Duty, Love or War?- Interativa

Selecionadas da Ilha Esmeralda- A Chegada das Cartas


“A vida é maravilhosa se não se tem medo dela”

Charles Chaplin

Mikky Ekko- Smile

Cork, Irlanda

Olhos azuis claríssimos se arregalaram em puro deleite ao terminar de ler a carta segura em mãos levemente trêmulas, os lábios já sempre dispostos em um belo sorriso se esticaram ainda mais até que a jovem sentiu suas bochechas doerem, um sentimento de calor agradável tomando conta de seu interior. Fora escolhida. Estava oficialmente participando da Seleção pelo Príncipe Dimitri.

Maeve releu a carta pela segunda vez como se para ter certeza que não estava sonhando, que aquilo estava realmente acontecendo e que seus problemas estão finalmente indo para serem resolvidos, tudo por conta daquela bela carta- Ligeiramente rasgada por suas mãos ansiosas e atrapalhadas- em tons pastéis. A jovem irlandesa deixou que os ombros relaxassem e a certeza que aquilo era real se apoderasse de seu ser.

Estivera tão ansiosa desde que enviou o formulário de inscrição, sabia que garotas da Irlanda inteira fariam a mesma coisa, meninas bonitas, ricas ou os dois, que poderiam oferecer muito mais em relação à política do que alguém como ela não poderia sonhar, mas mantivera viva a esperança, se recusara a deixar os olhares duvidosos dos outros a desencorajarem, e daí que é uma mera professora para crianças deficientes? Que não pode dizer quem é seu pai, que é órfã de mãe? Desde quando essas coisas ditam suas chances em qualquer coisa? Sim, verdade seja dita Maeve não entende de política, não como aquelas jovens ricas entendem, não sabe nada sobre tratados e alianças internacionais além das poucas coisas que vê na televisão e que aprendeu nas aulas da escola que frequentou, mas se tem uma coisa que ela entende é o sofrimento do povo, do que eles precisam e isso é algo que ela sabe ser imutável, seja no coração de Dublin ou no extenso território da União.

Maeve riu sozinha em contentamento. Essa é a chance com a qual sempre sonhou, mas nunca realmente acreditou que teria, a chance de dar uma vida melhor as pessoas e ajuda-las em suas dificuldades mesmo que um pouco, de ter certeza que alguém se importa com os menos afortunados dentro do governo- Não que ela sinta qualquer coisa além de admiração pelos regentes, mas já ouviu fofocas sobre o que ocorre na União Russa e seu coração se aperta em simpatia. Sem falar que o dinheiro vai ser um bônus maravilhoso, pode não viver a beira da miséria quanto outros, mas tempos difíceis são mais comuns do que ela gostaria com seu salário de professora e o de bibliotecária de Maerie, a simples ideia de poder proporcionar maior conforto a sua irmã já lhe enche de felicidade.

Mas falando em sua irmã onde estaria ela? Um sorriso divertido tomou conta de seus lábios, claro Maerie com certeza está com Ailey, a modelo que conquistou o coração de sua irmã e se tornou uma de suas melhores amigas- Sinceramente Maeve não sabe dizer o que veio antes, o namoro ou a amizade, parece tão natural ver a irônica Ailey como parte da vida delas, sempre carinhosa com Maerie e repreendendo a própria Maeve por sua bondade extrema que decidiu que não importa no fim das contas- quase quicou de emoção ao imaginar a reação delas ao saber que entre tantas meninas ela foi selecionada. Rapidamente procurou seu celular, antigo e cheio de arranhões das muitas quedas que levou, e mandou uma mensagem a irmã, pedindo que esta trouxesse Ailey para jantar pois tinha uma ótima notícia para as duas, mas se recusando a contar o que é, deseja ver a expressão das duas pessoalmente.

Maeve olhou ao redor decidindo com o que pode se ocupar até a chegada das duas e avistou algumas coisas fora do lugar incluindo uma sacola de compras na mesa da cozinha. Não foi difícil tomar uma decisão no fim das contas, apenas guardou os livros que utilizara em sala no dia- Incluindo um que emprestara a um dos pais, sobre como lidar com a deficiência do filho, coisa que Maeve entende muito bem e talvez por isso seja tão boa em sua profissão, tem muita experiência com Maerie- e se dirigiu a cozinha. Não é nenhuma cozinheira de cinco estrelas, mas doces são suas especialidades e uma ocasião tão feliz merece algo como um bolo.

