– E como você tá mesmo, com isso tudo hein. – Questionou Julia, quando parava para ajeitar os cabelos em frente ao espelho no banheiro feminino da escola.

– Ah bom, acho que eu ainda to assimilando, sei lá. – Respondeu Anita confusa. – Claro que esse tempo que vivi ao lado do Ben sem precisar pensar nesses problemas todos, que eu sempre soube que existiam me fez, talvez fugir um pouco da realidade, não sei. – Explicou ela. – A verdade é que eu passei a achar que eu tava imune a tudo que houve, a verdade é que eu não estou muito, eu acho que eu vou ter que viver muito ainda pra poder dizer que eu não me importo com nada disso. – Anita disse se sentindo um tanto exausta com tudo.

– É você tá chateada né amiga, normal que em momentos assim você fique mais pensativa. – Julia tentou entende-la.

– Essa história toda, principalmente a indiferença da minha mãe, me deixa instável sim. – Percebeu a menina. – Durante esse período conturbado meu termino com o Ben, o que o Antônio causou divulgando o vídeo, depois que por fim o envolvimento do Ben com a Sofia, essas confusões todas que nem pararam por aí, despertaram em mim, algo que eu desconhecia, ou que pelo menos eu achava que não era algo tão significativo, eu me tornei muitas vezes uma pessoa instável Julia, que vai do riso ao choro em minutos as vezes. – Desabafou.

– O que também não quer dizer muita coisa, não é, você sempre foi uma pessoa sensitiva, sensível, você sempre foi muito humana né Anita, mas isso também não significa que você seja imune a certos sentimentos conflituosos. – Julia argumentou, achando que ela estava se punindo demais.

– Tá vendo acho que só posso estar doida, meus neurônios entraram em curto circuito. – Porque ao mesmo tempo em que me dá muita raiva em ter que lidar com tudo mundo lá em casa me virando a cara, principalmente minha mãe, também me dá muita tristeza em saber que eu to brigando com eles. – Anita confessou seus anseios.

– Olha vai calma, mais também não fica aguentando tudo, você não merece ser crucificada como a irresponsável disso tudo, principalmente depois da barra que você enfrentou. – Julia se preocupou, com as suposições culpadas da amiga.

– Já que eu estou sendo taxada como egoísta não custa ser. – Disse Anita em tom brincalhão.

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– Oi gente alguém viu o Martin por aí. – Micaela, se aproximou do grupo formado Serguei, Flaviana, Ben Anita e Sidney.

– Quando eu vim pra cá, ele ficou jogando com os meninos lá na quadra. – Disse Sidney.

– Obvio né, jogando com os meninos, pra exibir pra fila de periguetes que vive atrás dele. – Resmungou a garota perdendo a paciência com o namorado. – Manezão. – Xingou ela. – Eu vou lá falar com ele. – Comunicou ela saindo apresada.

– Um dia eu ainda quero viver uma relação saudável, que nem a desses dois. – Sidney brincou.

– E olha quem fala, o cara que vive em pé de guerra com a Sofia. – Falou Flaviana como se fosse a coisa mais normal do mundo, arrancando risadas dos outros.

– É agora você perdeu a tua moral Sidney, de uma vez só. – Caçoou Anita.

– E no teu caso, é melhor nem comentar, não é Anita. – Riu Serguei da amiga.

– Isso porque o único casal que não briga, são vocês né. – Alfinetou Anita. – Qual o louco que vai concordar com isso, posso saber. – Disse ela entre risadas, se debruçando com a cabeça no ombro de Ben.

– Chegou ao ponto da Flaviana ameaçar a Meg e eu com um secador, mas isso eu não vou nem comentar. – Serguei riu de si mesmo.

– O Serguei você precisa espalhar essas coisas por aí, as pessoas vão achar que eu sou louca. – Flaviana retrucou fingindo braveza.

– Amor e quem não viu, tinha cliente no salão lembra. – Serguei quis segurar o riso.

– Ai deleta que é melhor. – Flaviana respondeu querendo dar o assunto por encerrado.

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– Pelo menos tem isso de bom. – Declarou Anita, quando conversava com Ben a beira da piscina.

