Dália

❀ Amendoeira ❀


A sensação que tive, ao vê-la proferir tais palavras, foi de total imersão. Lembrei-me das noites em que eu dormia no chão gélido. Não eram lembranças agradáveis. Nunca foram quando se tratam dos meus pais adotivos.

— O que você sente por Alice? — questionou vovó, assim que minha mãe foi se pendurar nos ombros de meu pai, bem longe de nós.

Minha avó era diferente; fazia-se uma ótima mãe na frente de Mary, mas sempre a censurava por suas palavras duras.

— Eu não sei... Alice é diferente. Ela nunca se aproveitou de mim. Sempre me deu espaço e nunca fez perguntas íntimas, porque sabia que eu me sentiria incomodada.

— É uma linda amizade, menina. Talvez seja uma linda paixão? Sente algo por ela?

— Não sei... Ela é especial. Mas meu coração não fica palpitando, não sinto as borboletas no estomago, como naqueles filmes. Só que... Eu sinto a falta dela, das conversas dela... dos olhares. Tudo.

Pensei em minhas próprias palavras; era realmente assim que eu me sentia perto de Alice? Isso era uma grande amizade?

— Jovens são confusos. Nunca sabem o que querem e nem como querem; mas querem agora. Seus sentimentos, uma hora ou outra, falarão mais alto. Acredite.