Duty, Love or War?- Interativa

Os Herdeiros- A Noite é Uma Criança


“Tudo em nós é esse encontro; do primeiro passo à dança mais completa."

Marla de Queiroz

Chopin - Nocturne op.9 No.2

Dimitri respirou fundo e arrumou a gravata pela vigésima vez consecutiva mesmo tendo total noção de que não tem nada para ser ajeitado, é um tique nervoso dos mais óbvios possíveis e não faz coisa alguma para apagar o nervosismo que pesa em seus ombros, não apenas pelas palavras do pai mas também pela magnitude de tudo aquilo que lhe rodeia, uma coisa é estar em um baile em sua própria casa na segurança de Moscou- E esses já são desconfortáveis- outra totalmente diferente é estar num baile em Londres onde os olhos de todos estão fixos nele. E Dimitri não vai nem começar a falar sobre conhecer suas selecionadas e a pressão que aquilo é, não sabe por onde começar uma conversa casual então optou pela opção mais simples- Começar pela selecionada de sua pátria.

Se aproximou da selecionada morena com calma deliberada e tocou-a no ombro suavemente, Maryia se virou rápido com olhos arregalados e expressão surpresa e Dimitri se afastou rapidamente uma expressão apolégica tomando suas feições ao reparar que havia genuinamente assustado a garota, já sentindo-se culpado mesmo sem entender exatamente o que tinha causado essa reação:

—Sinto muito senhorita, não foi minha intenção lhe assustar deveria ter anunciado minha presença de outro modo.

—Não precisa se desculpar alteza- Ela inclinou a cabeça respeitosamente se recuperando com rapidez- Não foi nada demais, eu estava apenas distraída nada para se preocupar. E é, aliás, um prazer finalmente conhece-lo alteza.

—Fico aliviado em saber disso, realmente me perdoe não foi por querer- Permitiu um rápido e aliviado sorriso a ela- É um prazer para mim também, senhorita Maryia estou correto?

—Sim, e tudo bem alteza, acredito em sua palavra- Maryia afirmou em um tom gentil- É que é tudo tão novo que não estou prestando tanta atenção ao que acontece ao meu redor.

—Sua primeira vez entre a nobreza eu presumo, é totalmente normal. O que vem achando da Inglaterra e de sua estadia aqui?

—Sim- Ela dirigiu-lhe um pequeno sorriso, mas não olhou-o nos olhos- Pelo pouco que pude ver é um lugar muito bonito e as acomodações são bem confortáveis, mas bem diferente do que estou acostumada.

—Espero que um bom tipo de diferente- Dimitri afirmou ainda sorrindo levemente para ela- Seria muito melhor se todas as selecionadas fossem capazes de se sentir confortáveis durante a Seleção.

—É muito gentil de sua parte alteza. E eu espero que tenhamos a chance de nos conhecermos melhor, é um bom pouco de familiaridade por aqui.

—A Inglaterra tem um charme inegável, mas um pouco de familiaridade é sempre bem-vindo com certeza, as diferenças entre aqui e Moscou são muitas para serem contadas. Se me permite mudar de assunto e fazer uma pergunta pessoal não pude deixar de notar que seu sotaque é diferente, não é da Rússia senhorita?

—Não alteza, sou de Kiev mas é provável que tenha um sotaque sérvio, passei alguns anos da minha adolescência lá- A selecionada admitiu e seu sorriso tomou uma borda de algo que Dimitri não pode reconhecer

—Mesmo? Eu ouvi que é um país adorável apesar da fraca economia, faz muito tempo desde que retornou?

—Mais ou menos um ano, quando terminei meus estudos não tinha razão para continuar lá. Mas é um ótimo lugar realmente, pode ser complicado e a saudade de Kiev foi bem forte nos primeiros anos, mas não foi uma experiência terrível. Já teve o prazer de ir para lá alteza?

—Não, infelizmente não- Dimitri admitiu com pesar- Sempre tive vontade, mas as oportunidades sempre faltaram. Normalmente são enviados sérvios que vão para a União e não vice-versa.

—Entendo- A garota assentiu pensativa- A vida de um herdeiro deve ser realmente corrida, mas não se preocupe alteza, tenho certeza que muitas oportunidades ainda vão lhe surgir.

—Assim também espero senhorita- Um sorriso quase melancólico tomou conta dos seus lábios, mas ele se recusou a pensar em assuntos assim justo agora- Obrigado.

—Não tem pelo que agradecer alteza- Ela inclinou a cabeça novamente e sorriu um pouco mais amplamente- É um prazer estar tendo uma conversa tão casual, a incerteza estava me matando.

—Fico muito feliz em saber- A honestidade em sua voz foi palpável- Tenho que confessar que não sabia como me aproximar da senhorita, não é todo dia que sou confrontado com uma situação assim. Até hoje nunca tinha pensado na parte do matrimônio de ser um herdeiro.

—Pois acho que está indo muito bem alteza. Realmente? - Ela arqueou as sobrancelhas- Nunca pensou no tipo de garota com quem quer dividir seu futuro alteza?

—Não, acho que nunca parei para pensar nisso- Ele riu encabulado- O assunto nunca surgiu até agora e não posso dizer que tenho muito contato com o sexo oposto para pensar nisso, acho que estou mais nervoso que as selecionadas.

