Bernadete, Soraia e Meg, tomavam seu café em uma ensolarada manhã de domingo. Os dias que se seguiram pareciam que se passavam em uma velocidade descomunal, de tal forma que Anita não conseguia medir com maestria, fazia quase uma semana que ela ia ao Grajaú hora para ir ao colégio, hora para ver Ben, assim mesmo não era com regularidade, já que na maioria das vezes os dois se encontravam em outros lugares, ou o garoto vinha ao apartamento de Bernadete para vê-la, Vera não tocou no assunto, e nem na sucessão de confusões que ela julgava a total parcela de culpa de Anita nos acontecimentos, Vitor também não a procurava com frequência, os dois até se cruzavam, mais conversavam menos por não conviverem, saber que Ben havia resolvido suas pendências em parte com o irmão, a deixou mais aliviada, já que ela tinha consciência que apesar da revolta de namorado com todos os julgamentos do garoto, por conta dos dois, isso trazia uma enorme desconforto a Ben, afinal Anita sabia que relações por relações acabadas de uma forma nada amigável, já bastava a dele com Antônio, que Ben considerou a vida toda seu irmão. Giovana sempre falava com ela, mas somente coisas banais, mesmo sem perguntar Anita não pode deixar de perceber que a ruivinha também achava o mesmo que Vera, sobre a situação criada por Mariana, Ronaldo quando a via sempre procurava ser cordial, e até concertar a situação, pelo menos usava Ben constantemente para poder colocar panos quentes em tudo e convencê-la a falar com a mãe, mais na maioria das vezes Anita percebia Ben recuando, pois ela era taxativa com o assunto, Sofia e Pedro a procuravam com mais frequência, e Anita não podia deixar de rir do fato, ela e a loira se davam bem apesar de alguns bate bocas, por opiniões divergentes, que sempre acabam em risadas e até mesmo eram esquecidos, fato este que Anita jamais se veria vivendo, depois da guerra escancarada que ambas travaram, não muito tempo atrás, mas parecia que como sempre, em todos as picuinhas das duas, mais uma vez a laço de irmãs estabelecido no sangue que cada uma trazia consigo, e no coração falava mais alto, que qualquer mágoa e desavença, por maior que fosse.

– O, bom dia. - felicitou Anita se juntando a mesa do café.

– Você demorou, já estava indo lá, ver se você tava doente, não de perder a hora. - Bernadete comentou enquanto via Anita sentar-se de frente para si.

– Ai eu perdi mesmo. - confessou ela, buscando a xícara que se encontrava no centro da mesa para si. - Eu demorei pegar no sono, esqueci da vida depois. - afirmou Anita.

– Ah mais nem se esquenta Anita, hoje é domingo mesmo pra que tanta pressa. - alegou Soraia.

– É, verdade. - Anita concordou com um sorriso. - Pior é que eu tava tendo um sonho esquisito, acordei toda errada gente, eu hein. - disse ela tentando lembrar com exatidão das loucuras semeadas por sua mente enquanto dormia.

– Como assim. - Meg indagou, apanhando uma fatia de pão.

– Não sei, acho que eu tava tentando decorar alguma coisa, só que aí eu não lembro, quer dizer o começo, lembro que... - balbuciou Anita meio confusa. - Uma única frase ficou, “durante toda minha vida.” - compartilhou ela rindo de sua própria loucura. - Acho que eu to ficando maluca, só pode, devia de ser, sei lá poema de auto ajuda, não é possível. - argumentou.

– Olha não quis falar nada pra você não dizer que to me metendo demais. - Bernadete proferiu de maneira séria, olhando para a garota. - Mais eu tenho te achado nervosa mesmo, agitada. - afirmou a mulher.

– Eu sou não é, até aí nenhuma novidade. - Anita quis disfarçar que estivesse passando do ponto.

– Ok flor, pode até ser, mais você, aí vou falar mesmo, você tem arrumado cada vez mais encomendas, é peça e mais peça, tá aí sempre com insônia, dorme pouco que eu sei, e tudo isso porque brigou com tua mãe Anita, resolve isso, por favor. - Bernadete continuou com a dura. - Eu sei, que tudo mudou, muito depressa, aí depois mudou de novo, ultimamente tem sido isso, mais não deixa isso tudo te afetar sempre. - alegou.

– Bernadete, você tá parecendo o Ben sabia, talvez numa versão não tão piorada, mais o destino é o mesmo. - retrucou Anita achando exagero. - Eu to bem, e como você acabou de dizer Bernadete, eu já estive muito pior, tudo bem que, quando eu resolvi seguir em frente, não achei que eu iria tão rapidamente ver minha vida ser envolta por problemas e mais problemas, acho que esperei um pouquinho mais de compreensão das pessoas a minha volta. - falou Anita impacientemente. – Mais, mais do que eu já estou fazendo não dá, também você me sugere o que? – ela indaga. - Bernadete. - Que eu siga o concelho da minha mãe, e sei lá, vá procurar um psicólogo, ou até um psiquiatra, vai ver ela que tá certa, to entrando em parafuso já, e nem percebo. - contrariou ela.

– Claro que não, se tem uma coisa que eu tenho certeza é que você não tá precisando da ajuda de nenhum estranho, mas sim das pessoas que se importam com você, e esquece isso hein, Vera só disse isso, porque tá nervosa, perdida, até mais que você, de algum jeito ela acha que o teu jeito de seguir em frente não foi o certo, como se agora você ainda estivesse sob efeito daquilo tudo de errado que você tenha feito, sou sei lá. - falou Bernadete ligeiramente.

