Julia e Anita aproveitaram o horário vago devido ao professor que não veio por conta de uma indisposição, para irem à biblioteca e colocarem os assuntos em dia.

– No final o Hernandez ficou sabendo da discussão do Ben com o Antônio. – dizia Anita, preocupada em imaginar como seria a relação de Ben com o padrasto de agora em diante.

– Nossa, e ele. – indagou Julia enquanto procurava atentamente um livro que a agradasse nas estantes do local.

– Acho que não gostou nada Julia, a julgar pelo jeito que ele saiu de lá de casa ontem. – revelou Anita, ainda materializando o semblante do Hondurenho depois de ouvir o que ela e Ben haviam afirmado a ele. – Pior é o Ben, pra mim sei lá, fica meio indiferente, por mais que eu goste do Hernandez é fácil não me importar com o que ele pensa, já que ele insisti em achar que tudo que eu e o Ben achamos do Antônio não é real. – Mas, e pro Ben? – se perguntou ela, assustada em pensar o quão confusa deveria estar à mente do garoto. – Que teve sempre o Hernandez como um pai, e o Antônio e a Tita como dois irmãos, a cabeça dele deve estar em curto circuito a essa altura, óbvio. – afirmou Anita com exaustão.

– É amiga. – concordou Julia. – E pra piorar vocês nem tem como provar nada, não é. – opinou ela, quem sabe mostrando uma saída a Anita.

– Como? – Tinha o celular que o Ben achou nas coisas do Antônio, mais depois que o tal advogado lá que o Martin tinha indicado pra ele na época do caso da prisão Hernandez, que o Ben procurou depois pra falar do assunto disse que o celular não é prova do envolvimento do Antônio nessa história. – contou Anita, não conseguindo acreditar até hoje na sorte que acompanhava Antônio. – Ele apagou o vídeo, o que sinceramente pra mim foi um alivio, mais agora a gente não tem prova nenhuma mesmo. – revelou ela.

– É também tentar mover um processo contra o Antônio, sem ganho de causa, só iria te expor ainda mais né amiga. – pensou a morena.

– Pior Julia, a gente vive uma situação dessas, aí se quer pôr o infeliz atrás das grades, tem que dar de cara com toda aquela exposição novamente, diante sei lá de um tribunal inteiro, sabe-se lá quantas vezes. – ela apoiou o pensamento da amiga. – Por isso que, a maioria que passa pro uma situação dessas, não faz nada, não denuncia, por medo de se expor, vergonha de ter que ver outras pessoas falando daquilo. – bufou insatisfeita. – De ter que ver coisas como, aí coitada, ela foi tão engada, é uma vitima, uma pobre, precisa-se punir o culpado, pra ela voltar a ter um pingo de dignidade, prefere-se esquecer, fica-se impune, se esquece, se é que dá né. – proferiu Anita com certa revolta. – O que é errado, tecnicamente muito errado, isso só deixa o culpado impune, quem dera viu, que se eu tivesse usado toda aquela minha revolta do início, pra denunciar o Antônio, no instante depois que aquele vídeo caiu na rede. – afirmou Anita, constatando o tamanho de sua falta de coragem para lidar com o momento.

– É ou não né amiga, porque aí corria o risco do Ben, ser crucificado como culpado diante da justiça, aí sim a situação de vocês estaria péssima hoje. – Julia sorriu de leve ao imaginar que aí sim o rumo das coisas teriam sido desastrosos.

