Por Anita.

Apesar dos percalços eu tinha tido um dia maravilhoso, mesmo com a quantidade de pessoas que às vezes estavam com os olhares voltados para mim e para o Ben, nós conseguimos aproveitar um pouco para ficarmos juntos, eu tinha que confessar, os olhares que a mamãe me lançava toda vez que me via perto do Ben, me incomodava demais, e se quer eu mesma sabia ao exato por que, acho que é porque eu nunca sei o que ela esta pensando a respeito de nós dois, os olhares da mamãe escondiam uma preocupação misteriosa que eu não sabia desvendar, e seja lá por que motivo seja, toda vez que ela resolver usar o silêncio e os gestos para me julgar, isso me descompensa demais, talvez seja porque definitivamente eu não quero bater de frente com ela de novo, e muito menos gerar discussões entre a gente, mas se não tiver outro jeito as coisas irão acabar caminhando para isso e essa situação me gerava uma certa sensação de pânico. E lógico que meu dia não podia ser sem por cento, perfeito, eu realmente quase perdi as estribeiras com a Mariana lá na praia, se isso estivesse acontecido eu estava numa boa de uma encrenca, minha mãe iria me odiar pro resto da vida eu acho, eu juro que eu tento ignorar a Mariana, e também as pessoas tem razão em me falar que minha implicância com ela não é normal, mas simplesmente ela existe, eu até tento me dirigir a ela numa boa, mais eu não sei o que acontece, é como se meu subconsciente plantasse a dúvida na minha cabeça em relação a ela, e no instante seguinte eu agisse em total impulso, e a garota parece que gosta de me dar motivos, e também se ela não tivesse caído dos ares aqui em casa, talvez a essa hora meu namoro com o Ben seria publico, mesmo eu sabendo que a única coisa boa disso seria nós podermos ficar juntos , sem ter que criar situações para isso, por mais que isso seja difícil já que eu não espero uma reação tão amigável assim da mamãe e do Ronaldo, acho que estou me preparando para o pior.

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– Todo mundo entrando e fazendo fila direto pro banho, eu não quero saber de ninguém emporcalhando a casa inteira com areia. – Disse Vera já ordenando.

– Eu não entrei na água, então não vou correr pro banheiro. – Vitor afirmou fechando a porta.

– Hahahah eu sempre soube, desse teu lado porquinho de chiqueiro Vitor, sabia que um dia você se rebelaria. – Giovana não perdeu a chance de zombar do irmão.

– Ah vá ti cata Giovana. – Vitor resmungou, se atirando no sofá.

– E você Giovana, não me senta no sofá, toda molhada menina. – Vera falou ralhando com a enteada.

– Ah foi mal Vera, é que poxa ninguém me fala nada que vai pra praia, quando o Pedro ligou avisando onde vocês estavam, nem me liguei em trocar de roupa, ou pegar um biquíni. – A ruiva se justificou.

– É Giovana quem é o porco agora. – Vitor devolveu a implicância.

– Continua sendo você, só falta falar como tal. – Respondeu a menina não se intimidando.

– Eu vou fazer alguma coisa pro jantar. – Informou Vera, se dirigindo a cozinha.

– E eu né, vou tomar meu banho, eu é que não vou ficar pra depois. – Sofia afirmou, já subindo as escadas.

– E vê se não mora no banheiro, o banho de todo mundo, ainda é pra hoje também. – Disse Giovana implicante.

– Ah Giovana! Vai ver se eu estou na esquina, o projeto a cover da Rita Lee. – Sofia gritou ao parar no topo da escada, para respondeu as provocações da irmã.

– É dai, sou sim e com muito orgulho. – Giovana devolveu. – Pior você que tá fazendo teste, pra ser aprendiz de modelo anorexia, o sua magrela. – Disparou à ruiva se irritando.

– Gente, gente amores da minha vida, chega né. – Anita interviu querendo botar um basta na falação. – Por favor, não é, o ouvido de ninguém aqui, é pênico, pra ouvir tanta bobagem junta. – Disse Anita, se sentando ao sofá, e se apoiando a Serguei.

– É nessas horas que eu dou graças a deus por ter só uma irmã, nossa como é que aqui, fica difícil viu. – Afirmou Serguei, meio atormentado por tanta gente falando ao mesmo tempo.

– É né já eu, tenho quatro, isso que o velho ditado, já diz que três já é demais, não é. – Brincou Anita, se divertindo com a situação.

– É quatro, e mais um, não é Anita, você esqueceu do Ben. – Falou Vitor.

