Sidney estava escorado ao muro do casarão, pensativo, se sentindo sem rumo, até que foi abordado por Junior, que havia combinado de ensaiar com Giovana, Guilherme, Zureta, para um show que eles tinham sido convidados. – E aí velho, o que houve. – Perguntou ao avistar o amigo.

– Nada, tudo em paz. – Alegou Sidney, negando qualquer coisa.

– Ah sim, e tá com essa cara de maracujá amassado e esquecido em barraca no final de feira, por que. – Junior não se ateve as palavras dele.

– Ah uma coisa aí, mas eu não posso te contar. – Sidney admitiu, não querendo contar mais detalhes.

– Ih pensei que a gente fosse amigo. – Falou ele contrariado.

– E somos, mais realmente eu não posso falar, foi mal. – Sidney se desculpou.

– Então tá né, qualquer coisa pode contar comigo. – Junior não insistiu mais. – Bom deixa eu entrar, que tem ensaio, daqui a pouco a Giovana começa a pegar no meu pé. – Comentou ele.

– O Junior entra logo, eu não tenho o dia todo não. – A ruiva berrou da janela, ao perceber que o garoto não entrava nunca.

– Olha tá vendo, maluca essa aí, acha que manda em tudo. – Disse ele impaciente com os gritos da menina.

– Em todo mundo, eu não sei, mas já em você, pode ser. – Sidney não resistiu em fazer graça com a cara do amigo.

– Ah valeu. – Sorriu irônico. – Tchau até mais. – Junior disse entrando.

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Ben e Anita, resolveram aproveitar a tarde de sol, para explorem a mata de um parque, um pouco próximo do hotel.

– Que foi? – O que você tanto pensa. – Indagou ele, um tempo depois dos dois pararem para admirar a paisagem, sentando-se ao chão sobre a grama verde. – Tá viajando aí, você tá tão quietinha. – Ressaltou Ben, ao perceber a garota com os pensamentos um pouco distantes. – Tá tudo bem. – Perguntou.

– Tá sim. – Garantiu ela. – Tava aqui pensando, em como o tempo passou, aconteceu tanta coisa, da virada do ano pra cá, coisas que eu jamais pude sonhar, ainda mais depois que a gente se conheceu, que eu até fico me perguntando, o que mudou de verdade naquelas duas pessoas do começo disso tudo, e de agora. – Anita explicou seus pensamentos.

– É, parece que faz tanto tempo, mas ao mesmo tempo, se a gente for parar pra pensar, nem tanto. – Ben falou, lembrando-se de tudo também.

– Essa é a sensação que eu tenho sabe, parece que foi outro universo, e ao mesmo tempo por mais que eu goste do hoje, me dá uma saudade do que passou, da parte boa obvio. – Anita revelou, levando sua cabeça do colo de Ben. - Às vezes eu acho, eu acho que depois do fim do nosso namoro, o vídeo, parece que não aconteceu com aquelas duas pessoas do inicio disso tudo, muito doido. – Ela afirmou. – Como se, sei lá, como se a gente tivesse pulado essa parte sabe, o termino, e avançado pro recomeço, e fosse só isso. – Justificou.

– Só que na verdade nós sofremos longos meses. – Confessou ele.

– Será que isso é um sinal, de que nada daquilo tudo nos atingiu, bom pelo menos não pra sempre, não importa mais, mesmo depois de tudo que a gente sofreu. – Anita contrapôs, se sentindo em paz.

– Não sei, talvez, eu acho que eu nunca fui de guardar coisa ruim, no fundo eu sempre tive, sei lá, um fio de esperança de que tudo um dia se ajeita, mais nessa história, às vezes eu fico pensando como eu aguentei, como você aguentou, eu vivi sem vida, sem olhar pra frente de verdade, agindo normalmente, mas parecia que não era eu, como se eu me perguntasse “onde eu tava”, eu não tinha foco pra nada, eu não fiz nada nesses meses todos. – Disse ele, ao se dar conta, como as coisas andaram estagnadas nos últimos tempos.

