– Se pode me dizer o que te deu. – Anita indagou Ben, quando o viu parado em frente ao portão. – Não porque, de repente você vem com quatro pedras na mão, e eu não sei nem o motivo, o que foi, bateu com a cabeça, bebeu, ficou louco, o que é. – Ela perguntou sarcástica.

– Vamos conversar lá no Omar, ele deve tá no restaurante, não to afim de discutir no meio da rua também. – Afirmou ele, totalmente sem paciência.

– Tá bom. – Anita acabou concordando.

– Entra. – Disse Ben, com os dois entrando, e ele fechando a porta do quarto de Omar em seguida.

– Fala vai, o que você tem. – Anita perguntou com um sorriso, ainda com a intensão de acama-lo, querendo se aproximar. – Tudo bem. – Falou ela, quando ele recuou, dos carinhos dela.

– Anita que história é essa, do Antônio andar te ameaçando. – Ben indagou ríspido, para a surpresa dela que realmente não esperava que o garoto soubesse de tal forma.

– Quem foi que te falou isso. – Ela questionou tensa.

– Não, eu perguntei primeiro, responde você. – Rebateu ele, não querendo envolver o nome de Serguei no assunto.

– Ok, só uma coisa, o Antônio falou alguma coisa com você. – Preocupou-se a garota.

– Não, mais não me surpreenderia, que ele fosse mais sincero que você. – Ben soltou ríspido.

– Ah claro, o Antônio é muito sincero, essa é a comparação mais estupida que você poderia fazer Benjamim. – Anita afirmou, se irritando com a acusação dele.

– Pode ser, mais ele não é você, que é minha namorada. – Afirmou Ben, levando as mãos ao rosto. - E pelo visto não tem problema nenhum, em deixar o idiota aqui, ser o último, a saber, das coisas, sendo feito de palhaço, ate por você Anita. – Disse ele em meio ao nervosismo.

– Primeiro, eu não contei pra ninguém, só pro Serguei e pra Julia, segundo eu acho que a gente pode conversar numa boa, você não precisa vir com grosseria pra cima de mim. – Anita esclareceu impaciente. – E outra não coloca as tramoias da Sofia pra cima de você, e sei lá de mais quem na minha conta, tá legal. – Afirmou. – Porque não fui eu que te mandei ficar com ela. – Anita disse alterada.

– Eu não sei nem o que pensar. – Falou ele, incomodado.

– Ben eu não te contei porque não queria que você e o Antônio se enfrentassem, isso só iria piorar as coisas. – A garota tentou se defender.

– É Anita, protege o Antônio, e me faz de idiota, eu sou um idiota, porque você faz e eu vou lá e perdoou. – Afirmou ele transtornado.

– Eu nunca ia proteger aquele infeliz, Ben, eu só não queria que você brigasse com ele, e eu sabia que isso iria acontecer, ele te ameaçou o Antônio deixou bem claro, que não desistiu de acabar com você, só tá adiando os planos dele. – Anita despejou tudo de uma vez.

– É, o que você iria fazer, pra impedir o Antônio, eu não gostei, parece que você confia mais nos acordos que faz com aquele desgraçado, do que em mim que sou teu namorado, e o cara que você diz amar só que eu não sei se é bem assim. – Soltou ele, irritado.

– Como assim? – Proferiu ela, não acreditando no que ouvia. - Não, você pode me acusar de tudo, mais não dizer que eu não te amo, tá ficando ridículo Ben. – Anita esbravejou, indignada com as acusações dele.

– Ridículo, tá ficando os teus acordos com a Antônio, porque quando você descobriu que ele poderia ser o autor do vídeo você mentiu pra ele, enrolou ele sozinha, ao invés de me pedir ajuda, era um problema meu também, eu tava lá também, nada daquilo teria acontecido se eu não tivesse lá com você, o plano do Antônio não teria funcionado. – Ben a encarou com olhar perdido. – Aliás, foi isso não é Anita, quando eu te contei as minhas desconfianças, tudo que eu pensava do autor daquele vídeo, você ao invés de me ouvir, foi ouvir da boca do Antônio, acreditou nele, nas pirações dele contra mim, confiou mais nele, do que no cara que era teu namorado, e que você tinha escolhido e se entregado, dias antes. – Disse ele. – Você sempre confia no Antônio. – Afirmou o garoto, Anita por sua vez, não pode dizer que ele estava errado, pois ela sabia, que mesmo o fato de que ela não estava bem na época, não apagam as atitudes dela.

