— Bernadete o que houve hein, você tava aflita no telefone, quase intimando minha presença aqui. – Anita estranhou totalmente a situação e não resistiu em questionar a mulher afoita, quando a viu abrir a porta de sua casa para ela depois que a moça se viu obrigada a deixar a companhia de Ben para fazer uma visita a mulher.

— Veja você mesmo flor. – Bernadete olhou para a garota com o olhar esbugalhado pedindo encarecidamente que ela entrasse.

— Hein. – Anita fez uma careta de quem não entendia.

— Vem, vem. – ordenou Bernadete puxando a menina pela mão para dentro de seu apartamento.

— Mãe. – Anita intrigou-se com o fato quando chegou conduzida por Bernadete em um dos quartos do apartamento da ex-madrasta.

— Oi minha filha. – Vera disse alegremente retirando mais algumas peças de roupas do guarda roupa e as ajeitando sob a cama.

— Mãe que isso, o que você está fazendo, espera... – Anita se atreveu a perguntar mesmo que ainda confusa para entender qualquer coisa que fosse. – Essas roupas são minhas, mãe que isso. – Anita afirmou confusa e apavorada com a forma ligeira que Vera arrumava suas coisas.

— Arrumando tua mudança, já faz dias que você me enrola, e só buscou duas peças de roupa daqui da Bernadete. – Vera explicou para a filha em tom decidido.

— E você não podia esperar eu fazer isso, e eu fui clara né, eu ia pensar na possibilidade de voltar pra aquela casa. – Anita respondeu um pouco impaciente com a oposição da mulher. – Mãe olha, ai caramba... – ela argumentou nervosamente. – Oi Meg, eu nem tinha te visto aí. – Anita confirmou seu desajeito após a recém notar a loira parada próximo a porta do banheiro.

— Tudo tá meio bagunçado mesmo. – Meg riu extrovertida, ao constatar a bagunça que Vera fazia no cômodo.

— A gente não pode falar primeiro não hein. – Anita tenta alegar. - Mãe quer esperar, tá bom eu arrumo minhas coisas sozinhas, acho que apesar de ainda sob observação médica, eu não estou uma inválida, mesmo que eu faça isso contra minha vontade não é. – a garota reclama procurando frear a mãe.

— Que bom que você lembra isso não é Anita, que há semanas atrás você estava enferma, porque às vezes parece que não. – a mulher aproveita para dizer em tom de bronca.

— Mãe é sério, essa calça não, eu nem ia levar ela. – Anita contrariou Vera retirando uma calça jeans de cor preta da mão da mãe, antes que ela a jogasse dentro da mala. - E eu não levei minhas coisas por isso, tinha que separar, tem roupa que eu nem uso mais, ia pedir pra Bernadete pra eu deixar aqui o que desse, o resto eu dava ou sei lá, lá em casa nem tem espeço né. – a menina fala. – Essa calça aqui mesmo, era da outra Anita... – ela salienta observando a roupa em sua mão. – Literalmente, porque da última vez que eu tentei por ela, não deu muito certo, os papeis se inverteram, eu sou menor do que ela. - ela admite confusamente.

— Óbvio você não se cuida, e não adiante eu falar e falar. – Vera reclama novamente.

— E que ajuda você tem me dado né, refogado de legumes incrível, maravilhoso. – Anita retruca insatisfeita, com todos os cuidados exagerados da mãe.

— E custa você admitir que é relapsa, você fez isso, ficando sem se alimentar. – Vera revidou parando o que fazia para encara-la.

— E você achou que eu tava grávida. – Anita acusou pesando em voz alta. – Tá bom mãe, eu vou juntar minhas coisas, você não vai desistir mesmo né, já vi. – ela preferiu disfarçar e nem constatar que a mãe havia escutado a provocação. – Mais com calma né, porque essas tua arrumação de mala aqui está pior do que as da Giovana. – ela afirma remexendo nas roupas guardadas pela mulher. – E essas blusa aqui nem é minha, é sim da Meg, melhor você parar com essa arrumação toda mãe, que já tá ficando péssimo isso sim. – Anita argumentou alcançando a blusa de volta para a americana meio que rindo da confusão criada pela mãe.