Maryia hesitou um instante antes de estender a mão e apertar a dele suavemente e por um curto momento, mas quando Dimitri a olhou surpreso e sorriu- Porque honestamente quanto tempo faz desde que alguém foi tão gentil com ele assim? Sem pedir favores, sem esperar nada em troca? Quanto tempo que alguém fora seus pais lhe tocou? – a expressão dela relaxou e um pequeno sorriso se alojou em seus lábios. Mas Dimitri não podia entender porque ela não o olhava nos olhos, certamente não era por timidez ou receio, estava deixando-o levemente ansioso porém comprimiu os lábios e não falou nada afinal já tinha assustado a moça antes não deveria se intrometer em assuntos pessoais.

E conforme a conversa continuou o príncipe sentiu-se aliviado e surpreso ao perceber o quão fácil é conversar com Maryia, ela manteve os olhos abaixados é verdade mas tinha facilidade em continuar os assuntos e fazê-lo se sentir confortável de um modo que não tinha experimentado antes. Se Dimitri não fosse tão desacostumado a interações sociais ele teria reparado que apesar das muitas perguntas feitas ele foi aquele que mais revelou aspectos íntimos.

Mas se o herdeiro russo é uma pilha de nervos e emoções conflitantes então Patrick é o seu exato oposto, ele tem um objetivo em mente e suas emoções estão todas bem controladas e guardadas no fundo do peito, é o retrato do herdeiro que todos esperam que seja e com uma habilidade surpreendente fora capaz de falar com duas de suas selecionadas e encantar a ambas com gentileza diplomática e quase fria. Não passa de uma fachada, Patrick já sabe qual garota vai convidar para sair e sua escolha não tem a menor motivação romântica ou sentimental, é um estratégia política tornada algo agradável, mas por questão de educação e diplomacia ele sabe que é melhor deixar a impressão eu só fez sua escolha após falar com todas as selecionadas- Dica de Ian, não era para ser aplicada nessa situação mas o ruivo sempre foi bom em adaptar-se- por isso se aproximou da selecionada russa que conversava com uma das outras selecionadas e chamou sua atenção:

— Com licença senhorita, será que posso ter um minuto da sua atenção?

—Claro alteza! - A jovem respondeu rapidamente e se despediu da outra rapidamente- Fico honrada em conhece-lo pessoalmente.

—É um prazer para mim também- Inclinou a cabeça em cumprimento- Senhorita Nikolaevna certo? Pronunciei corretamente?

—Sim alteza e sua pronuncia foi muito boa para um estrangeiro- Ela riu na sua direção de um modo doce- Está tudo bem com o senhor, aproveitando o baile?

—Não seria eu que deveria lhe perguntar isso senhorita? - Questionou com quase divertimento na voz- Mas sim estou muito bem e o baile está sendo muito proveitoso até agora. E como a noite está sendo para a senhorita?

—Fantástica, mas ao mesmo tempo muito estranha vossa alteza. Não estou acostumada a ser uma convidada, normalmente sou eu que estou servindo a realeza ao invés de falando com ela.

—Ah entendo, trabalha como criada então senhorita? – Não havia malícia em sua voz, só curiosidade- Deve ter a chance de conhecer muitos tipos de pessoas então eu suponho.

—Sim, mas acho que essa não é uma vantagem que eu tenho vossa alteza, meus chefes vivem isolados e é raro que tenhamos muitos convidados então é algo bem solitário e monótono as vezes e as notícias demoram para chegar- Ela balançou a cabeça parecendo quase triste e Patrick se arrependeu da pergunta mas logo um sorriso lhe coloria os lábios novamente- E o senhor alteza? Como príncipe deve conhecer muito mais pessoas do que eu.

—Sinto muito- O ruivo inclinou a cabeça novamente antes de prosseguir- A vida de príncipe é bem menos emocionante do que parece senhorita então vou ter que repetir suas palavras, na maior parte das vezes só tenho a oportunidade de falar sobre política. Mas as viagens são interessantes.

—Então também sinto muito vossa alteza- A ruiva afirmou com um sorriso empático- Tenho certeza que devem ser, se só vir da Ucrânia para Londres foi uma experiência maravilhosa, viajar mais deve ser fascinante!

—Não acho que é do tipo que sai muito – Patrick comentou com um arquear de sobrancelhas- Não posso me imaginar vivendo assim, gosto da liberdade de viajar.

—Não é fácil- Nikolaevna concordou- Mas eu tenho minha família então as coisas são melhores, mas eu estou amando ver tantas coisas novas e conhecer tanta gente diferente, a Seleção foi uma das melhores coisas que me aconteceu.

—Fico muito feliz em saber disso- Patrick sorriu levemente para ela- Espero que continue apreciando a Seleção tanto assim e se precisar de alguma coisa por favor me avise, seria um prazer lhe auxiliar senhorita.

—Certo, podemos começar por isso vossa alteza? Me chame de Nikolaevna por favor, é muito estranho ser tratada com essa formalidade vossa alteza- Ela alargou o sorriso um tanto encabulada

—Oh claro se é isso que deseja- O príncipe concordou- Mas não tem problema nenhum te tratar com a formalidade adequada.