– É o Ben, você deixa fora desse pacote porque se não vai ficar no mínimo feio, não é Vitor. – Falou ela, tentando ignorar a pergunta indiscreta do garoto, Serguei apenas sorriu meio debochado, com cabeça apoiada no ombro de Anita.

– Ué não entendi por que. – Mariana que estava ao lado de Pedro perguntou confusa, e todos viram um sentimento de desconforto tomar conta do ambiente, Ben que estava na cozinha ficou atento após perceber a situação.

– É então, meu amor, eu to indo tá, amanhã a gente se fala no colégio, eu ainda tenho que fechar a contabilidade de sábado do salão , porque amanhã tem que abrir, não é. – Serguei comunicou para Anita. – Segunda-feira chegando, é vida que gira. – Comunicou ele se levantando.

– Aham tá, eu vou te levar até a porta. – Concordou Anita, se levantando para acompanhar Serguei, fingindo apenas que não tinha escutado a pergunta de Mariana, e os outros também continuaram o que faziam, com exceção de Giovana que foi até a cozinha tomar um suco.

– Tchau e boa noite. – Disse Serguei, já levando a mão na porta pra sair.

– Tchau uma boa noite, e dorme com os anjos, ou melhor com a Flaviana, né . – Afirmou Anita sorridente.

– Hahaha, eu vou ficar lá com ela mesmo. – Admitiu ele.

– E a Meg, coitada, viu vou te contar. – Anita alfinetou.

– Ela foi pra casa da Vanessa, e a senhorita juízo. – Falou ele, se despedindo dela com um beijo no rosto.

– Juízo você, porque eu tenho de sobra tá bom. – Anita rebateu, se fazendo de superior.

– Ah sei, teu juízo, sei muito bem o nome do teu juízo. – Brincou Serguei. – Tchau. – Se despediu ele, uma ultima vez.

– Tchau. – Disse Anita, fechando a porta em seguida.

– É mãe você quer alguma ajuda. – Anita perguntou, chegando até ela na cozinha.

– Não filha, tá tudo sob controle, mas qualquer coisa eu peço. – Afirmou Vera, enquanto despejava água na panela para fazer o macarrão.

– Oi, boa noite, boa noite, pra todo mundo. – Ronaldo entrou pela porta alegre. – Pedro tira o Fulano de cima do sofá, e Vitor você tira o pé, não é, como que vai ficar isso aí, depois a Vera que tem que limpar. – Pediu Ronaldo, ao notar a confusão noturna que rolava em sua família, sempre perto da hora do jantar.

– Tá, tá bom, então eu vou subir, pra ver uma roupa pra tomar um banho. – Alertou Anita.

– Boa noite Vera. – Falou Ronaldo indo cumprimentar a esposa.

– Oh amor, demorou. – Argumentou Vera.

– Ah o restaurante deu um movimento fora do comum hoje, a Luciana até ficou lá ajudando o Omar. – Ele se explicou. – E a praia como foi, queria tanto ter ido com vocês, mas infelizmente não deu. – Disse ele, um pouco frustrado.

– Ah sei bem o tipo de ajuda que a Tia Luciana, anda dando pro Omar. – Giovana retrucou rindo.

– Que isso Giovana. – Falou Ronaldo, com um olhar sério.

– Ah gente, a Lucina anda se esforçando. – Vera defendeu. – E a praia foi ótima, você realmente perdeu. – Vera completou.

– A gente vai, só eu que acho que aqueles dois andam de rolo. – Giovana se justificou.

– Não mais a Tia Luciana não tem rolo, como ela mesma diz, ela tem uma produção de calor com o Omar, mais isso é muito de vez em quando também. – Anita se meteu.

– Anita, por favor, Luciana é minha irmã. – Vera a repreendeu.

– É tua irmã, mais também não entrou pra um convento, e as palavras são delas, não minhas. – Ela quis esclarecer, mas acabou rindo da situação.

– Pior. - Falou Giovana rindo.

– Luciana e sua originalidade própria. – Disse Ben achando graça da situação.

– É até demais, bom eu vou subir, e me retirar, antes que eu apanhe da mamãe, não é. – Falou Anita ao ver a cara amarrada de Vera.

– E eu vou dizer o que, ainda bem que a Marta subiu pro quarto dela, não estamos sozinhos nessa casa né Anita, e mesmo que estivéssemos. – Justificou Vera.