– Ah é e o que. – Questionou ele lhe dando um beijo estalado.

– Que a gente pode ficar juntinho. – Ela explicou, parando a acariciar o rosto dele. – Falar que é sem nenhuma preocupação, é muito eu acho. – Contornou. – Mais ao contrário de momentos anteriores a gente não precisou procurar uma sala vazia. – Riu Anita.

– Mais isso não significa também que eu descartei essa hipótese. – Disse Ben com um tom brincalhão a beijando.

– Só você mesmo. – Ambos riram e trocaram um beijo apaixonado.

– Pelo visto os acontecimentos de ontem, não mudaram as prioridades dos dois. – Comentou Vera observando, a filha e o enteado a borda da piscina.

– O que você queria que os dois fizessem Vera, se escondessem de nós. – Ronaldo cobrou. – Não sei se você assimilou. – Falou ele sendo cortado pela esposa.

– Os dois não tem medo de nós, ao contrário nossa opinião não importa, não é isso que eles te disseram. – Vera o cortou taxativa.

– Vera não seja radical, acredito que nós temos que conversar. – Ressaltou ele.

– E o que mais aconteceu Ronaldo. – Ela perguntou, vendo que não teria pulso para administrar mais problemas.

– Olá. – Hernandez chegou com Tita e acabou contribuindo para que Ronaldo não respondesse nada.

– Oi Pedro. – A garotinha cumprimentou Pedro que se encontrava sentando em uma cadeira atrás da mesa dos pais.

– Oi. – Respondeu ele, de olho na conversa dos pais.

– Eu atrapalho algo, me desculpem. – Hernandez indagou constrangido ao perceber.

– Não imagina, nós não estávamos falando de um assunto tão sigiloso. – Vera afirmou.

– Mas, mais precisamente de um assunto que envolve aqueles dois ali. – Ronaldo revelou apontando para o casal.

– Anita e Bem, juntos. – Hernandez proferiu ao entender do que os dois falavam.

– Juntos, e pelo que eu entendi há um bom tempo já. – Vera acrescentou com rispidez.

– Antônio é que vai ficar arrasado quando souber, sempre gostou muito da Anita. – Se lamentou Hernandez. – O Tony, sempre teve esperanças de que desse certo entre ele e ela, e eu acho que até achou que estava se encaminhando pra isso. – Afirmou.

– Hernandez me desculpa, mas se fosse o caso, eu não toleraria por nada, eu teria cortado, se quer teria começado, no papel de padrasto da Anita, eu não poderia permitir isso, mais do que eu já permiti lá atrás quando a Anita viveu aqueles problemas todos. – Garantiu Ronaldo.

– Que passa Ronaldo, quer dizer o que, que o Ben esta a uma altura que o Antônio não poderia chegar. – Hernandez se viu um pouco indignado.

– Ronaldo. – Vera repreendeu, em um misto de surpresa e espanto. – Que colocação mais fora de hora, Hernandez com certeza ele não quis dizer isso. – Exclamou Vera procurando uma forma de contornar.

– Eu cometi alguns erros na condução das coisas, não me abstenho, mais eu não poderia aceitar de bom grado, ou fingir que sim, um suposto envolvimento do Antônio com a Anita, ainda mais na proporção, que se tem essa história dela com o Ben, que eu admito que não era meu sonho de realidade, nunca foi. – Disse ele insistente em suas convicções. – Mais, se tem uma coisa que isso tudo me ensinou e alertou, é que eu tenho não só o dever, mas a obrigação de zelar pela proteção da minha família, eu não tenho nada contra o Antônio, nada que seja concreto, mas pelo histórico dele, eu não poderia aceitar isso, mesmo que você não concorde comigo. – Alegou.

– O Antônio errou em algumas coisas sim, mas ele tem procurado melhorar, e tem conseguido. – Hernandez retrucou ofendido.

– Pode ser um fato sim, mas mesmo assim nada muda o rumo do que se passou. – Respondeu Ronaldo sem mais delongas.

– Mãe quero ir na lanchonete, to com fome. – Interrompeu Pedro.

– É... – Depois eu te levo, quero resolver uma coisa antes. – Vera argumentou ainda não sabendo como prosseguir.

