XXXVII

Te vejo errando e isso não é pecado,
Exceto quando faz outra pessoa sangrar’

Na Sua Estante – Pitty.

Ponto de Vista: Kuran Yuuki.

A escuridão na qual eu estava habitando era algo tão confortável que me fazia querer ficar eternamente por ali.

Parecia que ali estaria longe de tudo.

Longes de problemas, responsabilidades ou intrigas.

Parecia ser o mundo criado perfeitamente, talvez até calculado para mim.

E eu não tinha presa alguma de voltar a si.

[...]

- Dê algo que cheire forte para ela. – recomendou a voz que parecia ser de Yori. – Minha mãe fazia quando eu passava mal.

- Eu vou tentar. – falou a voz que parecia ser a de Kaname.

Antes que alguém colocasse algo fedido ou com cheiro estranho no meu nariz, abri meus olhos lentamente ainda pensando seriamente em voltar a escuridão.

Tentei mexer meu corpo e virar para o lado oposto que estava, mas senti meu corpo doer por completo. Eu estava coberta com um macio lençol branco que passava suavemente pelo meu corpo pálido trazendo uma sensação boa, logo depois analisei todo o ambiente em que estava.

Eu estava no quarto de Kaname, julgando pela decoração clássica.

- Está tudo bem? - perguntou Yori sorrindo de lado e indo medir minha temperatura com a costa da mão, tentei assentir com a cabeça, mas tive uma leve vertigem.

- Estou bem. – menti.

- Não deveria ter dito de uma vez a aquela noticia Yuuki. – falou Kaname se sentando do meu lado, ele parecia preocupado. – Me desculpe.

- Está tudo bem Kaname. – tentei conforta-lo e ele pareceu ignorar. – Eu só quero saber onde estão nossos pais, só isso.

- Posso te pedir uma coisa? – perguntou Kaname me olhando, assenti. – Não fique criando espectativas boas, você tem colocar em conta que eles podem não voltar mais.

- Mas eles vão voltar! – gritei sentindo meus olhos encherem de lagrimas. – Eles vão voltar. – dessa vez diminui meu tom de voz.

- É uma possibilidade, Yuuki.

- E isso acontecer?

- Você terá que se casar comigo.

[...]

Os dias se passaram e aquela agonia só parecia aumentar a cada segundo.

A cada batida na porta, a cada telefonema meu coração parecia sair pela boca.

Onde eles estavam?

Com quem estavam?

Estariam mortos?

Essas perguntas pareciam me massacrar a cada momento.

Então resolvi tirar minhas conclusões sozinhas.

Passando pelos corredores do Conselho, ouvi vozes masculinas discutindo.

Minha curiosidade não se aguentou e eu tive que grudar o ouvido na porta.

- Se aqueles malditos não devolverem meus pais em 24 horas, eu não respondo por mim! – gritou Kaname.

- Você nem tem certeza que foi eles!

- E quem mais tem motivos para acabar com a minha família. – falou Kaname. – O sequestro dos meus pais tem um único culpado e o seu nome é Kiryuu Zero.

- Kaname... – tentou falar o outro.

- Ele mentiu para todos que está morto só para acobertar o sequestro, ele vai matar meus pais, da mesma maneira que fizeram cruel que fizeram com os dele.

Sabe o que é sentir seu coração despedaçar em mil pedacinhos e não ter motivos e nem forças para juntar?

Então, era eu agora.

Eu me recuso a acreditar que Zero é capaz de fazer umas coisas dessas.

Não mesmo!

E quando eu vi eu já estava entrando na sala onde Kaname estava e gritando.

- Esse não é o Zero! – gritei sentindo as lagrimas descerem no meu rosto. – Esse não é o cara na qual eu me apaixonei!

- Yuuki, você escutou isso? – perguntou Kaname se aproximando de mim, o ignorei por completo. – Por favor Yuuki, por mais que isso doa essa é a verdade.

- Não é! – gritei novamente. – Eu conheço o Zero melhor de qualquer pessoa, ele é incapaz de fazer algo assim!

- Ah é? – gritou ele. – Como você explica isso então?

Kaname me entregou um pequeno caderno que parecia ser de Zero e o bilhete no desaparecimento.

Eu abri com as mãos tremulas e não entendi nada que estava acontecendo ali.

Mas quando eu fui analisando cada detalhe daquele caderno com aquele bilhete, eu não pude acreditar em tudo.

- E-essa letra é a do Zero. – gaguejei deixando o livro cair, eu não podia acredito nisso.

- Agora vê toda a verdade Yuuki? – perguntou Kaname. – Ele nunca te amou de verdade, ele apenas te usou para conseguir se aproximar da nossa família.

