E Se fosse verdade? 2
Infrinjo a Lei Maria da Penha
Vocês pensam que depois da minha conversa com Hefesto eu finalmente pude entender que aquele lugar era encantado e perigoso, e que eu alertei a meus amigos e saímos de lá correndo. A verdade? Eu voltei a brincar nos videogames.
Sim, sim, eu sei. Vocês provavelmente estão pensando: Poxa! Hefesto disse que esse lugar era perigoso e você não dá bola?
Não. Não foi isso que aconteceu. O fato é que... Okay, foi exatamente isso que aconteceu. Eu não dei muita bola por que estava empolgado para voltar a jogar. Acreditem, se vocês estivessem no Cassino Lótus fariam a mesma coisa. Não sei quanto tempo se passou, mas eu estava me divertindo à beça, quando Annabeth chegou para mim e me virou de uma vez.
— Vamos sair daqui! — exclamou ela, nervosa.
— O quê? — murmurei. — Claro que não.
— Você não entende. Esse lugar é encantado. Ele faz o tempo acelerar.
— Que bom. — disse eu, com os olhos no jogo. Annabeth me deu um beliscão, e isso me provocou muita raiva. Ela estava me incomodando demais. — O que você quer? — gritei. — Deixa eu jogar! Saí de perto de mim!
Eu a empurrei para trás.
— Você vai me agradecer por isso. — disse ela. E me arrancou do jogo a força, arrastando-me.
— Me larga! — eu gritava. — Estava no fim do jogo! Me solta!
Ninguém prestava atenção em nós. Então dei uma pancada nos braços dela e... não sei o que houve comigo, mas estava sentindo uma raiva descontrolada. Por que dei um murro no rosto de Annabeth, a qual caiu no chão.
— Vá perturbar outro, sua idiota! — rosnei. — Se não eu lhe mato. — Fiquei com os punhos cerrados e respirando pesadamente. Mas depois percebi o que havia feito. — Ah... Droga! O que eu fiz...?
Annabeth se levantou do chão, e me olhou com puro ódio.
— Se quiser ficar, fique. Não estou nem aí para você mais. — E correu.
— Annabeth, espera! — fui atrás dela. — Me desculpe! Eu não sei o que houve comigo.
Nós corremos por entre jogos, edifícios e lanchonetes. Estava me sentindo bastante culpado agora. Por que havia feito aquilo? Era quase como se não fosse eu.
Annabeth correu até Percy, que estava subindo na parede de escalada.
— Percy! — gritou ela. — Precisamos ir!
Ele não respondeu.
— Percy!
— Hã... quem é? — ele olhou para baixo. — Ah, oi Annabeth. Que tal subir aqui também?
— Hoje não. Olhe, precisamos ir embora. Você sabe que esse lugar é encantado.
— É... eu sei. — ele continuou subindo.
— Vou ajudar. — falei.
— Se quer ajudar — disse Annabeth, mal-humorada. — Vá encontrar Ashley!
Assenti, e fui procura-la. Mas depois de procurar por mais de meia hora, conclui que ela não estava ali embaixo. Então fui para o nosso quarto 305.
Chegando lá, vi Ashley deitada na cama, dormindo. Me aproximei para acordá-la, mas achei ela tão fofinha e maravilhosa que senti vontade de deitar junto com ela.
— Hã... Ashley? Pode me ouvir?
Ela continuou dormindo.
Estiquei minha mão e acariciei seu rosto. Ela se remexeu na cama.
— Huummm...
— Ei, precisamos ir. — falei, com a maior delicadeza.
— Não quero. — murmurou ela, sonolenta.
— Hã... Annabeth disse que esse lugar é encantado. E que faz o tempo se acelerar.
Zzzzzzzz...
Pensei em acorda-la com um grito, mas pensei no que fiz com Annabeth. Aquilo tinha sido uma covardia. Eu era um valentão insensível. Não deveria estar ali com Ashley.
— Já sei como acabar com isso. — sussurrei. Ajoelhei-me, encostei meus lábios no de Ashley e a beijei.
— Huumm... Que ótimo. — disse ela, ainda dormindo.
— Está acordada? — perguntei.
Zzzzzz...
— Okay. — me levantei, e gritei. — O cabeção está aqui! Socorro!
— O quê? — ela se levantou com um salto. — Onde? Onde?
— Calma. — eu a segurei pelos ombros. — Olhe, vamos embora daqui. Não diga nada. Apenas me siga. Explico tudo depois.
Ela balançou a cabeça. Mas antes de sairmos, peguei a Máscara que estava sobre a estante, e juntos, saímos do quarto e fomos lá para baixo.
Annabeth estava com Percy perto da porta, com as mãos nos ouvidos, como que para não ouvir os sons a nossa volta.
— Vamos! — gritou ela. — Temos que sair daqui.
Quando me aproximei da porta, os sons dos jogos e o cheiro das comidas pareceram ficar mais chamativos e atraentes.
— Corram! — gritou Percy.
Saímos dali em disparada, passando pela a porta e saindo nas ruas de Las Vegas. O clima estava quente e seco. O sol estava já se pondo, desaparecendo atrás de vários prédios. Nosso táxi, que havia deixado perto dali, havia desaparecido. O tempo parecia ter mudado. Algo estava diferente.
— Ah, deuses. — Annabeth sussurrava. — Ah, deuses. Quanto tempo nós ficamos?
— Talvez algumas horas, no máximo. — disse eu.
— Horas? —RIU Percy. — Você vai ter uma surpresinha daqui a pouco.
— Com licença. — Annabeth chamou uma mulher que passava. — Pode me dizer que horas são?
A mulher olhou o relógio.
— Cinco e meia.
— Ah. Só isso? — sorriu Ashley.
— E que dia é hoje?
— 25 de Junho.
Eu tive um mini infarto.
— O... O quê? — exclamei. — Está de brincadeira?
— Não. — disse a mulher.
— Obrigado. — agradeceu Annabeth, boquiaberta.
O céu estava escurecendo. A cidade começava a ficar iluminada. Placas de Néon acendiam em todas as partes.
— 25 de Junho? — murmurava, sem acreditar. — Só... só pode ser...
— Eu disse a você que aquele lugar faz o tempo se acelerar. — lembrou Annabeth. — Ficamos lá cerca de cinco dias.
— Cinco...? — Ashley estava com os olhos arregalados. — Quer dizer que... temos que salvar Igor e Grover hoje?
— Sim. — disse Percy. — E eu não estou acreditando que isso está acontecendo de novo.
— Vamos logo! — exclamei. — O que estamos esperando?
— Como vamos conseguir alguma carona? — perguntou Percy.
Annabeth olhou para a minha mão.
— Eu sei como. — ela pegou a Máscara de mim.
— Você vai usar essa coisa? — perguntei.
— Eu realmente não queria, mas... temos que chegar em São Francisco hoje.
— Annabeth — Percy segurou seus ombros. — Você tem certeza?
— Sim. Eu posso controlar essa Máscara. Sou uma filha de Atena. Eu controlo meu corpo. Eu consigo.
— É isso ai. — concordou Ashley.
Annabeth olhou para a gente e sorriu:
— Preparados para enfrentar dois deuses menores?
Assentimos.
Ela colocou a Máscara, e começou a se transformar.
Fale com o autor