Por Anita:

Eu cheguei em casa e fiquei pensando nas palavras da Julia, o que eu faria, deixaria o Ben ficar com a Sofia, sem ao menos tentar saber de verdade o que ele ainda sentia por mim e se ele me amasse e se o nosso amor fosse forte a ponto de resistir a tudo isso e permanecer vivo dentro de nós, eu não conseguia lidar com isso, ou eu matava este sentimento dentro mim e rápido, porque a dor de ter perdido a amor da minha vida estava me sufocando demais, e eu não era forte o suficiente pra dizer a mim mesma que eu não o amava eu sabia o que eu sentia, podia esconder do mundo mas de mim mesma nunca, eu pensava nele quase que sempre.

Lutar por ele seria o que uma pessoa apaixonada faria, obvio que eu não usaria de jogos e mentiras para tê-lo de volta, talvez a Julia tivesse razão eu precisava perguntar ao Ben o que ele sentia por mim. Talvez a dor do abando era que me fazia chorar, eu sei que se eu estivesse no lugar dele tinha lutado por nós, como eu tentei fazer quando ele terminou o nosso namoro inúmeras vezes, a verdade é que eu estava perdida o cara que eu amava agora era namorado da minha irmã e cada olhar que eu lançava a ele fazia com que eu desabasse, e minhas lágrimas era inúteis não trariam nossa felicidade de volta, e jamais mudaria toda vergonha que eu passei, a quantidade de vezes que as pessoas me julgaram e me condenaram.

Eu me sentia sozinha como se ninguém conseguisse me compreender, e diferentemente do que a Sofia me acusava eu não estava me fazendo de vitima, estava fazendo um esforço enorme para esconder meu sofrimento e não ser a coitada da situação, eu não queria a pena de ninguém e muito menos dela e do Ben.

Queria muito acordar desse pesadelo todo e ter o Ben de volta, o meu Ben, o cara que era tudo pra mim, por quem eu fui capaz de contrariar minha família, as pessoas que eu mais admiro e respeito nesse mundo, com quem eu iria a qualquer lugar, enfrentaria qualquer coisa para estar com ele, que agora eu nem sabia direito quem era, chegando até duvidar se aquele amor tão grande existia.

– Anita. – De repente eu fui desviada dos meus pensamentos, por escutar a Bernadete me chamar.

– Oi tá me ouvindo. – Ela perguntou novamente.

– Oi. – Eu disse enxugando um pouco das lágrimas.

– Você tá chorando Anita. – Ela me perguntou.

– Eu tava, admito. – Eu respondi não tinha como eu negar.

– O que foi agora. – Bernadete me indagou.

– Nada de novo. – Eu afirmei tentando me livrar daquela tristeza toda.

– Você não pode ficar assim, ouve uma coisa ninguém merece que a gente se torture assim meu anjo. – Ela me disse tentando me animar.

– Eu sei mais é mais forte do que eu às vezes. - Afirmei a ela, eu queria muito espantar aquela angustia de dentro de mim, mas não conseguia.

– Anita você tem que tentar superar isso. – A Bernadete quase que me ordenou.

– Eu sei vou parar agora vou tomar um banho tá. – Eu falei a ela já pegando uma roupa no armário.

– Vai sim. – Ela disse concordando comigo.

Por Ben:

O destino nos prega peças horríveis às vezes, algumas boas, outras ruins, e em determinas circunstâncias, pessoas como o Antônio nos destroem e nós ainda acabamos contribuindo para tudo piorar, e foi isso que eu fiz com a Anita.

Mais uma vez eu estava deitado em minha cama olhando para o teto perdido nas minhas angustias, minha relação com a Sofia estava estranha, ela e eu éramos diferentes discordávamos de tudo, antes eu jamais consegui ficar com uma garota tão diferente de mim e ela era de mais.

Estava tudo confuso, minha cabeça estava presa a Anita, era ela que invadia meus pensamentos, quando eu menos esperava por coisas tão simples, que eu nem sabia explicar, eu queria voltar o tempo e fazer a gente estar junto de novo, às vezes eu me perguntava por que eu não falava isso a ela, porque eu não tomava as rédeas da minha vida e mudava o rumo disso tudo, eu estava magoado com a Anita, mas isso não me impedia de ver ela em todos os lugares, em todos os meus pensamentos. E eu questionava a mim mesmo, se ela sentia o mesmo, se ela pensava na gente, se ela me amava ou somente me odiava por tudo.

Eu tinha uma prova importante amanhã não conseguia estudar, minha cabeça era dominada pelas minhas incertezas, me levantei, fui até a geladeira, tomei um copo de água para tentar trazer meus pensamentos somente para a aquele quarto, e para meus cadernos e o livro de história e percebi que algo caiu do meio das páginas do livro no chão, percebi que era uma foto, quando me agachei para pegar e virei a foto, percebi que era eu e a Anita, nós dois felizes e sorridentes como a muito tempo eu não me sentia e nem ela, todas as vezes que eu encarava os olhos da Anita eu via uma revolta tão grande dentro deles, uma mágoa, a decepção pelo o que eu havia feito, e a tristeza e culpa que ela nutria, por não ter acreditado em mim.

A nossa discussão depois que ela descobriu toda a verdade, que tinha sido o Antônio que fez o vídeo, as coisas que ela me disse, eu me arrependo muito de ter mentido pra ela, de ter terminado o nosso namoro daquele jeito no fundo a Anita tinha razão, eu comecei magoando ela mesmo que fosse para protegê-la, talvez se eu não tivesse agido assim a gente estaria juntos e teria enfrentado tudo isso um do lado do outro, dando força, a gente não estaria assim sofrendo e não vendo futuro em nossas vidas, pois era assim que eu me sentia.

Eu encarei aquela foto, me lembrando do dia em que nós tiramos, um tempo antes da viagem, viagem que mudou tudo em nossas vidas, que acabou com todos nossos sonhos, até da viagem eu me culapava talvez se a gente não tivesse viajado nada disso teria acontecido eu estava enlouquecendo, minha cabeça não dava mais conta das minhas incertezas.