Com o rádio ligado Maeve começou a se mover pela cozinha, quem visse a normalmente atrapalhada garota cozinhando com certeza se espantaria com o cuidado que ela tinha em não desperdiçar nada, um sorriso brilhante ainda em seu rosto e o coração leve com esperanças de um futuro melhor e loucas imaginações. Mordeu o lábio inferior tentando ter uma ideia do que vai ser conviver não só com uma família real mas sim quatro, a pele clara corando com a ideia de um romance entre ela e o príncipe.

Aquela carta realmente veio para mudar sua vida, agora a jovem irlandesa só tem que rezar para tenha tomado à decisão certa. Às vezes mesmo a situação mais pacífica e boba pode revelar-se muito mais perigosa do que se pode pensar. Que Deus mantenha as sombras longe da gentil garota fazendo um bolo com um lindo sorriso feliz.

♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥

“Quando você pensa que conhece alguma coisa, você tem que olhar de outra forma. Mesmo que pareça bobo ou errado, você deve tentar!”

A Sociedade dos Poetas Mortos

Mumford and Sons feat Birdy - Learn me Right

Dublin, Irlanda

No momento em que Aileen chegou em sua casa, depois de um cansativo dia de trabalho na delegacia e um breve passeio com Maire, ela soube que alguma coisa tinha acontecido. Bom, não alguma coisa ruim já que apesar de toda sua família estar reunida na sala olhando para ela com expectativa ninguém estava chorando ou coisa parecida, mas o fato deles estarem todos juntos foi o suficiente para lançar um alerta em sua mente, não é qualquer coisinha que traz aquela expressão ao rosto das pessoas. Ver seus pais juntos não é nenhuma surpresa, eles são muito bem casados obrigada, e ter eles a esperando também não é lá muito surpreendente, mas o fato de Ewan estar com eles é um tanto incomum- É de conhecimento geral que ela e o irmão não são os melhores amigos do mundo. Mas antes que a jovem pudesse questioná-los- Ou analisa-los, é sempre tão mais fácil para ela conseguir respostas através da linguagem corporal- sua mãe aproximou-se dela e envolveu-a em um forte abraço só para então quebrar o silêncio:

—Aileen! Querida eu estou tão feliz por você, mal posso esperar para vê-la lá! Eu sabia que você tinha chances incríveis, além de linda é inteligente, não tem homem que resista a essa combinação. Oh imagine minha garotinha vivendo com a realeza, usando aqueles vestidos lindos, quem sabe mesmo se tornando uma rainha? Você pode imaginar isso Henrique? Nossa Aile como a rainha!

As palavras da mãe foram processadas com facilidade pela garota, mas demorou alguns segundo até que ela realmente entendesse o que a mulher estava implicando. Olhou para seu pai como se pedindo confirmação de suas suspeitas e o homem respondeu por erguer uma carta com o símbolo da família real irlandesa para que ela visse. Oh... Por alguns instantes a loira- Falsa como indicado pelas teimosas raízes castanhas, mas ainda loira- só conseguiu piscar e mecanicamente retribuir o abraço da progenitora a ideia do que aquela carta significa sendo absorvida por seu cérebro. Mas Aileen não é uma pessoa lenta e muito menos uma cabisbaixa por isso quando se soltou da mãe seus lábios se esticaram em um vivaz sorriso.

Fora selecionada! Dentre todas as irlandesas que se candidataram para a Seleção do príncipe norueguês ela fora aquela sorteada- Ou seja lá como tenha sido escolhida, pode ser otimista, mas não é boba- e agora está oficialmente na luta pelo coração do herdeiro. Bem, não que Aileen tenha exatamente se inscrito pela ideia de um casamento, pensara mais nos outros lados desse processo, viajar por nações diferentes, a chance de explorar castelos antigos, de frequentar festas de gala e conhecer a monarquia europeia cara e cara e mesmo conversar com eles, tudo lhe pareceu quase mágico demais para não se arriscar, mas talvez tenha mudado um pouco sua visão quando finalmente- Depois de longos dias praticamente stalkeando, como Marie lhe informara, os príncipes- ela escolhera seu pretendente, parece-lhe tão errado usar a única chance daquele garoto de ser feliz no matrimônio só para usar um vestido bonito e conversar com duques e duquesas- E se tem uma coisa que Aileen tem, além de teimosia claro, é senso de justiça- que isso a motivou a procurar mais sobre ele e quanto mais descobria mais intrigada se tornou, talvez, só talvez, Aileen esteja indo para essa competição com o coração do príncipe em mente:

—Bom eu fico feliz que você esteja interessada no príncipe como pessoa Aile, mas sinceramente tinha que escolher o mais problemático? Porque não me escutou e escolheu o príncipe Patrick? Ele parece ser um moço tão bom, com certeza vai ser mais fácil de conquistar- Sua mãe comentou arrastando-a para a sala onde seu pai já a esperava com os braços prontos para um abraço.