– Tá bom, você tá errado só numa coisa, eu não confio no Antônio, nunca confiei, e quando eu cai em mim, era tarde demais, Ben o tempo é cruel quando a gente vive uma situação dessas. – Confessou ela sua culpa. – E eu não te pedi ajuda, porque você tava namorando a Sofia, e você já tinha me dado todas as chances de me redimir com você. – Ela se calou por momento, vindo mais para perto dele. – E, eu, eu chutei você da minha vida, uma, duas, três, sei lá quantas vezes. – Anita desabafou, em meio à decepção com ela mesma. – E você não sabe como me dói, admitir que você tem razão. – Mais eu não estou protegendo o Antônio, por mim ele que morra, tá legal, não joga isso na minha cara, porque eu não tenho culpa, eu demorei mais tempo do que você pra ter uma reação diante disso tudo. – Falou ela, entristecida. – E idiota eu, que achei que você nunca iria me cobrar isso, a gente colocou uma pedra no assunto, não é, resolveu fingir que tudo tinha sido superado. – Afirmou ela, tendo certeza de que o tempo não volta, e que os dois teriam que achar um caminho para conviver com os desentendimentos de ambos.

– Não, eu não acho isso, porque a gente tinha feito um acordo lembra, que a gente não ia mentir mais um pro outro, e que você acabou de quebrar não é, mais só eu me importo. – Ele alegou, ressentido com ela.

– Eu não quebrei nada Ben, eu só quis que você não se complicasse mais nisso, porque é assim você vai lá, rachar a cara do Antônio, e ele faz o que depois, você vai se afundar ainda mais nisso tudo, o Antônio vai te obrigar a ir mais fundo nesse poço, pra parar ele, e eu não quero isso. – Anita respondeu, impaciente. – E qual foi, bom já que é a hora das trocas de ofensas. – Ela cruzou os braços olhando para ele. – Você já parou pra pensar, que se você não tivesse mentido pra mim, sobre a chantagem, nada disso aqui teria acontecido, porque aí, eu teria certeza que o cara que eu amava, não era um mentiroso que dorme comigo, e termina tudo depois. – Jogou ela na cara dele.

– É, só que agora você tá fazendo a mesma coisa, não é Anita. – Disse ele, em um tom irônico.

– Você sabe, o que eu mais odeio em você. – Anita afirmou irritada.

– Aham o que. – Perguntou ele descarado.

– Você julga as minhas atitudes e faz igual, você tem razão os outros não. – Afirmou Anita, perturbada. - É isso não é, o problema é o Antônio, então tá, se você é estupido o suficiente, pra achar que eu posso vir a querer algo com ele, você é burro, mais não é pouco não, é muito burro, mais tão burro que chega a ser do tamanho do universo. – Ela quase gritou. – E vai pro inferno você, eu não tenho culpa, do fato do Antônio querer todas as tuas namoradas, porque eu vim parar nesse pacote aqui por acaso, então não enche, o problema é teu, se você tem um louco como irmão, e nunca se deu por conta disso. – Anita afirmou, furiosa com ele.

– É devo ser mesmo, você adora me fazer de idiota, e você é mais, porque caiu no papinho do Antônio. – Esbravejou Ben, transtornado, e não gostando das acusações dela.

– Ah seu. – Ela viu-se sem palavras para revidar. - Ben a gente precisa ver o que vamos fazer com o Antônio, olha só, eu. – Disse ela, com Ben abrindo a porta e lhe dando as costas. - Ben, onde você vai, isso aqui não terminou ainda, você vai me deixar falando sozinha. – Gritou ela, pasma com a atitude dele.

– Fala com Antônio, ele é tão inteligente, não é. – Gritou ele de volta, não dando ouvidos.

