E se tudo mudar?

"Não confiem em ninguém"


– Espera...espera... - Nellie tentava digerir tudo o que ouvia. - ...vocês fugiram dos Estados Unidos e vieram pra França pela busca?

E novamente aquela conversa deplorável com seus pais veio à tona, apenas comprovando o que estava se passando diante de si.

– Você sabe do que estamos falando? - Disse Dan não menos confuso que Amy.

– Pra falar a verdade sim, e já sabia há muito tempo.

– Por que você não nos contou antes? - Amy estava pertubada.

– A avó de vocês, Grace, me proibiu de contar antes de que fosse realmente iniciada a busca oficial, mesmo assim eu achei que não iriam aceitar.

– Estava óbvio que íamos aceitar - Dan se levantou abruptamente da cama em que estava sentado. - , seja qual for o "tesouro" final, não podemos deixar isso nas mãos daqueles outros Cahill. Imaginem o que fariam em posse de tanto poder.

– Mas Dan...pense não temos chances, somos apenas nós dois e sem recursos contra aos outros que possuem todo o apoio de seus clãs. N-não somos pareis para eles.

A garota não sabia como poderiam sequer descobrir a próxima pista, e mais: como iriam ganhar esse "jogo".

Perturbante. Era o que ela pensava sobre tal atitude que foi meramente queimar um milhão de dólares para entrar nessa disputa sem ao menos saber a qual clã pertenciam ou a origem de tudo aquilo.

E ao momento que havia escutado William Mclntyre pronunciar tal frase "Não confiem em ninguém." após o sepultamento de sua avó, se certificou de que realmente estava dentre algo sério - muito sério -, outra frase do mesmo que a havia desorientado fora: "Cuidado com os Madrigal."

Afinal, quem eram os Madrigal? Por que os Cahill os temiam tanto? - Não temer em questão de respeito, mas em medo - Logo os Cahill que eram tão "cheios de si" - esse era o termo -, mesmo sem saber o que esse "título" - Madrigal - significava Amy sentia arrepios sempre que pensava ou escutava tal nome.

Será que posso confiar em Nellie? ; se perguntou naquele momento; Amy chega, você já está ficando paranoica com isso, como não confiar em Nellie?

Por que Grace não nos contou nada?; Dan se intrigava cada vez que repetia essa pergunta em seu diálogo interior.

– Amy, Dan, eu também estou com vocês, acham mesmo que vão se livrar de mim assim tão fácil? - E com isso Nellie conseguiu acalmar um pouco os irmãos.

Algum tempo se passou e ela conseguiu explicar tudo aos irmãos Cahill, até mesmo sobre ter sido recrutada pelos Vesper e ter fugido da organização uma semana depois.

Já não bastavam os Madrigal para amedrontar os irmãos, agora chegam os Vesper. Que segundo aos fatos narrados por Nellie eram muito piores. Qual ser humano da idade deles poderia conviver em paz com tudo isso acontecendo ao mesmo tempo em sua vida?

"São tão sanguinários quanto tubarões famintos." - Essa era a nova frase que atormentava Amy. Fora a mãe de Nellie que dissera isso, e a mesma havia contado à eles.

– Nellie, a janela está ali! É só se jogar tá. - Disse o garoto em tom de insatisfação e raiva com o que escutou.

– Dan! - Amy o repreendeu no mesmo instante.

– Entendo que estão chateados comigo, mas precisam compreender que não pude contar antes.

– Entendemos. - Disse a garota.

E Dan a laçou um olhar de "Entendemos?"; uma das grandes vantagens dos irmãos era essa, de se comunicarem com apenas uma troca de olhares.

A resposta da garota ao retribui o olhar foi: "É claro seu tonto!".

– Bem, se quisemos vencer isso, temos que trabalhar duro. Então quanto antes melhor.

– Tem razão Amy. - Dessa vez o garoto concordou com a irmã. - Então para onde vamos?

– À uma biblioteca!

– A não! De novo?

***

Passadas algumas semanas, o trio tinha avançado muito de acordo com suas expectativas.

Descobriram novas pistas; enfrentaram um trajeto realmente desconfortável nas Catacumbas de Paris pouco depois daquela conversa, e por ironia as catacumbas possuiam 400km de extensão notáveis para alguém se perder e morrer sozinho por ali mesmo.

