E se for você?

A Força do Querer


P.O.V Judy

Está vendo aquela coelha pirada e desorientada jogando as roupas da gaveta do namorado para fora? Que está vestida com o traje azul marinho e um distintivo de policial?

Aquela sou eu, Judy Hopps.

Não costumo ser desse jeito. Estou falando sério, aquela não sou eu de verdade.

Na vida real, sou moderada , sempre fazendo o que é certo para os outros, e nunca deixo as barreiras da sociedade me impedirem de conseguir meu objetivo.

Mas , então , por que eu estava fazendo isso?

— O que houve com o agente Wilde , senhor ? – cochichei , olhando para as costas largas do Chefe Bogo, sentada naquela enorme cadeira de plástico da sua sala de trabalho. Me sentindo pequena demais .

Ele estava de costas para mim como se fosse difícil falar a verdade para mim porque sou uma fêmea . Eu estava na mesma sala onde ele , uma vez , deu aquela bronca de ter pegado um assaltante – doninha , ter imposto perigo à cidade dos roedores e devolvido às “ cebolas” ao dono da loja que resultou naquela aventura com o meu Nick.

Fazia dois meses que tudo andava estranho entre a gente. Desde que Nick e seus antigos amigos escoteiros abriram uma ONG , ele assumiu o horário noturno da delegacia e com isso a nossa parceria teve um fim muito trágico . E acabei virando parceira de Genji Shimura , um cavalo com pelagem negra e descendência oriental . Não gostava nenhum pouco dele. Era um agente arrogante , irresponsável e muito prepotente. Narcisista também. Era como se fosse a reencarnação do Gastão do clássico A Bela e a Fera. Pareciaaté que ele havia forjado o seu diploma de policial pela internet.

— O seu parceiro não te contou nada?

— Contou o quê ?

— Se lembra do caso de homicídio que foi manchete do jornal? José Raposo ciumento com sua esposa Denise , começou agredi-la , ela foi na delegacia e registrou um boletim de ocorrência. Certa noite , José Raposo levou a ex-esposa à força até o carro e matou - a no matagal . Em seguida tirou a sua vida deixando sua filha de nove anos sozinha em casa?!

Era um caso que havia ocorrido em quatro meses em Paw Street . E esse caso marcou a vida do Nick. E a minha , também.

— Eu não tive culpa, policial coelha. Elas estavam xingando...xingando...

A pequena raposinha não estava conseguindo terminar a frase , mas Nick e eu sabíamos do que estava se passando na cabeça dela, quando se jogou para cima de suas colegas do acampamento e trocou socos e mordidas nelas. A sua mãe Denise fazia muita falta para ela. Devia ser muito duro perder uma mãe desse jeito.

—Está tudo bem, Alexia. – disse Nick acariciando a sua cabeça, com um tom gentil. – Escuta , eu vou ver a sua apresentação de dança, e vou ficar torcendo para você levantar e dançar com a sua alma e com o seu coração.

Ela ficou tão feliz com aquela promessa que abraçou o Nick. Nick deu muitos beijos no rosto dela.

Era a primeira vez que eu via ele assim. Tão amoroso com um filhote. Era tão diferente. Eu não soube o como aquele dia me influênciaria a ficar neurótica e a ter pensamentos ciumentos e obsessivos em nossa relação.

Então , como eu disse, o que você está vendo não é a verdadeira eu. Estou ficando influenciada pela ideia da minha mãe que Nick está me traindo com outra.