Patrick esperou a resposta da garota com seriedade, mas ela manteve-se firme na decisão e o príncipe até que pode entende-la e seu desejo, é incrivelmente frustrante ser sempre tratado com formalidades e títulos. Passa uma sensação de completo distanciamento de todos os outros, te coloca em um patamar elevado acima dos outros e impossibilita qualquer chance de um relacionamento mais íntimo.

Patrick se lembra de como demorou para Ian trata-lo sem formalidades e apenas como um primo, os primeiros meses de estranhamento e do rapaz agindo como se não tivesse permissão de se aproximar dele por ser só um plebeu adotado e imagina como não deve ser para essas cinco garotas tentar conhecer uma pessoa sem ter a liberdade de falar livremente, como não deve ser para Nikolaevna acostumada a trabalhar para nobres e percebeu que não pode nem imaginar o desconforto. Estava prestes a falar algo- Impulsivamente, totalmente sem sentido e apressado, um ato do rapaz que gostava de andar de skate pelos corredores do palácio e roubar beijos de uma garota sardenta- quando a russa falou novamente:

—É o que desejo vossa alteza, me sentiria mais confortável com o senhor dessa forma, afinal nós devemos tentar nos conhecer melhor não é mesmo?

—Então se esse é o caso me chame somente por Patrick- Afirmou antes que mudasse de ideia- Se a intenção é nos conhecermos e nos tornarmos íntimos então é melhor começar por aí.

—Mas senhor... Não é adequado- Nikolaevna protestou franzindo as sobrancelhas

—Não importa- Decidiu com um sorriso lhe tomando os lábios- Eu acho completamente adequado e se outros não acharem... Bem vamos quebrar um pouco as regras então. E nada disso de senhor também Nikolaevna.

—O senhor... Você tem certeza disso príncipe? - A ruiva questionou de novo e quando ele assentiu ela suspirou profundamente- Certo, eu acho que posso fazer isso.

—Ótimo, acho que assim as coisas vão ser mais fáceis entre nós não concorda? Então como propões que nos conheçamos?

—Não sei- Ela riu balançando a cabeça- Não é todo dia que eu me encontro cara a cara com um príncipe que me pede para que eu o chame só pelo nome e que pode se tornar meu marido, tem alguma ideia alteza... Certo, certo Patrick.

—Não é todo dia que isso acontece comigo também- Seu sorriso sumiu porque Patrick nunca pensou que precisaria procurar uma esposa mas sua expressão melancólica sumiu rápido porque essa não é hora de pensar nisso- Mas o que acha de um jogo de perguntas? Minha prima adora-os.

—Eu acho que é uma boa ideia Patrick- Ela franziu o nariz ao falar seu nome, mas logo lhe sorriu brilhantemente- O senhor começa.

E enquanto a conversa fluía e Nikolaevna mantinha um sorriso doce e expressões tão vivas e honestas de um modo que ele não vê a tanto tempo Patrick sentiu um bom tipo de calor se espalhando por seu peito, um sorriso pequeno mas honesto tomando conta de seus lábios de maneira totalmente espontânea. E ele quase se arrependeu de sua decisão anterior, quase mudou totalmente de ideia e convidou essa criada russa de olhos risonhos para um encontro ao invés da nobre inglesa, mas afogou essa ideia tentando pensar logicamente, pensar como um futuro rei. Sentimentos não movem o mundo, alianças políticas sim.

E por ter um pensamento similar é que Alberich já pode sentir uma enxaqueca se aproximando, primeiramente ele já não gosta de bailes incrivelmente lotados como esse especialmente não quando é o centro da atenção dos convidados, mas isso é algo que não pode ser evitado e com o qual ele sabe lidar, mas ele ainda não entende como alguém decidiu que 17 anos é uma boa idade mínima. Resistiu a vontade de esfregar o rosto e demonstrar claro incomodo e no lugar massageou as têmporas e se lembrou que deve ao menos passar uma imagem de cordialidade para os demais:

—Com licença alteza- Uma voz feminina interrompeu seus pensamentos- Está tudo bem com o senhor?

—O quê? – Piscou algumas vezes e encarou a garota a sua frente- Ah sim, sim está tudo bem. Senhorita... Bianca não é? Da Irlanda do Norte?

—Exatamente alteza- Ela lhe dirigiu um tímido sorriso e desviou os olhos- Fico aliviada, se me permite dizer parecia estar um tanto abalado e estressado, me perdoe se estou me impondo.

—Não tem problema nenhum- Assegurou-a encolhendo os ombros- Na verdade eu iria procura-la de qualquer modo, se importa de conversarmos agora?

—Claro que não alteza, é um prazer conhece-lo. Tem algo que posso fazer para ajudá-lo?

— O prazer é todo meu- Ele quase sorriu com a oferta dela, mas controlou a expressão e somente negou com a cabeça- Não, temo que não há nada que nenhum de nós possa fazer, mas obrigado pela oferta senhorita e não se preocupe não é nada demais.

