– Omar como assim você não sabe o que tá havendo com o Ben, vocês moram juntos, não conversam não, não dão nem bom dia um pro outro. – Anita questionava, Omar no Embaixada, impaciente.

– Claro né Anita, sei lá mais ele anda estranho, não sei o que esta havendo exatamente. – Omar respondeu, fazendo Anita revirar os olhos sem a mínima paciência.

– Tá tão grave assim. – Anita perguntou.

– Acho que tá, pra escola eu sei que ele não tem ido, já tentei levantar ele mais não consegui. – Ele afirmou.

– E trabalhar ele tem ido. – Anita indagou.

– Não, porque derem uns dias de folga pra ele, o que até foi bom, se não até o emprego ele tinha perdido. – Omar falou tenso.

– Não acredito nisso. – Ela murmurou.

– Anita vai falar, troca uma ideia com ele, quem sabe ele te escuta, porque eu acho que do jeito que tá vou ter que falar com o Ronaldo. – Omar afirmou.

– Vem cá porque eu, todos vocês acham que eu sou a responsável hein. – Anita retrucou sem paciência.

– Sei lá vocês se davam tão bem, eu não sei mais o que fazer, só não queria ter que falar com o patrão né, pode ser que seja até pior. – Ele explicou sua ideia.

– Nisso eu acho que você tem razão, falar com o Ronaldo não vai resolver o problema. - Anita concordou.

– Então quem sabe você não consegue pelo menos que ele vá pra aula. – Ele justificou.

– Droga. – Anita bufou.

– Ele não tá nada bem, nunca vi o Ben desse jeito, nem quando vocês terminaram, e olha que ele quase que se matou fazendo parkour, apareceu lá em casa todo lanhado. – Omar afirmou.

– Ele se arrebentou inteiro daquele jeito por isso, na época eu achei que tinha alguma coisa a ver com o Antônio. – Anita disse mexida com a confissão de Omar.

– Mais foi, porque vocês terminaram, nunca entendi direito essa história, mais foi por isso. – Omar confirmou.

– Ai Ben, o que tá acontecendo com você. – Ela falou, pensativa.

– Bom Anita, agora eu tenho que voltar pra trabalho, tem freguês chegando. Omar disse vendo um casal entrar no restaurante.

– Vai lá. – Anita disse.

No quarto de Omar, Sofia tentava convencer Ben a sair de casa.

– Ben você não pode ficar trancado aqui, tem que ver gente sabia. – Sofia insistia já sem paciência.

– Sofia eu estou em ótima companhia, de um livro, melhor companhia não existe. – Ben respondeu.

– A minha muito, melhor. – A loira retrucou.

– Eu não estou com clima pra sair tá, ou você fica aqui comigo ou vai embora. – Ben afirmou.

– Já sei vamos no shopping. – Sofia sugeriu.

– E que com dinheiro Sofia. – Ben disse.

– Ué com o meu, com o teu, você trabalha pra que hein Ben, não compra nada. – Sofia respondeu.

– O meu dinheiro no momento, tenho que deixar pra ajudar minha mãe, não pra gastar com besteira e você acha mesmo que comprar tudo que se vê pela frente resolve alguma coisa. – Ben respondeu.

– Resolve muita coisa, agora que o meu pai voltou a depositar minha mesada as coisas tão muito melhores do que antes, tonta é a Anita que não quis mais o dinheiro do papai. – Sofia soltou.

– A Anita não aceitou mais o dinheiro do pai, porque isso. – Ben indagou surpreso.

– Disse na cara dele que não quer o dinheiro dele, mais ela muda rapidinho de ideia quando ela tiver que pagar faculdade ano que vem. – Sofia afirmou.

– A Anita tem o dom de me surpreender mesmo. – Ben respondeu perdido.

– Eu vou chamar a Flaviana pra ir comigo então. – Sofia disse.

– Chama, pode chamar. – Ben concordou com ela.

– Então tchau, e vê se sai dessa Ben, já tá soando ridículo. – Sofia disse, dando um beijo rápido no garoto e saindo pela porta.

Ben apenas sentou-se novamente e voltou para o livro.

Anita caminhava pela rua de volta ao casarão, pensando em tudo, principalmente em Ben, algumas das palavras do garoto lhe viam na memória, como se sua mente pedisse que ela se mexesse.

– A gente tem um pacto pra vida toda. – Essas palavras não saiam dos pensamentos dela.

– Ah não Anita, para, para com isso. – Anita repetiu para si mesma, nervosa com tudo.

– Eu vou me arrepender disso eu tenho certeza. – Anita resmungou para si mesma, dando a volta.