— Me desculpa Meg, eu realmente devo ter me atrapalhado. – Vera quis explicar seu desatenção um tanto desapontada.

— Imagina, eu que devo ter deixado pendurada perto das coisas da Anita, Vera não fica preocupada. – Meg também acabou achando graça da situação mal se importando.

— Dá licença. – Soraia proferiu surgindo animada a porta. – Querem um pedaço de bolo, acabei de tirar do forno, é de leranja. – ela revelou convidando a todas.

— Ah ótima ideia, assim a gente conversa melhor né, de barriga cheia todo mundo pensa com mais calma. – Bernadete comemorou a sugestão da amiga.

— Nem adianta Bernadete, não me venha com desculpas, pra mim não levar a Anita embora, porque eu já estou decidida, não vou voltar atrás. – Vera garantiu encarando a mulher com um olhar taxativo.

— O que, vocês vão brigar por mim, não né, e eu nem mereço isso gente, por favor. – alegou Anita em tom indignado, caminhando para fora do quarto logo atrás de Meg.

— Todo mundo querendo me deixar, poxa até já tinha me acostumado com vocês aqui. – Bernadete dizia choramingo parada próximo a pia da cozinha de sua casa.

— Oh Bernadete fica assim não, e nem tem motivos e depois minha mãe me prendeu no casarão há um par de dias já. – Anita quis desculpar-se com a mulher, levantando-se da cadeira e parando ao seu lado

- Eu sei, mais era tipo uma família postiça, minhas duas filhas lindas, que eu nem sei se um dia foi ter né. – a mulher afirmava entristecida e sem se convencer e nada.

— A Anita tem razão Bernadete, e mais eu sou muito grata por você ter me convidado pra morar aqui, por conta do quartinho do salão ter ficado inabitável com a reforma, mais infelizmente eu também vou precisar ir. – Meg alegava sorrindo docemente.

— Não, podia ficar eu já te disse isso, mais não né, vai mesmo só me trocar pela Flaviana que eu sei. – Bernadete disse em tom de drama evidente.

— Não, não, eu já expliquei pra Flaviana que não vou morar com ela também, eu sou grata como eu disse, mas me sinto na obrigação de procurar um canto pra mim, e mesmo que seja estranho voltar a ficar só, já me acostumei a dividir a casa com alguém. – Meg falou expondo seus argumentos. - Ah mas tudo bem, a além disso essa é minha realidade não é gente, não sei porque agora penso que vou estranhar. – a loira sorri querendo livrar-se dos maus pensamentos.

— Ué mais porque isso Meg, Serguei me disse que a reforma já tinha acabado. – Anita perdida diante do que a estrangeira contava.

— É e sim acabou, mas aconteceu que a Flaviana voltou dos Estados unidos cheia de ideias pro salão e vai ocupar o cômodo pra uma espécie de sala de manicures. – contou a loira.

— Ué mais e você, não está certo ela de despejar. – Anita não viu lógica na situação.

— Não eu entendo ela, ela até me convidou pra morar com ela no apartamento que ela alugou por aqui. – Meg afirmou realmente nada incomodada.

— E porque você não vem. – Vera acabou preocupada com toda solidão da jovem.

— É. – Anita também quis entender.

— Anita você melhor que ninguém conhece ela e o Serguei, imagina eu morando com os dois, né porque ele vive na casa dela agora. – Meg riu de sua própria explicação.

— É você ia ter diabetes já no café, depois que a Flaviana voltou dessa viagem os dois estão num açúcar que só vendo, bom... - Mas também quem sou eu pra falar. – Anita pensou em não se meter na vida do casal.

— É, e acho que está na hora deu ter meu canto, por mais que o preço dos aluguéis não estejam me ajudando, mas fazer o que né gente. – rebateu a loira.

— Então fica aqui comigo, já te disse, e tem espaço de sobra já que a Anita pelo visto só saí do casarão pra casar agora. – Bernadete brincou falastrona.

— Bernadete. – Anita percebeu de cara a insatisfação de Vera diante da colocação dela.