Porque Bianca de certa forma já está lhe ajudando simplesmente por não ter malditos 17 anos. Alberich sabe que é uma coisa banal com o qual se importar e que a diferença de idade não é algo monstruoso- Já viu casamentos arranjados com até 10 anos de diferença entre os noivos, alianças políticas não levam tais detalhes em consideração-, mas existe algo de incrivelmente desconfortável em cortejar uma garota que tem a mesma idade que sua irmã mais nova e consequentemente não pode nem mesmo se casar sem receber a permissão de seus guardiões em seu país- O que muito raramente acontece. Mas a oferta de Bianca, sincera e hesitante como foi, melhorou um pouco a expressão de desagrado em seu rosto:

—Se o senhor diz- Ela inclinou a cabeça em reconhecimento e mordeu o lábio inferior como se incerta

—Espero que esteja tendo uma boa noite senhorita- Uma melhor que a minha ele completou mentalmente ao ver o desconforto dela com o silêncio mas sem saber muito bem como prosseguir também

—Sim, até agora a Seleção está sendo muito boa comigo- O sorriso dela se alargou dando-lhe um ar mais juvenil e vivo- Já tive até a chance de fazer algumas amizades, não esperava que fosse ser assim tão fácil como dizem os livros.

—Fico muito feliz em saber disso senhorita, espero que continue com sua boa opinião- Afirmou com sinceridade- Pelo modo que falou posso assumir que gosta de literatura?

—Adoro, gosto principalmente de estudar as antigas tradições de meu país e as lendas folclóricas. É incrível quanta coisa sobreviveu depois das últimas guerras mundiais e nem consigo pensar em quantas foram perdidas para sempre, é quase triste. E o senhor alteza? Também gosta?

—Sim, muito em fato- Ele deu um mínimo sorriso, mal um levantar dos lábios antes de prosseguir- Tenho que concordar com você senhorita, também gosto de ler sobre os antigos contos e folclores mundiais, não nego meu apreço pela mitologia de meu país mas admito que os mitos gregos e romanos tem um charme inegável. Não acho que conheço muito sobre a Irlanda do Norte entretanto.

—É fácil esquecer de nós quando se tem a cultura inglesa tão próxima e muito é compartilhado pela Irlanda, especialmente os contos mais antigos- Bianca balançou a cabeça e quando falou tinha um claro orgulho na voz- Mas se tiver interesse eu fortemente recomendo alteza, temos algumas lendas muito interessantes. Ah não tive muitas oportunidades de entrar em contato com a mitologia nórdica, mas em minhas lições de latim tive contato com mitos romanos fascinantes, eles realmente eram bem criativos!

—Vou seguir seu conselho então senhorita, talvez tenha algo para me indicar? Certamente seria mais fácil saber por onde começar. Os mitos nórdicos são fascinantes e os deuses assim como os gregos mostram características muito humanas se não se importar com um certo drama e perda tenho certeza que gostaria. Sabe latim senhorita? Não é uma língua muito comum.

—Eu estou aprendendo, não sou fluente ainda mas estou perto- Ela corou parecendo incerta por um momento, mas logo sua expressão voltou para algo mais contido- Eu tenho algumas indicações de livros específicos que talvez lhe agradem alteza e adoraria receber algumas indicações sobre como me aprofundar em mitologia nórdica se não for incômodo.

—Ouvi dizer que é uma linguagem difícil, tenho um amigo fluente em latim- Comentou relaxando um pouco os ombros- Sim isso seria perfeito, obrigado, e não é incômodo nenhum senhorita, se desejar alguma coisa por favor não hesite em me informar.

—Claro, vou manter isso em mente alteza- Ela corou novamente mas olhou em seus olhos tempo suficiente para que ele visse mais claramente o sorriso em seus lábios- Mas me pergunto se vou ter a oportunidade de ler alguma coisa na correria que a Seleção parece ser ou se vou achar os livros.

—Pode parecer tumultuado, mas eu garanto que é apenas porque é nova para isso tudo, depois de um tempo é provável que se acostume e encontre mais facilidade em conciliar passatempos e deveres não se preocupe com isso- Ele aconselhou antes de completar pensativo- A biblioteca inglesa me parece ser bem extensa e completa tenho certeza que alguma coisa lá pode interessa-la.

—Nós vamos ter permissão para explora-la? - O rosto da garota se iluminou- Livremente?

—Claro- Ele achou a reação dela e balançou a cabeça para espantar o sorriso que ameaçava surgir- Suponho que com exceção do último andar todos os outros estão liberados para exploração e qualquer coisa eu não me importaria de acompanha-la senhorita. Se desejar é claro.

O que ficou implícito na frase dele e talvez algo em sua expressão fez com que Bianca o encarasse diretamente pelo período mais longo desde que se encontraram. Alberich perguntou-se o que ela pensa dele, se estava esperando alguém melhor- Provavelmente sim decidiu, alguém que pudesse ao menos propriamente sorrir para ela do jeito que ele raramente faz para qualquer um que não sua irmã e Julia, nem mesmo Phillipe está acostumado a ver seus sorrisos- ou se ele está ao menos causando uma impressão decente e não arruinando tudo completamente- E nem quer pensar no que foi com Elizabeth, só de lembrar da expressão dela ao perceber que ele não se recordava dela já sente vontade de massagear as têmporas, não quer repetir isso com Bianca que parece ser uma jovem tão delicada e tímida:

—Eu iria adorar alteza.

E o sorriso que acompanhou a afirmação dela deu ao príncipe a esperança de realmente ter feito alguma coisa certa. Sentimento este que não é compartilhado por todos os outros príncipes.