– É tem esse detalhe, pesando bem foi melhor eu não ter feito nada. – riu Anita, pelo nível de seu descontrole na época era capaz do rumo ser exatamente aquele. – Mais também pra que pensar no que não foi. – distraiu-se ela, não querendo pensar na falta de senso de justiça que cercava aquilo tudo. – Mais eu ainda vou ver o Antônio pagar por tudo isso e muito mais Julia, não foi só o Ben que a vida me trouxe de volta, esse ainda não é o maior premio pra sanar todo sofrimento que se abateu, o Ben era algo que ela me devia, por tudo que aquele infeliz fez, nós dois devíamos essa chance a nós mesmo. – opinou Anita decidida ainda a dar um basta no garoto e suas barbáries. - Ela me trouxe também a minha sede de justiça, pode demorar o tempo que for, eu vou seguindo com minha vida até lá, mas eu ainda vou ver o Antônio como ele é, despido de qualquer máscara pro todo mundo que o conhece, saber o tamanho do mostro que ele é, até pro Hernandez, que deve estar pensando que o mostro que iludiu o coraçãozinho do Antônio fui eu, a vou. – taxou Anita. – Ah mais esquecendo isso, eu já tenho tanta coisa pra me preocupar no momento, chega de pensar em Antônio, Hernandez, vídeo, quer saber que se danem. – ela afirmou exasperada, não querendo suplantar ainda mais sua raiva e ojeriza de todo aquela história.

– Isso aí. –Julia acabou rindo.

– Ai Ju, tem acontecido tanta coisa, lá em casa então nem se fala, eu ando tão estressada, nervosa, que às vezes bate uma vontade de comprar uma passagem só de ida, pra um lugar longe e paradisíaco, ah tirar férias de tudo. – confidenciou Anita aos suspiros de ansiedade.

– Ah claro, e de preferência com o Ben junto, acertei. – Julia alfinetou brincalhona.

– É, é, eu não ia achar ruim não. – assentiu Anita gargalhando.

– Achei era esse mesmo que eu queria, José de Alencar, me falaram que é muito bom os livros dele. – Julia afirmou, puxando um livro debaixo da enorme e apertada pilha da prateleira.

– Depois me fala se é bom mesmo. – pediu Anita. – Ah eu tinha esquecido, terminei o projeto do quarto, só não sei se você vai gostar né porque, acho que eu dei uma viajada. – comunicou Anita receosa a respeito da opinião dela.

– Ah deixa eu ver. – Julia implorou com um sorriso animado.

– Acho que eu deixei em casa, não dava pra trazer aquele monte de papel pra aula né. – afirmou Anita debochando da cara curiosa que a amiga esboçava. – Vamos fazer , hoje você almoça lá em casa, a gente olha se você gostar, já botamos em prática, não dá pra você ficar sem quarto a vida toda né. – sugeriu Anita empolgada.

– Tá pode ser, mas só pra deixar claro é muito maldade tua me deixar curiosa até a hora das aulas acabarem. – Julia alegou.

– Hum, aí é que você se engana não é maldade, é o segredo de qualquer futuro e renomado arquiteto e decorador. – sorriu Anita com travessura.

– Ah Anita. – Julia empurrou o braço dela descontente. – Pois saiba de uma coisa, desse jeito você vai matar todos os teus futuros clientes de curiosidade. – a garota acusou.

– Não, não aí vai dar errado meu plano. – zombou Anita, enquanto as duas seguiam a risadas pelo corredor até a sala.

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– Oi! – Sidney passava no corredor, quando avistou por acaso Meg saindo da sala de dança, onde ela dava aula.

– Oi Sidney. – sorriu a americana virando para encará-lo. – Acabou que eu nem te cumprimentei ontem pela conquista. – disse Meg.

– Culpa tua que foi embora, não quis comemorar com a gente. – brincou o garoto.

– É, eu tinha que ir mesmo. – ela admitiu. – Mais parabéns você e todos os meninos mereçam, se empenharam muito. – elogiou a loira.

– Valeu, muito obrigado. – Sidney agradeceu, seguido de um sorriso. – Mais e aí, você não tá precisando de um assistente pra tua aula não, to cheio de disposição hoje. – convidou-se ele.

– Ah deixa eu ver, acho que eu posso abrir uma exceção hoje. – disse ela risonha.

– Como se não bastasse ter que voltar pra esse colégio Flaviana, você nem tá aqui não é, tá aí no bem bom, enquanto eu... – Ai eu, eu não aguento mais isso aqui. – Sofia se lamentava com a amiga ao telefone, no momento que caminhava até sua sala. – Calma, eu já perdi toda, eu só queria sumir desse lugar, só isso. – esbravejava ela, impaciente com os pedidos de Flaviana que eram inebriados pela animação da morena por estar fora do Brasil, podendo visitar diversos lugares e fazer compras a vontade.