– É por isso, realmente solidão por aqui, é como nevar no deserto, um caso a ser estudado, se acontecer, e também eu não falei nada demais tá, quem viu malicia foi você, dicionário da tia Luciana pra descrever que ela tem um namoro com o Omar, pronto, resolvido. – Afirmou Anita, controlando a situação. - E fui. – Respondeu ela antes de dar as costas.

Mais tarde...

– E aí achou alguma coisa. – Perguntou Anita, ao achegar na garagem e dar de cara com Ben mexendo no notebook, sentado sobre a cama.

– Não muito, mais eu tava te esperando pra gente decidir juntos. – Afirmou ele, olhando para ela por um instante.

– E eu nem devia de ter vindo, a gente era pra ter deixado isso pra amanhã – Rebateu Anita. - Ai Ben se alguém me pega aqui, a essa hora da noite. – Alegou ela preocupada.

– É tá bom, já entendi. – Falou ele, sorrindo por instante. – Mais Anita, antes de mais nada eu preciso ter uma conversa com você. – Ben comunicou, colocando o computador sobre a mesa de cabeceira.

– Eu hein, quando você faz essa cara, coisa boa é que não vem pela frente. – Respondeu Anita com certo receio.

– Eu to falando sério tá. – Afirmou ele. – Senta aqui, faz favor. – Pediu o garoto, segurando ela pela mão, lhe conduzindo até a cama.

– Anita eu sei que às vezes você pode até pensar que, pra mim tudo que aconteceu não foi nada, e que eu superei rápido demais, que não foi como foi pra você, mas isso não, não é verdade, durante a maior parte dessa história, eu não sabia o que fazer da minha vida, qualquer rumo que eu tentasse dar não fazia sentido algum. – Proferiu Ben, em meio a um suspiro.

– Tá Ben, mais porque você esta desenterrando isso tudo, é sério, vamos parar de falar disso, porque toda vez que a gente começa a desenterrar isso tudo, a gente briga e feio. – Anita explicou. – E para de falar disso, nós não combinamos que iriamos esquecer isso tudo, de uma vez por todas. – Disse ela, com um beijo.

– Ok, eu sei, mais durante todo esse tempo, o que não faltou foi pra mim foi tempo pra pensar, em tudo entre a gente, e principalmente no que levou a gente até aqui, e muito mais ainda nas atitudes que eu obriguei você a tomar em prol da gente. – Declarou ele.

– Hãmm, você. – Ela ficou sem entender. - Ai meu deus! – Você engoliu água do mar demais, só pode. – Anita disse, receosa pelas confissões dele.

– Não, eu to falando sério. – Riu ele. – Você sempre fui muito ligada a todo mundo aqui, e eu fiz você comprar uma briga tremenda com todo mundo, e eu talvez não tenha pensado muito, muito no que isso trairia pra você. – Afirmou Ben, frustrado. – E quando rolou a chantagem do Antônio, eu podia ter sido mais realista e ter no mínimo percebido algum interesse dele, eu fui o primeiro a ajudar você a não confiar em mim. – Ele falou, um tanto decepcionado.

– Olha amor, deixa eu te falar um negócio, eu pirei depois que a gente terminou, não antes, o que a gente fez pra poder ficar juntos, foi só uma consequência da arbitrariedade da mamãe e do Ronaldo, alias de todo mundo, e eu fiz querendo, não é uma responsabilidade só tua. – Garantiu Anita.

– E você sabe se a gente viajar de novo sem eles saberem, se isso vier a tona, a Vera pode ficar muito chateada com você Anita. – Esclareceu o menino.

– Talvez, mais eu não quero pensar nisso, se acontecer a gente vê, o que faz vai. – Afirmou a garota com um sorriso. – Não vamos desistir dos nossos planos por causa da mamãe e do Ronaldo e muito menos pelo que houve. – Alegou ela, para convence-lo.

– Tá talvez você tenha razão. – Concordou Ben. – Mesmo que a gente tenha que enfrentar uma tremenda confusão com isso. – Argumentou ele com um sorriso.

– Mesmo, e como eu disse, a gente pensa depois. – Anita respondeu com um abraço. – Vamos colocar uma pedra no passado, não é, falar de tristeza, não vai mudar nada que houve, pensar pra frente vai. – Disse ela, emotiva.

– Certo. – Concordou Ben.

– Então procurar logo né, esse nosso bendito destino, ou daqui a pouco a gente não consegue nada, e mais eu tenho que ir dormir, to que não sinto minhas pernas, de tão cansada. – Disse Anita, apanhando a notebook.