Anthony suspirou profundamente e resistiu à vontade de grunhir em pura frustração- Porque tal ação não é digna de um príncipe, especialmente não um príncipe que está em público que deveria estar conhecendo suas selecionadas- e stress. Ele ainda nutria esperanças de que a Seleção não ia ser tão ruim, afinal que demais tem em ter cinco garotas competindo por seu coração e coroa? Devia ser simples, mas não, claro que não porque nada que envolva política pode ser simples ao que parece. Passou as mãos pelos cabelos incomodado e deixou os olhos vagarem pelo salão nem notando a figura feminina se aproximando:

—Uma moeda por seus pensamentos- Lyna afirmou parando ao seu lado e o encarando com as sobrancelhas arqueadas

—Um pirulito por seus conselhos- Anthony replicou com outro suspiro levemente frustrado

—Ah então é alguma coisa séria? Pois bem pode falar, vou tentar compartilhar um pouco da minha sabedoria.

—Eu falei com a primeira das minhas selecionadas, aquela bonitinha dos olhos castanhos- Começou lentamente- E eu não sei o que fazer, como falar com ela e nem como chegar nas outras.

—Por quê? Ela parecia bem nervosa quando entrou, mas o que ela pode ter dito para deixar nosso Casanova nesse estado? - A garota franziu as sobrancelhas olhando atentamente o rosto do príncipe

—Ela é adorável- Comentou distraidamente- Otimista, gentil, fácil de fazer rir e parece ser simplesmente um doce de garota que qualquer cara seria muito sortudo em ter por perto, especialmente para namorar.

—Mas você não é qualquer tipo de cara- Ellyna sorriu novamente balançando a cabeça- Você é um príncipe herdeiro do Reino Unido e um doce de garota não é o que você está procurando. Não é o que nenhum de vocês está procurando, porque um doce de garota procurando seu final de conto de fadas com um príncipe da vida real não é material de rainha.

—Não é assim- O rapaz protestou- Você é muito crítica Lyna, não estou dizendo que ela não possa ser uma boa rainha afinal só conversei com ela por pouco tempo, mas é que... Inferno como eu explico?

—Eu entendi Tony- A jovem continuou sorrindo mas voltou sua atenção ao salão- Você está dizendo que ela é inocente, que não está preparada para a vida em meio a realeza, você está preocupado que a estadia dela aqui vai fazê-la perder esse lado e não quer ser o responsável por isso. Eu entendi querido, só não concordo. Se ela ou qualquer mocinha com sonhos de cavaleiros e amor à primeira vista se inscreveu então foi uma decisão consciente, você não convidou ninguém e muito menos forçou. Vá lá, fale com ela como falaria com qualquer outra menina que conheceu em uma boate, sorria, flerte, sei lá lhe de um presente e veja se ela consegue aprender a ser uma rainha, se sim perfeito, mas se não então a mande embora.

—Às vezes eu realmente te odeio- O príncipe replicou mas havia uma dica de um sorriso mal contido em seus lábios- Você é pessimista demais para alguém tão sorridente, sabia?

—Claro que sei- Ela riu em resposta- Mas estou falando sério Tony, se ela está aqui então foi uma escolha e nem todas são assim.

—Mas e se forem? - Questionou já frustrado

Anthony não gosta desse tipo de conversas, não gosta de ficar neurótico sobre qualquer tipo de assunto ou mesmo ficar longos períodos de tempo preocupado com a mesma coisa, mas odeia ainda mais a ideia de ter que escolher alguma garota inocente com sonhos românticos como esposa, porque a política pode ser cruel e ele não quer uma esposa troféu ou um rostinho bonito. Fez sinal para um garçom e pegou uma taça de vinho tomando um gole longo- Francês, clássico e forte, do jeito que ele gosta- e olhou para a amiga esperando uma resposta, pode muitas vezes não compartilhar das opiniões dela, mas seus conselhos são uma rota de fuga perfeita quando nada mais dá certo:

—Bom então você se casa com a selecionada russa- Afirmou alegremente com um sorriso divertido- Ela com certeza está preparada para o mundo da política.

—Valentina...- Pronunciou o nome pensativo e fez uma careta em seguida- Nem comece, essa garota está dividindo mais os conselheiros do que qualquer outra coisa que eu já vi. Você a conhece?

Levantou a taça para dar outro gole, mas Lyna foi mais rápida e a pegou de sua mão, o príncipe revirou os olhos mas permitiu o ato esperando pela resposta dela:

—Pode-se dizer que sim, quer dizer eu não a conheço, mas já falei com ela uma ou duas vezes antes. Garota legal- Encolheu os ombros e deu outro pequeno gole no vinho antes de fazer uma careta e devolver a taça- Odeio vinho francês.

Você é francesa- Resmungou tomando um gole e revirando os olhos de novo- Pode até ser, mas seria uma estratégia arriscada e metade dos conselheiros teria um ataque cardíaco. Ed por outro lado recebeu uma série de conselhos sobre escolher a selecionada russa dele já que ela não está ligada a realeza.

—Isso não quer dizer que eu tenha que gostar dessa coisa horrível. E eu fiquei sabendo- Lyna assentiu pensativa mas riu baixinho antes de prosseguir- Pobre garota, Harry estava falando com ela da última vez que o vi e provavelmente a traumatizando no processo, ele é o retrato da nobreza fria quando quer e eu tenho certeza quase absoluta que ele adora intimidar as pessoas com aquela aura séria só por diversão.

