– Alguém!Socorro!Onde eu estou?!

Ele ouviu os passos de Makkh,aproximando-se dele novamente com sorriso maldoso,como se fosse dizer que ele seria enforcado.

– Chame por socorro se quiser,rapaz - ele disse,seu tom de voz era ameaçador - pode ter escapado da morte,porém jamais verá aquele mundinho sujo novamente.

–Eu vou sair daqui - ele disse,tentando parecer confiante.

–Não se dar valor á vida,se pisar no mundo humano novamente,vai virar cinzas,e eu teria o prazer de assistir isto.

Ele disse algumas frases na lingua nativa e levantou voou.

Deixando Matthias sozinho,agora por conta propria,se lamentando por ter perdido sua mãe,que cuidava tão bem dele.

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Quando abriu os olhos novamente,os olhos de Lua estavam embaçados.Seus olhos estavam marejados.

–Você não pode sair daqui... - ela murmurou,confusa e emocionada.

–Vê?Cada um de nossa especie pode ir para o mundo humano uma só vez em sua vida,e tem de voltar á meia noite,ou desaparecerá.

Aquele maldito Stelytt que você viu,que me carregava,foi morto.Mandaram-no para o mundo humano.Ele perdeu sua oferenda,não haveria de encontrar outra,então não é mais um de nós.

Lua abraçou as pernas,desolada.

"Eu nunca vou sair daqui" ela pensou.

Matthias ia dizer-lhe alguma coisa,mas foi interrompido por uma voz feminina familiar.

–Me soltem!Socorro!SOCORRO!

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Nulla vox hic homo nocere!eritis suspensi*!

Um Stelytth,muito semelhante á Matthias,mas que era maior que um prédio, carregava uma mulher,e outras Stellytths,ao seu redor,mulheres aparentemente,gritavam em uma língua estranha,e não era a língua nativa.

Curabitur luctus– Matthias sussurrou em seu ouvido,como se lesse sua mente - a língua dos Arcanos.

–O quê elas estão dizendo?

Praesent vestibulum est!

–"Solte a menina" - traduziu Matthias.

–Eu conheço esta menina - murmurou Lua - eu sei que conheço.

An poenitet!eritis suspensi!– gritou uma das feiticeiras novamente.

–"Vai se arrepender! serás enforcado"

Stopio ei fod eisoes â! - gritou Lua,na língua nativa.Basicamente a tradução seria "Parem já com isto".

Todos os olhares se voltaram para ela.A menina que o enorme Stellytth carregava no ombro(Sempre...) olhou para ela,ainda se debatendo.

E Lua pôde reconhecê-la,era....sua irmã.

–O quê o senhor pensa que está fazendo?! - gritou para o Stellytth gigante,na língua nativa(mais fácil assim?) - As leis aqui protegem as mulheres,então bote essa humana no chão AGORA!

O gigante bufou de irritação e, surpreendentemente, obedeceu.

"Pode ser grande" ela pensou,surpresa " mas tem o cérebro de uma sardinha"

–Como fez isso? – sussurrou Matthias Pasmo.

–Sei lá – disse simplesmente – a língua de vocês é engraçada,e falar ela é divertido.

–Não,sua tonta – insistiu – como fez esse GIGANTE te obedecer.

–Eu sei lá,rapaz – respondeu – não sei de nada,desde que cheguei nesse mundo idiota.

O gigante examinou-a,e suspirou.

Lunar Frenhines? – ele disse.

–Não entendi... – murmurou Lua.


–Ele disse:”Rainha Lunari”?


Desde aquele episodio na praça principal da cidade,aquele gigante insistia em carrega-la,por mais que ela dissesse que não era princesa alguma,e que seu nome não é Lunari.

Simples foi,colocar sua irmã em um lugar seguro.

Apenas duas das Stellytths que estavam na praça ficaram,também insistindo em chama-la de princesa.

Elas apresentaram-se como Caroline e Tainá**.

Caroline tinha seus ruivos cabelos presos em um rabo de cavalo,seus olhos eram castanhos penetrantes,e sua pele era branca,tão branca quanto a neve.

Ela usava um vestido azul celeste e estrelado,e seus pés estavam descalços.

Os buracos para suas branquíssimas asas de anjo tiravam um pouco a elegância do vestido,mas não da pose da própria Stellyth.Esta assemelhava-se muito á uma humana,com exceção das asas.

A segunda,Tainá,tinha a pele azulada como a água,guelras(o que dava muito para Lua pensar tipo:como ela estava respirando?) uma cauda,e entre outra características marinhas.

Usava um vestido azul marinho,vários colares com pingentes de Lua Crescente,seus pés,também descalços,seus olhos brilhavam com uma luz azulada,não tinham pupila,nada,apenas aquela luz azul.

–Uma Arcana da tribo do ar e outra da tribo da água?Podia jurar que se odiavam – disse Matthias,admirado.

–Somos uma pequena exceção – disse Tainá,sorrindo,com aqueles olhos inexpressivos.

Has nostris meritis principis Lunar – disse Caroline,segurando o riso enquanto Lua tentava desviar o olhar da cauda de Tainá – tem nossos serviços,princesa Lunari.

–Aonde vão?

–Eu...Eu... – gaguejou Matthias.

–Matthias ia me dar como oferenda,mas ele mudou de ideia – disse-lhes Lua – Não é,Matthias?

Ele engoliu em seco e assentiu.

–Otimo.Digam-me,meninas,há como sair daqui?

–Alteza,vós não podeis sair desta maneira – disse-lhe Tainá,depois de praguejar em Curabitur luctus – tem de nos ajudar,como diz a profecia.

–Profecia?

–Sim – disse Caroline –Você vai nos libertar,nos guiará para terras seguras,as tribos inimigas vão nos dizimar se não o fizer.

–Pois bem,digam-me o quê fazer.

*A lingua deles,na verdade é Latim.

**uso bastante esses nomes,é o meu nome,e o nome da minha melhor amiga.