– Mais também não é, nada tá ruim o suficiente, pra que não possa ficar pior. – Sofia afirmou exasperada, quando deu de cara com Sidney e Meg em um papo empolgado.

– Então marcado, na terceira aula eu passo aqui pra nossa aula. – Sidney falou se despedindo de Meg.

– Eu vou esperar hein, e acho bom vir preparado. – a garota alegou brincalhona.

– Pode deixar, tchau. – disse ele junto a um enorme sorriso.

– Você me odeia é isso Sidney. – Sofia o abordou agitada, surgindo na frente dele, no instante em que o garoto dobrava o corredor.

– Eu? – Sidney ficou confuso apenas, depois do susto que tomou. – Você quer me matar Sofia. – ele acusou distraído.

– Não, mais eu confesso que às vezes queria que você morresse. – a loira afirmou sarcástica.

– Ah o Sofia, foi mal, mas eu não estou com tempo pros teus dramas, com licença, vou indo. – Sidney se negou a ouvi-la.

– Ah não vai mesmo. – a patricinha taxou se pondo a frente dele. – Não basta o colégio inteiro estar falando de mim, e agora você vai ficar, vai ficar aí. – disse ela atrapalhada e raivosa enquanto buscava as palavras fazendo gesto de ajeitar a bolsa ao ombro. – Aí com essa, com essa, com isso... – a loira falou entre caretas.

– Quem? – Aquela garota linda, inteligente, incrível, e deixa eu ver muito diferente de você. – dissimulou Sidney cansado dos joguinhos dela

– E ridícula, óbvio que ela é diferente de mim, essa sem noção de subúrbio americano vai ter que crescer muito pra chegar até mim mesmo. – Sofia alegou altiva.

– Ah é sim, eu diria que não, eu diria que se a Meg quisesse chegar ao teu nível ela teria que descer muito baixo, só que como qualquer pessoa digna e maravilhosa ela não precisa disso pra conquistar nada, ela se garante por si só. – Sidney retrucou irritado com a pose audaciosa que ela expressava.

– Olha aqui. – a loira lançou um dedo em direção dele.

– Olha aqui você Sofia, você já percebeu que fala de todo mundo, mais a única que sempre joga baixo pra ter o que quer aqui é você, eu já cansei disso sabia. – Sidney a interrompeu ressentido. – Trata todo mundo com indiferença, acha que é melhor do que os outros, só porque achava que tinha um pai rico, vestia uma roupa de marca, conhece de moda, ok e daí isso não é tudo na vida Sofia, isso não define caráter. – loirinho foi verdadeiro em seus julgamentos. – Você julga as pessoas, passa por cima delas como um trator, no intuito satisfazer os teus desejos, você é incapaz de se colocar no lugar do outro nunca. – Sidney continuou, Sofia desviou o olhar dando de ombros para a situação, apenas fingindo que não se importava. – Eu gosto de você, sempre gostei, desde moleque, e eu não vou dizer que você sabe disso porque você sempre fez muito pouco desse sentimento, eu sempre corri atrás de você como um otário, um sapato velho que você chuta pro lixo, mais sinceramente foram poucas as vezes que eu me senti feliz do teu lado, porque será não é, você sempre tinha que estragar tudo com esse teu narizinho em pé, desdenhando de mim do jeito que eu ajo, da forma com eu me visto, me comporto, você é incapaz de dizer uma palavra de conforto, quando eu preciso, você somente solta tuas verdade e esquece que aquilo pode magoar outra pessoa, e isso faz as pessoas não quererem mais estarem perto de você. – Sidney alegou, exausto da relação confusa que o unia à loirinha.

– Você acha que eu me importo, você é o que eu sempre disse. – Sofia fez pose de grandeza para negar toda mágoa que a acompanhava naquele momento.