- Cala a boca Kaname. – pedi olhando para baixo, eu não queria aceitar aquela situação;

- Ele te iludiu com palavras dóceis, gestos amorosos e “eu te amo” falsos. – continuou Kaname me torturando. – E você acreditou. Acreditou no cara que agora deve estar matando nossos pais, e o pior você amou o cara que tenta matar o cara que quer destruir nossa família!

- Para Kaname! – gritei. – Para de me torturar, merda!

Eu não queria acreditar nisso!

O Zero não é era esse monstro que Kaname estava falando.

Eu não havia caído nova na burrice de amar um psicopata.

Ou cai?

Não importava mais, eu estava sem cabeça para pensar em uma resposta mais aceitável.

O que eu poderia fazer seu o meu coração continuava a bater pelo possível assassino dos meus pais?

-x-

- Diga-me uma coisa, eu sirvo para ser um bom ator Seiren? – perguntei, rindo de toda aquela situação.

- Sim Kaname-sama. – falou a mesma. – Mas não acha que magoou Yuuki-sama inventando que Zero raptou seus pais?

- È o único jeito de fazer ela esquecer esse maldito. – falei com raiva. – Agora o caminho está todo livre, Zero está morto, meus pais sumidos e Yuuki odeia Zero, não é perfeito?

- Sim Kaname-sama.

- Zero deve estar se revirando no tumulo agora depois de eu ter dito tanta mentira ao seu respeito. – falei ainda rindo diabolicamente. – Ah, que se dane, ele ia pro inferno de qualquer maneira.

- Se permite perguntar Kaname-sama, tem certeza que ele está morto?

- E mesmo que estiver vivo Yuuki nunca mais voltará para ele depois dessa historia e finalmente ela será minha somente minha.

-x-

As horas se passaram e ainda me pergunto da onde eu havia tirado tanta lagrima assim.

Eu estava arrasada.

A verdade doeu mais do que eu imagina e não sei se é errado admitir isso, mas eu preferi viver na mentira de que Zero era o meu príncipe encantado.

O que me salvou em um cavalo branco das garras de um vampiro sedento pelo meu sangue, o que tem crises de ciúmes por contas dos meus coreanos, o que não sabe comprar um presente dos dias dos namorados e o melhor de tudo, de uma maneira estranha, falava que me amava todos os dias antes de dormir.

Era fora dos meus conceitos achar que uma criatura tão fofa como Zero pudesse ter feito uma atrocidade daquela.

Mas diante daquela situação era humanamente impossível não pensar em acreditar que tudo aquilo era verdade.

Então, diante de tudo aquilo que haviam me dito e mesmo meu coração dizendo para eu não acreditar nas palavras de Kaname e eu tive que tomar a decisão que mais me doía fazer naquele momento.

- Adeus, Zero. – foram as ultimas palavras que falei entre soluços e choros.

-x-

- Não pode ser. – falei me encostando-se à parede creme da minha sala de estar, talvez o impacto daquela frase fosse grande de mais para que eu pudesse aguentar. – Ela não seria capaz de fazer isso.

Sabe aquele momento da sua vida em que você fica em duvida em ficar com raiva que seria capaz de matar alguém apenas olhando ou se desesperasse por completo?

Então, esse era eu nesse exato momento.

Aquelas palavras não entravam na minha mente.

Aquilo era loucura demais.

E mesmo que fosse loucura e não fosse mentira, eu não ia deixar que isso acontecesse.

- Por favor, Zero, saiba desde já que ela não tem escolha a não ser se casar com o Kaname. – falou Yori tentando me confortar. – Alguém tem que ficar no lugar dos pais dela que foram sequestrados.

- Eu posso saber quem foi o maldito infernal que fez isso? – gritei, Yori me olhou assustada e Ichiru quase me bateu.

- Não desconte na Yori sua revolta sobre o casamento da Yuuki, Zero. – me repreendeu Ichiru, revirei os olhos não estava no clima para ouvir sermão. – Não mais nada ser feito, para Yuuki você está morto e mais cedo ou mais tarde ela será esposa de Kaname.

Ela será esposa do Kaname.

Aquilo ficou ecoando na minha mente por muito mais muito tempo.

Eu não posso aceitar que a mulher que eu amo vai estar nas mãos daquele sujo do Kaname contra a vontade dela.

Eu tinha que impedir disso, mesmo que isso custe a minha infeliz vida.

- Foda-se toda essa porra. – gritei, era hoje que eu deixava todo mundo ali surdo. – Eu não posso deixar a mulher que amo nas mãos do cara que eu odeio mais que tudo na minha vida. – falei rumando até a porta pegando minha arma, Ichiru entrou na minha frente.

- Eu não vou deixar você se matar para salvar a Yuuki desse casamento.

- Eu não vou ter que chutar sua cabeça para você sair da minha frente, não é Ichiru?

- Eu acho que vai.

