Eu podia sentir o vento quente mesmo com a única janela do cômodo fechada. Aquela sensação era a mesma de quando Maria me trouxe pra cá. Uma sensação que me deixa aliviada, mas ao mesmo tempo, tensa. Como se o meu corpo estivesse gelado demais para recebê-lo.

Fazem mais ou menos umas três horas que estou aqui, nesse quarto. É um quarto extremamente pequeno. Eu nunca estive em um cômodo tão pequeno assim, todos os lugares de minha casa são maiores. Ou, ao menos, do que era a minha casa. Ocorreu este incêndio que destruiu tudo. Foi... causado por ele. Dio. A maldição havia acabado, com a morte de meu pai. Minha mãe finamente alcançaria a paz... e todos os outros que meu pai maltratou também o fariam. Eu me lembro claramente de tudo que passei, não foi um sonho. Ainda consigo sentir o toque dos lábios de Dio na minha pele, do beijo calmo. Como se aquela sensação fosse o que me faria lembrar que ele e minha mãe estarão sempre comigo. Para mim, ele foi um amigo, o meu único amigo. Independente de tudo, ele foi uma pessoa. Ele, minha mãe, todos os outros. E pensar que eles voltaram apenas por vingança... Me faz pensar em como meu pai os fez sofrer. Como ele teria feito a mim, se não fosse pela Maria e por ele, Dio.

Me liberto de pensamentos pelo ruído de passos através da porta branca. A tinta parecia ter muitas camadas, assim como nas paredes do quarto em geral. A maçaneta gira e logo, um homem com aparência gentil entra no que será meu quarto nos próximos anos. Ele veste-se com um terno de tecido aparentemente fino, lembrando aqueles que constituem detalhes de vestidos. O tom escuro contrasta bastante com sua pele clara e seus olhos, tão azuis quanto o céu uma vez visto no jardim da minha casa.

—Senhorita Drevis, fico feliz que tenha respeitado meu pedido de ficar em seu quarto até que eu voltasse a falar com você.

Eu assinto, observando o homem nos olhos. Ele seria o meu primeiro psicólogo, portanto é importante que eu tenha uma boa relação com ele. É claro que ele não irá nunca acreditar em mim, e se Maria resolvesse revelar a verdade, seria enviada para cá também. Acho que ela resolveu me mandar para o orfanato por medo do que eu poderia me tornar depois de tudo, afinal eu ainda possuo o livro de experimentos do meu pai. Claro que não iria continuar com o seu trabalho. Eu não a culpo, porém gostaria que ela tivesse ficado comigo. Talvez eu possa a convencer a voltar a me abrigar, depois de algum tempo. Só preciso esperar que seus sentimentos se acalmem. Ela também deve ter ficado abalada, e duas pessoas quando dividem os mesmos sentimentos vivem melhor juntas.

—Por enquanto, a única coisa que posso lhe dizer é: seja bem-vinda. Eu lamento que não possa ficar no orfanato, iria gostar mais de lá, porém, posso lhe garantir que aqui também é um lugar agradável. Desde que você nos ajude a te ajudar. É apenas isso que queremos. — enquanto sorri, ele se senta ao meu lado na cama, mudando a posição dos lençóis ao meu redor. Posiciona uma de suas mãos em minhas costas, como forma de apoio, possivelmente esperando uma resposta minha. Como eu me mantenho em silêncio, ele continua. — Durante as próximas semanas, você vai ficar desocupada, não iremos começar com nenhum procedimento — aquela palavra fez meu corpo vacilar por alguns segundos, mas ele felizmente não pareceu ter notado. — e iremos apenas a observar. Você não parece ser alguém prestes a explodir.

Ele ri baixo, retirando sua mão de minhas costas. Eu não garanto que me manterei calma, não depois de tudo aquilo e ainda ser tratada como louca. Mas...