– E eu não vou mentir a Meg me faz bem sim, ela é pra cima, divertida, parceira, amiga, é compreensiva e principalmente sabe me dar valor, quando eu estou errado ela pode até dizer, mas também quando eu faço algo certo, ela não tem vergonha de me elogiar, de agradecer. – revelou ele seus pensamento sem medo.

– Quero ver só o que o Ben vai achar desse teu rolo com a Meg, tua amizade com ele não vai resistir a isso Sidney. – acusou a garota tentando se manter altiva e inatingível pelas alegações de Sidney.

– Pois é, mais e daí também ele não namorou você mesmo sabendo que eu gostava de ti. – confrontou ele, sem ligar, se Ben agisse diferente do que ele imagina realmente neste momento poderia dizer que não conhecia o amigo. – Mais hoje eu vejo que eu fui um idiota em ter brigado com ele por tua causa, sabe por quê. Perguntou ele, a patricinha ficou mudar encarando o chão apenas. – Quantas vezes você deve ter dito pra ele, não é Sofia, como eu fui injusta com você, em como você me repudiava, tinha nojo de mim, que era eu que te perseguia, você nunca quis nada comigo, em como eu te tratei mal naquela noite que a gente passou junto, que você só queria uma lembrança boa pra esquecer do resto. – disse Sidney cansado de ser espezinhado pela patricinha, sempre tendo Sofia usando os mesmos argumentos.

– Eu vou só te falar uma coisa, você vai me pagar por isso, vai ter volta Sidney. – a menina ameaçou ressentida, junto a uma voz rouca e totalmente magoada com ele.

– Você já me falou isso tantas vezes que, eu não me surpreenderia. – Sidney afirmou calmamente, preferindo não ligar para as ameaças da loira.

– Então espera pra você ver. – Sofia declarou enfurecida. – E sai da minha frente. – ordenou a patricinha o empurrando e seguindo pelo corredor apressada enquanto tentava conter as lágrimas que teimavam em cair, lágrimas cuja ela já nem sabia se eram de raiva ou de tristeza pelas palavras proferidas por Sidney.

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– E aí Ben será que a gente pode levar um papo. – Sidney foi até cantina e encontrou o amigo sentado a uma mesa, sozinho enquanto tomava um copo de suco.

– Claro senta aí. – Ben pediu. – Mais o que foi, porque essa cara. – ele não entendeu o motivo da preocupação e do jeito tenso do amigo.

– Ah eu, qual é a única coisa que me tira do sério. – disse Sidney nervoso.

– Qual? – indagou Ben achando graça por um momento.

– Ah eu discuti com a Sofia. – confidenciou o loirinho. – Disse tudo que tava aqui entalado sabe, eu não aguento a Sofia diz que me odeia, que me despreza, mas quando me vê com alguém surta, sei lá o que acontece. – Sidney afirmou confuso com a rebeldia da loira.

– Bom no mundo de vocês eu não sei, mas pra mim, isso é ciúmes. – declarou Ben verdadeiro.

– A Sofia com ciúmes de mim, acho pouco provável. – Sidney resistiu em acreditar.

– Mais deixa eu ver se eu entendi, você tá saindo com outra pessoa é, e aquele projeto de conquistar a Sofia, já foi por água a baixo. – perguntou Ben.

– Ah é pois é. – o loirinho esboçou um sorriso tenso apenas. – É que a Sofia, me viu conversando com a Meg aí no corredor mais cedo. – revelou o menino.

– A Meg, a Meg, Sidney é isso. – disse Ben, em um misto de contrariedade e confusão.

– É assim, a gente não tem nada de concreto, mais sei lá eu gosto dela. – Sidney afirmou constrangido. – Mais porque, você tem alguma coisa contra é isso, bom vocês dois já namoraram... – exclamou o garoto procurando entender o semblante desgostoso que via estampado na cara do amigo.