– É, realmente pra minha mãe, ter qualquer tipo de relação mais intensa como o Ben, que não incluísse, sermos irmãos, é errado. - ruborizou Anita. - E quantos aos sonhos, melhor eu nem encucar, acho que é ansiedade sei lá, nenhum deles tem alguma conexão com minha realidade e acho que eu to muito velha pra agora comprar um livro de sonhos, ou ir pra internet tentar entendê-los, não que eu tenha lago contra a quem acredita. - Anita quis mudar de assunto.

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– Omar você viu o Ben. – Anita pergunta ao encontra-lo no restaurante.

– Ué como assim, ele passou por aqui mais cedo dizendo que ia, tomar um banho e ir correr pra encontrar com você. – o garçom estranha.

– Pois é, só que ele não apareceu aonde a gente tinha marcado lá perto da praia, naquele restaurante, ligo no celular dele só dá desligado. – Anita afirma estranhando mais ainda depois do que Omar lhe dizia.

– Eu não sei dele, mais daqui a pouco ele deve aparecer, vai ver pintou algum compromisso urgente. – Omar alega.

– Urgentíssimo não é, a ponto de nem me avisar. – proferiu ela descontente, Omar achou graça da forma irônica como Anita se expressava.

Alguns minutos se passaram, e Anita se cansava cada vez mais de ocupar uma das mesas vazias do Embaixada, esperando que Ben lhe desse algum sinal, mas a única resposta que ela continuava tendo era da chamada feita ao garoto, que caía na caixa postal e ela deixava mais um recado, que provavelmente não seria respondido de imediato como todos os outros deixados anteriormente.

– Ronaldo, você sabe do Ben. – Anita voltou a questionar alguém sobre o paradeiro do garoto.

– Não, o vi mais cedo só. – Ronaldo deixou o livro caixa do restaurante de lado, para responder a enteada. – Engraçado. – o homem deu uma discreta risada.

– Ai o que, olha eu to ficando preocupada de verdade tá, ele marcou comigo já faz duas horas isso, até agora nada dele aparecer. – ela afirma não entendendo o que poderia haver de engraçado na situação.

– Não é isso. – ele negou. – Você e ele, incrível que quando não é um é o outro desesperado a procura do outro, o juventude hein, porque vocês discutiram dessa vez. – o padrasto explica risonho.

– Ah claro, a briguenta sou eu, teu filho some sem dar motivo e a doida sou eu, Ronaldo olha só, pode parar tá, porque eu to preocupada mesmo, o garoto some assim, e olha que ultimamente mais paranoica do que eu, acho que nem agente da divisão secreta da Interpol seria, já tem acontecido tanta coisa que... – desabafa ela aos gestos, esbarrando com o braço, sem querer na bandeja de copos sob o balcão. – Desculpa, eu to ansiosa, e bom desastrada isso eu sou sempre mesmo né. – ela pondera respirando fundo e aliviada, depois que Ronaldo segurou de imediato a bandeja evitando que os copos se espatifassem ao chão. – Você deve lembrar que a primeira vez que você foi lá em casa, quando namorava a mamãe eu derrubei uma jarra de suco inteira em cima de você, e olha que eu era bem pequena. – recorda ela.

– E daria pra esquecer, tanto você como tua irmã eram dois piolhos de gente naquela época, e te olhando hoje nenhuma das duas mudou muito. – lembra ele melancólico.

– É muita coisa aconteceu depois daquilo, que hoje nem dá pra acreditar, mais não sentir saudade é inevitável. – respondeu Anita com um sorriso suave.

– Anita teu telefone, aqui tá tocando. – Omar grita a ela, ao ver que o celular que chamava sobre a mesa era de Anita.

– To indo. – Anita respondeu correndo até mesa. – Oi nossa, eu já tava... – ela foi se explicando quando entendeu que a voz do outro lado era de Ben. – Hospital, como assim hospital Ben, o que aconteceu com o Hernandez... – Anita balbuciou confusamente ao não compreender com exatidão o que Ben explicava. – Tá, tá, eu vou pra aí sim. – ele disse desligando apressada e procurando a bolsa.

– Anita como assim o Ben está no hospital, o que aconteceu afinal. – Ronaldo a encheu de perguntas ficando em estado de alerta.

– Acho que com ele nada, o Hernandez que parece que se machucou, o Ben não explicou direito. – Anita revelou. – Eu vou pra lá né. – informou ela, precisando saber do que acontecia de fato.

– Eu vou com você, Omar cuida de tudo aqui pra mim. – Ronaldo pediu saindo com ela.

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– Oh filho o que aconteceu. – Ronaldo perguntou de imediato ao avistar Ben, sentado em uma das cadeiras na sala de espera no hospital.

– Eu não sei direito também, a Maura que me ligou avisando, parece que o Hernandez tava mexendo na instalação lá da sala de festas e levou um choque, mais ou menos isso. – contou ele.

– Mais ele tá bem, não tá. – Anita indagou, sentando ao lado dele, e percebendo parte de sua aflição.

– Parece que sim, ele chegou aqui consciente, mais médico não é, nunca fala nada, sem um monte de exames antes. – alegou Ben ansioso com toda espera. – Desculpa seu eu te deixei esperando, com essa confusão toda acabei até esquecendo de te avisar. – explicou ele.