– E eu muito menos. – Riu ela. - Eu parei de verdade, inventei outra pessoa pra não sucumbir, paralisar, mais é bom saber que apesar de tudo meu desejo se realizou, quando eu pedia pra tudo aquilo acabar, ou melhor, nunca ter começado, não do jeito que queria talvez, mais a gente voltou um pro outro, você voltou pra mim, e muito melhor do que era antes. – Falou sorridente. - Porque agora eu sei que nada pode tirar a gente um do outro, nada é maior do que o sentimento que eu tenho por você, e da vontade de ficar do teu lado. – Anita garantiu, voltando seu olhar para ele.

– Nunca teve, a gente só tinha medo de passar por isso, e foi tão ruim achar que o meu medo podia ser real, mas nem isso foi capaz de resistir por muito tempo. - Disse Ben com um sorriso e um beijo apaixonado.

– E no final, nós fomos mais fortes que isso. – Anita respondeu alegre.

– Você sempre foi, você sempre lutou pela gente, desde o primeiro momento, você me quis do teu lado, não quis. – Exclamou ele.

– É quis, vai ver eu era muito iludida, só assim justifica. – Anita riu.

– Quando eu te conheci a sensação que eu tive, era que, que eu tinha reencontrado uma pessoa muito importante pra mim, alguém que eu passei a vida toda procurando, alguém que fazia parte da minha vida há muito tempo, quando você me beijou aquele dia lá no quintal eu me encontrei com esse sentimento de um jeito que eu fiquei tonto, e o engraçado é que eu tive a mesma sensação quando você foi me confortar lá no quarto, depois de tanta briga, eu fui jogado nessa mesma sensação de novo, ali eu passei a conviver com a certeza de que eu não conseguiria viver mais sem você. - Afirmou ele.

– Só deixa eu esclarecer uma coisa, eu não entrei naquele quarto pra agarrar o namorado da minha irmã, eu não sabia que a história do tua mãe tava tão feia assim, aliás que bom que isso já ficou mais leve também. – Anita alegou se justificando. – Agora essa história de Miami, foi piração total, tanta que nem da pra acreditar, mais tudo bem que praticamente implorei pra te ver de novo, mais precisa cair lá em casa, de mala e tudo, no dia do casamento dos nossos pais, o que eu iria fazer depois de ter pagado paixão pra casa inteira, pro bairro, e pra toda cidade se bobear, não dava pra ser um vizinho, meu colega de escola, tinha que ser como quase meu irmão. – Anita debochou das coincidências.

– É, sabe o que eu acho. – Ben riu.

–Hãm que. – Perguntou ela sorrindo.

– Que você exagerou um pouco nos pedidos, só isso, ou nós dois, eu também pedi um novo encontro, não do jeito que foi, porque eu quase cai pra trás quando eu entrei naquela sala e dei de cara com você. – Ben materializou a imagem em sua mente.

– Dois, eu passei uns bons dias roendo meus cotovelos de desespero, eu amava um cara, que definidamente ocupava uma posição inversa na minha vida, segundo minha família. – Disse ela. – É né e a gente que pensava que isso era uma problema, ai se era, o que veio depois virou o que. – Gargalhou ela.

– Eu só tenho que te agradecer, por você nunca ter desistido da gente, de mim, porque quando eu me resolvi comigo mesmo, eu achei que tinha sido tarde sabia, depois do meu acidente você se afastou, eu achei que tinha perdido você, mesmo antes de ter te tido. – Ben murmurou com um sorriso.

– Sei lá, acho que eu me afastei por medo, medo de não conseguir parar depois, alguma coisa acendeu uma ilusão na minha cabeça, quando você falou que tava apaixonado pro mim, eu não acreditei, de primeira, confesso, não por duvidar da tua intenção, mas acho que eu quis ter certeza que tava acontecendo, que não era coisa da minha cabeça. – Anita desabafou.