– Eu acho que eu, deixei minha bolsa por aqui. – Comentava Anita chegando com Ben. – E a Julia que sumiu, eu hein. – Disse ela estranhando a ausência da amiga.

– Gente que houve. – Perguntou Ben, ao se dar conta de que estavam todos calados.

– Nada gente. – Falou Vera com um sorriso amarelo.

– É então tá né. – Anita pronunciou não muito convencida, apanhando a bolsa que se encontrava jogada em um canto do banco.

– E eu continuo com fome. – Pedro afirmou insistente.

– Anita, Ben, levem ele pra comer alguma coisa. – Solicitou Vera.

– Ok vem. – Aceitou Anita, ainda observando o rosto dos três.

– Vem também fofura. – Convidou Ben a Tita que estava apenas olhando atenta.

– Posso. – Indagou a garotinha ao pai.

– Vai sim. – Consentiu Hernandez.

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– Vocês sabem por que minha mãe, Ronaldo e Hernandez estavam com aquela cara esquisita quando a gente chegou. – Indagou Anita aos dois pequenos.

– O papi deve estar triste e com saudades do Antônio, só isso. – Disse Tita.

– E cadê o Antônio. – Devolveu Anita com certa curiosidade.

– Foi fazer uma viagem. – Respondeu a garotinha.

– O Ben tá demorando, será que o vestiário já tava fechado, ou ele foi fabricar a mochila com as coisas dele. – Se perguntou Anita. – O Vitor você sabe se...

– Ah Anita eu não sei de nada, me da uma folga, por favor. – Pediu o garoto passando apressado.

– Eita, muito educado você, obrigado. – Anita resmungou de volta. – Aja paciência mesmo. – Suspirou ela. – Que foi? – Só falta você, resolver fazer voto de silêncio comigo. – Falou Anita Pedro que a observava.

– Bom se é porque você escondeu que tava namorando o Ben, não é algo tão grave assim, eu sou mesmo o último a saber de tudo, ninguém conta nada pra uma criança, e basicamente se eles parassem pra observar iriam perceber, que você fica menos mal-humorada quando o Ben tá por perto. – Tagarelou o pequeno.

– Ah entendi, então tá né. – Proferiu Anita achando graça do caçula. – Mais vem cá, essa história de viagem do Antônio, se sabe pra aonde ele foi. – Perguntou.

– Não, como eu disse eu sou precoce sim, mais ainda não aprendi fabricar um GPS, mais a Tita disse que ele viajou com o pai. – Exclamou ele.

– Ué mais o Hernandez tá aqui. – Anita ficou sem compreender.

– Viagem com o pai de verdade dele, aquele cara esquisito. – Informou Pedro com um olhar desconfiado para Anita.

– Hum entendi, só que não né, mais deixa pra lá Pedrinho, a gente não tem nada a ver com isso também, não é. – Anita afirmou querendo amenizar suas suposições contraditórias.

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– Nossa gente vocês sumiram, já tava achando que vocês tinham ido embora. – Julia chegava afoita até onde Anita e Ben estavam sentados, juntamente com Pedro e Tita.

– Ah gente nada, nós estávamos lá na piscina, você é que sumiu dona Julia. – Contornou Anita, notando a face encabulada de Julia.

– Anita não inventa moda. – Julia afirmou sentando ao lado dela.

– Tá certo, mais você que tava lá fora, sabe o que houve com o Vitor, ele passou aqui parecendo furioso. – Comentou Anita, achando que podia ter acontecido algo grave.

– Ah acho que nada de mais, ele tava discutindo com a Clara lá fora, acho que foi isso. – Falou ela, sem saber mais detalhes.

– Caramba! O Vitor pode até não acreditar mais eu espero que acabe tudo tranquilo né. – Desejou ela.

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– Eu adorei a surpresa que você fez pra mim, eu não tenho nem como agradecer. – Elogiava Flaviana a Serguei.

– E nem precisa, porque eu fiz com muito amor, muito mesmo. – Disse ele puxando a namorada para um abraço apertado, que foi seguido logo de um beijo.