—Eu continuo esquecendo que a maioria das pessoas não o vê como nós- O rapaz riu antes de completar provocativo- Mas você não tem muita moral também não Lyna.

—Eu sou uma pessoa legal- Ela se defendeu parecendo ofendida

—Claro que é- Ele concordou mas começou a contar nos dedos logo depois- Mas também é manipuladora, maliciosa, cínica e a pessoa mais pessimista que eu conheço.

—E você é irresponsável, cabeça de vento, teimoso e está me usando como desculpa para não ir falar com as suas selecionadas- A lady replicou revirando os olhos falsamente incomodada

—Rude- O príncipe riu e se inclinou invadindo o espaço pessoal dela e a voz tomou um tom sedutor- Mas quem disse que é uma desculpa? Quem sabe eu não esteja só tentando reavivar os velhos tempos hein Elly? Porque eu lembro de um baile aqui mesmo onde nós...

—Ah meu Deus Tony! Não flerte com uma ex namorada quando deveria estar conhecendo sua futura esposa- Apesar do tom repreensivo e escandalizado os lábios dela formavam um sorriso divertido- É por isso que eu prefiro o Ed sabia?

—Claro que é- Ele riu bem humorado e se afastou de novo- Obrigado Elly, não concordo, mas é um bom conselho.

—Claro, claro- Ela sorriu mais gentilmente- Agora vai Tony, você tem selecionadas para cortejar ainda.

Com uma mesura sarcástica o príncipe se afastou da amiga já deixando suas preocupações para trás, afinal a garota está certa- Ele tem selecionadas para cortejar. Encontrou os olhos de seu irmão ao escanear o salão atrás de uma selecionada específica e somente sorriu brilhantemente para ele sabendo muito bem que o outro devia estar preocupado, sinceramente seu irmãozinho sempre se preocupa demais na humilde opinião de Anthony.

Edmund por sua vez franziu as sobrancelhas não convencido que o irmão esteja realmente totalmente bem, mas tentar tirar uma confissão de Anthony é pior que tirar leite de pedra então desistiu desse plano, olhou para onde Lyna ainda estava parada e quando ela olhou em sua direção arqueou as sobrancelhas num questionamento mudo- As maravilhas da amizade com toda certeza- mas tudo que recebeu em resposta foi um encolher de ombros e um sorriso. Revirando os olhos Edmund armazenou aquela informação para o futuro e voltou sua atenção ao que deveria estar fazendo e não demorou até encontrar a selecionada que procurava, se for honesto consigo está sendo uma pessoa bem idiota— Do tipo que ia levar um tapa na cabeça de Harry ou um olhar desapontado de seus pais caso soubessem o que se passa na sua cabeça- em sua motivação para falar com Springer mas não pode evitar a curiosidade sobre a moça cega.

A encontrou com mais facilidade do que imaginara e se o modo como os lábios dela estão comprimidos é alguma irritação o fez em boa hora pois ela não parece nada feliz em conversar com a outra selecionada- Uma garota morena de olhos afiados que se afastou assim que Edmund chegou perto. Springer é bonita e Edmund quase se deu um tabefe ao ficar surpreso com o quão normal ela é, com exceção de um olhar estranhamente vago nas orbes acinzentadas e a bengala em suas mãos nada nela indica qualquer deficiência. Se aproximou dela e deu uma tosse educada, esperando até a garota se virar em sua direção para se pronunciar:

—Boa noite senhorita, sou Edmund Ainsworth- Sentiu-se estranho se apresentando assim, mas prosseguiu sem perder o ritmo- Será que posso ter alguns minutos de sua noite?

—Boa noite alteza, sou Springer Sinclair prazer em conhece-lo- Ela sorriu em sua direção, não diretamente para ele mas próxima o suficiente- Claro alteza, por favor fique à vontade.

—É meu o prazer de conhece-la senhorita. Pelo sotaque é escocesa eu suponho, é sua primeira vez em Londres?

—Sim, é a primeira vez que me afasto tanto assim da minha casa é realmente uma experiência nova e muito interessante. Posso supor que já tenha visitado a Escócia alteza?

—É mesmo? Posso garantir que Londres é uma linda cidade e a vista das torres mais altas do castelo é deslumbrante se quiser posso lhe mostrar uma hora- Demorou alguns segundos até Edmund perceber seu erro e ficou mortificado instantaneamente- Mil perdões senhorita foi insensível de minha parte.

—Não é a primeira pessoa a cometer esse erro alteza- A expressão dela tomou uma nota de desagrado, mas não parecia dirigida a ele especificamente- Mas o senhor não respondeu minha pergunta.

—Ahn? Ah sim, sim eu já visitei a Escócia, faz parte de minha formação então foi bem frequentemente, especialmente Albany por causa de David- Mordeu o lábio inferior- É uma terra linda com uma cultura muito rica, as florestas são majestosas.

—Não posso dizer sobre a beleza da terra, mas concordo plenamente sobre nossa cultura. Não posso imaginar um lugar melhor para se viver.

—Eu fiz de novo não fiz? - O príncipe quase resmungou- Perdoe-me senhorita. Fico feliz em saber disso, acho que uma das coisas mais importantes para uma boa vida é gostar do lugar onde se está, será que concorda comigo senhorita?

—Concordo plenamente alteza- Ela ignorou suas desculpas com um balançar da cabeça- Por isso mesmo que espero que o destino seja gentil.

