– Você demorou hein, achei que não vinha mais. – Ben confrontava Anita a cerca de sua demora, enquanto os dois conversavam no corredor da escola que estava vazio já que todos torciam na arquibancada se preparando para o jogo.

– Ah fui resolver umas coisa lá em casa. – ela argumentou baixando o rosto. Ela se vi em um péssimo dia, por mais que não quisesse chegar a tal nível de pessimismo.

– Anita hei. – pronunciou Ben, percebendo que ela estava com o olhar triste por trás da cara de que não estava acontecendo nada, que ela se esforçava para fazer. – O que a de errado, vai me diz. – pediu ele, levantando o queixo dela para que a garota lhe encarasse.

– Nada de grave, eu só tive um estresse com a Sofia, e isso me fez pensar onde foi que a gente se perdeu Ben, sei lá. – a menina desabafou.

– Então a história do tapa, a Vera tinha razão. – Ben quis arranjar uma forma de entendê-la.

– Foi. – admitiu ela, mesmo não se orgulhando nem um pouco. – Acho que foi uma forma estúpida de fazer parar sabe, de esquecer, como a Sofia e eu, deixamos as coisas se prolongarem desse jeito, Ben a gente é irmã, filha do mesmo pai da mesma mãe, deu raiva sabe, de mim também. – afirmou Anita, sentindo uma frustração que se tornava aparente no jeito da menina falar e assim como em seu olhar. – Mais acho que agora pelo menos, nós podemos recomeçar, acho que pela primeira vez, nós duas entendemos isso ao mesmo tempo. – revelou Anita, tentando ver um fio de esperança em tanta mágoa e ressentimento.

– Então, pra que essa cara. – alegou Ben, a beijando.

– Hum deixa eu ver. – ela sorriu com travessura. – Pra você me encher de beijos talvez. – opinou Anita brincalhona.

– Pode ser uma hipótese. – respondeu ele acatando o pedido dela.

– Eu já disse que eu acho um desperdício, eles terem voltado, ela ficar com ele. – Drica afirmou, quando avistou os dois entre beijos e sorrisos no corredor ao longe quando vinha até as dependências do colégio.

– É gente tem gente que se contenta com pouco, e o Ben só pode ser um caso desses. – Amanda reforçou, caminhando com Drica e Luana até o bebedouro.

– Gente vamos voltar pra quadra, daqui a pouco começa o jogo. – opinou Luana.

– Vamos, melhor esquecer o assunto mesmo. – respondeu Drica com certo desdém.

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– Ai Julia quanto tempo falta pra terminar. – Anita já estava quase roendo sua unhas de ansiedade, já que o jogo dos garotos rolava a 20 minutos e se encontrava empatado com um gol para cada lado.

– Esse tempo, acho que uns cinco minutinhos. – Julia informou também ansiosa.

– Ai Sidney sua anta, nem jogar sabe. – Sofia ralhou com o tom de voz não muito amigável, quando viu o loirinho errar o gol e acertar a trave. – Que, que foi? – a menina indagou quando notou Anita a olhando fixamente.

– Nada... – Mais pra quem nem viria, você tá muito animada aí, torcendo pro Sidney. – alfinetou Anita.

– Ai Anita, não enche minha paciência, você quer que eu torça pra quem, pro teu namorado. – a patricinha ironizou revoltada.

–Óh! – Não começa. – Anita rebateu cerrando as palavras entre os dentes.

– Não começa você, que até espancar, me espancou hoje. – Sofia deu de ombros.

– Ah mais eu sou muito má. – Anita riu a abraçando.

– E ai não pega não tá. – reclamou Sofia escondendo se contentamento.

Minutos depois...

– Caramba gente, eu to morto. – Serguei afirmava, quase sem conseguir respirar, conversando com Ben e Sidney após o final do jogo.

– Pior é que eu também to. – expôs Ben. – Eles marcam muito. – comentou ele.

– Ou, oh! – Pode parar, vocês não vão desertar não, se for assim a gente não ganha mais nada mesmo. – Sidney quis anima-los.

– A gente vai ter que marcar a saída de bola deles, ou vamos tomar outro gol rapidinho. – disse Ben.

– É, e outra o Minhoca tem que cuidar o gol, eles estão dando cada falha lá atrás. - ressaltou Serguei. – Mais hein, vamos tocar bola pela lateral, por ali eles marcam menos. – opinou o ruivo.

– Oh gente, eu trouxe uma água pra vocês. – falou Anita se aproximando dos três, seguida de Julia.

