— Vera você viu o Ben, queria que ele me ajudasse com... – Indagou Ronaldo sendo prontamente interrompido pela esposa que estava em volta com seus afazeres na cozinha.

— Esquece ele não está e pelo jeito por hoje não volta. – Vera afirmou enxugando as mãos no guardanapo depois de arrumar todos os preparativos do jantar indo até a sala falar com o marido.

— Ué como assim, o que esse garoto foi apontar, e pelo jeito a Anita está no meio, porque também não a vi agora a noite. – Ronaldo respondeu um pouco receoso.

— Bom eu nem o vi, mas a Anita esteve por aqui mais cedo, conversou comigo e me disse que iria passar a noite fora. – Vera disse meio discretamente temendo que Caetano ouvisse qualquer coisa se acaso surgisse de surpresa.

— E você está assim, calmíssima com isso, pensei que você não estivesse nem um pouco a favor do relacionamento dos dois, ainda mais nesta pauta. – Ronaldo ficou meio desconfiado do jeito sereno com que a mulher lhe dizia.

— Sim eu ainda estou lidando com isso. – Vera não mentiu para o marido. – Mas eu senti sinceridade total da Anita na conversa que nós tivemos outro dia, e eu já briguei tanto com minha filha Ronaldo, que estou tentando levar as coisas com mais amenidades confesso... - ela quis esclarecer o porquê de sua atitude. – Mais também não nego que entender tudo isso, como você mesmo salientou é difícil para mim, mas se ela quer namorar ele, e me diz em minha cara com todas as letras que minha opinião contrária apesar de entristece-la não é o mais importante, o que eu posso fazer. – Vera exclamou se sentando a mesa para tratar do assunto com Ronaldo calmamente. – E depois a Anita é minha filha, eu confesso que muitas vezes não entendi muitas atitudes dela Ronaldo, a julguei muito, e nem soube dar a ela a ajuda que ela precisava em muitos momentos difíceis que se foram, e hoje eu sinto muito por isso... - ela afirmou plenamente sincera.

— Eu fico muito mais feliz pelas duas, você e a Anita amam uma a outra, não iriam aguentar está situação por muito tempo.

— É. - E além do mais, é ao Ben que ela escolheu para amar, o que adianta eu me resignar a ignorar este fato se ele existe,

— Olha não querendo amenizar qualquer atitude do Ben em relação a este namoro, e o rumo que ele toma a cada dia, mas eu garanto a você sem qualquer dúvida, que ele também a ama da mesma forma, e olha que muitas vezes eu me custei a crer nisto e briguei muito com ele, por imaginar que fosse apenas um impulso desencadeado pela pouca idade dele, esse amor, esta paixão toda enfim.

— Ah Ronaldo eu confesso que pensei exatamente assim também, mais não posso negar que mesmo com toda preocupação que a Anita me deu com este namoro, o Ben vem a ser o rapaz que qualquer mãe iria querer como namorado de uma filha. - Vera confidencia.

— Eu tenho imenso orgulho dele, não só por ser meu filho, mas também por ter plena certeza da índole, do caráter e da grande pessoa que ele é. - elogiou Ronaldo.

— Você não poderia pensar diferente, ele é um rapaz de ouro, quem sabe com o tempo esta relação dos dois não soe mais cômoda pra nós dois. - Vera preferiu ser otimista. - Eu confesso que a reação do Caetano me preocupa um pouco. - admitiu ela olhando para o marido nervosa.

— Claro o pior castigo para o Caetano seria depois de passar uma vida toda me odiando, ver meu filho virar genro dele, que é o que caminhamos para acontecer. - Ronaldo brinca em tom de bom humor.

— E você parece se divertir com isso Ronaldo. - Vera retrucou não muito confortável.

— Não, de modo algum Vera, mas é no mínimo uma grande ironia. - ele retrata- se. - Não deixa de ser, e até duplamente porque nós dois passamos a vida querendo todos os filhos juntos e convivendo, e eles vem e se apaixonam. - discursa ele.

— Talvez, talvez Ronaldo.- diz a mulher. - E saber dessa história futuramente, pra isso nos resta a espera não é. - ela imagina com uma ponta de ansiedade.

