que ter que correr pra me ajudar, se alguma coisa da errado. – Anita teimou.

– Tá Anita vamos, mais por favor me obedece. – Ben acabou concordando, sem saída.

– Então vamos. – Anita falou.

Já no bosque.

– Ai Ben, tá escuro. – Anita dizia enquanto os dois andavam pela mata.

– Ó pelo desenho a trilha é por ali. – Ben falou abrindo os papéis de Antônio.

– Ai caramba e se a gente se perder aqui, quantas horas faltam pra amanhecer. – Anita falava tensa.

– Pensei que você não tivesse medo de natureza. – Ele implicou com ela.

– Olha aqui, só porque eu não tenho medo de inseto, de barata, de sapo, de mosquito, isso não significa que eu não tenho medo de outros bichos como cobra, onça, jacaré e sei lá o que mais. – Anita afirmava segurando o braço de Ben.

– Relaxa tá não tem onça e nem jacaré aqui, o resto eu já não sei. – Ben achava graça dela. – O ponto de encontro do Antônio é aqui, vamos ficar ali atrás daquela pedra, e ver se ele vai aparecer mesmo. – Ben afirmou.

– Fica calma não tem como ele saber que a gente tá aqui. – Ben tentou tranquiliza-la.

– Tá você tem razão. – Anita concordou.

– Esta quase na hora que tá aqui no papel. – Ben falou observando o corredor que dava para a trilha.

– É tá mesmo. – Anita disse escorada na pedra.

– A noite até tá bonita sabia. – Ele falou parando ao lado dela, e olhando de relance para o céu.

– É, boa noite pra ficar bancando os detive, ai droga o que a gente faz aqui. – Anita retrucou tensa.

– Calma vai, se ele não aparecer daqui a pouco nós vamos embora. – Ben disse segurando ao mão dela.

– Tua mão tá fria. – Ben afirmou rindo.

– Tá frio sabia. – Anita respondeu, desconfortável com a proximidade dele.

– Não seja por isso, toma. – Ben falou tirando o casaco e dando a ela.

– Não Ben, você é que vai ficar com frio, eu ainda estou com uma blusa de manga comprida. – Anita se recusou.

– Aceita eu não to com frio, é sério. – Ele insistiu.

– Tá bom. – Anita acabou concordando e vestindo a casaco dele.

– Ai será que o Antônio vai mesmo aparecer. – Ben questionou.

– Não sei, tá muito esquisito isso tudo, ai Ben que isso. – Anita falou correndo para abraçar ele, quando se assustou com um barulho que ela ouviu.

– Anita fica tranquila, foi só uma coruja que gritou. – Ben afirmou.

– Ah é, coruja grita assim, pelo menos eu nunca ouvi, não desse jeito. – Anita respondeu ainda um pouco assustada.

– As maiores de mata mesmo, gritam. – Ben justificou.

– É deu pra perceber. – Anita falou, se afastando dele e vendo seus rostos cruzarem.

– Você fica linda com medo sabia. – Ben disse, a encarando tão próxima dele.

– É, eu, vem cá, não se aproveita da situação não. – Anita afirmou se afastando dele, nervosa.

– Tá certo a gente veio aqui, pra vigiar o Antônio mesmo. – Ben começou a falar em um sorriso debochado.

– Ben. – Anita falou com espanto.

– Ah jura, que você vai dizer mesmo que eu tava. – Ben começou a falar.

– Não, Ben olha. – Anita pediu batendo no ombro dele.

– O Antônio. – Ele disse baixo.

– É, e um cara quem será. – Anita cochichou.

– Não sei, vamos ver se a gente consegue escutar alguma coisa que eles tão falando. – Ben afirmou.

– Então, esta tudo certo. - O homem misterioso perguntou a Antônio.

– Sim, aqui o pacote que você me pediu, pai. – Antônio disse entregando o pacote a ele.

– Ótimo, perfeito, meu filho, você é um gênio um dia ainda vão reconhecer o teu talento. – Ele falou.

– Pai, meu filho, Ben que isso. – Anita disse apavorada.

– Não sei, e no pacote o que tinha será. – Ben indagou confuso com tudo.

– Não sei, eu acho que, ai droga. – Anita se espantou quando tropeçou em um buraco.

– Anita não faz barulho. – Ben falou nervoso e a segurando antes que ela caísse.

– Tem alguém aqui. – O homem que se dizia pai de Antônio afirmou, escutando os estalos dos galhos de árvore quando Anita pisou em falso.