– Não esquece, o importante agora é o Hernandez estar bem né. – disse Anita, envolvendo um braço em volta dele que escorou a cabeça em seu ombro, parecendo um tanto desatinado.

– Família reunida, olha que desse jeito, vão achar que isso aqui já um velório não é. – Antônio chegou com Tita e Maura já fazendo piadas.

– Antônio, meu pai não vai morrer. – Tita argumentou com voz de choro, enquanto Antônio ficou mudo, escorando-se em uma das paredes. – Né Ben... – ela cobrou vindo até o irmão postiço.

– Vai não Tita, ele vai voltar pra casa hoje mesmo se bobear. – respondeu Anita com um sorriso doce a ela, induzindo a garotinha a sentar em seu colo.

– É, não se preocupada não tá. – Ben reforçou se atinado a responder algo, mesmo que também estivesse pra lá de nervoso. – Ronaldo continuou calado, apenas observando, Maura que sentava a poltrona ao seu lado, e sem deixar de notar os olhares audaciosos e de cobiça que Antônio destinava a Anita, sem que nem ela ou Ben percebessem, a situação já era de nervosismo puro, e passar a cogitar em pensamentos de que tudo que Ben e até Anita diziam com extrema certeza do garoto, fosse tudo absolutamente verdade o deixou ainda mais perturbado.

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– Você teve alguma coisa a ver com isso, porque nem por mim, mais pelo Hernandez seria sórdido demais com ele, depois de tudo que ele já fez pro você. – Ben afirmava ao garoto, tomada por ira.

– Agora tudo é culpa minha, impressionante. – Antônio zoou o meio-irmão, negando que estivesse envolvido.

– Não banca o inocente, eu não acredito em você. – Ben devolveu sem se intimidar.

– E você acha que eu ligo, eu to nem aí pro Hernandez também, nisso você tá certo. – ele desdenhou. - Eu não perderia meu tempo armando contra alguém que se sabota sozinho, e quer saber também não estou nem um pouco a fim de perder meu tempo ouvindo as tuas liçõezinhas ridículas, e nem paciência. – ruborizou. – E não perde o teu, com esse moralismo barato. – Antônio ordenou sem paciência.

– Que você chama de... – Moralismo barato, eu chamo de caráter, como uma pessoa que teve todas as oportunidades possíveis e foi criada com todo empenho, se tornou isso, uma pessoa tão pequena de caráter, mesquinha, baixa, invejosa e capaz de tudo Antônio, se eu fosse você parava mesmo de verdade, enquanto você pode escolher. – afirma Ben perplexo em ver no que Antônio se transformava a cada dia. – E você tem toda razão eu tenho mais o que fazer. – ele diz no momento que vira as costas, Antônio cala o riso de deboche para retrucá-lo.

– Pode escrever, eu vou tirar a Anita de você, e não importa o preço que eu tenha que pagar pra isso, você ainda não venceu Ben. – taxou.

– Você não vai fazer nada contra ela, e você pode até separar a gente, mais sabe o que me dá imenso prazer Antônio, a Anita nunca vai cogitar se quer, gostar de você do jeito que ela gosta de mim, isso você nunca vai ter, e não importa o que você faça. – Ben cuspiu enraivado com a ameaça antes de ir embora de vez.

– Ben o que aconteceu ali. – Ronaldo o questionou, após ouvir parte da conversa de onde estava.

– Nada pai, esquece, cadê a Anita. – proferiu Ben ainda sob impacto da discussão.

– Falou que ia tomar um copo d’água, bom melhor nos imos não é. – afirmou o homem.

– Vamos mesmo. – Ben concordou, não tinha nada mais a fazer ali, a não ser que quisesse aceitar as provocações de Antônio e não medir as consequências que viriam depois, e que ele mesmo provocaria por não controlar sua vontade de socar a cara do garoto e o fazer engolir todas as suas armações.

– Vocês já vão. – Anita indagou a cruzar com os dois no corredor quando voltava.

– Vamos sim, eu já falei com o Hernandez ele tá bem e a Maura vai ficar fazendo companhia pra ele. – exclamou Ben.

– Então porque você tá com essa cara. – Anita pergunta estranhando o tom de voz de Ben.

– Por nada, vamos embora, graças a deus tá tudo certo. – ele ficou sem explicar segurando na mão dela e o conduzindo até a saída.

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– Ben eu posso te perguntar uma coisa. - questionava Anita, de forma intrigada quando chegava ao quartinho de Omar com o namorado.

– Acho que duas. - brincou ele, fechando a porta e soltando as chaves sob a mesa.

– Foi eu que vi demais ou você ainda tá preocupado, veio calado do hospital até aqui. - afirma Anita o encarando, e só tendo a certeza de que ela estava certa, Ben continuava pra lá de tenso. - Pensei que o médico tivesse garantido que estava tudo bem com o Hernandez. - reforça ela.

– Por quê? - Você acha que ele falou só por falar. - Ben revida largando o jeito atônito e lançando um olhar assustado a Anita.

– Não, acho que não, ele falou a verdade, e também o Hernandez parecia bem sim. - contorna Anita.

– Ai caramba. - sentou-se ele a cama, se quer conseguindo disfarçar seu jeito exausto.

– Mais então porque você está assim, se não exatamente com a saúde do Hernandez. - perguntou Anita se acomodando ao lado dele.