—É uma boa coisa a se esperar- Ele assentiu automaticamente ao afirmar aquilo- Será que o destino está sendo gentil com a senhorita até agora em relação a Seleção?

—Sim alteza, pelo que posso ver está sendo muito gentil. Gosto desse estilo de música e a maioria das pessoas não percebe o quão interessante é o barulho feito por muitas pessoas juntas, quantas conversas diferentes estão acontecendo lado a lado, só por isso o dia já está sendo fascinante.

—É mesmo? Eu mesmo nunca parei para pensar sobre isso, sempre preferi analisar os detalhes visuais- Ele parou por alguns segundos e completou incerto- Isso foi ofensivo de algum modo?

—Tudo bem alteza, nem tudo é ofensivo- A loira balançou a cabeça e revirou os olhos- Caso faça alguma pergunta que eu interprete assim lhe avisarei, caso contrário por favor me trate como qualquer outra selecionada. Por não o fazer é que está me ofendendo.

—Certo, claro...- Edmund esfregou o pescoço sentindo-se corar e limpou a garganta para dissipar um pouca da vergonha- Mil perdões senhorita essa nunca foi a minha intenção e vou consertar minha atitude prometo.

E ele está sendo incrivelmente honesto porque realmente não tem ideia de como tratar Springer e muito menos pode se imaginar na situação dela para saber o que pode ou não ser considerado ofensivo. Não quer mesmo saber o que é estar no lugar dela se for ser honesto, não pode imaginar-se num mundo onde não possa ver as paisagens ou o rosto das pessoas que ama, percebeu naquele instante o quanto de respeito tem por aquela garota loira por ser capaz de mostrar tanto orgulho e destreza mesmo quando defrontada com atitudes como a sua fora anteriormente- Condescendente- e jurou a si mesmo que melhoraria a partir dali, porque Springer parece ser uma jovem interessante por muito mais que sua deficiência e não merece nada menos. Conseguiu então relaxar a expressão de volta a algo mais natural mesmo que a garota não vá ser capaz de ver, é algo que o faz sentir melhor digamos assim:

—Fico feliz que tenhamos chegado a um entendimento alteza- Ela sorriu, mas havia ainda algo de sério ainda em sua expressão- Sendo assim, pode continuar com as perguntas se quiser.

—Eu adoraria... Certo, toca algum instrumento?

—Mais ou menos- O rosto dela ganhou um sorriso mais honesto e orgulhoso e Edmund se sentiu aliviado- Eu sempre tive fascinação pelo piano, mas nenhuma oportunidade de ter aulas formais então através de tentativa e erro eu consegui aprender uma música.

—Sozinha? Meus parabéns senhorita, é muito mais do que eu consegui- O príncipe riu levemente lembrando das desastrosas aulas- Se quiser tentar aprender mais alguma música eu tenho certeza que Vivian não terá problemas em te ensinar, ela é uma pianista maravilhosa.

—Realmente? Pois eu adoraria essa chance! – Springer exclamou e pela sua mudança de expressão ele adivinhou ter feito algo certo- Não toca nenhum instrumento então alteza?

—Claro, só fale com ela depois. Não, eu até tive aulas de música quando era mais novo, mas nunca consegui nada produtivo de nenhuma delas. Anthony disse que parecia que eu estava torturando um gato durante uma das aulas de piano. Realmente as artes não são para mim, prefiro muito mais as ciências exatas e a senhorita?

—Não sei dizer qual deles prefiro- Springer encolheu os ombros- Mas posso afirmar que não é matemática ou seus derivados com toda certeza.

—Para a maioria das pessoas não é- Edmund riu- Mas tem algo de reconfortante em quão estável tudo é, se você seguir as formulas corretamente e prestar atenção é impossível de se errar, as variáveis são poucas e fáceis de serem controladas. Tem algo que goste de fazer por motivos similares?

—Eu gosto de dançar- Springer comentou com uma expressão pensativa- Não tenho paciência para ficar parada por longos períodos de tempo.

—Mesmo? Então o que me diz de nos juntarmos a pista de dança? Não sou o melhor dos dançarinos mas prometo não pisar no seu pé.

—Seria ótimo alteza- Ela riu pela primeira vez na noite- Se pisar nos meus pés com esses saltos escandalosamente altos é provável que os dois acabem no chão.

O inglês decidiu que o riso combina com Springer, ela tem feições bonitas que se iluminam agradavelmente e uma covinha no queixo. Ela estendeu a mão e ele a tomou sem hesitação começando a guia-la até o espaço deixado livre para tal propósito, o som dos violinos embalando-os conforme iniciaram os simples passos de uma valsa- E nenhum dos dois pode ter notado mas foram o primeiro casal de príncipe e selecionada a dançar juntos e definitivamente mais próximos do que dois estranhos normalmente o fariam.

