E se tudo mudar?

I don't wanna fight the word alone


Após o jantar, Amy seguiu para seu quarto - que de acordo com Natalie, era no segundo andar, terceira porta à direita - tomou um banho, vestiu uma das roupas que havia comprado aquela tarde após sua conversa com Ian e se deitou.

( N/A: P.O.V. Amy, On )

Eu não acredito no que está acontecendo, estou aqui deitada, sem ao menos poder fazer alguma coisa. Será que Nellie está bem? Será que Isabel vai me deixar em paz algum dia? Claro que não, ela tem prazer em fazer o mal, e além disso precisa cumprir algo pros Vesper.

Ótimo, agora além de preocupada estou ficando maluca, conversando comigo mesma e respondendo as minhas próprias perguntas!

E se eu não fosse Cahill?

( N/A: P.O.V. Amy, Off )

E com esse pensamento a garota adormeceu. Não sabia o que estava acontecendo em Boston, seria arriscado enviar algo para sua família através do centro de comando, afinal as chances de ele não ter sido grampeado não eram totalmente concretas.

Família, sempre em seus momentos de confusão psicológica Amy pensava nessa palavra. Durante a busca ela achou que talvez nunca mais teria uma vida comum, e até uns dias atrás seu pensamento era contrário, ela pensava que sua vida se estabilizaria, mas novamente estava errada, sua vida não era normal e nem iria ser.

Deveria ter se conformado com isso antes, pois ela é uma Cahill, os Cahill não são normais.

Ela estava correndo pelas calçadas de Londres, para fugir de um homem, um homem que a cada passo dado aumentava sua velocidade e se aproximava cada vez mais. Até que a alcançou e a levou para um lugar familiar, o cemitério no terreno da mansão Cahill.

Mas havia mais túmulos que antes. E ao focalizar um deles ela entrou em pânico, o nome na lápide era DAN CAHILL.

— Surpresa? - Perguntou o homem -ainda segurando seu braço direito- com um sorriso sombrio em seu rosto. - Olha só esse. - Ele apontou para um túmulo aberto a esquerda do de Dan. Na lápide jazia o nome AMY CAHILL.

E ele a jogou.

— DAN! - Ela acordou desesperada, e por um momento se sentiu ofuscada pelos fracos raios solares que invadiam seu quarto, após alguns segundos sua visão se adaptou ao ambiente iluminado e ela se levantou.

Escutou batidas fracas vindas do porta e a abriu.

— Amy, você está bem? Ouvi você gritar algo, meu quarto é ao lado do seu então foi fácil escutar. - Disse Natalie.

Amy respirou fundo.

— Estou bem sim, foi apenas um pesadelo.

— Ah, claro, eu também tenho, são muito frequentes. É horrível.

— Realmente. Os meus também são frequentes.

— Têm relação com a busca?

— Sim.

— Bom, eu vou me trocar e já vou descer pra tomar o café, quer que eu te espere?

— Não precisa obrigada. E bom-dia. - Simples sorrisos se formaram aos rostos das garotas.

— Bom-dia. - Disse Natalie e se encaminhou para seu quarto, Amy fechou a porta e entrou.

Não conseguia compreender o porquê de seu pesadelo. Fora um aviso, ou ela teve somente porque foi dormir pensando em coisas demais?

Tomou um banho para ver se extraía de si, todos os pensamentos negativos e preocupações.

Se vestiu com uma saia preta de comprimento um pouco acima dos joelhos e de cintura alta, uma regata branca leve e soltinha, e uma sapatilha azul para contrastar. Umas das poucas peças de roupas que haviam em sua mochila. Afinal suas malas estavam com James, o falso motorista.

Amy nunca foi de se preocupar muito com o que vestia diariamente, mas estava na mansão dos Kabra, teria de se mostrar a altura.

Seus cabelos foram penteados e deixados soltos como sempre.

E a garota novamente escuta batidas vindas da porta.

Ao abrir se depara com Ian Kabra.

— Ian? - Perguntou confusa.

— Amy, preciso te contar uma coisa. - A expressão em seu rosto demonstrava que o mesmo se encontrava aflito.

— O quê? - Perguntou ainda mais confusa.

— Dan foi sequestrado pelos Vesper.

