Já haviam partido de onde encontraram Karina. Suas vizinhas se responsabilizaram por sua casa, então, estava tudo certo.

Andaram por horas até que chegaram em uma vila, que estava no caminho mais curto para a muralha e o grande portão que permitia a passagem dos aliados.

Entraram para procurar algum lugar para comer, já que estavam próximos ao horário da janta.

- Será que falta muito pra gente chegar? – Perguntou Louva-a-Deus.

- Por que a pressa? Não é você que está andando ou levando mochilas – respondeu Macaco olhando para o inseto em seu ombro.

- Ah, é porque mal posso esperar pra ver o Carlengo. Puxa, o cara é demais! – Disse balançando as pinças ao ar.

- Demais? Como assim? – Perguntou Po com sua curiosidade.

- Sério? Acho que não estamos falando do mesmo Carlengo, não – disse Tigresa.

- Como ele era, Ti?

- Ah, irritante, corria de saia em saia. Certamente ainda faz isso.

- Ainda me lembro quando ele tentava fazer com que a gente se rendesse ao “charme” dele – disse Karina entre risadas, fazendo aspas com os dedos.

- Ele o que?

- É, Po, ele tentava. Não se contentava em fazer uma só ir atrás dele.

- E você foi? – Perguntou o panda sem pensar.

Ao perceber o que fez, parou de caminhar e levou as patas à boca com uma expressão de choque enquanto Tigresa o encara e ele não sabia se aquele olhar era assassino ou incrédulo.

Nisso, os outros também pararam um pouco a frente de onde a felina estava, esperando que ela resolvesse a questão e seguissem o caminho.

- Oh, ou – sussurrou Louva-a-Deus.

Tigresa o encarava com a boca entreaberta. “Como ele pode pensar isso de mim?”

- Ah, er... eu não... não quis dizer... – balbuciava ele tocando as pontas dos dedos umas com as outras.

- O que? Você acha que eu... por favor. Ele era meu amigo.

- Po também era seu amigo – disse Macaco rindo.

A guerreira apenas olhou para ele e soltou um grunhido tentando calar o primata, o que só fez com que ele risse mais. Voltando a olhar Po, ele parou de falar e encarava para o chão, com vergonha pelo ciúmes e a desconfiança, mas desviou aos olhos dela quando ela começou a falar.

- Olha Po, ele é meu amigo. O caso é que você é meu melhor amigo e também, isso tudo é bem diferente. Com ele era só amizade e ele me irritava muito, você vai ver quando chegarmos lá. Eu não podia levar ele a sério mesmo que se quisesse – aproximou-se do panda de forma lenta olhando em seus olhos – acredita em mim?

- Me desculpa, sou muito bobo de pensar coisa errada – mordeu o próprio lábio de vergonha.

Parecia um filhote, na visão de Tigresa.

- Tudo bem. Acho que isso é normal – disse ela sorrindo e colocando uma pata no ombro dele – nunca foi fácil, pra mim, ter alguém e eu escolhi você só você, já disse.

- Ah, que lindo – disse Karina com uma pata em cada bochecha.

Tigresa e Po olharam para ela com uma sobrancelha levantada e um sorriso divertido. Liang apenas riu da atitude de Karina e via como sua velha amiga agia quando estava com este panda. Ela estava tão diferente, ele sabia disso. Nunca se portou assim antes. Tentava ser apenas calma com os outros, mas com ele era doce.

Ambos sorriram um para o outro e Macaco, Garça, Víbora e Louva-a-Deus estavam aliviados que seus amigos não iriam brigar ali. Quando o panda deu à ela um leve selinho, com a intenção de toma-la pela cintura...

- Ah-an.

Todos se viraram para o tigre de kimono vermelho e calças negras que estava de braços cruzados, parado próximo à entrada de um restaurante. Os olhos castanhos de Vet demonstravam cansaço e estava novamente arruinando um momento.

- É bom irmos logo, estou com fome e nós vamos dormir na floresta. Vamos logo.

Ele apenas virou o corpo e entrou no local. Os outros o seguiram em silêncio e então, comeriam ali mesmo.