Para o azar deles Natalie e Ian Kabra haviam os seguido e pressionavam os irmãos a contarem o que tinham desvendado - estavam totalmente indefesos em meio aquela multidão de ossos, pois Nellie ainda não fora avisada, portanto se encontravam sozinhos ali, com dois mini-projetos de Isabel -a mãe deles, que de acordo com Dan, se ela não fosse Cahill, daria uma ótima Vesper. Afinal sempre foi tão gélida.- que possuiam uma arma de dardos totalmente venenosos.

Mas por sorte a aliança com Alistair Oh - Tio distante dos irmãos Cahill, que havia proposto tal acordo minutos antes do incêndio na mansão de Grace. - não falhou, o homem de idade um pouco avançada chegou antes que Amy e Dan fossem atingidos por um dos dardos, desviou a atenção dos irmãos Kabra, dando a oportunidade de Amy e Dan fugirem. E assim foi, escaparam ilesos prontos para outras aventuras.

Essa fora apenas uma delas vivida por eles.

Amy agora se encontrava em seu quarto de hotel inconfortável - não pela estrutura do quarto, que por sinal era bom demais pelo preço que haviam pagado. - , mas sim novamente pelos seus pensamentos, descobrira que Alistair forjou ter falecido no desabamento na caverna da Coréia, isso era realmente perturbante, pois ela e o irmão haviam confiado nele; e mais uma vez aquela frase voltou; "Não confiem em ninguém." - mas novamente não era esse fato que a atormentava.

Era simplesmente a maneira na qual Ian Kabra se comportou com ela. Tão gentiu, a ponto de a proteger de seu próprio descuido. E ao tropeçar Amy acabou levando Ian consigo ao chão, pois uma das mãos do garoto segurava seu pulso evitando que ela escorregasse. O que não adiantou muito. Inesperadamente o garoto se encontrava em cima dela, a mesma poderia ter entrado em estado de choque, pois ele sussurrou algo que Amy entendeu como "-Adorável" , quando Amy ainda se encontrava perdida naqueles olhos cor de âmbar, em seguida Ian roçou os próprios lábios aos dela.

E após a pista ter sido descoberta, ele e Natalie apenas os abandonaram - Amy, Dan e Alistair - na caverna, trancados e sem saída.

A única opção encontrada para escaparem foi explodir o local. E assim fizeram, o que foi proporcional para que Alistair forjasse sua morte.

O dia assim acabara, com Nellie, Dan e Amy novamente em um hotel. Esperando por novos indícios de locais para desvendarem novas pistas.

A garota não encontrou outra alternativa de se sentir melhor. Contou a sua au pair - Que agora era parceira de equipe. - tudo o que aconteceu na caverna.

Não poderia ter ficado pior, pois Nellie descreveu tudo como "o seu primeiro amor". Amy não se sentia tão intrigada assim desde o dia em que entrou na busca. Era tudo tão confuso para uma garota de 14 anos, as circunstâncias não a ajudavam. Sua vida estava uma bagunça total.

Seria mesmo possível estar apaixonada pelo garoto que era basicamente seu arqui-inimigo?

Que nunca demonstrou o mínimo de compaixão pela vida alheia?

Que era totalmente oposto à ela, sempre fora rico, educado, fino, traduzindo: tão Ian de ser? - Não que ela não fosse educada, é que educação de Ian tinha um leve ar de superioridade.

Só poderia ser mais uma das loucuras de Nellie. Não poderia estar apaixonada por ele, a garota simplesmente mal o conhecia. Não o vira pessoalmente mais que cinco vezes.

Sabia que o comportamento tão gentiu do garoto fora apenas uma tática para conseguir o que queria. E conseguiu, descobriu a próxima pista; ouro.

Amy compreendeu que a questão de sentir algo especial por Ian estava totalmente fora de cogitação.

"Viva cada segundo

Chegou a hora de crescer, amadurecer e perceber que a vida não espera por você.

A vida tem um ritmo [...]

[...] Não desista nos momentos, difíceis eles irão te ajudar a cumprir sua missão de ser feliz e de fazer os outros felizes também...

Chegou a hora de pensar nos outros, de sonhar, de perdoar e de deixar o seu ego para trás.
A sua vida tem um ritmo, não existe mapa nem direção.

Só é preciso ser paciente e seguir o rumo do seu coração...
Viva cada segundo."
– Dulce María. [ Agente Janus ]