Julia e Anita conversavam, já na saída do colégio, e Julia contava para a amiga, como havia sido seu passeio com Fred na noite anterior.

– Então foi isso, a gente foi no cinema, viu um filme incrível, com um final perfeito. – Julia afirmou com animação. – E depois a gente, foi comer uma pizza. – Disse ela com um sorriso escancarado no rosto.

– Pizza que tava maravilhosa, o lugar era perfeito, épico, um sonho, já entendi. – Anita retrucou, alfinetando Julia, que era só sorrisos.

– Ai para Anita, deixa de ser chata. – Julia respondeu, sem graça, batendo no braço dela.

– Foi mal Ju, mais você já se olhou no espelho hoje, parece que você tá brilhando, se fosse de noite, você seria uma daquelas vitrines, daquelas lojas chiques na Barra, tudo iluminada. – Anita se explicou, não deixando de achar graça da felicidade da amiga.

– Humm, olha quem fala, tá toda alegrinha hoje. – Julia disse, fazendo uma cara séria.

– Tá, eu to feliz, mais você, amiga, se tá voando. – Anita admitiu. – Não pior que agora que você falou que lembrei, que não te ofereci jantar ontem. – Disse Anita, soltando uma gargalhada.

– Isso, é porque você é muito minha amiga, não é. – Implicou Julia, debochando dela.

– Ué, foi mal, eu voltei lá da garagem, da conversa com o Ben, com a cabeça, meio embaralhada, bem embaralhada. – Anita falou, um pouco confusa, não sabendo como se justificar. – Você também não falou nada, né, não custava. – Afirmou Anita, vendo o jeito curioso, que Julia a encarava.

– Eu hein, o que houve lá afinal, vocês tão se falando, isso já é um bom sinal. – Julia disse já quase rindo.

– Nada, mais foi quase, deixa pra lá, não é. – Anita respondeu perturbada. – E você, hein, o Fred, vão assumir isso aí, ou vão ficar enrolando. – Perguntou Anita, totalmente curiosa.

– Ai não sei Anita, eu também nem sei o que tá havendo mesmo, na verdade me dá um frio na barriga, medo de estar me iludindo, quebrando a cara, e a minha mãe Anita, o que ela vai achar disso, o pessoal do colégio, nossa que loucura. – Julia fez um desabafo.

– Bom, o que ela vai pensar, eu não sei, mas pensa, pelo menos ela não vai cair dura, que nem a minha quando descobriu que eu tava com o Ben. – Fez graça ela, querendo animar Julia. –E a tia Rita, ela é legal, ela vai te apoiar, pode achar meio complicado no inicio, mais fica tranquila, pensa em você, o resto se ajeita. – Falou Anita, como forma de passar coragem para a amiga.

– Obrigada, pelo menos eu sei que uma amiga eu ainda vou ter, não é. – Brincou Julia agradecendo Anita.

– E eu compenso por dez viu, pode ter certeza. – Afirmou Anita, e as duas se uniram em um abraço apertado.

– Eu já disse que eu te amo. – Julia proferiu abraçada a ela.

– Já, mais pode continuar dizendo, acho que eu to precisando ouvir. – Anita afirmou, rindo, de repente ao encarar o ambiente por trás do abraço apertado que dava na amiga, ela viu seu sorriso se desmanchar, e seus sentidos congelarem diante da visão da pessoa que ela viu vindo na direção das duas.

– Amiga você sabe. – Julia, falava quando Anita a empurrou rapidamente, fazendo a garota estranhar a reação dela. – Que foi, se tá passando mal. – Perguntou ela, preocupada, não percebendo que Antônio vinha até elas, já que Julia estava de costas.

– Olha quem tá vindo ali. – Disse Anita, perdendo o ar.

– Ai Anita, eu já te falei que você tem que denunciar esse cara. - Disse Julia, ao virar-se, e ver Antônio se aproximando, com sorriso altivo no rosto. - Já passou da hora. – Julia falou de forma categórica, preocupada com a segurança de Anita.

– Ah é, e como, eu vou dizer o que na policia, eu não tenho provas contra esse infeliz. – Anita disparou de volta, com nervosismo. – Cadê o Ben, será hein. – Questionou ela, receosa por um encontro dos dois.

– Tava na biblioteca, junto com o Serguei. – Julia respondeu, de maneira tensa. – Ai eu não quero nem pensar se ele encontra o Antônio aqui. – Julia previu, uma possível retaliação por parte de Ben.