Escolheram uma mesa discreta e afastada, ao fundo do restaurante, também para observar qualquer movimentação suspeita. Com os espiões de Anastásia perto da casa de Karina, não podiam se dar ao luxo de imaginar que nenhum deles os seguiria.

Pediram cada um seus pratos favoritos e o dos guerreiros do Palácio de Jade, claro, foi macarrão. Pelo cheiro, Po garantiu que eram bons e, alguém poderia duvidar de um dos melhores chefs de toda a China?

Karina resolveu experimentar também e Liang fez o mesmo. Tigresa pediu uma porção pequena, pois comeria um pouco de tofu também. Com a comida temperada do panda, ela deixou de apreciar tofu, porque parecia que faltava alguma coisa quando ela o consumia.

Vet, no entanto, pediu apenas tofu e água. Não estava afim de dar o braço a torcer com o panda. Por tudo, por Tigresa, ele tinha receio de que ele fosse apenas um idiota como os quais tentavam atrair ela, Karina e Kayla em seu tempo de conjunto e ele era seu amigo e não deixaria que ninguém a machucasse. Já bastava o que aconteceu entre eles.

- Como vamos fazer agora? Vamos atrás do Carlengo ou da Kayla primeiro? – Perguntou Karina.

- Vamos atrás do Carlengo primeiro – começou Vet – depois vamos procurar Kayla, é caminho de volta pra China – ele pegou seu copo e tomou um gole da água que ainda estava ali.

- E vamos agora mesmo? – Perguntou Tigresa.

- Sim, assim que acabarmos de comer... – ele parou de falar quando viu um gato montês entrando no restaurante.

Aquele felino se sentou no início do estabelecimento de lado para eles e Vet pôde reconhece-lo. Suas roupas, seu modo de se comportar, lembrava muito bem quem era.

- O que foi? – Perguntou Tigresa sendo ignorada.

Os outros ficaram em silêncio e se entreolhavam, ainda comendo. Observavam a expressão de Vet se modificando. Quando o gato virou-se para chamar o garçom, teve certeza.

- Vet. Vet? – Perguntou Liang enquanto Tigresa examinava a direção onde Vet olhava.

Tigresa entendeu o que estava acontecendo e arregalou os olhos. “Não pode ser”, pensou ela. Mas deixou seus pensamentos quando Vet se levantou da mesa.

- Onde você vai? – Perguntou Karina.

Ele a ignorou e chegou à mesa, ficou parado atrás do felino e os guerreiros e seus amigos o observavam de longe. Apenas Tigresa tinha a ideia de que ele queria fazer.

Antes que pudesse esticar o braço e tocar o ombro do gato, ele falou:

- Quanto tempo, não é, Vet?

Vet se surpreendeu com a astúcia do felino em perceber alguém próximo e exatamente quem estava ali, mas logo sua expressão se tornou divertida e abriu um sorriso. Mesmo o tendo visto há pouco tempo, já havia se esquecido do quão hábil era seu amigo.

O gato levantou-se de frente para ele e foi nessa hora que os amigos dele o perceberam.

- Shing – disse Vet o abraçando rapidamente,

- Tá brincando comigo – disse Karina ainda na mesa.

- Não acredito... ele tá vivo! – Comentou Liang sorrindo.

- Que? Quem é ele? Quem tá vivo? Só eu que não sei das coisas aqui... – Po cruzou os braços e os amigos riram de sua atitude infantil.

- Ele é Shing, era nosso informante – sussurrou Tigresa, já que ninguém no restaurante deveria ouvir – ele nos ajudou a descobrir as intenções de Anastásia.

- Aposto que ele é o informante secreto do Vet – comentou Víbora com a felina.

Depois de alguns minutos, Vet o trouxe para a mesa, não sem antes pedir ao garçom que levasse seus pedidos para o outro lugar.

Karina e Liang se levantaram para abraçar Shing que retribuiu feliz. Há quanto tempo não os via... que saudade sentiu.

Sentaram-se e ele se apresentou aos outros.

- Por onde andou? – Perguntou Karina – achamos que tinha morrido quando foi pra Rússia atrás de informações de novo...