– Ai desse jeito nem dá vontade de viajar. – Confessou a morena melancólica.

– Mais você tem que ir não é, vai fazer bem pra você visitar teus pais. – Incentivou Serguei antes que ela desistisse. – E depois você adiou essa ida, pra dar uma força lá pra Sofia, agora não dá mais. – Esclareceu.

– É pois é. – Concordou ela. – Falando em Sofia, olha lá ela e o Sidney discutindo, pela milésima vez, to preocupada em deixar ela sozinha aqui. – Desabafou Flaviana, ao visualizar o casal de longe.

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– Sidney sai da minha vida, eu já te disse que nada que você diga vai me interessar. – Sofia ralhou fugindo do garoto pelas dependências do colégio.

– Também não é assim, você prometeu que iria me ouvir, você pediu um tempo eu respeitei, só que eu também preciso me explicar. – Afirmou Sidney andando mais depressa para alcança-la.

– E não me interessa, cansei de falar desse assunto tá. – Sofia o encarou com um olhar de fúria.

– Mais as coisas não são assim. – Argumentou ele segurando a garota pelo braço.

– Tira a mão de mim Sidney, ou eu grito. – Ameaçou a loira irritada.

– O que não precisa não é, porque tá dando pra ouvir os gritos dos dois lá de fora se bobear. – Anita se viu obrigada a interromper, quando viu os dois próximos a ela Ben e Julia, que se dirigiam para fora.

– E você podia não se meter, né Anita. – Ironizou Sofia de cara amarrada.

– Ok, não me meto, mais daqui a pouco a mamãe baixa aqui pra te dar uma bronca, é só pra deixar claro, ela não anda nada amigável, nem comigo e nem com você. – Avisou Anita.

– E eu to nem aí tá legal, eu quero que ela, aquela casa, você e todo mundo, se explodam, porque eu cansei disso tudo. – A loira disse exaltada.

– Ah muito obrigada pela consideração comigo, querida irmã. – Disse Anita em um tom de ironia.

– Anita me deixa tá, eu não to bem. – Sofia admitiu confusa. – Sai da minha frente Sidney, vai lá cata uma piriguete que você ganha mais. – Ela resmungou, quase atropelando o garoto e indo em direção do banheiro.

– Mais... – Sidney ainda procurou argumentar.

– Sério, deixa ela se acalmar, ela não vai te escutar, não nervosa desse jeito. – Contrapôs Ben.

– Ai meu deus, eu vou ver que bicho mordeu ela dessa vez. – Proferiu Anita indo atrás da patricinha.

– Sofia. – Chamou Anita.

– Anita, por favor, me deixa quieta, eu não to legal tá, depois se eu te der uma patada você não reclame. – Disse a garota sentada ao chão do banheiro.

– O que tá havendo hein, você tá meio descontrolada mesmo, você não é assim, tudo bem que a situação. – Disse Anita disposta a ajuda-la de alguma forma.

– A situação Anita, como se fosse só não é. – Sofia sorriu desacreditada por um momento. – Minha vida é uma sucessão de fracassos Anita essa é a verdade, no fundo ninguém gosta de mim de verdade, as pessoas fingem que me adoram quando eu to por cima, só que na real todo mundo me odeia, me acha metida, vazia, sem nada de bom pra oferecer pra humanidade. – Declarou à loirinha.

– Não, acho que você tá vendo as coisas de um ângulo muito pessimista sabia, a verdade é que, nada na vida é cem por cento Sofia, pode ser quase mais totalmente, não é. – Afirmou Anita. – Você tem muitos defeitos todo mundo tem, pra ser mais objetiva, mais sai dessa que nem combina com você. – Pediu.

– Ah é, fala sério Anita, nem com você que é minha irmã, eu me dou bem, a gente sempre teve uma relação de gato e rato ridícula, a gente se odeia às vezes Anita, será que você não percebe, se todo mundo gosta de você, lógico que o problema sou eu mesmo. – Pronunciou ela magoada.

– A controvérsias sabia, e a gente já brigou muito até aqui, semeou muita raiva uma com a outra, mais também não foram só isso, a gente já teve nosso momentos de cumplicidade, só que você resolveu ver tudo só do lado negativo. – Alegou ela, se ajoelhando perto de Sofia.