– E quem será, seja lá quem for à gente vai descobrir. – Antônio quase que gritou.

– Eles viram a nossa presença, vamos sair daqui. – Ben afirmou para Anita,

– Mais como a trilha é pra lá. – Anita respondeu apreensiva.

– Vou procurar pra lá, e você pra cá. – Antônio falou apontando para os lados.

– Ben e agora. – Anita se apavorou.

– Vem vamos sair daqui. – Ben falou segurando a mão dela.

– E rápido não é. – Anita concordou ficando assustada.

– Ai Ben eu não consigo mais correr. – Anita falou cansada. – Vamos parar um pouco, por favor. – Anita pediu a ele.

– Tá bom, eles devem ter desistido a gente já esta longe. – Ben acabou concordando.

– A gente esta meio perdido, não é. – Anita indagou quando viu Ben olhando para os lados, confuso.

– É um pouco, mais acho que pelas árvores e pelas pedras que tem por aqui, tem uma trilha por aqui pra sai do bosque. – Ben afirmou.

– Ah entendi, pedra e árvore, Ben é o que mais tem aqui, é tudo igual, ainda mais no escuro ainda bem que a lua tá um pouco clara. – Anita disse.

– Anita pra quem faz parkour não é mesma coisa. – Ele se explicou. - E acredita, depois que a gente terminou eu rachei muito a minha cabeça por aqui, então eu decorei bem essa mata. – Ben explicou.

– Ah ótimo, fiquei muito feliz em saber, quer dizer que se você se matasse por aqui a culpa era minha, mais tá de noite Ben, ah não dizer que até de noite você ficava pulando pedra, eu não to crendo. – Anita reclamou receosa.

– É principalmente de noite, digamos que eu virei quase que um zumbi, vagando por ai, então acho que a trilha é por ali, faz o seguinte fica aqui, que eu vou ver se a trilha é mesmo por ali, eu vou correndo, você já tá cansada, descansa um pouco. – Ben disse.

– Não, eu não vou ficar aqui, e se a gente se perde. – Anita rebateu.

– Eu não vou me perder de você, juro, eu só eu vou até ali um pouco, pra ver se o caminho é por ali mesmo. – Ben prometeu.

– Tá vai logo então. – Anita concordou tensa.

– Tem que ser por aqui essa trilha. – Ben pensava alto. – E, é, ainda bem. – Ele percebeu.

– Ai socorro, me ajuda, ai. – De repente ele viu a garota gritar.

– Anita que foi. – Ben correu para ver o que ouve.

– Não grita, alguém pode escutar. – Ele tentou acama-la.

– Morcego, um bando de morcego. – Anita respondeu ofegante.

– Ai Anita, que susto, pelo teu grito sei lá, achei que fosse uma onça. – Ben acabou rindo.

– Eu não acredito que você tá rindo da minha cara, sua besta, ai caramba me escorei na árvore e começo a brotar morcego, olha só como eu to. – Anita falou estendendo mão a ele.

– Ah coitadinha, vem cá. – Ben falou a abraçando.

– Ai príncipe eu. – Anita proferiu abalada com a presença dele.

– Hãm o que foi. – Ele indagou a fitando saindo abraço.

– Eu, eu, é. – Ela se enrolou para falar. – O que a gente tá fazendo aqui. – Anita falou confusa.

– No momento eu não sei. – Ele disse.

– Definitivamente a gente enlouqueceu pra dar ouvidos pro Pedro. – Anita falou desconsertada.

– É, mais agora já foi. – Ele respondeu aproximando seu rosto do dela.

O dois se olharem e se uniram em um beijo, repleto de saudades que durou alguns instantes.

– Ai Anita, eu te amo, eu não consigo mais ficar longe de você. – Ben afirmou saindo do beijo.

– Nem eu, eu to cansada disso. – Anita também confessou.

– Eu não vou mais ficar longe de você. – Ele afirmou voltando a beija-la, um beijo cheio de desejo e paixão.

– Ben, o que a gente tá fazendo. – Anita falou voltando a si.

– Em um instante atrás a gente tava se beijando, que foi de novo isso Anita, já deu defeito você, caramba. – Ben rebateu.

– Não, seu maluco, a gente tem que ir embora daqui, ou você vai esperar o Antônio aparecer pra pensar em sair. – Anita cabo rindo.

– Meu deus você tem razão, a trilha é por ali, vamos. – Ben disse quando se deu de conta da situação.

– E logo né, to fora de ter que topar com o doido, do Antônio.- Anita taxou andando apressada.