– E nós agradecemos. – Serguei afirmou apanhando a última garrafa que a menina lhe alcançava.

– Muito... – respondeu Ben, com um beijo rápido.

– Ai que saudade da Flaviana, pra me trazer água e me dar beijo. – proferiu Serguei melancólico.

– Ih gente, ele vai dar defeito. – Julia segurou o riso, ao ver o jeito carente do amigo.

– Ah não, agora quem diz que pode parar sou eu, Serguei depois você fala com a Flaviana né. – Ben procurou sanar os devaneios do amigo.

– É, e também melhor a gente voltar pro nosso lugar, vai reiniciar o jogo. – comunicou Anita. – Tchau amor, boa sorte. – disse ela, o beijando para desejar uma boa sorte.

– Ah e eu acho que vamos precisar. – retrucou ele.

– Ah não Serguei, eu te trouxe água, mais beijo não, pede pra Julia. – Anita brincou com o amigo, devido a seu olhar pidão.

– Pronto sobrou pra mim. – Julia deu gargalhadas apenas.

– Eu não ia pedir mesmo, o Ben não ia deixar. – Serguei alegou brincalhão.

– Ah tá, agora eu é que sou o mostro. – Ben ficou rindo.

Enquanto os três conversavam Sidney foi se afastando do grupo ao ver Sofia aparecer um pouco afastada observando o papo de todos apenas, ele não via a loira a um tempo desde a festa de Flaviana, pra falar a verdade achava a patricinha estranha demais, reservada, quieta e até distante, o que não combinava em nada com seu jeito impaciente e sempre altivo, já que com ele, ela nunca perdia a oportunidade de sair por cima, quando os dois trocavam alfinetadas, mas Sofia parecia diferente, algo no olhar da garota havia mudado, ela estava mais arisca do que o normal e mesmo achando que não fazia sentido o loirinho não podia deixar de se culpar por tal fato.

– Não vai me desejar boa sorte. – Sidney foi se aproximando da menina que olhava ao longe com um olhar distante.

– Claro, boa sorte. – Ela disse com certa ironia, pelo ressentimento que ainda a rondava o fitando friamente, ou pelo menos era o que Sofia queria que Sidney achasse.

– Valeu então né. – Sidney só soube sorrir, já que percebeu que garota estava na defensiva, voltando logo depois para a beira da quadra, onde agora só Ben e Serguei conversavam, já que Julia e Anita tinham ido para seus lugares...

– Oi, é posso me sentar aqui, lá atrás tá tão cheio que não dá pra ver nada. - perguntou Meg se aproximando das meninas na arquibancada.

– Não, loira metida. – Sofia resmungou se enfurecendo.

– E porque não, loira mal educada. – a americana rebateu com sarcasmo.

– Ai mais tu é chata garota. – Sofia devolveu revirando os olhos.

– Pode sentar Meg. – Anita interrompeu a troca de farpas das duas.

– É... – confirmou Julia.

– Chega pra lá Sofia. – disse Anita começando a empurrar a irmã, como forma de abrir um espaço entre ela e Julia para que Meg se acomodasse.

– Ai Anita, eu já te falei que dar trela pra rale, ainda vai te levar ao fundo do poço. – Sofia arredou para o lado descontente, encarando a americana que sentava entre Julia e Anita.

– Sofia... – Vamos prestar atenção no jogo. – Anita ponderou, amenizando o clima.

– Foi mal Meg, mais você já entendeu como funciona o mundinho da Sofia. – afirmou Anita ainda tentando desculpar à patricinha.

– Deixa pra lá, a Sofia gosta de implicar, eu já saquei. – a loira argumentou preferindo ignorar.

Alguns minutos depois que se deu o inicio do segundo tempo, o jogo continuava empatado dessa vez em dois a dois.

– Gente se esse jogo não terminar eu vou ter um treco. – dizia Julia aflita.

– Pelo menos eles empataram, não é podiam estarem perdendo. – Meg afirmou querendo ver o lado positivo de tudo.

– Gente se continuar assim e acabar em pênaltis os meninos estão ferrados. – lamentou Anita também inquieta.

– Ai vocês querem parar de matracar, parecem três gralhas pensando negativo. – retrucou Sofia nervosamente.

– Olha pra quem nem queria vir, não tá muito nervosa. – Anita caçou da irmã.

– Eu não. – Sofia deu de ombros disfarçando qualquer coisa.