E assim o fiz.

Ok, eu não chutei a cabeça do Ichiru, mas foi algo parecido se é que vocês me entendam.

E eu só espero que ele possa ter filho depois desse chute tão infeliz no meio das pernas.

- Eu avisei. – por fim falei saindo pela porta, deixando meu querido irmão se contorcendo de dor e me xingando de todos os nomes feios possíveis e minha cunhada cuidando dele.

E sai correndo na adorável moto de Ichiru – por que na boa, não bastou eu ter quase ter tirado a chance dele ter filhos com a Yori, eu tive que roubar a moto dele. – e fui à direção naquela desprezível mansão que a Yuuki apelida de segundo lar doce lar.

Chegando naquela construção desprezível o cheiro daqueles infelizes me faziam sentir meu estomago revirar por completo.

Mas nada que pudesse aguentar, tipo minha vontade de estourar a cabeça do Kaname por diversos motivos que venho carregando durante anos.

Percorrendo aquela mansão, logo um daqueles cachorrinhos dele vieram me encher a paciência.

- V-você não estava morto? – perguntou Aidou, sou só eu que ele parece uma borboleta saltitante quando está com aquelas idiotas da Day Class?

- Quem é vivo sempre aparece, esqueceu-se do ditado? – comecei a rir da cara dele de quem viu um fantasma, tipo eu.

- Kaname-sama precisa ser informado disso.

- Você não vai poder informar nada se estiver morto, projeto de Justin Bieber.

- Você não seria capaz de me matar, não é mesmo Kiryuu?

E eu só dei um sorriso de lado, sabe aqueles mais demoníacos possíveis?

Então.

- Me espere no inferno, verme. – falei apertando o gatilho, mas fazendo uma pequena surpresinha para ele.

Na verdade eu dei um tiro no teto, eu não gastaria minhas preciosas balas da minha linda Bloody Rose com aquela aberração mal feita do Justin Bieber.

Ou acharam que sim?

Não sei o que acharam, mas quando vi ele tinha saído correndo dali parecendo uma garotinha.

Depois não querem que eu fale dos amigos do Kaname.

Desprezíveis.

Parei de aterrorizar garotinhas/garotinhos inocentes e fui atrás da Yuuki.

Fui ate o quarto dela no fim daquele imenso corredor, mas não encontrei a mesma por lá.

Ótimo, teria que bancar a Dora, a Aventureira logo na mansão Kurans.

Nada mais infortúnio.

[...]

É, eu ainda pagando a Dora até agora.

Serio, eu estava quase desistindo de procurar a garota até que um enorme jardim me chama a atenção.

Era repleto de rosas vermelhas e parecia ter algumas pessoas conversando lá,.

- Kaname? – chamou a voz que parecia com a da Yuuki, eu respirei muito mais aliviado, parecia que aquela voz me acalmava. – Oh, estava na sua leitura da tarde, me desculpe.

- Você nunca atrapalha Yuuki. – falou aquela voz irritante que certamente seria do Kaname.

- Fico feliz que não tenha atrapalhado. – se desculpou Yuuki. Serio, onde eu aperto para vomitar com essa cena?

- Er, então. – falou Yuuki parecendo sem graça ou com medo. – Eu aceito.

- Aceitar o que?

- Eu aceito ser sua esposa.

Sabe aquela raiva que eu estava sentindo mais cedo?

Então, ela voltou mil vezes pior do que ela já era.

Ela não podia estar falando serio.

Mas ela parecia estar tão ciente das palavras que estava falando, parecia que ela realmente queria fazer isso.

E fato, mesmo que isso fosse verdade eu não ia deixar que isso acontecesse.

- Você não sabe o quanto eu esperei para ouvir isso de você, Yuuki.

E tipo, eles se beijaram.

MANOO, O BOSTA DO KANAME TAVA BEIJANDO A MINHA MULHER!

E isso não ia aceitar nem que me dessem todas as coletâneas do AC/DC!

- É agora que você morre, seu maldito! – gritei saindo de trás da pequena moita que estava escondido.

E quando eu ia atirar naquele infeliz, dois caras entraram na minha frente e outros dois impediram que eu fizesse isso.

Ótimo.

- Me solta! – gritei tentando sair dos braços daqueles caras, mas eles eram muito fortes.

- Cala a boca, maldito. – e me deu uma forte cotovelada.

Mas sabe o que mais me doeu alem de ser praticamente espancado por aqueles idiotas?

Foi ver que a garota nem me viu gritando seu nome enquanto estava sendo levado para qualquer lugar aleatório.

Foi ver que ou ela estava me ignorando ou que estava tão feliz em ser noiva do Kaname que havia feito algo que doía mais que qualquer coisa no mundo.

Ela havia me esquecido para sempre.

Serio, onde eu aperto para me matar?