– Se não tá com muita pressa, não, pra ir dormir. – Afirmou Ben com um beijo.

– Não, não, to não. – Anita respondeu, ajeitando um travesseiro e se apoiando na cabeceira da cama.

– É só tem um detalhe, como a gente vai fazer pra sair os dois de repente, sem ninguém se dar conta que nós viajamos juntos. – Ben exclamou, sem ver uma solução.

– É essa é a parte difícil, o jeito vai ser pedir ajuda pro Serguei e pra Julia, mas primeiro a gente vê pra onde nós vamos. – Repensou Anita. – A pior parte a gente deixa pro final, né, melhor. – Falou Anita, com olhos atento na tela do computador.

– Se tem algum ideia. – Ele perguntou.

– Não, mais você podia dar uma. – Disse Anita, o enchendo de beijos.

– Ah tá bom, sobrou pra mim então. – Ben retrucou rindo.

– Sempre, meu caro. – A garota brincou, entregando o computador a ele.

– É mais a gente vai ter que ver direito se não nosso dinheiro não vai dar, o que eu tenho junto não é muito, e bom com os problemas da minha mãe, não tem me sobrado muita coisa. – Afirmou Ben.

– É né, eu bem que tentei arrumar um emprego, mais não consegui, o que eu guardei não é muita coisa, mais se a gente ver direitinho, acho que da. – Respondeu Anita. – Ai to com sono sabia. – Confessou ela.

– Bom tem essa pousada aqui, mais o lugar é o mais longe, que a gente já pensou. – Disse Ben mostrando a Anita.

– Mais não é muito longe não, e o tempo de viagem, Ben a gente não vai conseguir sumir por mais que um final de semana. – Anita justificou, sentindo suas pálpebras pesarem devido ao sono.

– É tem que ser um lugar mais perto. – Ben se calou, ao ver Anita quase pegando no sono. – Anita você não pode dormir aqui. – Alegou o garoto.

– Eu não vou dormir, eu vou só fechar o olho, mais eu to ouvindo – Ela garantiu.

– Tá bom. – Falou Ben sem acreditar muito.

Dia seguinte...

– Bom dia. – Disse Ben, acordando a garota com um beijo, enquanto eles acordavam abraçados.

– Hum, será que eu to sonhando, porque se estou, acho que eu quero continuar dormindo. – Anita afirmou ao despertar com os carinhos dele.

– Ahn, tá não. – Disse Ben com uma risada.

– Espera ai, ai não, Ben eu dormi aqui. – Respondeu ela, ao se dar por conta da situação. – Você não podia ter deixado isso acontecer. – Anita afirmou se virado para ele.

– E o que você queria que eu fizesse. – Indagou ele, mexendo numa mecha do cabelo dela. - Te acordasse a força, gritasse no teu ouvido. – Ben achou graça do jeito dela. – Desculpa eu não tive coragem, se tava dormindo tão linda. – Exclamou ele, com um beijo.

– Claro, era mais sensato vai. – Afirmou ela, interrompendo o beijo. - Ai droga, que horas são, é hoje que esse povo nos mata, hoje a mamãe termina de separar o meu pescoço do meu corpo, ela vai me esganar. – Disse Anita se levantando nervosa. - Meus deus, que horas são. – Questionou ela, novamente, enquanto procurava os chinelos com os pés.

–Ainda é cedo vai, hein agora calma né. – Ele aconselhou, sentando.

– Calma? - Você tá brincando. – Anita rebateu, impressionada com a calma dele.

– Anita se alguém tivesse dado pela tua falta, estava todo mundo já fazendo escândalo. – Argumentou ele.

– É né, por esse lado, pode ser, mais ai, eu não quero nem imaginar o tamanho da encrenca que a gente quase criou com isso. – Disse Anita com certa preocupação.

– Mais agora também não adianta, manter a calma. – Pediu ele.

– É vamos, eu vou ver o que tá acontecendo lá em cima. - Anita achou melhor. – E muito obrigada pela noite, mas eu tenho que ir. – Respondeu ela sorridente, dando um beijo rápido nele.

– Eu vou ver se tem alguém lá na cozinha, melhor. – Ben afirmou.

– Então o que você esta esperando Ben, anda logo. – Disse Anita, o empurrando para fora.

– Tá, mais meio minuto vai. – Ele respondeu se aproximando dela.

– Pra que. – Ela se viu confusa.

– Pra isso. – Sorriu Ben, seguido de um beijo empolgado.

– Doido. – Resmungou ela, sorrindo.