— Pois você nem brinque Bernadete, tanto ela como o Ben são muito crianças pra isso ainda. – Vera argumentou taxativa.

— Que nada Vera, você é que ignora o fato de que tua filha cresceu, e me desculpa mais, criança que faz criança já não é criança a muito tempo, pronto falei, não aguento, agora para de complicar a vida da menina e deixa ela seguir com os planos dela em paz. – Bernadete não prendendo sua língua solta.

— Prefiro pensar que eu não entendo mais este comentário teu. - Vera disse nada confortável.

— Porque é boba, pois se fosse minha filha eu ia adorar saber que ela encontrou alguém que a ama e a respeita de verdade pra fazer este tipo de coisas. – Bernadete disse não querendo se render ao excesso de bom senso da amiga e sócia.

— Também não é assim, não que eu seja radical, eu só penso que... – Vera tentou esclarecer um pouco desconfortável.

— Bernadete não. – Anita a impediu de retrucar sua mãe, antes que realmente sobrasse pra ela. – É, deixa pra lá né, ou melhor seria pedir demais pra vocês pararem de discutir minha vida como se eu não estivesse presente, mania de todo mundo eu hein. – ela argumentou respirando fundo.

— Desculpa me empolguei Anita. – Bernadete quis retratar-se garantindo que não havia segundas intenções em sua atitude.

— Então mudando de assunto Meg, não acho que você devesse morar solitária, você é responsável, matura, mas é só uma garota ainda e que precisa de um norte. – Vera afirmou dirigindo-se a garota em tom de zelo.

— Mãe, não né, que você queira me chamar de irresponsável, inconsequente eu até ouço numa boa, mas a Meg não né, e ela nem merece sermões, nem fez nada pra isso. – Anita preocupa-se com a reação da loira que poderia acabar constrangida com a situação.

- Tá tudo ok Anita. – Meg acabou rindo do comentário assustado de Anita.

— Eu sei Anita, é que me preocupo com ela, primeiro porque eu gosto muito dela, assim como teus irmãos. – Vera quis explicar seus motivos.

— Ahan, e você tá incluindo o Ben nisso, espero que não. – Anita acabou soltando, mesmo que ainda movida por pensar em seu discussão com o pai que diretamente também envolvia o namorado. - Aiinn, quer dizer droga. – ela lamentou sua atitude, e constatando que estava realmente muito nervosa e precisando encarecidamente que aquele dia turbulento tivesse seu fim. - Bernadete ando convivendo muito mesmo com você. – previu ela olhando para a madrasta completamente tensa. - Meg é sério não foi pessoal, até foi, mais deleta, eu te peço, eu realmente não estou em um bom dia. – Anita quis desculpa-se, em parte envergonhada pelo que havia dito, e sem nenhum pretexto de causar tal clima.

— Ok, ok... - proferiu a americana. - Não vou me preocupar Anita, juro. – Meg afirmou entre sorriso.

— Meg porque você não vem morar conosco, fora que é muito mais perto do teu trabalho, e você não iria estar sozinha. – Vera propõe com ar animado.

— Ham Verinha você tá falando sério, mas eu... – a loira apenas ficou embasbacada com a sugestão da mulher.

— Claro que estou, naquela casa sempre tem lugar pra mais um, e no meu coração também. – Vera disse aimado pela ideia que teve.

— Mais e todo mundo, e se eles não concordarem, bom eu adoro todo mundo mais... – Meg previu que nem todos poderiam ficarem felizes com o fato.

— Creio que nenhum deles ira se apor, ao menos a maioria, arrume tuas coisas e já venha comigo hoje mesmo. – Vera reforçou o convite.

— Eu fico até emocionada, não sei o que dizer. – a loira disse apenas sorrindo.

— Diga que sim. – insistiu Vera.

— E logo Meg, antes que ela faça tua mala por si própria. – Anita brincou com toda pressa da mãe.

— Seria meio tenso isso né. – Meg acabou risonha diante da situação. - Mais Anita, e você o que pensa disso. – a estrangeira não resistiu e questionou, afinal em sua outra estadia pela casarão mesmo sem querer arrumou problemas diretamente com Anita.