– Eu acho que eu cansei de ser maltratada por todo mundo, sabe como se, só porque eu tenho defeitos, não ajo como uma perfeitinha boazinha o tempo todo, isso faz de mim uma pessoa diminuída, e que não tem nenhuma qualidade e que não merece nada, é isso que o Sidney e todo mundo pensa mesmo. –Disse Sofia desanimada.

– Se não vai bancar a deprimida, não né, pra ser sincera você fica insuportável assim. – Zombou Anita. – Olha só, se você não gosta do Sidney, pra que dá tanta importância pra relação de vocês, ou pra falta dela, não é mais fácil você admitir que... – Anita ficou com certo receio de confessar sua opinião.

– Que o que Anita, você acha o que, que eu amo o Sidney. – Interrompeu ela. – Olha só não é porque você esta e é perdidamente apaixonada pelo Ben, que todo mundo tem que ser igual. – Falou a garota irritada, em pensar que a irmã podia estar certa.

– Você não quer gostar do Sidney né, primeiro porque você passou todo vida achando que merecia alguém, talvez sei lá, melhor segundo a tua lógica, a também pelo o que ele aprontou, só que as vezes admitir as coisas ajuda a gente encarar os fatos Sofia. – Justificou Anita.

– Anita presta atenção numa coisa, eu posso estar na beirada do poço, mais cair lá dentro me declarando apaixonada pelo Sidney já é pedir demais, não é. – Afirmou Sofia taxativa.

– Bom se você tem tanta certeza disso quem sou eu pra discordar então. – Anita desistiu de insistir com a loira.

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– Todo mundo pro banho, a rápido, antes que alguém me pegue uma gripe. – Comunicou Vera, entrando em casa, seguida de todos.

– E eu vou primeiro que eu quero tirar esse cloro todo do meu cabelo. – Afirmou Sofia.

– Claro né, pra ficar duas horas embaixo do chuveiro e acabar com toda água. – Vitor reclamou, da demora diária da meia-irmã ao banho.

– E olha como eu to preocupada. – Sofia caçoou do garoto.

– Depois da Sofia sou eu viu. – Enumerou Giovana.

– Ah aja chatice. – Retrucou Vitor descontente.

– E eu vou ficar por último, não é, já que ninguém vai ser educado e deixar eu ser a terceira. – Disse Anita, sentando ao sofá, recebendo o silêncio como resposta.

– Vamos lá pra fora. – Convidou Ben, e Anita aceitou.

– Não, não, ou vai um só, ou fica os dois. – Afirmou Vera os impedindo. – Eu não quero saber dos dois, eu não quero saber dos dois enfiados naquela garagem sozinhos, a partir de agora é assim, juntos só na minha vista. – Alegou ela arbitraria.

– Eu juro que preferia que tivesse entrado água em excesso no meu ouvido, e eu tivesse ficado surda, pra não ter que ouvir isso. – Cochichou Anita se irritando. – Mãe e vem cá quando foi que nós combinamos isso, não porque, eu não lembro. – Disse ela meio irônica.

– Eu estou dizendo agora, ou vocês acham que vão fazer o que bem entendem, pois se enganaram, vocês não querem namorar, então vão namorar como duas pessoas normais, que não dividem o mesmo teto, como é comum em um namoro, dentro dos padrões de normalidade, na sala, e não no quarto, nos corredores de casa, sozinhos. – Afirmou Vera categórica e não subtraindo suas opiniões.

– A claro, depois você não reclame. – Anita rebateu. – Só falta agora você sentar entre a gente, pra proibir nós dois até de se dar as mãos, coisa mais ridícula, eu hein. – Esbravejou. – Qual vai ser próximo passo mãe, escrever carta um pro outro, como no século passado, dispenso acho que eu ainda prefiro e-mail. – Ela foi sarcástica, retornando ao sofá.

– Eu vou preparar um lanche, acabou que a comida que eu ajudei o Serguei a levar pra recepção da Flaviana ficou escassa de tanta gente que tinha. – Disse Vera ignorando as percepções de Anita e indo para a cozinha.