– É né, você só é muito otimista, e não gosta de pessimismo perto de você. – ironizou Anita com um ar de deboche.

– Vou pegar um suco, dá licença, já volto. – a loira informou.

– O que tá acontecendo com tua irmã. – Julia indagou.

– Acreditem nem ela sabe, os últimos acontecimentos fizeram a Sofia perder o foco e até o controle. – imaginou Anita.

– Faltam cinco minutos pra terminar o jogo, que nervoso. – comentou Julia chegando o relógio.

– Ai gente falta quem sabe agora eles não desempatem. – proferiu Meg esperançosa.

– É só falta agora, você ir lá e beijar o Sidney, como agradecimento se ele bater a falta e fizer o gol. – Sofia esbravejou irritada em ter que lidar com a presença da estrangeira.

– Sofia quieta, esquece o Sidney, para de achincalhar o garoto sem motivo. – intercedeu Anita. – O Ben vai bater a falta presta atenção. – afirmou ela impaciente com as interrupções da mais nova.

– Ah claro, aí você que vai dar o beijo da vitória. – ela rebateu provocante.

– Tem certeza que você é irmã dela. – Meg alegou, confusa diante de tantas diferenças entre as duas irmãs.

– Fica quieta aí o vassoura de piaçava. – resmungou Sofia, antes que Anita abrisse a boca para dizer qualquer coisa.

– Sofia, look. – Meg suspirou irritada. – Olha...

– Gente, por favor, Sofia. – Anita tentava as interromper quando viu a ser falta batida por Ben, e a bola navegar até o gol.

– Ai eles ganharam, falta menos de um minuto pra acabar. – Já comemorava Julia, se abraçando com Anita comemorando contente.

– Eles ganharam, ganharam Julia. – dizia Anita alegre, enquanto Meg comemorava e Sofia a fuzilava com o olhar, ainda enraivada pela relação da loira com Sidney.

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– Vocês estão de parabéns. – falava Anita, saindo do beijo saudoso que trocava com Ben, na quadra do colégio em meio a multidão que fazia festa para comemorar a conquista, com gols de Sidney, Serguei e Ben.

– E você também, foi a tua torcida que me deu sorte. – Sorriu ele a beijando.

– Principalmente você. – rebateu Anita contente.

– Ai gente bora comemorar. – disse Sidney chegando animado até eles.

– Ah vamos sim, porque essa vitória foi mais que suada. – afirmou Ben, seguindo Sidney, enquanto saía abraçado com Anita.

– Ih um brinde a todos nós. – Serguei convidava todos a brindar na lanchonete do colégio, onde a turma estava reunidos.

– Até porque a gente merece galera. – Sidney apoiava alegre.

– E muito... – Vocês mandaram muito bem. – parabenizou Julia.

– Posso participar do brinde. – Antônio chegou audacioso com Bruna logo atrás.

– Claro que pode né gente. – Bruna se intrometeu dispersa em relação ao espanto que todos esboçavam, Sidney, Julia e Serguei mediam as caras e olhares raivosos de Anita e Ben.

– Ben, lembre-se de que há coisas, que não vale nós desperdiçarmos nosso tempo. – argumentou Frédéric, que parecia ver que o amigo perderia a cabeça no instante seguinte.

– É gente, pra que perder tempo. – reforçou Julia, enquanto Anita somente conseguia prestar atenção na perplexidade do namorado.

– É, é... – Vamos indo. – Ben despertou de seus devaneios para convidar Anita a retomar ao casarão.

– Vamos sim, to cheia de coisa pra fazer. – Anita entendeu que pelo olhar de Ben, ele queria sair dali somente. – Vamos. – ela sorriu, procurando espantar sua tensão soltando o copo ainda cheio sobre a mesa e apanhando sua bolsa.

– Já, fiquem mais um pouco. – Serguei apoiou aos amigos não achando justo que eles se retirassem.

– Eu realmente tinha que ir, amanhã nós marcamos alguma coisa pra comemorar com calma. – Ben explicou pegando sua mochila.

– Deixa ele, o Ben é assim, acha que a Anita é propriedade dele e ninguém mais pode olhar. – Antônio provocou, escorado, de braços cruzados a parede em um canto mais afastado.

– Desiste Antônio, eu não vou estragar meu dia, por tua causa, que se dane. – retrucou Ben com altivez, o gesto de Anita foi apenas segurar seu braço direito com as duas mãos com medo da troca de provocações virar uma discussão. – Vem. – falou ele a Anita, saindo com ela pela porta segundos depois.