— Você acharia ruim filha. – Vera também reforçou a pergunta.

— Não mãe. – Anita garantiu não ser o caso de modo algum. - E eu não tenho que pensar nada, e se a gente tinha algum problema com a outra, melhor fingimos que não aconteceu né, apesar de que eu imagino que nós duas somos taxativas demais pra isso, mais bom... – ela quis explicar. - A Gio, o Pedro e até o Fulano vão amar você lá em casa, quem sou eu pra acabar com alegria deles. – afirmou Anita já prevendo em sua mente Giovana pulando de alegria pela noticia. - Sério mesmo, pra mim não tem empecilho algum de verdade, e não estou sendo educada não, e como você sabe mesmo tentando eu não consigo, por mais que eu tente e muito, eu faço uma bobagem que dá a entender que eu não to nada cordial com a situação. – Anita disse percebendo que se a loira puxasse da memoria entenderia seu comentário.

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— Eu to tão feliz eu nem acredito nisso , você aqui, aii... – Que tudo Meg. – Giovana não parava de abraçar a loira em comemoração pelo fato.

— Tá, tá, eu já sei, eu também to. – Meg tentou argumentar que ela lhe soltasse. – Agora me ajuda a levar isso lá pra cima. – pediu a loira encarando suas malas.

— Ajudo, ajudo, e dessa vez nem reclamo hein. – a ruivinha garantiu prontamente.

— Ah Bernadete, eu na verdade estou preocupada com tudo, nem sei o que é pior. – Vera dizia pensando no que fazer para o jantar de sua família acompanhada da amiga.

— Vera será que você não está só sofrendo por antecipação. – Bernadete quis confortá-la.

— E como seria isso me diz. – Vera não se convence. – Caetano nesta situação, Ronaldo quer que eu despeje ele, sem entender que bem ou mal, ele é pai das meninas. – ela enumerava suas lamentações, chateada. –Anita me conta do namoro... – afirma ela.

— Mentira, ela fez isso. – Bernadete quase grita para toda sala ouvir sem perceber.

— Fez pior é que fez. – reafirma Vera tensa. – Na verdade eu ando muito preocupada com ela, a Anita fingi que nada acontece, mais eu sei que ela não está bem, não se alimenta direito, posso passar o dia brigando com ela, mas e resolve, na sexta eu vou fazer questão de voltar a médica com ela, enganada ela está se pensa que ira me enrolar. – Vera garantiu insistiu em pressionar a filha.

— É, ela anda magrinha mesmo, mas sabe... – Bernadete disse pensativa. – Nem é e hoje também Vera, esse estado da Anita, a verdade é que ela passou por muita coisa, e mesmo que pra ela melhorar assim da noite pro dia seja normal, por mais que isso seja só uma frase porque não foi... – Às vezes acaba, mesmo hoje ,sendo difícil pra ela segurar tudo nas costas, sem desiquilibrar, talvez ela só precise de paz mesmo, só isso. – entende ela.

— É pode ser que você esteja certa. – Vera não a contraria.

— Estávamos falando de você. – Bernadete alega brincalhona, ao ver a menina entrar pela cozinha vindo do quintal juntamente com Ben.

— E o que seria posso saber. – Anita pergunta com um olhar desconfiado.

— Que a senhorita não se cuida, que anda pra lá de teimosa. – Vera a repreende com o olhar.

— E eu já disse que não precisa tanta preocupação, aliás, de ninguém. – Anita quer garantir.

— Ah não precisa, e porque você não aproveita e conta pro Ben, que saiu batida hoje meio-dia daqui e nem almoçar se deu ao trabalho. – Vera a retrucar ao perceber que a outra bronca por excesso de preocupação seria destinada pelo rapaz.

— Ah mãe, não né, eu já ando meio enjoada por causa do remédio que eu tomei pela manhã, aí chego aqui meu pai arma aquele circo, realmente não dava, e agora já foi também. – Anita quis justificar.

— Eu nem sei mesmo o que você anda pensando. – Vera ironiza.