– Ela só pode ter ficado doida, se ela acha que vai me controlar desse jeito. – Anita afirmou impaciente para Ben.

– Anita talvez meu pai, tenha razão não adiante você bater de frente com ela. – Quis ponderar Ben.

– Sério, porque eu acho que eu ainda nem comecei. – Rebateu Anita apanhando em mãos controle da televisão que estava em cima da mesa. - Mais mudando de assunto, você vai cantar com a Giovana, lá no show do Embaixada, não vai. – Anita questionou Ben.

– Por quê? – Não to vendo muito motivo, se você quer saber. – Respondeu Ben desapontado com a pressão de todos em cima dos dois.

– Ah é Anita, não vejo como. – Afirmou Ben, não demonstrando muita vontade. – A Giovana acha o que, que ela pode dizer o que ela pensa da gente, como se ela fosse à única com razão, aliás, como todo mundo aqui, e eu vou continuar dando a ela o mesmo tratamento como se nada tivesse ocorrido. – Exclamou ele desapontado.

– Para né, se você fizer isso mesmo, se recusar, só vai piorar mais as coisas. – Alegou ela. – Sem falar que com certeza, ela vai pensar que você desistiu, porque eu incentivei. – Disse Anita preocupada com a recusa dele.

– E isso só prova uma coisa, que ela não conhece você nem um pouco. – Afirmou Ben se mantendo um tanto quanto irredutível.

– Também não é assim, não é, a gente não pode agir como duas mulas empacadas, por mais que as vezes eu chegue bem perto disso, e queira jogar tudo pro alto mesmo. – Quis explicar Anita tentando convence-lo. – Pelo menos sei lá, é uma forma de você mostrar pra ela, que não sei, não concorda com os argumentos dela, que não te atinge tanto porque no fundo, você sabe que se a gente hesitou nessa história, foi por realmente tentar entender o lado deles. – Pronunciou Anita.

– Tá bom Anita talvez você tenha razão, eu vou cantar com ela como a gente tinha combinado, até porque esse negócio de fazer pirraça, só dá certo comigo até a página dois, mesmo que ninguém aqui ainda acredite eu me importo com os outros. – Ben se convenceu.

– E você tá fazendo a coisa certa. – Garantiu Anita sorrindo.

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– Eu to muito animada pra cantar hoje no Embaixada. – Expressava Giovana em total ansiedade.

– E me diz pra que Giovana, você já cantou lá centenas de vezes, como você ama um drama. – Sofia rebatia abrindo a geladeira.

– Ai Sofia como você é implicante, ou melhor, um purgante. – A ruiva deu uma resposta sarcástica.

– Sofia, Giovana... – Paz, por favor. – Vera pediu se desdobrando em preparar um suco de laranja.

– Só estou sendo clara, não sei pra que tanta agitação. – A loira exclamou, com queijo e presunto em mãos pensando em preparar um sanduiche, enquanto Anita observava Giovana falando algo com Mariana, e a mãe distraída, passando para o quintal devagar, para não ser percebida.

– Ben você sabia. – Disse a garota chegando exasperada a garagem.

– Ai que susto Anita. – Falou Ben que estava de costas, virando para ela. – O que você tá fazendo aqui, a Vera não disse que não queria você enfiada aqui. – Lembrou.

– E a minha mãe, tem que perceber que ela só vai achar soluções pras coisas a hora que parar de achar que me proíbe de alguma coisa. – Retrucou ela calmamente.

– Você sabia que o doido do Antônio foi viajar. – Contou ela intrigada.

– Claro Anita! – Como você sabe Antônio e eu somos grandes amigos. – Disse Ben de forma retórica.

– Ah jura, não teve graça, eu to falando sério sabia. – Respondeu ela emburrada.

– E você acha que eu não estou. – Afirmou ele. – Mais quem foi que te falou isso hein. – Indagou se vendo confuso.

– O Pedrinho, foi a Tita que falou pra ele. – Informou Anita com desconfiança.

– Tá tudo bem, é estranho. – Concordou o garoto. – Mais Anita agora me diz uma coisa, qual o teu interesse nisso. - Questionou. - Tá pensando em passar férias com ele, em um lugar paradisíaco por acaso. – Ben afirmou insatisfeito, devido ao interesse da garota no acontecido.