– E eu fiquei com um medo danado de você não acreditar. – Afirmou ele a beijando. – Que bom que você não desistiu e mim, eu tenho que te agradecer e muito por isso. – Ele falou sorrindo.

– Se não precisa me agradecer, você também já teve bons motivos pra desistir de mim, eu já vacilei com você algumas vezes, e a principal delas eu nunca vou me perdoar, o resto eu posso até esquecer, mais tudo que eu fiz, te acusei nessa história, eu já não sei. – Anita disse, desapontada consigo mesma.

– E quantas vezes que e disse que eu não me importo, eu sempre te entendi, Anita a gente não deve mais nada um pro outro, nosso pior castigo foi ficar um sem o outro, a gente já estava sendo castigado a cada dia longe um do outro que a gente passou. – Alegou ele, a puxando para mais perto e lhe envolvendo em um abraço. - Não precisa pensar mais nisso, eu também te disse coisas duras nessa história sem penas, por impulso de momento, e outras achando que eu estava fazendo o certo, eu é que comecei lembra. – Disse ele, mexendo nos cabelos ela.

– Eu, eu tenho certeza que você lembra cada palavra que você me disse, assim como eu lembro o que eu fiz, dói em mim o que eu te fiz, porque eu sei que doeu em você, fui eu que coloquei esse sentimento de culpa em você, com tudo que eu disse. – Afirmou ela angustiada no fundo, vendo seus olhos lacrimejarem.

– Não, não foi, eu me senti culpado porque eu sempre quis te fazer feliz, eu prometi cuidar de você, só que uma coisa que era pra ter sido uma lembrança boa virou tudo em pesadelo, e o principal prejudicado foi você, não tinha como eu não me sentir responsável Anita, e propus aquela viagem, não tem nada a ver com você, mas sim comigo. – Ben garantiu.

– Eu acho que no fundo, não da pra gente ficar medindo a parcela de reponsabilidade de um de outro, acho que isso aconteceu porque a gente ficou separados, e de tão confusa que a nossa cabeça virou com isso tudo, a gente ficou procurando justificativa ali, culpa ali, algo que fizesse sentido sabe. – Anita ponderou. – E o mais importante disso tudo é que a gente conseguiu passar por cima, ou você acha que se não fosse assim nós estaríamos aqui e juntos. – Ela afirmou, aliada em ver que toda “tempestade” hoje estava tão distante dos dois.

– No fundo eu nunca tive raiva de você, talvez mágoa, e eu acabei fazendo muita besteira por causa disso, não nego. – Eu acho que eu sempre entendi que você tinha o direito de se revoltar, acho que o problema foi o que veio depois com o tempo. – Especulou Ben.

– É assim, a gente, tem uma capacidade incrível de enfiar os pés pelas mãos, isso contribuiu bastante. – Anita acabou rindo, das trapalhadas dos dois.

– Jura, que só agora você passou a desconfiar disso. – Ben retrucou fazendo graça.

– É já faz tempo. – Respondeu ela as risadas.

– Então só nos resta, uma coisa a fazer. – Disse ele.

– Hum como assim. – Ela indagou, sorrindo intrigada.

– Aproveitar muito isso aqui, pra gente recuperar todo o tempo que nós perdemos com coisas sem importância. – Afirmou ele com muitos beijos.

– Ahan, é que tal a você incluir nessa ideai aí, o tempo que a gente ainda pode perder, só pra garantir. – Concordou, enquanto ele lhe beijava o pescoço.

– É, é. – Disse Ben, os dois riram e aproveitaram o momento para namorarem sem interrupções.

Dia seguinte...

– Acho que eu arrumei tudo. – Afirmou Anita, terminando de guardar as últimas coisas na bolsa. – Agora não tem jeito a gente vai ter que voltar. – Disse ela, em meio a um suspiro de falta de vontade.

