Counting the days...

Xx Cat POV xX

Respira. Respira. Respira. Não morra com futuros comentários sobre anatomia e estudar. Respira Caterina, respira.

Senti um puxão em minha mão, reparando em seus dedos entrelaçados nos meus; Para com a gayzisse, Cat. Ah, tanto faz, eu era garota mesmo.

"Vem, vamos a algum lugar mais tranquilo para conversar." Harry falou em meu ouvido, mandando um calafrio percorrer a minha espinha. Conversar? Apenas conversar? Ok então.

Se bem que outras coisas seriam legais também, não?

"Onde você tem em mente Senhor Privacidade?" perguntei esboçando um sorriso, tentando ao máximo me animar.

Ele riu, tocando a ponta do meu nariz levemente, voltando a dar alguns passos para frente, dizendo: "Você verá, você verá".

Voltei a seguir seus passos até o carro, pensando em como iria à faculdade nos dias seguintes, sabendo que aquela porcaria era um hospital-escola, ou seja, St. George era a minha faculdade, e eu, toda linda salvadora de vidas, estava banida. Maldito médico chefe. Maldita paciente também. Tinha que ter problemas respiratórios comigo bem ali?

Ao entrarmos no carro, retirei minhas botas, sentando no bando em posição de índio, recebendo um olhar confuso vindo do motorista.

"Porque você sempre faz isso quando se senta na frente?" Harry indagou, dando partida no carro.

Dei de ombros, "Não sei, mas sempre fazia isso quando saía com meus pais, qualquer um dos dois".

"Sempre tive vontade de perguntar"

"Acho que ficava com medo, sei lá"

"Medo de quê?"

"De se o carro batesse, acontecesse algo comigo"

"Eu gosto muito das suas pernas. Pode deixá-las aí... Assim eu posso apreciá-las" seu tom de voz chamou minha atenção; ao erguer os olhos me deparei com um Harry mordendo seu lábio inferior, olhando de relance para minhas pernas, voltando sua concentração à estrada.

"Não, você não pode. Você está dirigindo, Hazza". Sorri comigo mesma, talvez eu pudesse me divertir um pouquinho com a situação certo? Certíssimo.

"Sabe, você realmente não vai me contar aonde estamos indo?" perguntei ao colocar meus pés no painel, fazendo com que grande parte das minhas pernas voltassem a aparecer.

"N-não" percebi sua voz fraquejar ao perceber o que eu havia feito. Cat 1 x 0 Harry.

"É realmente uma pena, Harry", eu disse cruzando as pernas, e mexendo nos cabelos dele, direcionando minha mão pro pescoço e descendo pelo ombro. Retirei minha mão e descruzei as pernas, mantendo-as na posição de antes.

Não me levem a mal, e nem pensem que eu estou com as pernas descobertas porque primeiro, eu tenho amor à minha vida e segundo, não sou a Katy pra dar a louca e sair nas estações frias com metade delas aparecendo.

Não, posso estar de saia, mas saibam que possuo meias me aquecendo. E minha ugg maravilhosa também.

Continuamos em silêncio após isso, com olhares periódicos vindo em minha direção, ou melhor, em minhas pernas. Quando finalmente chegamos ao 'local misterioso', sorri.

Ele havia me levado ao Starbucks. Sério mesmo?

Encarei o símbolo da sereia por um tempo, analisando cada detalhe. Estupidez a minha de dizer, mas quando o escrito era presente ficava muito mais bonito.

Harry estacionou o carro, destravando as portas, tirando-me dos meus devaneios. Voltei a calçar minhas botas, e ao esticar meu braço, não encontrei a porta e, sim sua mão, pronta pra me retirar do carro.

"Vamos, minha Cat-Café?" ele perguntou, rindo ao reparar na minha cara fechada. Maldito apelido também, que me perseguia toda vez que precisava tomar meu precioso Macchiato. Culpa de quem? Da esfomeada da Rina, é claro.

Segurei sua mão e saí do carro, mal reparando nos papparazzi ali, nos stalkeando.

Smile real wide for the pa-pa-pa-pa-paparazzi, pa-pa-pa-pa-paparazzi everywhere... Parei. Para a nossa sorte, só haviam dois, bem, pelo menos hoje.