—Eu estava falando em voz alta de novo não estava?- Perguntou retoricamente enterrando a cabeça no peito do pai, uma das vantagens de ser baixinha, os ombros sacudindo com uma risada mal contida- Eu vou ter que me controlar melhor no palácio, imagina se eu começo a pensar em alguma idiotice e falo perto de algum rei ou rainha? A vergonha me mataria!

Seu pai riu junto com ela e a mãe fez um som de exaspero em algum lugar a sua esquerda, mas soou diferente dos costumeiros suspiros de dona Shailenne Norway- O tipo que dizem “Pelos céus, você percebe o que acabou de fazer-dizer? -, aparentemente o fato de Aileen ter sido selecionada realmente melhorou o humor da normalmente mal-humorada mulher. A garota propositalmente decidiu não responder a repreensão materna quanto a sua escolha de príncipe, não é a primeira vez que a ouve e agora não tem nem o que responder, o que foi feito está feito por bem ou por mal. Sem falar que a irlandesa não está muito certa que o príncipe Patrick vai ser fácil de conquistar, pelo que dizem ele ainda está de luto pela namorada e mesmo não sendo familiar com a perda a garota sabe que se ele não superou até agora não vão ser cinco garotas que farão o sentimento desaparecer de uma hora para outra.

Afastou-se de seu pai ainda sorrindo imensamente, sua mente já viajando e montando uma lista das coisas que quer ver enquanto estiver em Londres- Se perguntou se elas vão ter alguma chance de conhecer a cidade- e das coisas que quer saber sobre os demais reinos. Mal pode esperar para contar a novidade para Evolet, sua amiga de infância e Marie, que além de sua amiga é sua empregadora, mesmo tendo uma boa ideia de como cada uma vai reagir ainda quer presenciar mesmo que só para provar-se estar certa. Foi retirada de suas reflexões por uma tosse forçada:

—Parabéns Aileen, eu sei o quanto você quer participar de tudo isso, espero que a Seleção viva as suas expectativas.

O sorriso que Ewan lhe dirigiu depois de falar foi completamente honesto e Aile se viu sorrindo ainda mais, eles são irmãos no fim das contas, podem não ser próximos como outros e terem algumas brigas feias de tempos em tempos, mas saber que tem o apoio dele importa para ela, saber que ele também acredita que tem chances de ganhar.

Apesar do cansativo dia na delegacia Aileen se sente totalmente revigorada conforme segue sua mãe até a cozinha onde aparentemente eles prepararam uma mini-festa- Com direito a convidar suas amigas, que apesar de não saberem o motivo já devem estar chegando- para comemorarem a boa notícia. Qualquer pensamento negativo, qualquer dúvida ou medo que a Seleção lhe provoca empurrado para o fundo de sua mente, pelo menos por hora, em favor de só aproveitar o clima de excitação e de um novo mundo abrindo as portas especificamente para ela.

♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥

“Você pode enganar o mundo, mas não sua irmã”.

Charlotte Gray

Fall Out Boy- Immortals

Galway, Irlanda

Quando Mirela chegou em casa ela encontrou sua irmã sentada a mesa da cozinha encarando uma carta como se o papel tivesse a ofendido pessoalmente. Isso é claro despertou seu interesse, Brenda é a seriedade em forma humana e isso inclui ser incrivelmente racional- Ela nem é do tipo que xinga a quina da cama quando bate o dedinho!- o que por sua vez significa que Brenda não encara objetos inanimados daquele jeito. O que quer que aquele papel contenha é importante. Então é lógico que a primeira coisa que Mirela fez quando se aproximou de sua irmãzinha foi pegar a carta e começar a lê-la:

—Mirela!- A mais nova pulou em susto com a aparição surpresa da outra- Quantas vezes eu tenho que falar para não chegar desse jeito? Assim você me mata do coração.