– Vem cá. – Ben proferiu, levantando da ponta da cama e indo até ela. – Me diz uma coisa, como eu vou me acostumar a acordar sem você do meu lado. – Cobrou ele, envolvendo as mãos na cintura dela e a abraçando.

– Bom sinto muito, mas essa é a nossa realidade. – Anita respondeu aos sorrisos.

– Ah mais isso é muito injusto. –Brincou ele, se fazendo de chateado. – E você ainda me diz que vai pra Barra. – Choramingou Ben.

– Provavelmente a Bernadete vai voltar só hoje à noite, eu vou ter que esperar até amanhã pra voltar pra casa. – Explicou Anita seus motivos. – Eu juro que eu queria ter uma solução pra isso, mas eu não tenho, infelizmente não. – Lamentou ela, virando-se para ele e lhe dando um beijo.

– Eu acho que tem sim. – Especulou Ben, sorrindo para ela.

– Hum e qual? – Seu doido. – Anita riu dos olhares do namorado.

– Casa comigo. – Soltou ele, deixando a garota apenas com um semblante surpreso.

– Ah e por acaso, se eu aceitasse assim. – Respondeu a garota com um beijo apaixonado. – O próximo passo seria o que, a gente adotar um cachorro. – Disse ela brincalhona.

– Bom talvez isso seja a forma mais sutil de se começar uma vida com alguém, uma família. – Afirmou ele – Mais se você quiser também, pode adotar um cachorro, um gato, papagaio, um periquito, hamster, um coelho, o que você quiser tá valendo. – Ele retrucou travesso. – O que eu quero mesmo é passar o resto da minha vida do teu lado, pode dormir e acordar olhando pra você. – Declarou o garoto encantado.

– Maluco mesmo né, não tá nem medindo o tamanho disso tudo que você esta me propondo. – Anita achou graça do jeito impulsivo do amado.

– Quem disse que não, eu quero muito construir uma vida inteira com você. – Ben ficou sem ligar para as alegações dela.

– E a gente tá fazendo o que, olha que nós temos mais coisas pra contar do que muito casal por aí, que esta junto há anos. – Anita garantiu.

– É tá você tem razão, por isso mesmo que eu não sei se quero esperar mais. – Justificou ele, seguindo de um beijo. – Eu o é começando a achar que você tá querendo é me enrolar sabia. – Disse rindo.

– E tem como, se tratando de você. – Anita disse as gargalhadas. – Claro que eu quero me casar com você, seu chato. – Confessou. – Só que não assim né, vai vamos tratar as coisas com realismo, a gente mal se sustenta, a ano que vem pode ser muito mais apertado que esse, ainda mais se a gente não conseguir cursar uma faculdade por meio de bolsa, ou com algum tipo de desconto na mensalidade, porque mesmo com eles querendo muito, a mamãe e o Ronaldo não vão conseguir bancar os custos de duas faculdades. – Argumentou ela. – E tem mais né, nem que eles, não tivessem nada contra o nosso relacionamento, eles não iriam aceitar a gente casando não. – Previu a garota racional.

– É mais não é porque deu errado com eles, quando jovens, que vai dar também com a gente. – Afirmou Ben.

– Claro que não tem nada a ver isso. – Anita concordou. – Eu amo você, e eu tenho certeza que eu quero passar o resto da minha vida do teu lado. – Confidenciou ela, sorridente.

– Ah agora melhorou. – Respondeu Ben a beijando em plena felicidade.

–Ai Ben. – Anita reclamou quando ele a empurrou, e os dois caíram um sobre o outro na cama. – A gente vai perder a hora desse jeito. – Ela alertou interrompendo o beijo.

– Não tem problema não. – Ignorou Ben a olhando com carinho. – Na verdade, acho que eu não iria me importar, pra ser mais claro. – Afirmou, Anita apenas sorriu.

– Você é maluco. – Ela se divertiu com a situação, recebendo um beijo logo depois.