—O que eu ficarei fazendo o dia todo? — Me limitei a perguntar. Antes, eu podia fazer de tudo, mas agora nem ao menos posso ficar com Snowball. Maria me perguntou se eu gostaria que ela ficasse com o meu coelho, mas eu neguei. E desde quando o orfanato me encaminhou para cá, eu não o vejo. Esse cara, meu psicólogo, disse que ele está aqui, e amanhã poderei ficar com ele. Acho que eles precisam de uma prova de que eu não irei matar ele ou algo do tipo.

—Bem, você pode me dizer do que gosta. Eu posso trazer alguns livros, ou talvez um rádio. É só me pedir. — Voltando a sorrir, ele se levanta. Só então eu noto que ele está com uma folha de papel na mão. Não, um envelope. Não havia nada escrito, ou ao menos, nada que eu pudesse ver. — Quando bater oito horas da noite, eu voltarei aqui para lhe levar à sala de jantar, onde você vai poder conhecer os outros garotos. São todas crianças adoráveis, e... — Ele para por alguns instantes, antes de continuar em um tom um pouco mais sério — Acredito que você, talvez, possa se identificar com algum deles. Será bom você ter amigos aqui além de adultos. A partir de amanhã, não se preocupe: você pode sair. As crianças ficam, em sua maioria, no jardim, e você pode se juntar a elas quando quiser. Além disso, amanhã, também, você pode voltar a ficar com o seu coelho. Qual é o nome dele, mesmo... Snowflake... ?

—Snowball. —Para minha surpresa, minha voz saiu gélida. Eu não sei o motivo. — O nome dele é Snowball.

—Claro. Isso. — Seu sorriso agora parece um pouco falso. Forçado. Talvez sua impressão de mim tenha mudado. — Enfim, há alguma coisa que você queira?

Eu me coloquei a pensar por alguns instantes.

—Por acaso... Há algum livro aqui chamado O Ovo Flamejante? — Eu não estava certa de que realmente queria aquela obra, mas seria bom ler algo que me faça lembrar de quando nada tinha acontecido.

Sua expressão ficou indecifrável por alguns segundos, um indício de que ele estava pensando.

—Na verdade, há sim. Nenhuma criança pediu por ele em específico, então eu acho que está disponível. Você tem um bom gosto, Aya. Irei trazer logo.

Dito aquilo, ele se levanta, e sai do quarto fechando a porta sem a trancar.

Ele queria que eu fizesse amigos? Oh, bem... Eu não sei lidar com pessoas novas. Aquele cara, Ogre, foi a última pessoa que eu conheci e confiei de verdade, e eu não faço a mínima ideia de quem ele é ou como ele sabia daquilo tudo. E Dio, mas, bem... Dio está morto.

Eu deixo um suspiro escapar enquanto me deito lentamente na cama, com o olhar voltado ao teto. Aquele excesso de branco estava me dando sono. Paredes brancas, lençóis brancos, objetos brancos, pensamentos brancos. Havia até um quebra-cabeça de leite na parede. Fecho meus olhos por alguns instantes, ouvindo aquele silêncio ser às vezes quebrado por algum pássaro na rua. Fato curioso, porque eu podia ouvir a chuva caindo. Era um som tão agradável, que há tempos eu não ouvia.

Depois da visita de meu psicólogo, que eu casualmente não me importei em decorar o nome e que apenas agradeci por trazer o livro, o relógio de parede indicava oito da noite. Exatamente quando a agulha dos minutos se moveu, o homem entrou no quarto. Ele parecia animado, e com uma conversa totalmente aleatória me conduzia pelos corredores até uma porta consideravelmente grande, de madeira. Através dela, podia-se ouvir risadas, pessoas falando alto e o som de talheres batendo em porcelana (posso reconhecer esse som de longe, pois eu e minha mãe costumávamos bater os talheres nos pratos enquanto cantávamos qualquer coisa durante o preparo de refeições). O Senhor Psicólogo sorriu alegremente enquanto abria a porta, revelando exatamente a cena que imaginei.