- Eu me infiltrei no castelo e fiquei lá como trabalhador. Ela era uma vidente para o antigo rei. Fez de tudo até que conseguiu governar. Eu, que fui um confidente pra ela, pelo menos pra maioria das coisas, consegui um cargo de confiança e disse que precisava voltar para visitar minha família. Então, ela permitiu.

- Peraí, você era confidente? É por isso que sabe que ela voltou a agir... – raciocinou Liang.

- Exatamente. Só que ela me pediu que se vocês soubessem de algo, eu contasse a ela quando voltar. Ela ainda acha que vocês estão separados e que não sabem dos passos dela – tomou um gole do chá.

- É, ainda não estamos juntos.

- Percebi. Falta a... Kayla e o Carlengo. Onde vamos?

- Atrás dele primeiro.

- Mas temos que tomar cuidado com espiões dela – disse Karina – eles estavam rondando minha casa.

“Mal sabem que eu sou o espião que deveriam temer”, pensou Shing e ocultou um sorriso colocando o copo à frente do rosto.

Os amigos de Tigresa foram apresentados a ele e então, depois de pagar a conta, seguiriam viagem. Po reparou que ele era um tanto quieto, mas deu de ombros. Os outros nem se importaram, estavam lá para ajudar e nada mais, além do que, se ele era um aliado, era bem vindo. Mas Víbora... a serpente não gostou do modo como ele se comportava.

A linguagem corporal do felino não a agradava. Ela não sabia explicar, mas não lhe passava confiança, era como se fossem gestos... premeditados.

Ficaria de olho nele, não que quisesse que ele aprontasse alguma coisa, mas caso acontecesse, ela estaria lá para pará-lo.

Alguns dias se passaram até que o grupo chegou à Índia.

Aquele país era bem diferente. Muitas fêmeas com roupas coloridas e a forma com que elas se vestiam era bem diferente da China. As joias, o ouro e a simpatia que alguns demonstravam eram bem recebidos por nossos heróis.

O modo de vida deles também era diferente, as comidas e as divisões sociais. Todos queriam muito aproveitar para conhecer esses costumes, mas não era a hora. Talvez em outra ocasião.

Já era o meio da tarde e eles perguntaram a comerciantes se conheciam um tigre branco de olhos azuis que provavelmente trabalhava com música, indo pela linha de pensamento que Liang escondia seu verdadeiro ofício e paixão tocando seu instrumento preferido.

Alguns disseram que conheciam um tigre e queriam distância dele, especialmente os animais mais velhos diziam isso. Outros mandavam suas filhas saírem e perto para conversar com os estrangeiros.

Enquanto os outros furiosos e Po não entendiam o porquê disso, Liang e Karina faziam o máximo esforço para não rir. Já imaginavam o que isso significava.

Tigresa já pensava que assim que encontrassem o amigo, deveriam sair correndo dali.

Ninguém sabia exatamente onde ele morava, até que chegaram a um comerciante de tecidos. Ele era um tigre-de-bengala de meia idade com as roupas em tons claros de amarelo e os atendeu.

- Namastê, posso ajudar?

- Claro – disse Vet – apenas gostaríamos de saber se conhece um tigre branco de olhos azuis. Geralmente usa roupas chinesas, colete preto com prata e calças azul escuro. Seu nome é...

- Carlengo? – Interrompeu o comerciante deixando todos surpresos – claro que conheço, estou tentando acertar com ele o casamento com a minha filha.

- O que?! Casamento? Carlengo? – Perguntava Liang, que explodiu em risadas.

- Alguma coisa errada com casamento, senhor?

- Não, não, me desculpe. É que eu nunca pensei que ele iria se casar.

- Ele não quer, mas geralmente fica rondando minha filha mais velha, já a levou para sair sem que eu soubesse e os peguei numa praça. Se ele a quer, vai ter que casar. Sabe, fui abençoado com lindas meninas, mas é difícil criar sozinho. E eu não quis me casar de novo, talvez viessem só meninas...

- Entendo, senhor..., mas a gente só quer saber onde ele está – disse Víbora aproveitando uma pausa dele para impedi-lo de continuar com a história sobre sua vida – poderia nos dizer onde ele mora? – Perguntou ela gentilmente com um sorriso.

- Claro...

O comerciante lhes explicou o caminho e eles seguiram para lá.