"O que você vai querer hoje, Hazza?"

"Hum, que tal um grande chai latte?"

"Você lê meu pensamento ou algo do tipo?"

Harry riu, indo em direção á fila, puxando-me pela mão até o local onde estava uma garotinha.

Nosso silêncio era interrompido apenas pela atendente, chamando os nome e o próximo da fila, até que chegou nossa vez. A atendente sorriu, provavelmente reconhecendo Harry, logo perguntando qual era a forma de pagamento.

Esta simples pergunta sempre causava discórdia entre nós, fazendo com que ambos tirassem a carteira do bolso; Antes mesmo que pudesse abrir o zíper da minha bolsa, ele já estava me puxando para o fim do balcão.

"Você nunca me deixa pagar, Haz"

"Não, nunca." ele respondeu simplesmente.

"Harry! Cat!" a balconista chamou nossos nomes.

Sentamo-nos em uma mesa distante das outras, logo sentindo a calma reinar novamente. Por mais que tivesse um filho da mão escutando heavy metal nas alturas, recebendo muitos olhares das pessoas de perto. Fones de ouvido, pra quê serem utilizados se o volume ficará ao máximo?

"É até bom que você tenha sido afastada."

"Bom como? O que eu vou fazer durante esse tempo?"

"Calma, calma... Além de te acalmar, tenho outro motivo de ter te trazido aqui."

"Tipo...?" deixei minha voz cair.

"Eu vou entrar em turnê daqui a três semanas".

Sorte minha, e parcialmente dele, que meu copo estava bem apoiado na mesa. O mundo dá voltas, e parecia que a Lei de Murphy gostava muito de mim. Até demais. Harry encarou meu estado catatônico como sua deixa para continuar arruinando minha vida.

"Sabe a reunião da Syco que tivemos hoje?" perguntou, esperando que eu assentisse antes de continuar, recebendo um pequeno aceno involuntário meu. "Então, nós ficamos sabendo alguns dias antes da reunião, acabamos fazendo um plano, e hoje ficamos sabendo quem vai fazer parte do staff esse ano".

Esbocei um sorriso amarelo, segurando-me ao máximo para não demonstrar nenhum sinal de tristeza. O filho da mãe mal chega e já vai embora? Tsc, deveria ter tentando a faculdade de teatro mesmo.

"Que legal. Vocês devem estar super animados, né?"

"Mas é claro! O staff dessa vez só tem gente gata... Bem, uma em particular, é claro"

"Posso saber quem faz parte desse staff que te deixou tão fascinado?" perguntei irritada. Sou tudo, menos corna.

Vai, joga na cara que tem gente mais bonita. Ele riu, tomando mais um gole do chai, antes de formular uma resposta, apontando pro espelho ao nosso lado. "Porque não olha você mesma?"

Olhei para o lado que seu dedo apontava. Isto só poderia significar uma coisa: Nós vamos entrar em turnê com eles.

E o quê isso significava? Ah, claro. Ônibus, bagunças, e o principal: assistir aos shows. Voltei meu olhar para seu rosto, minha boca ligeiramente aberta, chocada. Ele sorriu abertamente, capturando minhas mãos nas suas.

"Fala alguma coisa, Cat, por favor." seu tom de súplica mais o biquinho que seus lábios franzidos faziam fizeram eu com que eu reunisse todo o meu auto-controle para que eu não o mordesse ali mesmo.

"Isso é incrível! Merlin, eu não sei o que falar, quero dizer... Espera, se seremos staff, o que iremos fazer? Não existe nenhum motivo para tanto Cassie e eu acompanhar vocês"

Ele riu novamente, saindo de seu lado do banco, sentando ao meu lado passando seu braço em meus ombros.

"Cassie desenhará nosso palco, e você tomará conta de todos nós"

"Tipo uma babá? Que lindo." adicionei a última parte um pouco irônica. Um pouco, sei.

"Não, apenas em casos extremos, caso alguém se machuque"

"Ah, então isso quer dizer que..."

"Talvez eu me machucarei mais do que o necessário durante a turnê." ele concluiu minha linha de pensamento com um sorriso torto e uma piscadela.

Senhor, acho que quem precisará de assistência médica será meu coração.

E bem... outra coisa também.