Havia uma mesa comprida no meio da sala, que era grande. Haviam várias crianças, socializando entre si como se fossem todos amigos de longa data, com vozes e assuntos estranhos demais para serem compreendidos por mim. Parecia ser um ambiente feliz. E assim que o Senhor Psicólogo caminha até a mesa, me conduzindo pelos ombros, as crianças param com o alarido que faziam, sem retirar as expressões irreverentes que continham. Isso me fez pensar que o Senhor Psicólogo era uma autoridade, mas uma autoridade generosa. Ele era bom com aquelas crianças, e de algum modo esse fato me fez relaxar os ombros.

—Muito bem, crianças. Boa noite a todos!

Logo, fora respondido por vozes animadas. Alguns gritavam enquanto respondiam, outros apenas sorriam.

—Antes de começarmos a comer, quero apresentar uma companhia nova a vocês. Esta é Aya Drevis e a partir de amanhã estará vivendo conosco. Portanto, sejam gentis com ela, sim?

Novamente, as crianças gritaram. Eu percebi então que haviam pessoas mais novas do que eu, enquanto algumas pareciam quase em seus 18 anos. Isso me deixou levemente complexada por alguns instantes, idades tão diferentes convivendo juntas sem restrições. E enquanto batiam palmas e o meu rosto corava inevitavelmente, eu deixei um sorriso se alojar em meus lábios. Talvez aquele lugar não fosse tão ruim quanto eu pensei. Todos ali tinham seus problemas, mas viviam como se estivessem na melhor época de suas vidas. Talvez estivessem mesmo, mas se você os visse, acharia que são de alguma escola ou algo do tipo. Não parecem precisar de tratamento. Não parecem lunáticos.

Enquanto o Senhor Psicólogo tentava acalmar as crianças, uma menina na ponta de um dos bancos de madeira acenou para mim, enquanto abria um sorriso doce e empurrava um garoto que parecia ser quase um adulto. Ele deixava algumas risadas escaparem enquanto simplesmente deixava-se ser movido para o lado. Logo, um espaço entre os dois foi formado. Era um convite para eu me sentar com eles. Hesito durante alguns instantes, antes de encontrar nos olhos vermelhos da menina uma inocência que eu nunca havia visto antes. Então, eu me sento, observando os dois estranhos que sorriam para mim.

—Olá, seja bem-vinda. Meu nome é Ib. — Quando eu ouço sua voz, noto que ela deve ser mais nova do que eu. Isso me assustou um pouco, pois sua face mostrava muita maturidade. Ela deixou os dedos correrem pelas pontas de seu cabelo castanho enquanto sorria. — E este é o Garry.

Garry, o garoto, então, pega em uma de minhas mãos e deposita um beijo breve em minha pele. Aquela aproximação repentina me fez recuar, e por breves instantes o roxo dos cabelos do garoto pareceram atrevidos tanto quanto sua personalidade. Mas aquilo muda quando Ib coloca uma das pequenas e delicadas mãos em meu ombro. Garry então ri baixo enquanto volta a se virar para a frente, desculpando-se.

—Não se preocupe, o Garry não é desses...

—Huh, quantos anos você tem? — Eu pergunto sem hesitar. Ela parece ser tão nova. Isso, de algum modo, me fascina. Parece ser uma das crianças mais novas ali.

—Nove. Mas as pessoas sempre dizem que eu sou mais matura que ele, que vai fazer dezoito. Hm... E você?

—Onze. — Eu respondo simplesmente, sem querer parecer intrometida. A verdade é que eu queria fazer mil perguntas, porém parecia que nada do que pretendia falar era um bom assunto para começar uma conversa.

Então, o Senhor Psicólogo, que por uns instantes eu tinha esquecido que estava ali, se pronunciou, enquanto anunciava que todos podiam comer. E assim todos fizeram. O prato do dia aparentava ser sopa, de algum ingrediente que eu não pude identificar, mas com um sabor muito agradável. Enquanto eu observava as outras pessoas comerem e casualmente ouvia Garry e Ib, eu notei algo. Alguns dos ali presentes não jantavam sopa, e sim outras comidas. Entre aquelas pessoas, havia uma menina com cabelos dourados que emanava uma aura meio... peculiar. Em seus olhos verdes, eu podia ver medo, confiança, tudo. Parecia conter duas pessoas opostas no mesmo corpo, se é que isso é possível.