– Porque, ai Anita, não sei se é pura loucura da minha cabeça ou não mais, eu estou cogitando pensar que esse acidente do Hernandez, não foi tão acidente. - revela Ben temendo estar certo.

– Mais aí... - O que? - Armaram pra ele, mais quem, quem iria querer fazer isso e logo com o Hernandez. - a garota só se viu confusa com o que ele lhe contava.

– Não sei, o Antônio, ele lá no hospital, ele falou de um jeito dessa história do Hernandez levar um choque e cair da escada que eu, não sei eu fiquei intrigado. - Ben contrapôs.

– Pera Ben, que o Antônio não presta isso a gente sabe e muito, mas... - Anita engoliu em seco a afirmação de Ben, como se relutasse em acreditar, tamanho surreal ela soava, até vindo de Antônio seria cruel demais. - Agora o Hernandez, a única pessoa que no fundo nunca virou as costas pra ele, jamais, que deu tudo pra ele, uma vida, depois que até a própria mãe o abandona, será que a doença desse garoto chegaria a tanto, se quer ele teria gratidão por alguém, por mais pouco que fosse. - espantou-se ela.

– Você dúvida. - questionou Ben.

– Meu deus! - Pior é que não, só que aí príncipe, ele, ele... - murmura ela, se erguendo e a olhar em volta. - Se for assim, o que ele ainda pensa em fazer com a gente, depois de tudo, o que. – ela o lança um olhar de pânico. - Ben como essa história vai acabar, porque eu acho que ela ainda não teve um fim. - diz Anita, amedrontada em ter que viver por muito tempo ainda, com aquela sombra de escuridão sobre a cabeça dos dois.

– Não precisa ficar assim, eu vou conversar melhor com o Hernandez pra saber o que aconteceu afinal, eu não vou convencer o Antônio a falar a verdade, simplesmente porque ele é incapaz disso. - pede Ben, não querendo que ela se preocupasse.

– To cansada disso sabia, de todo mundo tirar minha paz e simplesmente por um capricho, uma vontade individualista e mesquinha. - confessa Anita entre um olhar triste. – No fundo a sensação que dá, é que a gente vive sempre com essa espada em cima das nossas cabeças, não importa o que aconteça. – se decepcionou ela. – Antônio. – pronuncia a menina em extrema raiva.

– Esquece tá bom, o que importa é que a gente tá aqui, juntos... – O resto, olha talvez seja importante, bom é importante, afinal ninguém consegue ser plenamente feliz tendo uma única coisa na vida, não é assim que tudo funciona, qualquer pessoa com o mínimo de racionalidade consegue entender isso. – Mais quando mais o tempo passa, princesa cada vez mais, eu sei, viver longe do resto pra mim até dá, mais longe de você, eu nunca vou conseguir, porque toda vez que você se afastar, é como se eu também deixasse de existir. – declarou Ben a olhando nos olhos de um jeito terno.

– Eu nunca vu me afastar de você, mesmo que me doa muito, pelo preço que os outros me obrigarem a pagar por não aceitaram essa escolha. – promete ela, lhe dando um forte abraço.

– Eu sei, por isso mesmo vamos esquecer essa história um pouco que seja. - sugere ele a abraçando.

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– Hum vou ter que ir embora. – informava Anita ao erguer-se.

– Ah não, fica mais dez minutos só vai. – argumentou Ben manhoso.

– Ah tá bom. – ela deu uma leve risada. – Assim só pra você saber, deve fazer uma hora que você usa esse argumento. – debochou dos apelos.

– Mentira, mentira... – Tudo exagero teu. – Ben não fez cerimonia para dizer que ela estava errada.

– Eu tenho que ir mesmo, daqui a pouco a Bernadete começa a ficar maluca devido ao meu atraso. – Anita afirma se explicando.

– Se você faz tanta questão né, quem sou eu pra te impedir. – proferiu Ben, fingindo não se importar.

– Para, pode parar tá. – ri Anita se aproximando para beijá-lo.

– Não pensa que você me convenceu não hein. – ele a soltou sorridente.

– Ai nem vou dormir hoje de tanta preocupação sabia. – ela sorria com ironia parada a sua frente.

– Eu sempre soube disso. – alegou Ben caminhando até a porta.

– Como assim o que? – retruca Anita sem compreender do que o namorado falava.

– Que você era extremamente. – afirma Ben, virando para encará-la e dando passes até ela. - Impiedosamente insensível. – diz ele com um sorriso travesso entre um beijo e outro.

– Palhaço. – reclama Anita sem ligar.

– Vem, vamos, eu te levo até o ponto de ônibus. – propõe ele.

– Não precisa, nem vou esperar tanto assim. – garante Anita não vendo necessidade.

– Ah é e você acha que eu vou perder de te dar uns beijos enquanto isso, sem chances. – respondeu o rapaz entre gargalhadas largas.

– Ah entendi, segundas intenções claras, não é, e eu aqui achando que você tava preocupado em eu ser assaltada, sequestrada ou sei lá, mais não, tava só interessado nessa parte mesmo, muito obrigado pela consideração, olha nem precisava, mesmo de verdade. – ironiza ela emburrada, parada no mesmo lugar, enquanto Ben apenas ri ainda mais.

– Isso também óbvio, mais admito que a parte dos beijos me interessava mais. – Ben reafirma a ela que cruza os braços e lhe devolve uma careta apenas. – Vem, perdeu a pressa é. – ele indaga a puxando pela cintura para fora.