— Vera você duvida mesmo que a Anita não vai ligar nem um pouco pra opinião do Caetano, é nítido que ela não medirá qualquer esforço pra defender o Ben, aliás, nem eu irei, se o Caetano quer implicar com este namoro que arrume outra desculpa que não seja o fato do menino ser meu filho. - Ronaldo diz não muito confortável com o fato.

— E pelo visto os dois agem assim um com o outro, você notou a quase confusão que se formou hoje no aniversário da Julinha. - questionou Ronaldo. - Vera perguntou calma.

— Eu vi sim, inclusive escutei o Hernandez me dizer que parece que a Anita gosta de provocar as desavenças entre Ben e Antônio. - Vera fala o que havia escutado do hondurenho.

— Pois isso me deixa em alerta profundamente Ronaldo, essa reação que ambos tem um com o outro, principalmente o Ben... - expõe ela um tanto apreensiva. - Como se defender a Anita, a proteger de qualquer coisa, fosse algo de extrema urgência. - Vera afirmou tencionada. - Os dois agem dando a impressão de que se uma bala viesse em direção do outro, eles se jogavam na frente só pra não ver o outro ferido. - Vera supõe tremendamente preocupada só de pensar na hipótese.

— Pois não duvide. - Ronaldo deixa no ar, fazendo Vera ficar ainda mais impressionada com seus temores. - Mais eu torço imensamente pra que nós jamais vejamos isso um dia, e que o Antônio continue deixando a Anita em paz, até porque se tudo que ela e o Ben pensam deste rapaz for verdade, ele é alguém de péssimo caráter, a alguém do qual deve-se manter a total distância. - diz Ronaldo em um tom desconfiado. - Mas esquece isso baixinha vamos jantar, cadê todo mundo. - repensa ele o assunto, dando um meio sorriso.

— A mala do Caetano saiu, e tia Lu eu não vi não pai, o resto tá todo mundo vendo filme lá em cima. - Giovana afirmou quando descia as escadas indo até a cozinha. - Vera o que tem pra comer, to com fome. - a ruivinha disse olhando a geladeira aberta.

- E quando vocês não estão, eu vou terminar de botar a mesa. - Vera riu da enteada.

— Ah deus, será que o Caetano finalmente resolveu sumir da minha vista. - Ronaldo parecia agradecer bastante irônico.

— Ronaldo. - Vera repreende o marido pela falação.

— Vera eu não irei nem responder até porque já discuti o suficiente sobre isso com você hoje. - Ronaldo não quis nem se quer argumentar, cansado do assunto que nunca se resolvia.

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Anita acabou sendo despertada pela claridade que ultrapassava a janela, apenas avisando que mais um dia começava... Perceber onde estava, quando olhou de relance para Ben, dormindo ao seu lado a fez querer esquecer novamente de seus planos de encarar a realidade, talvez continuar exatamente ali mergulhada em uma felicidade que jamais teria fim, fosse mesmo a melhor opção. Ela sorriu descompensada ao imaginar que no mínimo todos iriam querer lhe matar, principalmente a mãe, se ela fizesse feito de não aparecer no casarão tão cedo naquela manhã. Fitar a face serena do namorado dormindo tão próximo de si, também não lhe ajudava em nada a tomar uma decisão que fosse a mais racional, Anita apenas se viu perdida em seus próprios pensamentos enquanto sorria encarando o amado e tentando esquivar-se da mão de Ben que repousava sob sua cintura sem acordá-lo, para que pudesse alcançar seu celular que se encontrava em cima de sua bolsa sob o bidê, mas o que Anita conseguiu foi apenas executar mais uma de suas muitas trapalhadas ao não poder alcançar o objeto com a mão e apenas empurrando todos os objetos de dentro de sua bolsa ao chão quando quis evitar que tudo caísse.

— Anita. – murmurou Ben acordando-se com os ruídos as coisas da garota caindo.

— Desculpa, eu juro que não queria te acordar. – Anita argumentou quase rindo de seu mal jeito. – Mais quanto mais eu tento, menos eu consigo passar despercebida. – alegou olhando para séria para ele.