Bateram à porta e ele não estava. Voltaram à loja e o tigre disse que era sempre assim. De dia ele sumia e em algumas noites ele aparecia em sua casa atrás da tigresa mais velha.

Ele ofereceu sua casa para que passassem o tempo que quisesse e antes que recusassem, ele explicou que para os indianos, ter uma visita em casa era uma honra, era servir ao deus pois era uma benção.

Eles aceitaram e foram se instalar na casa do tigre enquanto esperavam o amigo aparecer.

Não tiveram sucesso nos primeiros dois dias. No terceiro, saíram à noite deixando Shing com Víbora, Macaco e Louva-a-Deus. Garça sobrevoava o local próximo à casa de Carlengo quando viu uma confusão em um comércio próximo, ainda aberto, o que era estranho, naquela hora da noite.

Desceu para avisar os outros, que correram para lá. Era um bar ou algum posto de comida, repleto de machos e no momento em que chegaram, Carlengo se esquivava do soco de um lobo de pelagem castanho escuro com roupas azuis. Os outros apenas assistiam e alguns pediam que parassem.

- Aprenda a nunca mais mexer com nossas mulheres...

- Mas eu não fiz nada de mal, apenas elogiei o vestido, o véu e ela...

- Ah, seu...

- Ei, ei, ei... olha a boca – disse um segurando o agressor do tigre branco.

- Não posso deixar isso assim. Ele está sujando o nome da minha família com lama!

- Ainda bem que é lama, faz bem pra pele. Agora, você tá cortando a honra da sua família, tentando me bater... – ele se aproximou do lobo se arriscando a levar uma dentada e sussurrou suficientemente alto para que ele ouvisse – o que é bonito, é pra ser mostrado.

Recebeu um chute em cheio no estômago, o que o fez voar até os pés de Tigresa, que estava à frente do grupo com as patas nos quadris. Olhou para baixo e Carlengo olhou para ela.

Ele se levantou e a examinou de cima a baixo recebendo um grunhido sutil por parte dela.

- O que?

- Nossa, gatinha, está usando uma roupa bem ousada pra ser indiana, ein? O que acha de nós...

- Ou, pode parar por aí – disse Po se colocando entre eles – o que você acha que tá fazendo?

- Ai, não. Mais um macho ciumento... – sussurrou para si mesmo – olha, me desculpa tá, mas ela é linda e eu não aguento não falar quando vejo alguém assim – disse ainda sem perceber a presença dos outros.

- Você não lembra de mim?

- Como assim?

- Oi – disseram os outros tigres e o gato montês.

Carlengo abriu os olhos o máximo que podia. Ele havia feito a mesma coisa da qual se arrependeu há anos. Havia faltado com respeito à Tigresa, sim, agora, com seus amigos ali, lembrou que era ela.

Levou as patas à boca abafando um grito e deu alguns passos para trás.

- Me perdoa, Tigresa, não queria... eu não... eu não sabia que era você! Me desculpa.

- É bom se desculpar mesmo, porque ela tem namorado – disse Po encarando com um olhar firme.

- Agora podem me soltar – disse o lobo sorrindo – o garotão ali já se deu mal com o panda. Posso voltar pra casa em paz – se virou para sair.

- Cuidado, não deixa sua esposa muito tempo sozinha. Trabalhar demais é ruim...

- Pode até ser – se virou e encarou Carlengo –, mas trabalhando de menos, não tem dinheiro pra dar uma casa pra alguém – sorriu e foi embora.

- Hm, não preciso disso. E aí, pessoal? Tudo bem com vocês?

Depois de algumas conversas, o arrastaram Carlengo para a casa do comerciante, para que pudessem recolher suas coisas. O tigre branco ficou fora da casa esperando, não tinha a menor intenção de entrar e ver alguém que talvez fosse mesmo seu futuro sogro, se ele quisesse continuar vendo a filha dele.

Já na casa de Carlengo, resolveram conversar e dizer porque realmente estavam atrás dele. Se sentaram na cozinha enquanto Po fazia lanches para eles.

- Como você e a Ti se conheceram?

- Ti?

- Sim.