Mas a mais velha nem a ouviu direito, toda sua atenção focada em ler os dizeres da carta com uma animação que poucos são capazes de ver fora a família e amigos íntimos. Assim que o terminou envolveu a irmã ainda sentada em um abraço- Desconfortável e estranho dado o modo como se encontravam- talvez mais apertado do que deveria, um imenso sorriso enérgico tomando conta de seus lábios, de repente entendeu perfeitamente a aparente raiva- Que não é raiva coisa nenhuma- de sua querida irmã. Brenda fora aceita na Seleção:

—Nós entramos! Não é maravilhoso Brenda? Duas irmãs para a Seleção de dois irmãos, quais são as chances disso acontecer? As cartas chegaram hoje mais cedo, quando você estava na faculdade, eu peguei a minha é claro, não podia esperar para ver o que estava lá dentro, mas resolvi deixar a sua, eu só queria ter visto sua cara quando a achou! Vamos, não é uma notícia maravilhosa? Imagina conhecer os palácios e...

—Espera- Brenda cortou a outra antes que esta continuasse tagarelando, já muito acostumada com as maneiras da irmã- Como assim “nós”?

—Nós como em nós duas é claro- Mirela replicou revirando os olhos e soltando a irmã para colocar as mãos na cintura- Ou você acha que foi a única escolhida? Eu entrei também!

A mais jovem piscou em silencio por alguns instantes, processando exatamente o que as palavras de sua irmã querem dizer, mas assim que as entendeu uma expressão estranha se apoderou de seu rosto, um misto de alivio e desagrado. Sinceramente Brenda não sabe dizer se a notícia que sua irmã também entrou é boa ou não, por um lado é reconfortante saber que Mirela vai estar ao seu lado nessa experiência tão inusitada- A qual ela nem pretendia se inscrever vale lembrar, amaldiçoado seja seu imenso fraco pelos olhos pidões de sua irmã e de Ronan-, mas por outro estamos falando de Mirela quem sabe o que ela vai aprontar perto das família reais? Ao ver que a dita garota ainda esperava uma resposta deixou um suspiro sofrido escapar, mas replicou de modo positivo:

—Sim, sim é uma boa notícia. Estou feliz por nós duas termos sidos selecionadas, se eu fosse e você ficasse é capaz que Lana tivesse um ataque, e te conhecendo se você fosse e eu não o pobre príncipe Patrick acabaria tomando um banho de água benta na primeira semana.

—Mas ele é um vampiro! Você tem que acreditar em mim!- Replicou a mais velha soando quase ofendida e cruzando os braços- E não precisa ser água benta, ver se ele tem reflexo pode ser o suficiente!

Brenda encarou o teto de gesso da cozinha como sempre ignorando a louca teoria de sua irmã, já sabe muito bem que tentar argumentar com Mirela é pura perda de tempo- E só talvez ela ache engraçado a ideia da irmã e o fervor com o qual a defende. Honestamente, ela, na Seleção? O universo claramente está zombando de si. E não qualquer Seleção ainda, a Seleção para o Príncipe Anthony, reconhecidamente o mais extrovertido e despreocupado dos cinco, basicamente tudo que Brenda não é. Fora, é claro, ideia de Mirela que se inscrevesse para ele, segundo a ruiva mais velha seria a oportunidade perfeita para Brenda aprender a aproveitar a vida e se soltar de uma vez. Ela aceitou acreditando serem pequenas demais as chances de ser escolhida e assim não teria nenhuma ameaça real. Então a bela carta chegou como um tapa na cara.

Pelo menos a carta em si é bonita. Papel em tom róseo, mais grosso que folhas comuns, envelope com detalhes floridos nas laterais num tom de azul escuro e dizeres em letra cursiva verde grama- As cores da família real O’Hare é claro- e o papel dentro é similar apenas com as cores invertidas, dizeres em azul e os floreios em verde. Gostou do fato da carta ter sido escrita a mão, apesar dos dizeres serem claramente genéricos esse pequeno fato passa uma impressão mais acolhedora digamos assim, contém tudo que ela vai precisar para se preparar, os óbvios parabéns, algumas informações que a TV já transmitiu e regras básicas, e o mais importante a data e horário de partida do avião que elas deverão tomar para Londres, daqui a apenas uma semana. Brenda perguntou-se brevemente como serão as demais selecionadas, se alguma delas está em uma situação parecida com a sua.

