Por Anita:

Eu cheguei em casa de volta, avistei a mamãe na cozinha com um copo na mão.

– Tá ai ainda. – Eu perguntei a ela.

– Tava indo já. – Ela me respondeu calmamente.

– E você chagou cedo até. – Ela me questionou.

– Eu disse que eu voltava cedo não é, tenho aula amanhã. – Respondi olhando para as mãos dela segurando o copo.

– Preocupada com o vestibular. – Minha mãe me indagou curiosa.

– Bom to tentando não ficar, mais na hora fica um pouco pior. – Eu a respondei tentando lhe passar tranquilidade.

– Que bom. – Ele me disse soltando o copo.

– Eu vou dormir, boa noite. – Eu falei.

– Boa noite filha. – Pude ver ela me responder quando eu virei para sair.

Cheguei ao corredor tirei os sapatos para não acordar meus irmãos que dormiam, abri a porta do quarto com cuidado, entrei e olhei de relance para a Giovana dormindo, sentei a minha cama por alguns segundos, fui até o guarda-roupa peguei uma roupa qualquer vesti e sentei a cama, pensativa, olhei para o bidê perto da cama da Giovana e avistei uma foto dela e do Ben, às vezes eu me sentia responsável por tê-lo afastado da família, por mais que as coisas tivessem piorado mesmo depois que ele assumiu que estava com a Sofia.

– Príncipe. – Eu pronunciei a mim mesma, seguido de um suspiro que me afastasse de meus pensamentos, mais Ben permaneceu em minha mente, nossos momentos voaram a minha cabeça, como um vento forte que bagunça tudo rapidamente.

Encostei minha cabeça no travesseiro tentando me afastar de tudo aquilo, ou caso contrário passaria a noite em claro pensando nos rumos distorcidos que minha vida havia tomado, meses haviam se passado e tudo que eu havia planejado lá atrás desmoronou em um segundo somente, a única alternativa que eu tinha agora era lidar com meu presente da forma que me sobrou, com a qual às vezes eu não conseguia, minha mente vivia embaralhada por minhas ações e por aquelas coisas que me atropelavam do nada, sem nenhuma explicação, e o Ben era uma delas. Virei-me para o canto fechei meus olhos e tentei dormir, e esquecer aquilo tudo, era uma das poucas coisas que às vezes embaralhavam a minha angustia.

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Eu caminhava por um lugar lindo, cheio se árvores em volta, flores ao campo, podia sentir os raios do sol batendo a minha face, o vento soprando devagar e brando, os pássaros alegres sobre as árvores, e eu sentia uma paz imensa, que nem sabia desvendar de onde vinha, corri devagar por alguns segundos e vi Ben, parado a alguns metros de mim, sorrindo.

Eu caminhei até ele, me sentindo nas nuvens como se eu estivesse leve, e nada me abalaria naquele momento.

Nós nos olhamos como se pudéssemos enxergar à alma um do outro, nossos sorrisos nos iluminavam e nos faziam flutuar.

– O que você faz aqui. – Eu perguntei confusa.

– Eu vim te encontrar, eu nunca vou te deixar. – Eu o ouvi pronunciar enquanto me fitava, eu não pude deixar de me perder em seus olhos.

– Eu também não. – Eu respondi em meio aos sorrisos, eu não conseguia se quer descrever a minha felicidade.

– Eu te amo. – Ben me falou, pegando a minha mão, quando nossas mãos se tocaram eu pude sentir nossas vibrações se misturarem, o que fez meu corpo ficar bambo como se eu perdesse as minhas forças.

– Eu sempre vou te amar, eu não tenho nenhuma dúvida disso. – Eu respondi.

– Nem eu. – Ele me respondeu, levando a mão em meu rosto, eu coloquei a minha mão e seu braço, nós nos olhamos com uma felicidade que nos dominava de um jeito indescritível, que me trazia uma paz como se eu fosse capaz de perder todos os meus medos de uma vez só. Então nossos rostos se aproximaram e nossas bocas se uniram, em um beijo apaixonado, que foi tão intenso que parecia ser o último de nossas vidas, eu ainda pude sentir o vento balançar meus cabelos enquanto nos beijávamos.

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– O que. – Eu dei pulo na cama, ofegante.

– Eu não acredito nisso. – Eu falei espantada comigo mesma.

Eu tinha acabado ter o sonho mais doido da minha vida, e ao mesmo tempo o mais incrível, definitivamente uma confusão sem igual se instalou sobre mim, olhei da janela para a rua, o dia já estava claro o sol quase no meio do céu, puxei a coberta me levantei, sentindo minhas pernas fracas não conseguia se quer calçar o chinelo direito, depois de algumas tentativas me levantei.

– Nem dormindo esse garoto me deixa em paz, eu só posso ter endoidado. – Eu reclamei para mim mesma enquanto saia pela porta confusa.