– Perdi totalmente, não vou mais. – Anita diz de cara fechava, depois dele lhe dar um beijo.

– O que também me serve bastante sabia. – falou Bem, fechando a porta e a erguendo no ar enquanto caminham.

– Ben, para, me deixa, me põe no chão. – Anita quase grita, a não conseguir segurar o riso.

– Ah vocês tão aí. – Ronaldo fala de imediato ao topar com os dois.

– Mais eu já tava indo, juro. – garante Anita parando ao lado de Ben logo depois dele a soltar.

– Eh gente calmem, eu não perguntei nada. – Ronaldo riu da cara apreensiva de ambos.

– Então tá né pai. – Ben murmurou com certa confusão, compartilhando do olhar de espanto que via nos olhos de Anita.

– Ben você pode ajudar com as mesas, movimento tá demais hoje, Omar e o Zico não tão dando conta. – solicitou Ronaldo.

– Claro, eu vou só levar Anita até a parada do ônibus e eu já venho tá. – comunicou Ben não se negando.

– Não, não precisa, se o Ronaldo tá precisando pode ir, eu vou sozinha. – Anita alegou.

– Não é melhor, e depois eu não vou demorar mesmo. – ele não se convence e insiste, apesar das brincadeiras anteriores, Ben não podia negar, não a si mesmo que não ficava tranquilo em ver a namorada andando sozinha, e sem estar a vista de ninguém por perto no bairro, Antônio parecia estar sempre em todos os lugares e as afirmações feitas mais cedo no hospital, só faziam Ben ter certeza que ele não desistiria tão fácil de se aproximar.

– Ai tá bom, desisto. – Anita revirou os olhos sem paciência para toda insistência dele, só vendo alternativa parar de o contrariar. – Tchau Ronaldo, boa noite. – ela se despediu do padrasto com um beijo carinhoso.

– Tchau, se cuida. – desejou Ronaldo seguido de um olhar protetor.

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– Oh Anita, você demorou, tava ficando aflita já. – Bernadete correu de seu quarto para a sala, após ouvir um barulho de chaves e porta se abrindo. – Achei até que ia dormir pelo casarão. – argumentou a mulher.

– Não, nem fui no casarão. – contou a garota, soltando a bolsa e as chaves em um lugar qualquer . – E me desculpa, não ter te avisado que eu iria me atrasar tá, esqueci mesmo, meu celular descarregou, devia ter pedido pro Ben o telefone e ter te mandado um torpedo avisando. – percebeu Anita seu erro.

– Imagina, eu é que sou encucada mesmo. – Bernadete afirmou. – Mais isso não significa que eu não quero que você avise, ou que não precisa tá, vai que eu tenha um treco enquanto te espero aqui sem saber. – ela brincou agitada.

– É, o que me leva a constatar, que teus filhos , quando você os tiver um dia, terão uma mãe super protetora. – Anita afirmou risonha.

– Ai, por favor, nem brinca. – riu ela. – Mais e você, tá com uma carinha cansada, que foi hein. – a mulher perguntou ao perceber de relance.

– Ah vai ver eu to mesmo e você está certíssima. – não negou ela.

– Mais porque, houve alguma coisa? – Bernadete quis saber ficando um pouco apreensiva.

– Não, só cansaço mesmo, juro, tem sempre aquele dia, que a exaustão nos pega de jeito, é se quer a gente sabe o motivo real né, pois é, um dos meus deve ser hoje. – disse Anita. – Vou tomar um banho, e depois cama. – anunciou ela.

– Não quer um lanchinho antes, Soraia fez uma panqueca ótima, impossível de recusar. – sugeriu Bernadete.

– Ah brigada, mais eu só quero dormir mesmo, amanhã eu provo tá, prometo. – garantiu Anita. – E a Meg. – indagou ela ainda.

– Chegou ih disse que iria pra um cinema, acho que com o Sidney. – revelou. – E você anda comendo mal pra caramba, acha que eu não percebo, pode parar hein. – ralhou ela.

– Fica tranquila tá, estou ótima, até porque eu não sou a Sofia, né que deita e até se tapa com um misero fio de linha. – implicou Anita com a magreza da irmã, dando um beijo em Bernadete e indo em direção ao corredor.

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– Aqui Omar, mesa dez, um suco e duas caipirinhas. - informou Ben ao garçom, chegando apressado ao balcão.

– Já estou indo. - afirma Omar saindo também com pressa.

– Então Ben, tá agitado aqui. - opina Drica abordando o garoto, que estava escorado ao balcão.

– Realmente, o que é sempre bom pro dono do restaurante, mesmo que os clientes não gostem de tanto barulho. – ele respondeu, dispersamente de cabeça baixa, enquanto conferia o pedido de outra mesa.

– Então o que você acha da gente ir pra um lugar mais calmo, também to detestando essa agitação. – a garota propôs audaciosa.

– Que eu namoro. – Ben rebate, levantando o olhar e de um jeito surpreso.

– E daí, eu não to interessada na Anita, já em você quem sabe. – afirmou Drica sem rodeios. - Anita não precisa saber, precisa. – ela opina com um sorriso zombeteiro.

– Olha Drica, que você pense assim, eu não me importo mesmo. – garantiu Ben. – Mas, eu me importo, eu amo a Anita e não faria isso com ela. – diz ele taxativo, fazendo menção de ir embora.