– Não, não tenho mesmo de verdade. – garantiu Ben. – Mais a questão é que, uma vez você me perguntou se eu amava a Sofia, eu te disse que eu gostava dela, e você me disse de volta que gostar nunca seria o suficiente pra levar uma relação à adiante, e pior é que não é, pode até durar um pouco mas, não é o bastante, um gostar não segura um relacionamento, não por muito tempo, sem falar no sofrimento que isso traz, principalmente quando a uma terceira pessoa em questão, você tá dividido ou pior você ama mesmo a Sofia, e a Meg como fica nisso, se ela se envolver de verdade, você já pensou o quanto ela vai sofrer com isso. – contrapôs Ben, ignorando o fato de que o amigo podia não gostar de ouvir tais argumentos. – Eu gostei muito da Meg, eu tenho um carinho muito grande por tudo que a gente viveu, pelo que um dia ela representou na minha vida, foi mal Sidney eu não posso concordar totalmente com essa situação, eu já fiz a Meg sofrer mesmo sem querer naquele episódio da falsa gravidez, minha relação escondida com a Anita, acho que eu tenho o dever de te dizer que você não pode enfiar os pés pelas mãos nessa relação, Sidney você ama a Sofia, você sabe disso, mais cedo ou mais tarde você vai voltar a correr atrás dela. Ele abriu os olhos do loirinho com sinceridade. – Acredita eu sei do que eu to falando, é só essa tua raiva e ressentimento passar e aí o que você vai fazer com a Meg, vai dizer que acabou e ponto. – questionou Ben com firmeza, enquanto Sidney o encarava parecendo procurar uma resposta que cabe-se ao instante para esclarecer seus pensamentos.

– Talvez você tenha razão Ben, pior é que sei disso. – finalmente ele respondeu, mesmo contrariado em admitir, Sidney teve a certeza de que as alegações de Ben em parte estavam certas.

– Então só te peço pra tomar cuidado com o que você vai fazer, principalmente pra não se magoar, pra não magoar a Sofia, e consequentemente a Meg, que não merece mais essa, ela merece encontrar alguém que dedique a ela um sentimento na mesma proporção que ela está disposta a dedicar, sem amarras, sem contras, sem outra pessoa pra ela ter que dividir os teus pensamentos. – aconselhou Ben.

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Sofia caminhou até o banheiro enquanto se desdobrava em sentir raiva e frustração pelo que ouviu da boca de Sidney, se perguntando angustiada se ela era de fato tudo que o loirinho afirmou com tanta certeza. Será que no fundo ela podia ser mais de que um rótulo de garota fútil, mas também alguém que só se importava consigo mesma, que só ligava para si própria, e que era realmente incapaz de olhar para o outro. A patricinha sabia de seus defeitos, Sidney não precisava enumerá-los, mas ouvir aquilo do garoto a tinha trazido um sentimento de perplexidade e desconfiança que ela não sabia explicar e se quer lidar.

– Ai Bruna olha só você, eu acho. – Drica entrava no local conversando com a amiga.

– E gente tá ocupado. – Bruna afirmou ao avistar Sofia que apenas olhava para sua imagem refletida ao espelho.

– Sofia me diz uma coisa, você não gostava de desfilar pelo colégio, agora se tranca no banheiro. – Drica a abordou.

– Não enche garota. – a loira rebateu irritada e sem a mínima paciência.

– Ah entendi, tá ruim pra você, engraçado você sempre falou exibida que ficar com o Sidney dava má fama, o que mudou. – disse a garota junto a uma risada abafada.

– E dá né, todo mundo tá debochando dela por aí. – Bruna alegou não entendendo a ironia de Drica.

– Vocês podem sair da minha frente, não tenho tempo pra perder com gente insignificante. – Sofia falou, ela se viu lidando com problemas demais para agora ter que aturar a garota.

– A única pessoa insignificante aqui é você, mais sempre fez pose do contrário né. – Drica rebateu audaciosa.

– O que tá rolando aqui. – questionou Anita ao abrir a porta do banheiro e ver a irmã Drica e Bruna com atitudes bastante suspeitas.

– Nada Anita. – Sofia exclamou rapidamente.