— E se eu não te conhecesse eu juro que até acharia que isso é só uma desculpa. – Ben sorriu debochado, esfregando a mão no rosto tentando espantar a preguiça.

— Amor, não implica comigo há essa hora não né. – ela fingiu desgostar jogando-se na cama novamente. – Tá eu nem sei que hora é, me atrapalhei antes de olhar pro celular. – ela justifica-se entre risadas o fazendo rir também.

— Será que eu deveria pensar seriamente que toda manhã das nossas vidas você vai me acordar por ser atrapalhada. - Ben fez graça com os desastres dela.

— Tá vendo é por isso que as pessoas namoram, pra tentar evitar um casamento desastrado futuramente. - ela afirmou em tom de brincadeira escorando a cabeça no travesseiro e olhando para ele com um sorriso de deboche.

— É um raciocínio lógico não nego. – Ben respondeu com a voz sonolenta. - Mais eu acho também, que a senhorita podia ser um pouquinho mais educada ao me acordar, afinal quase sempre é assim, um cutucão, acorda logo porque agente já perdeu a hora, aconteceu isso, alguém ligou... - ele a imitava cheio de implicância. – Só acho que eu sou um pouco mais delicado ao te acordar. - Ben cobrou, roubando dela um selinho empolgado.

- Ah sei. - Anita o fitou com a expressão amena. – Será que assim eu me redimo um pouco. - ela sugeriu entre um sorriso brincalhão se aproximando ainda mais dele e o beijando carinhosamente, que sem recusar o rapaz foi apenas a puxando por cima dele, e os dois continuaram até quando o fôlego lhes permitiu envolvidos em beijo que não precisava ter fim.

— Consideravelmente. - Ben rebateu sorridente quando os dois foram sessando o beijo.

— Besta. – Anita deu risada, enquanto Ben continuava com os beijos em seu. - Eu queria ficar aqui pra sempre sabia, sem nunca mais me preocupar com qualquer coisa exterior a nós dois. - ela declarou esgueirando- se para o lado, o encarando com um semblante de pura alegria.

— E o que te impede hein. - Ben perguntou com o olhar sobre ela, enquanto acariciava os fios longos do cabelo dela.

— Tudo né Ben, mais não posso reclamar se a felicidade não pode ser completa, a gente finge que é, afinal vale a pena e muito. – ela quis explicar, mas percebeu que mesmo com tudo, estava se sentindo plenamente feliz. - Quando eu to com você, eu mal consigo lembrar do resto mesmo, só sinto que nada mais importa, que nada é tão ruim assim, se você ainda estiver do meu lado, como se eu fosse mesmo imune, ou estivesse protegida, sei lá. - a menina fala, acomodando a cabeça no ombro dele, e se vendo totalmente tentada a ficar longe de tudo, apenas desfrutando de toda tranquilidade que lhe rodeava.

— E você tem alguma dúvida de que eu vou cuidar de você pra sempre. - Ben rebateu garantindo, sendo encantado pelo sorriso que notava no rosto dela.

— E eu já disse hoje que eu te amo. - Anita afirmou mal sabendo conter sua felicidade.

— E eu já disse que mesmo não sabendo que horas são, não estou ligando nem um pouco pro nosso suposto atraso. - ele retrucou, parando por sobre ela e a envolvendo em um beijo extremamente apaixonado.

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— Filha. – Vera caminhou até a cozinha chamando pela menina, parecendo aliviada em revê-la.

— Oi. – Anita respondeu prontamente, mas concentrada no suco de laranja que preparava.

— Que bom que você está aqui. – Vera não conseguiu disfarçar o alivio quando se pronuncia.

— Mãe você pode até achar que não, mas eu cumpro aquilo que eu costumo prometer aos outros. – a menina diz.

— Ai Anita eu estou tão nervosa ultimamente, tudo parece se complicar. – Vera mal nota que faz um desabafo.

— Pelo meu pai, você ainda não entendeu que não vale a pena, meu pai vai continuar fazendo das dele, e te deixando assim. – Anita argumenta não muito convencida de que adiantaria toda preocupação da mãe.