— É e você sabe que você tá errada Anita, por favor, né. – Ben aproveita o silêncio da garota para alegar.

— Gente o que eu sei, é que eu já estive muito pior de corpo e espirito nem se fala, e contra vontade de muitas pessoas, estou aqui. – Anita diz insatisfeita apanhando um copo com água. – Eu to bem, porque que é tão difícil acreditar nisso, ok eu dei motivos pra vocês agirem assim, já estive nos meus dias de ficar jogada em nem pensar no resto, mas não é realmente o caso. – ela quis argumentar.

— Você está sendo relapsa com você mesma, e nem quer ver isso. – Vera não se convenceu.

— Ah estou, e vocês não estão sendo nem um pouco exagerados, eu não entendo mesmo pra que tanto mãe, se eu estou dizendo que esta tudo certo, é porque esta sim. – Anita acabou impaciente. – Ou isso é pior, é culpa mesmo, porque realmente quando eu estive na pior, onde vocês estavam mesmo, ah deixa ver preocupados com a própria vida, aí ninguém se preocupou que eu precisasse de alguém pra me ajudar né, foi pior teve gente que só me procurava pra chutar mais um pouco, agora eu realmente estou dispensando toda preocupação sem fim, já que quando foi o caso ficou muito a quem mesmo. – ela acabou irritada sem medir o que falava.

— Bom você pensa assim, que sou eu pra te convencer de outra coisa. – Ben respondeu secamente de volta. – Bom eu vou dormir, que realmente o dia hoje foi logo, boa noite pra vocês. – ele se despediu em parte indignado pela e acusações atitude da garota.

— Boa noite querido. – Vera respondeu, se quer notando a rela motivo do enteado retirar-se.

— Ah mãe, tá vendo porque mesmo você tinha que falar disso. – Anita lamentou esfregando a mão contra o rosto.

— Eu Anita. – Vera disse despretensiosa.

- Perdi a oportunidade de ficar quieta nesse caso, melhor eu pedir desculpas a ele antes que fique pior. – ela previu soltando o copo sob a pia, e rumando a porta do quintal para ir atrás do rapaz.

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— Ben príncipe, a gente pode falar um instante. - Anita implora pacientemente quando chegava. - Você vai dormir já. - perguntou ela com estranheza ao notar que ele terminava de trocar -se.

— Melhor amanhã Anita já está tarde. - Ben justificou. - E sim, também respondendo a segunda pergunta. - ele disse não querendo mesmo prolongar o assunto, enquanto procurava junto a suas roupas, meio perdido devido aos questionamentos da namorada, uma camiseta para colocar.

— Você já vai mesmo dormir, ou é só desculpa pra não olhar na minha cara. - Anita agiu com descrença diante das explicações do rapaz e seu jeito frio ao se dirigir a ela.

— Não Anita, eu estou mesmo cansado, acordei cedo hoje . - Ben tentou negar.

— Eu acredito. - ela cruza os braços lhe olhando com chateação. - Dá próxima vez, procura mentir olhando no meu olho, ao menos soa mais verdadeiro. - Anita foi irônica com sua resposta. - Ao menos admiti que você ficou com raiva do que eu falei e não inventa desculpinha mole. - a garota jogou na cara dele, que parecia suspirar contrariado, mas sem muita vontade de revidar.

— Claro que não, eu só... - Ben quis negar, mesmo que estivesse óbvio. - Eu só acho que tá tarde, e você esta ciente que nem meu pai e nem a Vera, irão gostar de te ver aqui comigo, ainda mais nessa situação. - ele nega desconversando. - Eles iam pensar tudo, menos que você só veio conversar comigo. - expressa ele tentando ser paciente.

— Não nega Ben. - Anita disse nem percebendo seu tom de voz se elevando. - E desde quando você acha que eu estou preocupada com minha reputação. - ela questionou ironicamente cruzando os braços.

— Mais devia, porque não tá das melhores mesmo. - Ben acabou falando secamente e sem nem pesar suas palavras, apenas ainda influenciado pelo comentário anterior da amada.