– Ele não vai encontrar, isso não pode acontecer. – Afirmou Anita, vendo Antônio vir até ela. – O que você quer, tá me perseguindo agora. – Anita disse ríspida.

– Não, hei calma, eu só vim te ver, e também dizer que você tá de parabéns, se comportando muito bem, do jeitinho que eu pedi. – Falou Antônio, levando uma mão em direção à garota.

– Sai daqui, e eu não to fazendo isso por você, seu ordinário. – Anita disse raivosa, recuando para trás, e puxando Julia junto.

– Ok, o Hernandez conversou comigo, e disse que vai aceitar meu pai, e eu fiquei muito feliz, aliás, eu to muito feliz, Anita só falta uma coisa pra minha felicidade ficar completa. – Antônio proferiu, em um tom de mistério, olhando fixamente para Anita.

– Então some daqui, eu já disse que eu não vou mais me meter na tua vida, que você morra, e bem longe de mim. – Esbravejou ela, voltando seu olhar para um lado qualquer, já em ânsia de ter que olhar para a cara de Antônio.

– Certo, eu venho mais vezes, pra te ver, eu sempre vou te ver. – Disse Antônio, tirando um papel da mochila. – E isso aqui, é pra você ver como o que eu fiz era o certo, você tá errada quanto a meu pai. – Antônio afirmou estendendo a mão para Anita, entregando um papel a garota.

– Que isso. – Perguntou Anita, de maneira apreensiva.

– O exame de DNA, que eu e meu pai fizemos. – Antônio justificou, sorrindo vitorioso.

– Bom pra você. – Anita rebateu com a cara amarrada.

– Pega, você não vai querer me fazer essa desfeita. – Antônio disse, deixando uma ameaça no ar.

– Pronto, agora sai, me esquece. – Anita resmungou, dando um puxão rápido, e arrancando o papel da mão de Antônio.

– Eu to indo já. – Antônio falou, encarando Anita com um sorriso obsessivo.

– O que você faz aqui Antônio, você não é aluno do colégio, e a não ser que você pretenda ser, cai fora. – Ben falou, ao chegar com Serguei e presenciar a cena.

– Irmãozinho, quanto tempo, a gente precisa bater um papo, muitas coisas a acertar. – Antônio, não se importou em provocar Ben.

– É, numa coisa a gente concorda, temos muitas contas pra acertar, e realmente eu tenho muita pena de você quando esse dia chegar. – Ben retrucou, em ojeriza em ter que olhar pra cara do meio-irmão.

– Ben, é vamos embora, não é gente. – Argumentou Serguei, com a mão pronta para segurar o braço de Ben, caso ele quisesse partir pra cima de Antônio.

– Perdi a pressa, não dizem que vingança é um prato que se come frio, vai ver é verdade. – Ironizou Ben, sem paciência.

– Hahaha, é pena que você não seja capaz de fazer mal a nem uma mosca, Benjamim. – Antônio disse as gargalhadas.

– Vai nessa, porque você meu deu o maior motivo, pra mim não ter piedade nenhuma com você. – Respondeu Ben, com a mente enfurecida ao lembrar de tudo que o garoto já havia aprontado, principalmente com Anita, e dando um passo a frente.

– Chega, chega, vai embora, o que você quer, enlouquecer todo mundo. – Anita quase gritou, temendo o que viria pela frente.

– Não, não, não todo mundo, mais esse otário aí, não seria má ideia. – Falou ele apontando para Ben. – Já você eu quero bem lúcida, e do meu lado. – Afirmou Antônio sorrindo sarcástico, de maneira ambiciosa.

– Eu juro que eu mato você, seu desgraçado. – Ben retrucou, querendo avançar para cima de Antônio, mais sendo impedido por Serguei que o segurou por um braço, e Anita que se pôs na frente.

– Antônio, cai fora, isso aqui é um colégio, você não pode entrar aqui pra causar tumulto, eu vou chamar a Raíssa. – Ameaçou Serguei, contendo Ben.

– To indo, tchau Ben. – Disse Antônio, dando as costas a eles.

– Que ódio desse infeliz. – Resmungou Ben, se desviando de Serguei e Anita.

– Calma, por favor, não faz nada. – Suplicou Anita, angustiada.

– O que ele queria com você. – Questionou ele, estressado com a situação, encarando Anita com uma cara nada boa.