— Como? - Ela estava incrédula. - N-não, não pode ser verdade. - E seus olhos começaram a marejar.

Ian se sentia despedaçado ao ver a garota nesse estado.

— Me desculpe por ter que lhe dizer isso, mas é verdade. Seu tio acabou de avisar todos os Cahill.

— E-eu... não dá para acreditar! - Se sentia totalmente vulnerável.

Ian se aproximou da garota e a abraçou, Amy se sentiu totalmente acolhida nos braços dele, poderia ficar ali a vida toda em outras circunstâncias. Então Amy levantou o rosto da clavícula dele e ambos olhares se fixaram, ambos transmitindo preocupação.

— Amy... - Disse Ian acariciando a face rosada da garota. - ...não fique assim, não se preocupe, nós vamos encontrá-lo.

Ela se soltou dos braços do garoto, mas permaneceu olhando em seus olhos.

— Nós?

— Claro, você não pode enfrentar os Vesper sozinha.

— Eu... eu, preciso voltar pra Boston.

— Melhor não, Fiske mandou te avisar para não ir, é mais seguro, se Dan foi sequestrado lá, é um sinal de que Isabel está naquela região.

— É tudo culpa minha! Se ela tivesse me pegado, o Dan não seria mais um alvo dela.

— Pense, mesmo que estivesse com você, ela teria sequestrado ele também, suponho que eles querem os ingredientes do soro e só seu irmão tem.

— Ela faria tudo pelo soro, até mesmo ma...

— Não pense nisso, os Vesper precisam dele vivo, e nós vamos encontrá-lo o quanto antes.

— Amy, não vai descer pra... - Natalie aparece à porta do quarto e vê a menina chorando. - O quê aconteceu? - Se aproxima dos dois.

A ruiva respirou fundo, enxugou as lágrimas e tentou se recompor o máximo possível.

— O Dan foi sequestrado. - Ela disse.

— Como? O Dan? - Amy estranhou a expressão da morena, parecia tão chocada quanto ela mesma.

E ambos explicaram todo o ocorrido para a garota.

***

Dan abre os olhos e não consegue distinguir onde está. O mundo à sua volta é um amontoado de borrões esbranquiçados, sem forma, sem vida. Sente os lábios secos, e seus pensamentos confusos.

Pisca, abre e fecha a boca em um bocejo, respira fundo, expira.

Percebe que está deitado, dando-lhe a sensação de alívio.

Ao focalizar o ambiente, se senta na cama também branca, assim como todo o "quarto". E não vê nada mais que apenas uma mancha branca uniforme.

Todas as paredes, a cama e a porta totalmente brancos e sem nenhuma janela.

Eu fui dopado!, pensa.

E de repente a porta se abre, revelando alguém nada bem vindo para Dan.

— Isabel?

— Ah, mas quem diria. Finalmente acordou.

— Onde estou?

A mulher riu com desdém.

— Acha mesmo que vou te contar? Não se lembra de nada?

Ele estava em mais um de seus passeios pelos jardins da propriedade da mansão Cahill, quando encontra uma caixa, se aproxima e tenta examinar seu conteúdo, mas ao tocar no objeto, ela começa a soltar um gás espesso e branco. Deixando-o sonolento até que desmaiou.

— Claro que me lembro, mas o que quer comigo?

— Está óbvio, quero os ingredientes do soro, eu sei que você é único que os possuí.

— E se eu não lhe contar? - Pergunta em tom de desafio.

— Eu sequestro a sua irmãzinha querida, e até mesmo outras pessoas.

Não sabia o que fazer, não poderia deixar Isabel sequestrar Amy, mas também não poderia entregá-la os ingredientes do soro.

Amy é esperta, ela não vai se deixar sequestrar por Isabel, pensou ele.

E quem seriam as outras pessoas? Provavelmente familiares distantes... ou próximos.

— Não vou lhe contar nada!

— Ótimo, aguente os resultados de sua escolha. - E a mulher saiu batendo a porta.

O que eu faço? Se Amy for pega não sei do que seria capaz..., pensou.

***

Amy se sentia como se o mundo à sua volta não existisse, seu pesadelo fora um aviso, e se o final fosse o mesmo Dan estaria sem saída. Ela mesma estaria sem saída.