—Não encare muito, a Viola pode ser legal mas é assustadora quando quer. — Garry, dos dois, foi o primeiro a notar meu olhar.

—Por que eles não estão comendo sopa, como todo mundo? São alérgicos aos ingredientes ou algo assim?

—Não exatamente — desta vez, foi Ib quem falou. —Parece que alguns deles simplesmente abominam sopa. No caso da Viola, parece que entre os motivos dela estar aqui é porque ela pensa que sopa sempre contém veneno. Nós não estávamos aqui quando ela chegou, mas nunca vimos ela comer isso.

Eu assinto, voltando minha atenção à tigela na minha frente. Já estava vazia, assim como a de Garry. Ele agora estava servindo seu copo de suco enquanto pegava um pedaço de pão. Foi estranho o ver comendo o pão seco, pois geralmente coloca-se na sopa, certo? Ib, enquanto isso, servia-se de mais um pouco de sopa, enquanto comentava com a garota à sua frente como o sabor estava bom. A menina e ela pareciam se dar muito bem. Essa desconhecida tinha seus cabelos castanhos presos em duas tranças, e os olhos também castanhos. Ao lado dela, repousava calmamente uma garota idêntica a ela em traços, porém com cores totalmente diferentes. Seus cabelos eram bem mais curtos, e numa tonalidade que parecia ser naturalmente branca. Os olhos eram vermelhos como os de Ib, mas assim como a primeira garota, era impossível identificar sua idade. Eu não seria indelicada de perguntar a elas, já que elas não se apresentaram a mim.

—A primeira é a Madotsuki. A outra se chama Sabitsuki, e não, eu também não sei quantos anos elas tem. Nunca perguntei. Daqui, elas parecem ser algumas das mais problemáticas. — Em seu tom de voz dava para perceber o repúdio que Garry sentia por aquela palavra.

—Madotsuki? Como... como janela? — Na minha vida, eu pude ter certos dons. O japonês pode não ser o meu melhor idioma, mas eu soube reconhecer. — Ou... Abertura? E Sabitsuki? Que tipo de pessoa é coberta em ferrugem?

Garry apenas dá de ombros quando ri.

—De qualquer modo, ninguém aqui sabe se elas são irmãs, apesar de serem quase idênticas. Na verdade, tem uma coisa muito estranha com elas. Porque no jardim, todos tem impressões de verem pessoas diferentes idênticas a elas, mas quando todos se juntam, apenas há elas duas. Eu já falei com todos que encontrei, até garotos. Vice, Soutarou, Ann, Anistasia... Tem até uma pessoa que se denomina apenas como Me. Provavelmente essa turma é muito menos instável, então eles devem ser mantidos em tratamento pesado. Nem deixam eles comerem com os outros... O estranho é que as pessoas aqui não notam a semelhança em nenhum deles, só nós, que somos considerados loucos. Eu lhe pergunto, senhorita Aya: quem você realmente acha que é louco? Todos nós passamos realmente por coisas que ninguém mais passou. Isso nos torna especiais, não loucos.

Aquele tanto de palavras me deixou atônita. Eu certamente não esperava aquilo dele. Sua expressão e seu tom de voz pareciam tão jovens, tão diferentes disso...

—Não deixe o Garry te assustar. Ele gosta de se aproveitar de meninas bonitas — Subitamente, uma voz nova se espalhou, direcionada a mim. Eu olho para a direção indicada por ela, e posso ver à minha frente o rosto de uma jovem, com olhos em um tom tão azul que davam a ela um toque celestial. Os cabelos dourados molduravam seu rosto que parecia ter a mesma idade de Garry. — Meu nome é Rin Yamazaki, muito prazer.