– Dizer que eu tava cumprindo o acordo, e me entregar isso. – Disse Anita, alcançando o papel que Antônio lhe entregou, a reação de Ben foi toma-lo da mão de Anita de maneira acelerada.

– Eu não sabia que você tinha feito um acordo com o Antônio, Anita. – Ben proferiu enquanto abria o envelope, apressado.

– Ben para, eu não fiz, óbvio, ele deve estar falando do fato do Hernandez, não ter insistido mais em provar que o pai dele, não é pai dele, sei lá, eu não insisti mais nisso mesmo. – Anita se explicou, receosa pelos pensamentos do namorado.

– É só que, o Antônio, é filho do Palhares. – Afirmou Ben, ao analisar o papel.

– O que. – Serguei e Julia, proferiram no mesmo segundo.

– Não, como assim não pode ser. – Anita falou, arrancando o papel das mãos de Ben, precisava confirmar com seus próprios olhos.

– Aqui tá positivo mesmo. – Disse Anita, um tanto apavorada.

– Mais ele pode ter falsificado isso, não pode. – Serguei colocou em dúvida, não acreditando muito na descoberta.

– Pode, claro que pode, o cara fabrica bomba, o que é falsificar um papel. – Afirmou Ben, querendo desvendar o que aquilo significava realmente.

– Droga, ele me trouxe isso aqui pra me dar certeza de que eu estava errada, ou pra me convencer disso. – Anita falou, decepcionada com a rasteira.

– Eu falei pra você, não ceder às chantagens desse desgraçado. – Resmungou Ben.

– Eu não cedi, chantagem nenhuma Ben, que droga vai começar. – Anita rebateu ríspida, sem pensar muito devido ao nervosismo que lhe dominava.

– Foi mal, desculpa, falei sem pensar, também depois dessa. – Suspirou ele, se desculpando. – Se vai pra casa. – Ben indagou, recolocando o papel dentro do envelope.

– Vou, eu tenho uma peça de decoração pra finalizar, vou ocupar minha cabeça, pra não passar toda tarde pensando em bobagem. – Anita esclareceu, chateada com a situação.

– Fica assim não vai. – Disse Ben, a envolvendo em abraço. – A gente vai resolver isso, eu não sei como, mas vamos. – Garantiu ele, como forma de tranquilizar a garota.

– Quem sabe milagres não existam. –Anita respondeu, já nem sabendo se acreditava que um dia se veria livre de Antônio.

– Serguei, você pode acompanhar ela até em casa, por favor, eu vou ter que ir direto pro trabalho. – Ben pediu ao amigo.

– Claro, fica tranquilo, sem problemas. – Respondeu Serguei solicito.

– Mais tarde eu te ligo tá. – Prometeu Ben, recolocando uma mecha do cabelo de Anita atrás da orelha. – Te amo. – Falou ele, Ben e Anita olharam para Serguei e Julia, como se pedisse uma ajuda.

– Ai meu deus, que jeito, viramos cupidos eu e a Julia. – Disse Serguei parando em frente aos dois, tirando de foco a imagem de ambos da multidão que havia a frente. – Eu vou começar a cobrar hein. – Fez graça ele.

– Não e por hora, até extra se bobear. – Brincou Julia, caminhando até o lado de Serguei, Ben e Anita acabaram debochando da situação, antes de se despedirem em um beijo rápido.

– Tchau, e não esquece que eu ti amo muito. – Declarou Anita contente apesar de todos os caminhos tortuosos que ela e Ben andavam ultimamente.

– Nunca, só se eu fosse doido. – Respondeu Ben retribuindo o sorriso, se afastando dela. - Tchau gente, até mais. – Falou ele.

– Tchau, bom trabalho Ben. – Serguei respondeu com simpatia.

– Até mais. – Disse Julia.

– Se cuida, por favor. – Falou Ben, antes de ir embora para Anita, que apenas acessou, que “sim”, com a cabeça.

– Então, vamos, minhas princesas. – Disse Serguei sorridente às duas.

– Princesas! - Porque a Flaviana é a rainha, né gente. – Julia brincou, e os três riram.

– É por aí, mais não conta pra ela não, a baixinha já se acha demais. – Serguei disse, com carinho nas palavras, se referindo à namorada.

– Ah ok, se bem que ela já sabe, tarde demais Serguei. – Anita afirmou, e os três foram caminhando de braços dados pela rua, enquanto conversavam outros assuntos, entrosados.