– Tem certeza Sofia. – Anita tratou de insistir, ao perceber os olhos vermelhos e cansados da loira, com traços de quem parecia chorar.

– Sabe que é Anita, a gente tava aqui perguntando pra Sofia, se é muito traumático ser descartada depois da primeira vez. – Bruna soltou desatenta como de costume no segundo que sorria com deboche encarando a loira.

– Cala essa boca Bruna. – Drica a repreendeu.

– Porque? - Agora que a Sofia não está sozinha, fica chato mais alguém saber que vocês são só duas fofoqueiras que cuidam da vida dos outros. – Anita rebateu sem medo de retaliações, lavando as mãos enquanto fitava pelo espelho a figura de Sofia parecendo acuada e com algo a atormentando.

– Que exagero Anita. – Bruna defendeu-se sorrindo desconcertada.

– É, e acho que você nem tem que se meter numa conversa que você nem foi chamada, que inclusive já acabou. – Drica argumentou impaciente, intervindo em defesa da amiga.

– Não se mete você garota, que a conversa nem chegou no galinheiro ainda. – proferiu ela descontente. – E eu me meto sim, tá pra nascer quem vai espezinhar minha irmã na minha frente. – afirmou Anita nervosamente, virando para encará-las.

– Como é que é, você tá me chamando de galinha. – Drica se ofendeu com a ousadia de Anita. – Olha quem fala, a idiota que pagou vergonha pro mundo inteiro, há meses atrás. – devolveu a garota com ar de deboche.

– To por quê? - Afinal quem já passou o rodo no bairro inteiro, tem muita moral pra falar dos outros não é. – retrucou Anita totalmente enfurecida. - Isso fala, pode falar. – Anita dissimulou. – Eu não vou fazer como antes não Drica, pode falar o quanto você quiser, mais eu não vou me esconder naquele banheiro ali e chorar como muito eu fiz antes. – disse ela taxativa.

– É passei inclusive no teu namorado. – disparou Drica altiva não se importando.

– Ah é, e será que ele lembra, não né, porque tadinho ele tem uma memória péssima quando o assunto é lembrar daquilo que não tem a mínima importância pra ele. – Anita respondeu debochada se permitindo perder o resto do controle que lhe restava.

– Não é o que parecia na época sabia. – quis afirmar ela seguido de um sorriso ousado.

– Anita, vamos embora daqui. – pediu Sofia se aproximando dela e levando a mão em seu braço, achando que a irmã iria se complicar.

– Deixa eu te dizer uma coisa, deixa a Sofia em paz, ninguém tem nada a ver com a vida dela. – ordenou Anita.

– Deixa pra lá Anita. – Sofia mais uma vez tentou acalmar os ânimos, mas foi ignorada uma segunda vez pela irmã.

– E se eu não quiser. – Drica rebateu. – Sabe Anita, eu sempre achei que vocês eram nada parecidas, mais pensando com calma são, porque eu acho que pouca gente se esqueceu daquela história do vídeo, deve ser horrível pra mãe de vocês, pra família, pros irmãos, terem duas pessoas na família tão mal faladas, feio né. – zombou a garota.

–É e você, me ridicularizava, mas não deixou de se pendurar no pescoço do Ben. – soltou Anita sem deixar barato. – Que, que foi, era tudo despeito Drica... – cobrou ela entre uma risada audaciosa. – Só que agora eu não me abater, pelo contrário eu vou arrebentar a cara de quem falar mal da Sofia e de quebra de quem falar mal de mim. – Anita se viu perdendo as estribeiras.

– Eu não tenho medo de você. – Drica garantiu. – Pra mim as duas tinham que ter vergonha de sair na rua, são duas vagabundas. – se exaltou a garota com as palavras de Anita.

– E você deveria ter vergonha de apanhar e ficar com a cara roxa garota. – Anita não conseguiu se conter, avançou em cima de Drica com um tapa, seguido de puxões de cabelos. Bruna e Sofia apenas acompanharam o começo da confusão, atônitas, sem saber o que fazer para separar as duas.

Continua...