— Bom tudo bem, vamos tomar um café da manhã em paz, afinal hoje é domingo, dia de reunir a família. – Vera pensou em se tranquilizar um pouco.

— Por mais congada que ela esteja. – Anita não se aguentou em ficar quieta e riu implicando.

— Bom dia, bom dia Vera. – Ben pronunciou quando chegava em casa. – Tá aqui o pão. - afirmou ele.

— E ainda bem que o Tuninho abriu a padaria pela manhã, não tinha nada pra comer nessa casa. - Anita respondeu a respeito do que não encontrou na dispensa.

— Ai eu esqueci completamente de trazer um bolo e biscoitos lá do galpão ontem a noite. – Vera lamenta-se completamente por sua desatenção e esquecimento.

— Já foi mãe, amanhã a gente faz supermercado né, na verdade com essa história de festa nem eu lembrei. – Anita quis desculpá-la.

— Porque essa gente fala tanto pela manhã hein. – Caetano desceu pela escada a reclamar, quando não conseguiu ficar mais na cama devido a todo barulho dos demais moradores. – É cachorro que late, criança que grita, isso aqui é e feito um mausoléu Vera. – reclamava o homem quando avistou a mulher junto com a filha mais velha que arrumava a mesa do café.

— A cadeia deve ser mais silenciosa pai. – Anita ironizou com deboche, sem disfarçar que era de fato uma provocação.

— Minha filha, você está sendo inconivente. – Caetano não soube o que dar a moça como resposta.

- Você ainda não viu nada. – Anita deixou no ar como resposta.

— Bom eu vou tomar um banho, calor infernal nessa terra, isso se nesse lugar tiver água quente não é. – o homem saiu a resmungar.

— Depois teu pai não sabe por que ninguém atura olhar pra cara dele por muito tempo. – Ben cochicha para Anita parada ao seu lado emudecida, apenas pensando em algo ininterrupta.

— Anita você podia dar um jeito lá no quartinho pro teu pai não é filha, tem tanta coisa lá dentro que ele teve que dormir em um colchão. – Vera fez um pedido a garota que apenas observava calada.

— Uma coisa eu tenho que concordar com a Sofia né mãe, vocês super lotam o casarão e acham que eu tenho a forma mágica pra acabar com isso, tá cheia de coisa lá naquele quarto como eu vou fazer milagre me diz. – Anita ficou sem saber se quer por onde começaria.

— Anita me ajuda, por favor. – Vera alegou suplicante.

— Tá mais tarde eu vejo isso, agora bora chamar a Giovana e o Vitor pra tomar café, melhor. – Anita não quis insistir com toda sua negação.

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— Oi amiga. – Julia a cumprimentou com um largo sorriso.

— Oi, você acredita se eu disser que tava pensando em te ligar. – disse Anita sorridente, fechando a porta do guarda roupa. – Vai me conta, e aí como foi. – Anita questionou pegando na mão de Julia e a conduzindo para sentar em sua cama, com ar de felicidade evidente.

— Ai Anita, para, até você, vai vir com essa, tudo bem que o Serguei me zoando ontem, com aquele papo de comemoração a sós, até vai, ele adora implicar, mais você não né. – Julia quis justifica-se um pouco envergonhada, ao imaginar do que a amiga estava falando.

— Que isso Ju. – Anita acabou dando risada da amiga. – Tá o Serguei não te deixou em paz ontem, até o Ben ajudou confesso, mais não é disso que eu to falando o maluca. – ela explica. – Do querendo saber do jantar com tua avó, o Frédéric, você já tinha me falado dele lembra. – comenta ela sorrindo.

— Ai Anita. – Julia só soube rir. – Foi tranquilo até, minha avó está tentando não deixar as coisas do passado de misturarem ao presente sabe. – ela esclareceu.

— Que bom. – Anita ficou contente. – Mais vem cá, porque você cismou com a insinuação de comemorativa do Serguei hein, será que rolou alguma intenção dona Julia. – Anita alfinetou querendo fazer cócegas na amiga.