— É, só lembra que você também é um pouco responsável por isso. - Anita proferiu não conseguindo disfarçar sua decepção e semblante magoado pelo gesto do namorado, apenas dirigindo a palavra a ele com perplexidade.

Não, não, não... - Ben argumentava assustado com o que havia acabado de fazer sem pensar nem um pouco, jogando a blusa que segurava sob a cama e correndo até ela que já virava-se para deixar o local. - Por favor, eu retiro o que eu disse, e já, você tem toda razão, eu tava, eu to de cabeça quente, Anita o dia foi pesado pra nós dois hoje vai, mesmo que nem justifique. - ele disse nervoso e totalmente arrependido do que havia falado a menina, sentindo ainda mais medo de sua reação quando viu a forma com a amada lhe encarou.

— Eu não sei por que eu ainda insisti, não dá mesmo pra falar com você, não quando você esta disposto a vir como um trator pra cima da gente. - Anita lhe cobra em tom severo, e ao mesmo tempo impactada com o que ouviu anteriormente do amado, não disfarçando sua tristeza e irritação mesmo que tivesse tentado um pouco passar por indiferente aos olhos de Ben.

— Eu não vou me defender, eu tenho total consciência de que eu fui um estupido. - ele afirmou segurando firme na mão dela, não querendo deixa-la ir embora tão facilmente. -Só que você sabe que eu não quis te dizer isso de verdade. - o rapaz garantiu, mas ela somente o ignora apenas o olhando severa, deixando evidente que não se convenceu. - Hei, não faz assim por favor, agora sou que to te implorando. - ele alegou erguendo seu queixo para que a garota lhe encarasse novamente. - Me perdoa vai, não, ou melhor, faz qualquer coisa, Anita o que você quiser, mais não fica muda me olhando assim não. - ele suplicou lhe envolvendo em um abraço cheio de ternura, enquanto Anita se quer reagia. - Eu não posso viver sem você, se sabe disso, me xinga, me ofende a altura, eu to merecendo até me bate, mais não leva a sério isso não vai, foi a pior burrice que eu disse em toda minha vida acho . - ele garantiu a soltando com calma. - Não fica triste comigo. - o garoto lhe implora pacientemente segurando em sua mão com delicadeza.

— Olha que você acabou de se contradizer hein. - Anita o lembra sendo irônica, parecendo pensar no que faria a seguir.

- Eu não ligo, eu só não quero te perder, e muito menos de ver triste por minha causa, só isso. - ele afirmou fazendo um carinho no rosto dela, que o fitou com ar de serenidade.

— Tá mais, melhor mesmo a gente terminar isso amanhã. – Anita repensou a situação, achando que talvez ambos precisavam de um tempo para acalmarem os maus pensamentos.

— Não, não, você não vai dormir chateada comigo. – Ben se recusou a deixa-la ir segurando firme em seu braço.

— Eu também não deveria ter dito o que eu falei lá na cozinha, é que caramba, vocês falam de um jeito como se eu quisesse mesmo definhar até a morte, só por ser alguém muito inconsequente, eu to bem será que dá pra vocês acreditarem em mim poxa. – Anita acabou também se desculpando. – O dia foi cansativo hoje, eu to meio inquieta mesmo. – admitiu.

— E custa você entender. – ele quis argumentar a abraçando novamente. – Só que a gente se preocupa com você. – murmurou o garoto próximo ao ouvido dela.

— Tá mais pra super proteção e sem sentido, olha que minha mãe acha que eu não sei o que eu quero e nem tenho maturidade pra decidir nada, por ser ingênua demais até vai, só que você também não né. - Anita o contrariou com ar de riso, mesmo que Ben estivesse mais ligado em beijar seu ombro.

— Ah é, e você podia parar de ser tão cabeça dura. - Ben rebateu a encarando sério, diante de uma Anita que parecia descrente.

— Bom, você já me chamou de coisa pior hoje. - Anita afirmou não evitando o provocar.

— Tá bom, eu mereço. - Ben advertiu sem se defender. - Só me resta te pedir desculpas, milhares de desculpas. - ele disse com o gesto de a beijar.