– O Ben, não banca o ofendido não, que nem tem graça. – Bufou ela impaciente. – Pra você pensar mesmo isso, só estando muito burr... – Tá olha para. – Se calou ela ao ver o olhar de descontente que Ben lhe lançava, e por contatar que os dois estavam prestes a iniciar uma briga procurou se explicar evitando perder a calma. – O Antônio viajou, o Hernandez deixou, isso significa que ele não sumiu, simplesmente, ele avisou, e se avisou é porque no fundo não queria que ninguém desconfiasse de nada, resumindo o que ele foi fazer. – Ponderou a menina.

– Bom eu realmente queria acreditar que ele criou discernimento e resolveu cuidar da vida dele, e bem longe daqui, mais como isso é pedir demais, é muito esquisito mesmo. – Ele concordou com a namorada. – Me admira muito o Hernandez, confiar cegamente no Antônio, depois de tudo que ele já aprontou. – Exclamou Ben preocupado com o padrasto.

– Também não é, pensa, estranho você acreditar que a criança que você criou como filho, na verdade é um descontrolado, doido e maluco, capaz de tudo. – Compreendeu ela, sentida por Hernandez. – Mais talvez ele esteja mesmo passando da hora de acordar pra realidade das coisas, e tem mais hein, aquele pai lá do Antônio foi junto, ou seja, foi uma perfeita viagem de família. – Acrescentou ainda.

– Ah deus, confesso que, já me passou pela cabeça, que sabendo que chegar até a gente não seja algo fácil, o Antônio desconte no Hernandez, ele tem muita raiva do Hernandez, Anita na cabeça louca dele, ele nunca conheceu o pai porque o Hernandez afastou esse pai da vida dele. – Contou Ben.

– É o Antônio odeia o Hernandez, pra ser objetiva. – Anita não escondeu sua opinião, reforçando as suposições de Ben. – Eu só espero que, isso não tenha nada a ver com a gente, eu não quero nem pensar qual vai ser a reação do Antônio, quando constatar que tudo de ruim que ele fez, não foi o suficiente, pra manter nós dois longe um do outro pra sempre, como ele pensava. – Disse ela amedrontada.

– Ele não vai fazer nada Anita, agora sai dessa né, por favor, nem isso o Antônio merece da gente, preocupação. – Pediu ele, envolvendo a garota em um forte abraço.

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– Anita... – Corta também um pedaço daquele bolo que eu trouxe lá da empresa. – Vera falava enquanto pensava em arrumar a mesa para um lanche. – Cadê a Anita. – Perguntou ao se dar conta de que a garota não se encontrava na cozinha.

– Eu vi ela passando pro quintal há uns minutos atrás. – Giovana falou de forma inocente.

– Mais não dá mesmo. – Proferiu Vera perdendo a calma. – Anita volta pra cá agora. – Ordenou ela, em um grito só.

– Você ouviu né. – Disse Anita, interrompendo o beijo que os dois trocavam, escutando a voz acalorada da mãe lhe gritando.

– Não, acho que eu ando meio surdo. – Respondeu Bem, sorrindo travesso unindo os lábios dois novamente.

– Sério vamos lá pra cozinha. – Afirmou ela, o puxando pela mão.

– Eu não tinha te pedido pra me ajudar com e mesa. – Vera argumentou prontamente, quando colocou os olhos na filha.

– Pediu né, mais você tava demorando tanto com esse suco, que eu me distrai, foi mal. – Justificou Anita com certo deboche.

– Sinceramente Anita eu já não sei... – Vera ralhou.

– Oh mãe qual foi, você não fala comigo, quando fala é pra me dar alguma ordem, e ainda vai ficar me achincalhando, já tá passando do ponto, não é. – A garota acabou se estressando.

– E eu já não tinha te falado. – Vera tentou argumentar.

– Ai gente na boa, já chega desse papo que tá chato. – Sofia interrompeu taxativa, fazendo as duas se calarem, Anita voltou a finalizar o que fazia antes, recebendo ajuda de Ben.