Depois do final de semana Anita chegava, em casa pela manhã.

– Ainda bem que ninguém acordou ainda. – Anita falou, percebendo a casa silenciosa, ela jogou suas coisas em cima do sofá e se dirigiu até a geladeira para pegar um copo de água.

– Ai que isso, que susto garoto, quer me matar. –Anita esbravejou assustada, e se deparando com Ben parado a sua frente quando ela fechou a porta da geladeira.

– Peguei você, agora você vai me ouvir. – Ben sussurrou não querendo acordar ninguém.

– Primeiramente bom dia pra você também, - Anita disse gesticulando.

– Anita porque que você não atendeu o telefone hein. – Ben questionou.

– Porque eu não vi. – Ela afirmou sem saber como se defender.

– E porque que não me retornou as ligações, porque que você sumiu o final de semana inteiro. – Ele a encheu de perguntas.

– Tava ocupada. – Anita disse apenas.

– Mentira tua, eu sei muito bem porque a Bernadete me disse que foi você que mandou ela me dizer isso quando eu liguei pra ela, pra falar com você. – Ben retrucou.

– Ben que, que você quer hein. – Anita rebateu tensa, tomando um gole de água.

– Você ainda pergunta, não é possível que você não se lembre de nada, que aconteceu nos últimos dias. – Ben soltou nervoso.

– Se tá falando do beijo. – Anita confessou.

– Não Anita, to falando do gato que foi atropelado ai na frente, que resulto em um bolo de gente em volta, o que você acha. – Ben respondeu irônico, e sem paciência para a negação da garota.

– Você sabe que aquele beijo foi errado. – Anita afirmou.

– Errado por que. – Ele questionou, olhando nos olhos dela.

– Você anda muito mudado mesmo né. – Anita rebateu.

– E você esquece as coisas, ou melhor, mente que esqueceu. – Ele afirmou.

– Não é isso, eu só acho que o que a gente fez, tem a Sofia, e eu fiquei aqui em casa porque eles confiarem na gente, e ainda tem o Martin. – Anita justificou.

– E a gente faz o que agora, eu também pensei nisso tudo ai. – Ben confessou.

– Você pergunta pra mim. – Anita indagou.

– Você me beijou também tá, não tira teu corpo da reta não. – Ben a confrontou.

– Deixa de ser ridículo, você quer que eu fale o que, foi um impulso tá bom. – Anita negou taxativa.

– Ah impulso, o mesmo que fez você me beijar pela primeira vez. – Ele disse.

– Pera ai, você tá falando que fui eu que te beijei. – Anita perguntou.

– Foi, e aquela vez também foi. – Ben falou.

– Você só pode tá brincando, você me beija duas vezes querendo, aliás, duas não, três vezes, porque depois da história da mata com o Martin você também me beijou, numa coisa a Sofia tem razão você beija e depois diz que foi agarrado. – Anita esbravejou.

– Olha só, não foi isso que. – Ben viu Cícera interromper.

– Oi gente bom dia. – Ela falou vendo os dois.

– Bom dia mãe. – Ele respondeu, impaciente pela interrupção.

– Bom dia Cícera. – Anita falou soltando o copo sobre a mesa.

– Tudo bem mãe. – Ben tentou disfarçar o clima.

– Ótimo filho. – Ela respondeu.

– Anita volta aqui. – Ele disse, quando viu a garota saindo pela tangente pra fugir da conversa.

– Vou lá em cima, trocar de roupa tenho que ir pra aula. – Anita justificou.

– Tá cedo ainda. – Ben afirmou.

– Mais eu tenho que ir. – Ela insistiu.

– Não mesmo, a gente vai terminar isso. – Ben respondeu se aproximando.

– Vai me obrigar é. – Anita rebateu.

– Vou. – Ben disse, puxando a garota para fora.

– Ben para, tá maluco. – Anita falava, querendo que ele a soltasse.

– Se você gritar, vai acordar a casa inteira só isso. – Ben afirmou.

– Ben solta ela, minha nossa senhora. – Cícera falou, vendo ele não lhe ouvir e sair com Anita para fora.

– Ai seu ogro. – Anita disse irritada, ajeitando a blusa e o casaco amarrotados.

– A gente não pode simplesmente dar um beijo daquela forma, dormir e fingir que não aconteceu. – Ben argumentou.

– Bom se esse é o teu problema eu não dormi direito esses dias todos, mesmo. – Anita sabia que ele tinha razão.

– Então me diz que não foi só eu que senti, que tinha uma coisa dentro de mim que queria me puxar lá pra trás e ter você de volta. – Ben disse fitando Anita, atordoado.

– Tá e qual é o próximo passo, a gente vai lá e conta pra todo mundo ou você espera que eu faça o que, vá lá e esfregue na cara da Sofia, Ben eu não odeio a Sofia, eu não mergulho do que eu fiz. – Anita afirmou tensa.

– Esquece, esquece tudo, por favor, eu só quero saber se você sentiu o que eu senti, me diz que sim, por favor. – Ben pediu se aproximando dela.

– Sinceramente, eu não sei, eu só sei que eu estou pensando nesse maldito beijo desde que ele aconteceu. – Anita respondeu confusa.

– Então Anita, quer dizer, será que eu tenho certeza que a gente. – Ele faz uma pausa para tomar coragem. – Que a gente ainda, senti alguma coisa muito forte, e que. – Ben foi interrompido.

– Maninho tá na área de novo, então é verdade. – Antônio falou saindo ao portão e vendo Ben com as mãos no rosto de Anita.

– Que esse encosto tá fazendo aqui hein. – Ben falou parado do lado de Anita.

– Você já ouviu falar naquele ditado, o diabo mora ao lado, então. – Anita afirmou a Ben.

– Bom ver vocês. – Ele afirmou.

– Anita, vamos entrar vem. – Ben disse, segurando a mão da garota.

– É melhor mesmo. – Ele concordou.

– Anita já chegou. – Vera disse pondo a mesa do café.

– Voltei mãe. – Anita respondeu tensa com tudo.

– Eu vou subir. – Anita falou subindo as escadas.

– Que você queria tanto falar com a Anita hein Ben. – Cícera o indagou.

– Nada de mais. – Ele disse, não querendo entrar em detalhes.

– Toma cuidado Ben, pra você não se enrolar ainda mais nessa história. – Cícera o aconselhou.

– Pode deixar. – Ele respondeu apenas, talvez ela já estivesse enrolado.

Anita pegava as roupas no guarda-roupa, e pensava nas palavras de Ben, e se nada estivesse acabado e se ainda houvesse amor, como seria, afinal se antes já era complicado, agora então era impossível os dois se acertarem.

Ela sabia que o beijo dado foi um tanto errado, por mais que ela não tivesse planejado, por mais que a emoção lhe guiou completamente naquele momento e ela não conseguiu pensar em mais nada. Anita temia por sua convivência com Ben daqui pra frente, suas ações eram incertas e ela sabia disso.