Enquanto Garry protestava, ela apresentou a mim seus amigos, que sentavam-se ao lado dela. Yuka Kikuchi, Yuuta Takahashi e Seitaro Wakasugi. Pude notar que ao pronunciar o último nome, a voz dela mudou minimamente. E naquele instante eu já soube que ela nutria algum tipo de sentimento por ele. Não que fosse da minha conta. Eles todos pareciam ter a mesma idade de Rin, mas Seitaro exalava uma aura mais intelectual, parecendo ser exatamente o contrário de Rin. Eu me pergunto o que causou quatro amigos serem internados juntos.

Que frase fria...

Logo, depois de poucos minutos, eu já estava familiarizada com todos que me foram apresentados, incluindo as garotas Sabitsuki e Madotsuki. Elas não falavam muito (principalmente a primeira). E pelo canto de meus olhos azuis, eu pude notar a pessoa mais curiosa do lugar.

Um garoto. Se não for muito atrevimento dizer, um garoto lindo. Ele estava com um livro de capa escura em suas mãos, e os olhos azuis não pareciam se importar com os cabelos loiros que caíam em sua testa -nada parecia retirar sua concentração daquilo que lia. Ele era o único que não estava falando com ninguém, e aquilo me deixou mais curiosa com relação a ele. Quem era ele, afinal? Por que ele não falava com ninguém?

Eu peguei a manga do casaco de Garry, o que fez a atenção dele se direcionar a mim.

—Algum problema, Aya?

Ao mesmo tempo que eu abri minha boca para perguntar-lhe sobre o garoto, o Senhor Psicólogo bateu com uma colher em uma taça de vidro, fazendo com que todos se calassem. O garoto loiro apenas subiu seu olhar alguns segundos antes de voltar a ler.

—Muito bem, muito bem. Está na hora de voltarem para seus quartos. Não parece, mas já são quase onze horas, e todos precisam acordar cedo amanhã. Então por favor, comecem a se retirar.

Antes que eu pudesse voltar a falar com Garry, ele afaga minha cabeça, desarrumando minimamente meus cabelos e me desejando uma boa noite. Palavras que foram ditas também pelos outros enquanto se despediam. E por tantas pessoas terem se levantado, eu perdi o garoto misterioso de vista.

Espero que possa falar com Garry sobre ele amanhã. E enquanto sou conduzida novamente pelo Senhor Psicólogo, eu suspiro durante o caminho até o meu quarto. Essa fora a primeira vez que eu vi tantas pessoas reunidas. Aliás, eu nunca havia conhecido tantas pessoas. As únicas companhias que eu já tive foram a de minha mãe, Maria, Snowball e meu pai. E, bem, retirando a regra de apenas quem eu conheci em vida, também há Dio.

Enquanto eu escovava meus dentes no banheiro daquela ala (o Senhor Psicólogo me explicou que os quartos são divididos por alas, com quatro quartos em cada ala, e duas alas por cada andar), eu me encostei na parede e me mantive observando meu próprio reflexo durante alguns segundos. E depois de tanto tempo e com tantas outras coisas que já correram pela minha mente, eu vejo uma lágrima correr pela minha bochecha. Ao enxaguar minha boca, eu já jogo água em meu rosto, deixando mais lágrimas escaparem. Finalmente eu estava notando o peso de tudo que aconteceu... Mantenho meu rosto baixo, evitando de ver a mim mesma no reflexo. Desde aquele momento no salão principal da minha casa, onde eu podia ver os olhos sem vida de meu pai, eu não chorava. E agora que estava tudo acabado...

Eu pude sentir o ar gelar. Ignoro aquilo. Porém, levanto meu rosto ao ouvir um pequeno ruído, como tecidos se roçando. Observo o espelho por alguns segundos, até que me viro para a porta. E quando a abro, meu corpo congela.

Ao mesmo tempo que eu saía, aquela pessoa entrava. O garoto loiro do jantar. Ele estava com a mão na maçaneta, assim como eu, e também parecia ter ficado imóvel, com os olhos em branco.

—Você... Aya...?

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.