– Ok, que você queira ficar com ela, tudo bem, mesmo que eu não entenda. – Drica fala enquanto o impede de lhe dar as costas, parando a sua frente. – O que você viu nela, sério a Anita e você, você merece coisa melhor né, mais tudo bem, vai ver você quer um tipo de garota perfeita e sem graça, pra futuramente formar um tipo de família, tipo a Vera e o Ronaldo né, só que isso também não te impede de curtir a vida, de vez em quando , não to pedindo pra você largar dela, pra que esse estresse todo hein. – argumenta ela altivamente e sendo direta.

– Drica se eu quiser curtir a vida, eu vou fazer isso, e com ela, e quanto a Anita merecer ou não, pra ser sincero, foi mal, mas isso não diz o menor respeito, eu amo a Anita do mesmo jeito que eu a respeito, e na boa eu não quero confusão na minha vida, mais do que eu já administro, então não perde teu tempo comigo não, é o melhor que você faz. – alegou ele, lhe dando as costas com rapidez.

– Ai que ódio. – bufou a garota contrariada.

– O pai o Zico não voltou ainda. – perguntou Ben indo até Ronaldo que tentava organizar o caixa.

– Não, faltou bebida, tive que mandar ele buscar. – o homem explicou compenetrado no que fazia.

– Bom ao menos na hora de fechar o caixa vai valer a pena não é, você e o Martin estão de parabéns, super parceria, e quem diria. – comentou Ben elogiando.

– Pois é filho. – sorriu Ronaldo em concordância. – Mais Ben, deixa eu te perguntar uma coisa, sem estar especulando a vida de ninguém, bom mais eu estava próximo, mais foi impressão minha ou a Drica, estava dando em cima de você insistentemente. – ele indagou curioso, mas despretensioso.

– Olha pai, eu sei que ultimamente você e a Vera andam desesperados e topando qualquer coisa pra afastar eu e a Anita, mais isso não né, já é golpe baixo, claro que eu não tenho nada com a Drica, e nem pretendo ter, por favor. – afirmou Ben sem paciência para explicações. – Eu não to zoando com a cara da Anita, eu gosto dela de verdade, e eu respeito e preso demais o que a gente tem, pra jogar tudo pro alto dessa forma, por mais que mesmo sem querer, magoado e sob efeito de tudo que ela também já tinha feito, levianamente contra mim, eu devolvi na mesma moeda, mais no fundo eu sei que tanto eu como ela, não tinha consciência de nada naquele momento, ou nenhum dos dois teria feito. – disse ele.

– Eu não seria tão leviano a esse ponto, e acredito que nem a Vera. – Ronaldo expressou sincero negando veemente que Ben podia estar certo.

– Melhor né, já basta o Antônio semeando mentira pra tudo que lado, vocês também, seria demais até pra gente. – confessou Ben confiando no pai.

– Mais acredite, pra mim também é bem melhor, até pra digerir isto tudo, acreditar que você goste dela de verdade, até pra defendê-los de alguma forma, mesmo que muitas vezes eu não tenha feito isso. – também confidenciou Ronaldo pondo um fim no assunto.

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– E aí muito mal humorada. – Mariana abordou Drica.

– O que você quer garota, nem te conheço. – retruca ela, sem nem levantar o olhar. –Ah é você. – Drica afirma com certo desdém ao reconhecer quem estava na sua frente.

– Bom levar um fora não é legal, ainda mais se for pelo motivo que foi não é. – falou Mariana sentando-se ao seu lado.

– Só podia ser aquela monga da Anita mesmo, detonou minhas chances de ficar com o Martin e agora isso. – reclamou Drica.

– De repente você ainda pode descontar um pouco isso, vocês ficaram ótimos nessas fotos aqui, imagina a Anita vendo isso, seria no mínimo hilária a cara dela. – Mariana afirmou entregando o próprio celular a Drica, que só conseguiu entender do que a garota falava ao ver as imagens.

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Duas semanas depois...

– To com maior sono sabia, to toda errada ultimamente, quando posso dormir uma insônia maldita bate, já quando finalmente durmo não quero mais acordar. – Anita reclamava escorada a parede do banheiro, enquanto esperava Julia, se vendo totalmente dispersa e sem o menor pique para encarar a manhã de aulas.

– Ai amiga mais você sabe o que é isso né, puro estresse, tenta desacelerar o ritmo não é Anita, desse jeito é que não dá, olha não falei nada antes, mas eu tenho notado e muito que você não anda bem. – Julia a repreende categórica.

– Desacelerar o que Julia, mais que isso, tá tudo parado eu não fui mais ao casarão, não consigo ligar pra minha mãe e nem falar com ela, tá puxado viu, até desisti de incomodar o Ben com esse assunto, tadinho já não deve nem me aguentar mais. – Anita ri de si mesma.

– Justamente, é isso e o resto que está te deixando assim, você anda se torturando demais, você não consegue viver com um problema desses e fingir que está tudo ótimo. – a morena reforça.

– É, eu sei, só que eu não quero piorar mais as coisas, então é melhor deixar do jeito que está, também, não sei como resolver Julia, por mais patético que isso soe. – Anita alega seus motivos. – Você tem um cinto aí, olha o que dá lavar roupa na máquina direto. – Anita debocha, mostrando a folga do short jeans a sua cintura.

– Ué mais, você não comprou esse short semana passada, lá no shopping comigo e com a Monique. – Julia estranhou.

– É comprei, devo ter errado o número então né, pra variar uma das minhas trapalhadas intermináveis. – Anita supõe despreocupada.