- Nossa, se alguém chamasse ela disso apanhava, até o Vet que era o mais próximo. Enfim, nasci em Veneza, na Itália. Fui o último deles a conhecer ela porque eu fui atrás de um imperador roubado e pedi ajuda. Foi daí que fizemos o grupo. Anastásia pegou até o rubi do imperador da Itália, e eu tive que ajudar. Era um soldado.

- Entendo...

- E acabei gostando muito mais da China e da Índia, mesmo que sinta falta da minha antiga casa.

Depois disso, os lanches estavam prontos e Po se sentou para que o grupo de tigres pudesse explicar a situação.

Assim que a história foi contada ele afirmou que iria com eles, mas deveria primeiro se despedir de alguém.

- Sei, sei... se amarrou, é? – Brincou Liang.

- Fica quieto, que se dependesse de você, já estaria amarrado com ela aí, ó – apontou para Karina, que arregalou os olhos e ficou sem graça.

- Ah, garotão, e você não ia fazer isso, né? Nem com ela nem com a Tigresa... tá certinho, você.

Em meio à discussão, Tigresa espalmou a testa com vergonha, Vet, Po e Víbora olhavam para ambos com uma sobrancelha levantada, enquanto os outros faziam apostas de quem iria bater em quem.

- Você vai deixar ele falar assim com você? – Louva-a-Deus queria ver alguma coisa acontecer.

Se poderia notar isso em seu sorrisinho malicioso.

- Quieto, ou! Não faça eles brigarem mais – repreendeu a serpente.

- Sempre foram assim, não se incomode – disse Shing com naturalidade – e não me surpreende que ainda sejam assim.

- Claro que tentaria namorar com elas, mas não pra sempre. Não sou doido. Muito menos com Tigresa...

- Ei! – Exclamaram a felina e Po em uníssono.

- Nem sei como é que o Vet conseguiu aguentar ela. Claro que com ele, ela era diferente...

- Pera, pera, pera... – interrompeu Po - o que foi? Vet e Tigresa? Tigresa, você mentiu pra mim!

- Acho que falei demais – sussurrou Carlengo

Os olhos verde jade de Po estavam direcionados à felina e pareciam tristes agora. Ela realmente o enganou? Como pôde? Mal sabia ele sobre como foi que eles estiveram juntos e nem que nessa época, foi quando ela começou a sentir que pertecia ao Vale da Paz e deveria voltar.

- Não, não menti pra você.

- Como não? Você me disse pra ficar tranquilo...

- Eu não disse que nunca tive nada, disse pra você não ligar pra isso... eu posso explicar o que aconteceu.

Os amigos de ambos queriam que a briga parasse, mas não poderiam intervir. É de Tigresa que estamos falando. A felina parecia calma e tentando convencer o panda, mas no fundo, ela estava tensa e com medo que ele não perdoasse uma coisa que, para ela, era apenas um detalhe que não importava.

Vet se levantou e foi até eles tentar ajudar. Grande erro.

- Deixa ela te dizer, cara. Não vai matar se a ouvir...

- Eu não quero falar com você – disse em um alto tom de voz e saiu.

Tigresa foi atrás dele.

Vet ficou em seu lugar e suspirou de olhos fechados. Os outros, ao sentir a tensão, despediram-se uns dos outros Carlengo mostrou os quartos. A casa era grande e cada um teria o seu, onde já estavam suas coisas.

Algumas outras pessoas moravam com Carlengo, eram seus protegidos e o ajudavam a arrumar a casa.

Os quartos eram enfeitados e na maioria das coisas estava a cor vermelha e em seguida o dourado. Desenhos de flores, traçados feitos à mão, tudo muito lindo e os guerreiros se maravilharam.

Mas todos eles estavam preocupados com o que aconteceria entre Po e Tigresa. Estavam ambos trancados no quarto do panda e nenhum deles estava a fim de tentar saber o que estava acontecendo.

Todos esperavam que tudo corresse bem e que pudesse continuar a missão dali por diante sem nenhum problema. Todos menos um, o espião da cobra que esperava apenas voltarem de uma vez para a China e pegar as joias. Tinha uma missão a cumprir.

Já imaginava que sua senhora estaria cada vez mais impaciente.