— E se isso demorar muito. - ela sorriu mesmo sem querer, por que mais que ainda não estivesse certa de que o melhor era deixar por esquecido a falha do namorado.

— Então pelo menos, eu posso tentar te convencer um pouco mais rápido. - afirma Ben enquanto entrelaça a mão no cabelo dela e a beija carinhosamente.

— Você não tá apelando, você tá quase me coagindo a mudar de ideia. - respondeu Anita, fugindo duvida para mudar de opinião e desculpá- lo.

— Estou é, então vem cá. - o rapaz sorriu a puxando consigo, e sentando na ponta da cama.

— Hum que hein. - Anita riu da felicidade nada contida do menino, se deixando levar por ele, sentando-se em seu colo, não conseguindo resistência para evitar o instante que foi puxada para um beijo que continha pressa, seus pensamentos contendo chateação realmente não iriam durar muito, se dependessem daquele beijo intenso e desejoso.

— Agora a gente tem que aturar gringa enxerida também. – Sofia sentou em sua cama, se dirigindo a Meg nada cordial, no andar de cima do casarão.

— Olha Sofia. – a loira ainda tentou uma atitude controlada. – Tua mãe que me convidou pra vir pra cá, eu não me ofereci pra nada, só achei que não tinha nada de mais aceitar. – Meg justificou, mas enraivada desistiu de olhar para a face dissimulada da irmã mais nova de Anita, e apenas abaixou-se para alcançar sua mochila e apanhar uma roupa para dormir.

— Sei, você não me engana não Shakira, pode enganar minha mãe que é uma tonta de coração mole. – a patricinha não se rendeu e continuo a olhar para a outra altivamente, para evitar mais encomendações a americana preferiu mesmo ignorar.

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Enquanto as duas garotas travam uma discussão sem fim no quarto, mais ao longe, mesmo que sem sair do casarão, Anita e Ben esqueciam- se totalmente de seus dilemas, somente entregues a beijos apaixonados.

— Eu ti amo, te amo, amo, amo... – falava Ben sem soltar Anita.

— Vem cá, há quanto tempo à gente tá aqui hein. – Anita indagou meio perdida acerca do tempo.

— Bom eu diria nem muito e nem pouco, não apareceu ninguém atrás de você ainda. – Ben afirmou e os dois riram juntos do fato.

— É pode ser. – divagou ela o olhando pensativa. – Então eu vou indo mesmo não é, mais aconselhável. – propôs.

— Ah não, princesa, não. – Ben rebateu, negando-se a deixa-la ir, prendendo as mãos em sua cintura.

— Não... – Anita o provocou risonha, e o garoto a ignorou lhe puxando para um beijo empolgado. E mais uma vez tudo estava sendo esquecido.

— Então, melhor você ir, antes que eu me esqueça mesmo disso. – Ben alegou rindo sem graça, numa tentativa de afastar-se da amada.

— Ahan sei, e você tá mesmo com medo do meu pai, ou só tá arrumando uma desculpa pra não ficar comigo. – falou ela, entre risadas. – Ou é pior do que isso. – cogitou a garota lhe beijando travessamente.

— Olha que não tem graça. – Ben se afastou do beijo lhe cobrando.

— Claro que não, até porque se for, eu vou é ficar muito deprimida isso sim. - supôs a garota fazendo pirraça.

— Não, até porque se for assim eu vou ficar com muita pena de você. – Ben argumentou em tom brincalhão a puxando para um beijo, sem que ela relutasse... E também sem que Anita percebesse em meio a todo envolvimento dos dois, que o rapaz lhe jogava sem pressa contra a cama.

— É então, essa é a parte que eu tenho mesmo que ir embora. – Anita contrapôs sem respirar direito, cogitando em sua mente que os dois poderiam estarem mesmo indo longe demais com toda aquela troca de beijos e declarações.

— Tem certeza. – Ben retrucou a olhando sorridente e deixando um beijo em seu pescoço.

— Acho que sim... – Não, eu não tenho mais eu vou ter que ter. – ela afirmou de modo confuso e atrapalhado.

— Ok, já me convenci, também acho. – respondeu ele, se esgueirando para o lado, permitindo que ela levantasse.