– Mais, tava certinho, eu vi quando você provou, ai Anita você tá emagrecendo, isso que tá acontecendo, Anita eu não to gostando disso, você não vai ficar doente não né. – Julia lhe passou um sermão, taxativa.

– Claro, emagreci horrores, inclusive amanhã irei fazer um teste pra modelo tá, abandonarei o sonho de cursar arquitetura. – ela ironizou se encarando no espelho e levando as mãos na pia logo depois, ignorando a bronca de Julia que continuava de forma alterada lhe alertando sobre a forma descuidada que Anita cuidava de si mesma.

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– Será que a gente pode falar um minuto. – Ben chegava interrompendo a conversa dela com Serguei.

– Pode sim. – ela garantiu, levantando sem pressa para encará-lo. – Mais assim príncipe, se for por causa de alguma coisa que a Julia falou, implicando que eu estou magra demais, relaxa tá, esquenta não, porque, ela tá meio complexada ultimamente, exagerada. – se desculpou Anita, achando que o olhar aflito e inquieto do namorado tinha a ver com isto.

– Hãm?? – Ben ficou com expressão boquiaberta apenas, não a compreendendo ao certo. – O que tá acontecendo hein, porque algo me diz que não é a Julia a exagerada da história, mesmo que não seja disso que eu vim falar. – ele cobrou tenso.

– Ah não, jura. – Anita percebeu que havia falado demais. – Mais esquece, deixa pra lá, o que você quer tanto falar, você tá esquisito. – Anita se ateve a expressão nervosa dele.

– Você tem falado com tua irmã, nesses dias. – Ben indaga.

– Bom não muita coisa, mais por que. – ela fica confusa com a pergunta que o garoto lhe faz.

– Você lembra que eu te falei que o Sidney tava faltando aula. – Ben prosseguiu.

– Sim, até fiquei preocupada, não é porque o Sidney nunca foi o aluno mais aplicado, mas de faltar ele nunca foi. – Anita afirmou ficando em estado de alerta.

– Você não sabe o que a Sofia fez. – Ben alega, puxando Anita pelo braço com calma para mais perto dele.

– O que? – Ai Ben, pelo amor de deus dá pra parar com suspense. – Anita retruca em um tom inquieto e nervoso.

– Ela disse ao Sidney, que está grávida. – revelou ele discretamente.

– Oiii! – Que brincadeira é essa Ben, Sidney bebeu não é, viajou na maionese, Sofia impossível né. – respondeu Anita com um sorriso descrente e sem assimilar.

– Bom isso, foi o que ela disse, mais conhecendo com certeza o histórico de enganos da tua irmã. – afirmou Ben, também achando que tinha algum truque no meio.

– Mais Ben, vem cá, como que o Sidney acreditou nessa, se... – Assim a história lá do pão com linguiça no dia seguinte, foi exatamente na mesma época que soltaram o vídeo, como é que ele foi acreditar nisso por que... – ela se perguntou por segundos se perdendo nos fatos. – Ai meu deus do céu, a coisa é pior do que eu imaginava. – constatou Anita diante do semblante mudo de Ben. – A Sofia tá blefando Ben, ela quer é separar o Sidney da Meg. – Anita tinha quase certeza do fato.

– Anita e se for verdade. – Ben a questionou.

– Aí eu vou ser titia. – ela profere estufada. – A mamãe vai ter um treco, a Maura vai ter treco, o Ronaldo, a família inteira. – ela assustou-se em cogitar a hipótese. – Não, não parou, isso é truque da Sofia, óbvio, o Sidney ficou preocupado porque, enfim né, assusta uma hipótese dessas na idade dele. – entende Anita.

– Melhor você conversar com a Sofia, isso não é o tipo de coisa que ela brinque não é Anita. – sugeriu ele, consternado pelo amigo.

– Sofia, Ben até parece que você não conhece, tudo pra ela é uma festa. – Anita pondera, conhecia como ninguém o dom da irmã de fazer as coisas a jamais pensar em calcular as consequências. – Eu vou conversar com ela. – garante Anita.

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– Nossa eu hein que chuva, desde que começou não parou um segundo se quer. - comentava Ben, logo depois de olhar o tempo pela janela.

– É, tá caindo o mundo aí fora. - reafirmou Anita da cama, concentrado em mexer no computador.

– Eu diria até mais não é, que tá caindo o universo, o espaço, junto até com os outros planetas. - disse ele vindo até ela.

– Ih, mais uma queda então porque a internet acabou de cair também. - afirmou Anita sorrindo irônica.

– Você ainda ia pesquisar mais alguma coisa. - Ben pergunta.

– Não, pro trabalho já está certo, mais eu ia responder um e-mail da Julia. - Anita esclareceu.

– Bom, e eu estou querendo saber como vou embora, não é, nadando talvez, seria uma escolha a pensar. - alegou Ben de maneira sarcástica, fazendo com que Anita achasse graça.

– Não seja por isso, você pode ficar aqui comigo. - propôs Anita.

– Claro, Bernadete também vai adorar essa tua ideia. - Ben desaprovou não vendo como.

– Duvido muito. - ela riu. - Até porque se continuar desse jeito, você não volta pro Grajaú e ela também não vem de lá, é muita chuva Ben, pode ser até perigoso enfrentar ela. - disse Anita com cara de quem queria convencê-lo a qualquer custo.

– Ótima lembrança não é dona Anita. - ele retrucou brincalhão se movendo para sentar ao lado dela.