Mirela por sua vez deixou que Brenda se perdesse em pensamentos e assim chegasse a conclusão de que a Seleção é uma boa coisa para elas. É uma chance única para ambas, Seleções não são comuns na Europa e na Ásia, casamentos são feitos para selar alianças ou apazigar conflitos e com certeza não envolvem plebeias por isso quando a notícia apareceu na mídia ela ficou incrivelmente excitada com a ideia de viver aquilo. Os pontos negativos e perigosos de tudo isso, em seus olhos, não conseguem apagar os pontos interessantes e favoráveis- Não importa o que Brenda argumente, ou o que sua tia reclame. Sem falar que Mirela sempre nutriu uma certa curiosidade para com o príncipe Edmund, está curiosa para saber que tipo de pessoa ele é afinal a mídia ou o descreve como o príncipe perfeito ou como um inventor maluco.

As duas irmãs se encaram por fim, Mirela ainda sorrindo brilhantemente e animada o suficiente pelas duas, Brenda mais hesitante em seu sorriso e com a mente a mil por hora. Mas não importa o que aconteça dali para frente, elas estarão juntas e sempre prontas para apoiar uma a outra como sempre, afinal é para isso que servem as irmãs.

♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥

“Só posso saber quem eu sou, assim que conhecer todo o lugar onde eu vivo”

Avril Lavigne- Hello Kitty

Carlow, Irlanda

Berg deixou-se cair em sua cama assim que adentrou seu simples, mas de bom gosto, quarto todo em tons de rosa e outras cores alegres que condizem perfeitamente com sua natureza infantil. Nem se importou com as bagunças que se espalham pelos cantos- Uma pilha de roupas sujas no canto, uns papéis descartados ao redor do lixo que ela ficara com preguiça demais de pegar e afins, a jovem de cabelos descoloridos é a primeira a admitir que organização não é seu ponto mais forte- Nem coordenação na verdade. Mas aquilo tem ainda menos importância para Berg que o normal.

A carta de aceitação da Seleção chegara naquela manhã, antes mesmo da garota acordar, e fora recebida por sua madrasta que lhe entregara o objeto durante o café com um sorriso hesitante e um parabéns falso- Ou pelo menos foi assim que soou aos ouvidos da jovem- e desde aquele momento está em êxtase completo, o tipo de felicidade que te dá vontade de sair gritando e abraçando estranhos na rua- O que ela nunca vai fazer que fique claro, Berg pode ser sim impulsiva, mas é tímida demais para tal ação.

Estava mantendo viva a esperança de ser aceita é claro, mas uma parte mínima de sua mente recusava-se a esquecer que em fato Berg tinha menos chances de ser aceita que a maioria das garotas que escolheu inscrever-se. Tudo por conta de sua dupla nacionalidade é claro, ela pode estar vivendo na Irlanda a mais de 15 anos e sinceramente considera o país europeu como sua verdadeira casa, mas é impossível esquecer que Berg nasceu no Japão e lá viveu os primeiros cinco anos de sua vida até o casamento do pai com uma irlandesa e a consequente mudança da nova família. Por isso estar em posse daquela carta é um evento tão maravilhoso em seus olhos.

Berg não se lembra corretamente do Japão ou da mãe que deixou para trás, a Irlanda vem sendo sua casa a muito tempo e ela gosta de pensar que foi o destino que a fez morar ali- Bom, não é exatamente fã dos meios que levaram a isso, mas poderia ter sido pior- e ser selecionada é como um tipo de aceitação suprema do governo que sim aquele é seu lugar, ela pertence e é aceita ali, o que para uma jovem como ela vale muito mais do que se imagina.

Não é como se a jovem japonesa tivesse realmente a ambição de se tornar a rainha do príncipe Patrick, não se pode imaginar nesse papel se for realmente honesta, parece haver tantas responsabilidades, tantas restrições e no geral tantas coisas que parecem ter sido feitas para sufocá-la e aprisioná-la que Berg nem mesmo tem vontade de ganhar, mas ela quer sim conhecer lugares novos, viajar por castelos deslumbrantes e conhecer todo tipo de pessoa diferente e interessante e mesmo que esteja fazendo isso durante suas inúmeras viagens, estar na Seleção é simplesmente diferente, o tipo de experiência que Berg não pode se imaginar perdendo por nada no mundo.

Um sorriso ainda maior se apoderou de seus lábios conforme sua mente lhe proporcionou com inúmeras imagens dos castelos disponíveis na internet, já se imaginando andando pelos velhos corredores, explorando seus cantos escondidos e afins. Realmente ela está em um estado de êxtase. O futuro lhe parece extremamente brilhante.