– Ben isso não tem graça, volta aqui. – Disse ela, esmurrando a porta entreaberta, antes de sair atrás dele.

– Ben olha só, dá pra você parar com isso, nós ainda não terminamos. – Anita afirmou, indo atrás dele.

– Eu tenho mais o que fazer, do que ficar ouvindo você, até porque quando eu quis falar com você, você mentiu não é. – Ben retrucou, sem a mínima paciência e não parando de andar para falar com ela.

– Ben deixa de ser infantil. – Argumentou ela, ainda insistindo.

– Gente, gente, que isso, isso aqui é um restaurante. – Omar tentou conte-los que brigavam no meio do restaurante.

– Ah cala a boca Omar, a gente tá atrapalhando quem, as moscas. – Anita gritou para ele de onde estava.

– Eita, não desconta em mim, eu só estava querendo ajudar. – Omar defendeu-se.

– Ih, se mete não. – Zico afirmou. – Esses dois aí, ó, duas bombas, brigando então. – Acrescentou ele, baixo para Ben e Anita não escutarem.

– Eu tenho mais o que fazer. – Disse Ben, saindo em seguida.

– O que, por exemplo, passar o rodo no Grajaú inteiro, porque foi, o que você fez enquanto nós dois estávamos separados. – Afirmou Anita, furiosa, ele nem se deu ao trabalho de virar para responde-la e continuou andando, sem se importar.

– Olha aqui, isso tá ridículo, precisa fazer uma tempestade em um copo de água. – Anita afirmou, insistindo para que ele a ouvisse, quando os dois entraram em casa.

– É tá aí, você e a Sofia são bem parecidas, adoram uma tramoia. – O garoto respondeu, quando ambos adentraram o casarão.

– O que, é pra mim rir isso. – Falou Anita quase rindo. - Se bem que gostava das tramoias dela, ou você já esqueceu. – Ela perdeu o resto da paciência que ainda tinha.

– Quer saber, eu vou dar uma volta, o ar tá pesado demais aqui. – Afirmou ele pegando o casaco de cima do sofá e saindo novamente.

– Você é um idiota, e eu te odeio, e vê se não racha a cabeça numa pedra, e depois coloca na minha conta também, me culpando. – Gritou ela, raivosa. – Ai droga, que inferno. – Anita resmungou para si mesma.

– Anita. – Luciana a chamou da cozinha, onde estava Cícera também.

– Que é também. – Anita gritou perguntando, em meio ao descontrole.

– Nada, mina, só ia perguntar o que eu faço pra almoço do pessoal. – Luciana falou com calma.

– Sei lá, cozinha sapo, não sei, to nem aí pra essa cambada de gente desocupada, que cuida da vida dos outros, que se instalou aqui nessa casa. – Anita reclamou, tolamente estressada, depois de sua discussão com Ben.

– É vai dar trabalho pra achar, já que tirando o bosque, são poucas as áreas verdes aqui perto. – Pedro disse, do sofá, querendo quebrar a tensão.

– Pedro vai brincar lá fora. – Pediu Anita, enquanto ajeitava os cabelos que estavam bagunçados.

– Eu já tava indo. – Afirmou ele saindo.

– Anita eu. – Meg disse da sala, meio sem saber o que fazer, já que Anita pelo visto não teria cabeça para continuar a projeto das duas.

– Eu sei foi mal, mais eu não tenho cabeça. – Anita justificou. – Aliás, Meg você deveria de ganhar um prêmio, por ter aguentado o Ben por dois anos, porque eu sinceramente não tenho mais paciência, pra mim deu. – Anita afirmou. – Ai que ódio, que ódio, que raiva. – Anita bufou se debatendo.

– Mais o que deu em vocês hoje. – Cícera indagou, confusa diante das atitudes deles.

– Nada, em mim nada, teu filho, é um mal agradecido, um cabeça dura, mandão, ridículo. – Anita achincalhou o garoto sem nem pensar. – Eu vou dar uma volta, preciso esfriar minha cabeça. –Anita falou, saindo em seguida.

– Xiii! - Que desse jeito essa casa caí. - Luciana comentou, com espanto.