— Anita, qual foi. – Julia não soube o que dizer. - Acho que sei lá, ainda é meio cedo pra mim pensar nisso. - Julia confidencia não sabendo muito qual opinião exata tinha do assunto.

— É, talvez sim, talvez não. – brincou Anita com bom humor. – Na verdade, é algo relativo a cada casal, cada um sabe de si, o que não vale também é ficar se guiando pelo outro né. - disse ela com a expressão sincera. – Isso sim que seria uma grande burrada, e bom eu não sou a melhor e nem a mais experiente nesse assunto, ainda mais pra dar conselhos deste tipo, mais se você quiser conversar, sabe que vai sempre ter uma amiga pra todas as horas, pra te apoiar, você sabe disso não é. - afirma Anita solidária.

— Eu sei disso amiga. – Julia a agradeceu com um leve abraço. – Mais e você, tá contente hoje, que foi contou finalmente pro teu pai sobre teu namoro com o Ben. - a morena quis saber.

— Ih nem me fala, isso aí é outro assunto que não vai me render bons momentos quando eu for resolver. – disse Anita já ciente. – Não sei, to feliz só isso. - justificou Anita, mal sabendo o que dizer, apenas se sentindo alegre. – Olha que o Ben me deu ontem. - revelou Anita alcançando a Julia a correntinha que a rapaz havia lhe presenteado.

— Vocês dois hein dona Anita, não cansam de ser o casalzinho perfeito né. – Julia afirmou sorrindo implicante. – É linda. - alegou ela.

— Hum só se for perfeitos pra uma confusão não é, essa nossa relação já foi atingida por tantas imperfeiçoes. – Anita rebateu risonha. – Mais eu amo demais ele, eu acho que se em algum momento, entre tantos desses meus de incerteza em tudo que eu vive Ju, se eu tive alguma dúvida de que valeu a pena, hoje com certeza, eu sei que não tenho nenhuma... - afirmou ela com um semblante de total alegria. - Quando você pode gostar de tanto de alguém a ponto, de se preocupar com aquela pessoa mais do que com você mesma, que mesmo sabendo que não consegue e nem pretende esconder nada dessa pessoa, você ainda acaba sentindo teu coração bater no estômago só de nervoso toda vez que fica perto dela. – calou-se ela jogando-se para deitar na cama.

— Bom resumindo, você tá apaixonada, sempre teve né dona Anita. – Julia brincou jogando uma almofada contra a amiga seguida de uma risada.

— Hum chata. – Anita resmungou as risadas.

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— Olha a sumida voltou pra casa. – Sofia chegou em seu quarto com um ar de implicância, quando notou a presença da irmã pesquisando algo no computador. – Contou pro papai onde você tava. – riu a loira travessa.

— Não, mas se você quiser fique a vontade. – Anita respondeu não prestando muito atenção na patricinha. – E você tava onde, nem tinha te visto. – indagou também.

— Fui no shopping com a Flaviana. – a loira afirmou cordialmente sentando em sua cama. – E você Anita, vai ficar por aqui de vez, ou vai voltar lá pra Bernadete hein. – Sofia questionou olhando curiosamente para a irmã.

— Confesso que ainda não sei, mais por que. – Anita parou o que fazia olhando para a irmã, quando terminou suas anotações.

— Sei lá Anita, voltar pra cá é voltar a estar em uma prisão não é, tudo bem que você gosta da mamãe, mais convenhamos que ela vive te controlando, se eu fosse você ficaria por lá mesmo, só assim você poderia namorar o Ben em paz né. – a loira aconselhou falastrona, e Anita percebeu facilmente sua intenção em coagi-la.

— Quem sabe né Sofia. – Anita retrucou um tanto dissimulada.

- Bom vou indo, marquei com a Flaviana de montar uns looks pro tapinha, tchau. – Sofia foi se despedindo alegremente.

— Tchau, bom trabalho. – Anita respondeu entre um sorrisos.

— Anita. – Ben entrou pela porta e percebeu nem ser notado pela namorada.

— Essa bicha tá estranha. – Anita soltou desconfiada, achando confusa ao extremo a atitude da irmã consigo.