– Eu sempre tenho ótimos pensamentos mesmo. - ela se vangloriou divertida.

– Ahann, e é modesta também. - Ben implicou com a namorada.

– Ok, mais se você quer ir embora, pode ir correndo pros braços da chuva, já que ficar nos meus, é tão torturante pra você. - ela desdenhou, soltando o notebook, desistindo de fazer contato com Julia.

– Realmente princesa, não poderia haver suplício maior do que ficar assim do teu lado. - reforçou ele, sorrindo travesso.

– Hãm ridículo. - achincalhou Anita entre uma careta.

– Linda. – ele rebateu, lhe dando um beijo apaixonado.

– Espera deixa eu ver quem é. – Anita argumentou tentando se afastar ao ver o telefone fixo tocar.

– Deixa vai, deve ser pra Bernadete. – Ben justificou se negando a soltá-la.

– Não, deixa eu atender, pode ser o porteiro, eu pedi pra me avisar quando a Sofia chegasse, lá em casa Giovana me disse que ela estava pra Barra com a Flaviana. – contrariou ela se levantando apressada e correndo para onde estava o telefone. –Ela tá lá na Flaviana, antes que ela fuja de novo e eu não consiga, vou falar com ela. – Anita contou vindo até Ben desligando o telefone, depois de ser informada pelo porteiro do prédio que Sofia havia chegado com a melhor amiga.

– Bom, não sei se adianta alguma coisa mais... – Ben não ficou convencido de que Sofia contaria a verdade a Anita.

– Tudo bem, me espera aqui tá, eu já venho, vou só descer pra ir até o apartamento da Flaviana, não vou demorar juro. – ela disse lhe dando um beijo apressado, e saindo em seguida.

– Oi Flaviana, Sofia tá aí né, com licença tenho que falar com ela. – Anita disse apressada, quando viu a namorada de Serguei abrir a porta e dispensou as cerimônias e foi logo entrando.

– Anita, você não pode ir entrando assim hei. –Flaviana saiu atrás de Anita, já que sabia que a loira estava fugindo da irmã desde cedo.

– Que palhaçada é essa hein Sofia, agora vai mentir que tá gravida. – Anita entrou pelo quarto que estava com a porta aberta questionando a irmã.

– Ah o Sidney já te contou, gostou da novidade. – Sofia dissimulou irônica.

– Que novidade, você tá mentindo, que eu sei. – ela rebateu exasperada e sem confiar na irmã.

– E se eu não tiver. – Sofia cobra altivamente. – Olha isso. – a loira pede entregando um papel a irmã mais velha.

– Um exame e daí. – Anita sustenta sua opinião mesmo depois de ler confusamente o que dizia na papel entregue pela patricinha e perceber que se travava de um exame de sangue, onde comprovava uma gravidez. – Você pode muito bem ter pegado isso daqui da internet, tá cheio disso por aí. – deduz Anita.

– Óbvio que não, o que tá aí é pura verdade. – Sofia diz com a voz firme, seguido de uma gargalhada vitoriosa.

– Ah é, então você não vai se importar de conseguir um outro não é, porque eu vou rasgar esse aqui. – ameaça Anita segurando o papel, e fazendo menção de parti-lo ao meio.

– Não, Anita se tá louca, deu maior trabalho pra conseguir este. – Sofia se entrega avançando de forma assustada contra as mãos da irmã. – O Sidney não merece minha lealdade tá legal, não depois de tudo que ele me fez passar, e agora tá lá com aquela nojenta da Meg. – a loira fala em sua defesa, enquanto tenta pegar o papel de volta.

– Ai para Sofia, para... - Eu não vou te deixar seguir com uma brincadeira ridícula dessas. – Anita garante arbitraria, enquanto elas disputam o pedação de papel com fúria.

– Gente vocês pararem. – Flaviana tenta acabar com a discussão, mais é ignorada por ambas.

– Você ficou doida de vez, imagina quando a nossa mãe descobrir, ela te mata Sofia. – alegou Anita. – Aí eu quero ver. – a namorada de Ben, cobra da patricinha, a empurrando contra a cama e tomando posse do papel de uma vez por todas.

– Ela nem vai saber. – Sofia não liga e sorri apenas, ajeitando a roupa e erguendo-se novamente.

– Ah é, é só o Sidney contar pra Maura que todo mundo vai ficar sabendo, sua doída. – afirma Anita ralhando com ela. – E você hein Flaviana, ajuda ela nisso né, francamente, vocês duas hein. – Anita deduz encarando a morena, que parecia querer não ser notada.

– Ah nem vem, eu bem que tentei impedir, como não consegui, ajudei ela sim, até que foi divertido infernizar o Sidney. – Flaviana admite.

– Vocês não negam que são melhores amigas – Anita sorri sarcástica. – Eu vou ficar com isso aqui, e em vez de conseguir outro Sofia, você vai é contar a verdade pro Sidney, dizer que não tem gravidez nenhuma, porque se ele ficar sabendo por mim ou até pelo Ben, que não vai poupar você nem pouco nisso tudo, o Sidney nunca mais vai olhar na tua cara mesmo, aí você pode desistir de vez de ficar com ele, chega de mentira não é Sofia por favor. – Anita propõe a ela.

– Quem disse que eu quero ficar com ele, por mim o Sidney pode sumir tá legal. – Sofia grita exasperada, e enfurecida pela intromissão de Anita.