E as ações de seu irmão não passaram despercebidas a Anthony mesmo que ele tenha algumas coisas bem mais... Interessantes para se focar agora, mais precisamente ele tem Amelia para se focar agora- Ou Amy, porque tem algo de incrivelmente estranho em flertar com alguém que tem o mesmo nome de sua mãe não importa quão bonita ela seja ou quão decotado seu vestido esteja. Ele procurara a ruiva pouco depois de se afastar de Ellyna porque dentre todas as selecionadas achara-a a mais diferente de Alyssa, enquanto a inglesa corara com uma facilidade surpreendente a norueguesa parece tão investida em flertar quanto ele e isso é sempre um bônus bem-vindo:

—Então Amy, me conte foram meus lindos olhos ou meu abdômen sexy que convenceram uma moça como você a se inscrever? - Questionou bem humorado tomando um gole do vinho

—Acho que não posso falar daquilo que não vi então seu sexy abdômen está fora de questão alteza— Ela riu também, jogando o cabelo para trás- Na verdade foi seu senso de humor, eu queria participar da Seleção, mas não posso me imaginar perto de alguém sério e fechado demais, foi a escolha mais óbvia.

—Como assim nunca viu esse presente a humanidade que é meu corpo seminu? Eu vou ter que ir mais a praia então, isso é inadmissível- Brincou com um sorriso convencido- Sério mesmo? Bom tenho que admitir que gostei do seu motivo então e vou adorar esfregar isso na cara de certas pessoas.

—Sim Anthony por favor faça esse favor a população mundial- Ela fingiu uma expressão pidonha antes de soltar um riso baixo- Sei bem do que está falando, família ou nobres enxeridos?

—Eu vou não se preocupe Amy, conheço meus deveres como um ser humano atraente e acho que você deveria estar comigo sabe para me fazer companhia e não pela visão que deve ser de biquíni- Colocou sua expressão mais séria normalmente reservada a reuniões de orçamento antes de sorrir de canto- Nobres e conselheiros enxeridos com toda certeza, minha família é bem liberal e tudo mais, tenho certeza que vai gostar de conhece-los. E você família ou nobres?

—Não sei não hein Anthony- Balançou a cabeça em falsa modéstia mas tinha um sorriso malicioso nos lábios- Eu acho que se estivesse junto toda a atenção estaria voltada para mim sabe, sou uma verdadeira visão de biquíni. E sorte a sua, no meu caso é a família, parece que ninguém tem nada melhor para fazer além de pegar no meu pé.

—Uma garota que sabe suas qualidades, eu gosto disso, confiança é sexy- Piscou para ela se inclinando para estarem mais próximos- Oh então temos uma garota rebelde aqui entre nós hoje? Tsc, tsc que feio Lady Voght...

-Awn obrigada eu faço o que posso, não é fácil ser eu sabia? - Amelia afirmou num tom falsamente arrogante também se inclinando para frente- Eu acho que nós já falamos sobre me chamar assim vossa alteza, mas é eu acho que sou um pouquinho rebelde, algum problema com isso?

—Posso imaginar as dificuldades, pessoas sexys como nós tem um árduo trabalho não é? – Anthony riu da expressão dela- Ah mas eu não resisto Amy, se eu não posso fazê-la corar então tenho que tirar minha diversão de outro lugar. Problema? Minha cara isso só me anima mais!

Anthony já ouviu de muita gente que precisa de alguém que controle seu temperamento, que o mantenha ancorado no presente e o faça realmente ficar preocupado com algo durante longos períodos de tempo e honestamente ele gosta de pessoas sérias de vez em quando, mas é sempre muito mais refrescante e fácil se relacionar com pessoas como Amelia- Extrovertidas e sociáveis, que respondem seus flertes e ironias a altura- porque não precisa ficar constantemente se questionando se está ultrapassando alguma barreira, se está forçando algo, então depois do stress com a doce Alyssa falar com alguém como a norueguesa é uma distração muito bem-vinda. Não sabe se vai poder escolhe-la como esposa- Ah se fosse assim tão fácil...- mas tem certeza que vai poder se divertir em sua companhia:

—Temos, mas é pelo bem da humanidade- Amelia entrou com facilidade na brincadeira, mas arqueou uma sobrancelha antes de prosseguir- Tsc, tsc alteza que feio, bons príncipes não saem por aí querendo corromper donzelas recatadas.

—Eu só corrompo aquelas que querem ser corrompidas Amy querida- Deu-lhe uma piscadela e um sorriso insinuativo- Mas eu adoro um desafio sabia? Eu ainda vou te fazer corar Lady Voght.

—Essa cantada é horrível- Ela afirmou balançando a cabeça- Ainda bem Anthony porque eu planejo ser um verdadeiro desafio então e eu aposto que posso te fazer corar antes que você consiga achar algo que me envergonhe!

—Ah então é assim? - Anthony deu-lhe um sorriso predatório- Pois que fique claro que o puritano da família é meu irmão, não é fácil assim me fazer corar Amy será que está pronta para esse desafio?

—Eu nasci pronta Anthony- Ela afirmou com um brilho no olhar- E que fique claro que eu sou muito teimosa e persistente viu? Não vai ser tão fácil assim me dissuadir.

—Ui então eu acho que devo me preocupar então- Ele levantou as mãos em sinal de rendição, mas o sorriso malicioso não lhe saiu dos lábios- Pois pode vir quente que eu estou fervendo gata.

E a frase final dele combinada com uma piscadela exagerada causou um quase ataque de risos na selecionada e o príncipe, vendo-a tentar ganhar a compostura de volta para lhe dar uma resposta, não pode evitar de se juntar a ela nas risadas, sentindo um peso ser retirado de seus ombros ao saber que ao menos isso a Seleção está lhe trazendo de bom. Amelia foi realmente um presente nesse momento de crise.