— Quem, a Sofia. – Ben proferiu confusamente, não conseguindo entender muito.

— A própria. – confirmou ela levantando-se.

- Bom o Frédéric, topou ajudar a gente lá com a arrumação. – comunicou o rapaz.

— Tá vamos logo. – Anita concorda o puxando pela mão.

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— Trouxe um café pra você. - Anita afirmou chegando a garagem com uma xícara em mãos.

— Oh princesa, acho que você adivinhou sabia, já to quase caindo no sono em cima dessas provas. - Ben admite sorrindo com bom humor, apanhando a xícara que ela lhe alcançava.

— A gente ficou tempo demais lá na tal reforma do quartinho, acabei te atrapalhando. - Anita supôs ao recordar-se.

— Claro que não, você jamais iria me atrapalhar.- Ben rebateu imediatamente, pegando na mão dela como forma de pedir que Anita sentasse a ponta da cama. - Tá me desconcentrar talvez, não é mesmo muito fácil ter foco estando do teu lado, admito, mas na verdade eu nem reclamo, ao contrário até gosto. - brinca ele, fazendo a menina sorrir.

— É mais não devia, aí depois fica todo enrolado como agora. - justifica ela.

— E que se dane, eu podia passar minha noite corrigindo prova de inglês, só que mesmo assim ficar ao teu lado seria a coisa mais importante desse mundo. - Ben afirma sem se arrepender do comentário anterior.

— Tá mais, eu não quero de atarefar ainda mais, só vou ver um e-mail aqui, e vou voltar lá pra cozinha pra ajudar a mamãe. - Anita achou melhor pegando o notebook de cima do bidê.

Ben parou mudo apenas a observando minuciosamente enquanto ela olhava pra tela do computador. - Vem cá você tá feliz hoje.- comenta ele despretensioso.

— Porque ontem eu tava triste não entendi agora príncipe. - Anita acabou rindo.

— Não, acho que não tava, não sei explicar exatamente o porque mais hoje, você tá diferente de ontem, tá com um brilho diferente, tá leve despreocupada. - Ben tentou explicar mais não soube muito.

— Ah sabe que é. - Anita proferiu soltando o computador e esquecendo do que faria.

— O que. - ele riu.

— É que ontem no final da festa da Julia, eu fui abordada por um carinha, que me fez uma proposta de rapto tentadora, com direito a noite especial, declaração presente e tudo, deve ser isso. - Anita supôs falando espertamente e o lançando um olhar travesso.

— Ah entendi, traidor ele não. - Ben rebateu fugindo não gostar do motivo de toda felicidade exposto por ela. - Coagindo a namorada dos outros, a fazer o que não deve. - o rapaz brinca desistindo de dar atenção as provas que corrigia, somente as soltando levantado para às deixar sob a estante.

— Pois é, ele tinha bons argumentos. - Anita sorri desinteressada indo ao encontro dele.

— Ah tinha é. - ele retrucou não demostrando preocupação.

— Pior é que tinha. - sorri ela em confirmação jogando os braços em volta dos ombros dele e o beijando no pescoço.

— E pensando bem, vem cá, que você está precisando muito se redimir. - Ben alega seguindo de uma gargalhada, enroscando as mãos na cintura dela a erguendo no ar enquanto a envolvia em um beijo a levando até a cama, onde tudo parecia novamente parar.

— Se você soubesse da vontade que me dá, de te jogar aqui e esquecer completamente de todo o resto. - Ben confidencia a encarando com um sorriso.

— Não banca o doido vai. - Anita riu não podendo negar que em parte sentia-se tentada com a proposta.

— Não é doidice, é o meu amor por você que pede isso, e a cada dia eu percebo que dizer não pra ele não é nada fácil. - ele retrata-se seguido de um beijo terno e repleto de intensidade.

— Então me ajuda, deixa eu levantar, antes que o jantar desande completamente lá na cozinha. - Anita pediu com um meio sorriso, parando de beijá-lo.

— Ah meu deus, com muito custo, mais tudo bem. – riu Ben se levantando e também ajudando Anita a erguer-se.

— Ih, é... – É... – a garota brincou e sem resistir se aproximando para beijá-lo novamente.

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— Então melhor a gente dizer agora, aproveitar que a molecada saiu, ao menos não vai ter tanto alarde. – após o jantar Anita e Ben remexiam-se no sofá inquietos ao notarem que todos se dispersavam da mesa mais preocupados com seus próprios afazeres.

— Você tem certeza disso. – Ben questionou a amada, por pressentir que o que viria não seria algo muito fácil.

— Você vai dar pra trás agora. – Anita ralhou o reprendendo com o olhar de falta de paciência.

— Não, né mais convenhamos que a situação aqui não é a mais agradável. - o rapaz quis se explicar. – Calma né. – argumentou ele.

— Ben vamos acabar com isso logo, pelo amor de deus. – Anita afirmou não aguentando mais conviver com tal situação.

— Confesso que pra mim também já deu isso, apesar de desconfiar e muito, que teu pai vai querer me matar. – Ben fala extremamente tenso com a situação.

— Melhor do que viver se escondendo, convenhamos e depois chilique ou do meu pai, a gente vai continuar juntos. - ela afirma, não disposta a voltar atrás.

— Pai é você tem um tempo pra gente conversar. - Anita indagou mantendo a tranquilidade, quando saí do sofá e caminha até a mãe, Ronaldo e Caetano, que parecem não entender o motivo da abordagem.

— Minha filha, eu adoraria te ouvir, mas infelizmente estou sendo convocado para ser escravo naquele restaurante. - Caetano disse ironicamente.

— Vai ser rápido, eu asseguro. - Anita contrapôs ao homem decidida a não recuar.

— Não Anita, Caetano tem que atender os clientes no embaixada. - Vera pareceu notar onde a filha estava querendo chegar quando de relance observou a garota encarando Ben.

— Mãe. - Anita reclama entre um olhar impiedoso a Vera, devido à desculpa utilizada.

- E já chega de corpo mole, não queria um trabalho. - Ronaldo mal havia prestado atenção em qualquer coisa a sua volta, na verdade o que lhe atormentava era toda enrolação pra lá de dramática, que Caetano protagonizava para não precisar retomar ao seu posto de garçom.

— Pai é... - Deixa a gente falar. - Ben procurou por um fim na situação.

— E você se diverte cm isso não é. - Caetano disparava gesticulando sem paciência para o fato de que agora teria que receber ordens de Ronaldo.

— Anita deixa eles irem, vão se atrasar. - Vera insistiu, temendo ter que ver mais uma desavença se dar em sua família.

— Mãe não adianta. - Anita a cortou imediatamente.

— É melhor eu ir indo filhinha depois conversamos. - Caetano afirma não muito interessado em discutir qualquer coisa que fosse, talvez fosse só mais uma das broncas que a filha estava lhe dando nos últimos dias.

— Você não tem esse direito, tá querendo o que hein. - Anita reclama com a mãe assim que vê os dois deixarem a sala pela porta de casa.

— Evitar um desastre Anita. - Vera procurou justificar- se.

— Poxa mana para de embaçar a mina, desse jeito ela e o Ben ficam na pior né. - Luciana que só ouvia tudo atenta de uma poltrona na sala foi aderindo ao papo.

— Obrigada tia, alguém me entende nessa casa. - respondeu Anita em um tom de exaustão, nada contente com Vera.

— Filha, deixa isso pra amanhã, eu preciso encarecidamente de um final de noite tranquila, só que com você provocando teu pai fica difícil. - Vera ajeita uma toalha sobre a grande mesa onde todos estavam reunidos enquanto argumentava.

— Não é provocação, eu só não estou a fim de mudar minhas decisões por causa dele, só isso. - Anita explica inquieta. - E depois mãe você vem me dizer que sou eu que gosto de mentir. - ela escancarou irritada. - Você parece até que gosta mais ainda. - Anita acusou indo para o quintal a passes de pura frustração.

— Da licença gente, eu ou falar com ela. - Ben informou sem se prolongar apenas seguindo a namorada.