Entrei em casa e não pude conter as lágrimas. Minha vontade era voltar lá, abraçar o Bruno, tirar fotos, sorrir com ele e dizer “Está tudo bem, eu te apoio”. Mas se eu fizesse isso, estaria sendo falsa, coisa que não é do meu feitio.

Subi as escadas correndo, me tranquei no meu quarto e chorei. Chorei muito. Na verdade, nunca pesei que choraria tanto na minha vida. Aquilo doía. Dizer aquelas palavras pra ele e perceber o sentimento de culpa estampada em seus lindos olhos castanhos. Eu estava mal, mas agora, não podia concertar tudo isso, afinal, nunca mais iríamos nos ver.

(BRUNO’S POV)

Aquelas palavras entraram como facas dentro de mim. Sinceramente, eu não sabia que meus atos causavam essas consequências todas nos meus fãs. No momento, eu me sentia culpado. Eu amava meus Hooligans mais do que tudo, mas por um momento, eu não transmiti esse meu amor para eles. Fui despertado dos meus pensamentos ao ouvir o celular tocar.

-Bruno? Cadê você irmão? Estamos te esperando no estúdio há uma hora! – Era o Phil. Dentre tantos acontecimentos, me esqueci do porque saí de casa nessa manhã. Precisava acertar os últimos detalhes da nova turnê.

-Desculpa cara, aconteceu uma coisa, chegando aí te explico, já estou a caminho. –Respondi, e em seguida, desliguei.

Fui o caminho todo com aquelas palavras da Júlia na minha cabeça. Mas tinha que me concentrar no trabalho agora, então, parei de pensar nisso e apenas dirigi.

Chegando ao estúdio, Phil veio até mim.

-Por que a demora Bruno?

-Ele deveria estar com a namoradinha... –Brincou Ryan

-Vai se ferrar Ryan, que merda –Disse jogando as chaves do carro em cima dele –Phil, preciso conversar contigo.

-Claro, vamos ali na outra sala –Respondeu Phil com a mão no meu ombro direito.

Comecei a explicar tudo o que tinha acontecido, desde o atropelamento, até as últimas palavras dela. Phil ouviu a tudo sem soltar uma palavra, e quando terminou, ele começou o sermão, que eu já previa.

-Bruno, o que eu tinha te falado desde quando começou esse namoro? “Conte para seus fãs, eles merecem saber disso”, mas infelizmente você não me ouviu, e olha o que aconteceu? Precisou uma fã sua, que te ama há sei lá quanto tempo, falar isso tudo na sua cara –Disse Phil me encarando

-Eu sei Phil, to muito mal cara, o que faço? –Abaixei a cabeça

-Peça desculpas brow, não tem outra opção – Deu uma batida de leve nas minhas costas

-Eu preciso achar uma forma melhor de fazer isso –Fiquei um tempo pensando- Já sei cara, já sei!

-Diz, o que tu vai fazer? –Phil disse rindo da minha animação

-Não vou te contar o que vou fazer agora, mas posso adiantar que vou colocar meu plano em prática amanhã – sorri – Mas agora, vamos trabalhar porque tem muita coisa pra resolver! – Respondi dando um abraço de lado nele.

Esse plano tinha que dar certo. Eu não gosto de ficar mal com ninguém, principalmente com meus Hooligans. Eles me faziam felizes como ninguém. Não imaginava minha vida sem eles.

O que eu estava achando mais estranho naquele momento era que enquanto trabalhava a imagem de Júlia vinha na minha cabeça. Aqueles cabelos pretos lisos e longos. Olhos verdes, sorriso doce e...BRUNO, MENOS, VAMOS VOLTAR AO TRABALHO.

(Júlia’s POV)

Depois de chorar muito com isso tudo, desci e fui até a cozinha. Como estava próximo da hora do almoço, almocei e aproveitei para pegar uma bolsa de gelo pra colocar no local da minha perna onde estava doendo. Jessie e Daniel não estavam.

“Eles devem ter ido trabalhar” –Pensei

Depois de comer, deitei no sofá com a perna pra cima e coloquei o gelo. Enquanto fazia isso me lembrei que hoje era meu primeiro dia no colégio em Los Angeles, e eu tinha faltado. Pelo visto, perdi a explicação dos métodos e regras do colégio. Amanhã teria que pedir explicação a quem fosse.

Liguei a TV e estava passando um filme que eu adorava, então, decidi ver pra esquecer um pouco esse ÓTIMO dia.

Devo ter visto uns quatro filmes seguidos. Quando terminava um eu procurava outro e assistia. Quando me dei conta, era quatro da tarde e resolvi ligar pra Mel, eu precisava dela nesse momento.

-Alô! Mel?

-Oi amiga, que saudade de você! Aconteceu alguma coisa? Sua voz está estranha –Disse confusa

Expliquei tudo pra ela e não pude evitar que as lágrimas caíssem.

-Jú, fica calma amiga!... Mas o que te deu pra falar daquele jeito com o Bruno? Seu objetivo em estar aí é estudar e conhece-lo, mas quando isso acontece você faz isso com o menino?!

-Eu sei amiga, estou me sentindo muito mal com isso, e o pior é que não tenho como concertar essa porcaria que fiz. Agora ele deve estar me odiando por tudo isso que falei – As palavras saíam entre os soluços do meu choro.

-Júlia, me escuta, para de chorar! Tudo bem que você perdeu a oportunidade de conhecê-lo de verdade, mas acho que tu fez a coisa certa, falou em nome da maioria dos Hooligans, você tem que se orgulhar disso.

-Não sei Mel, acho que não fiz o certo, mas espero que ele não me odeie, só isso –Falei limpando as lágrimas- Amiga, preciso desligar, vou terminar de colocar gelo na minha perna, tomar um banho e ler um pouco, é disso que eu preciso, ler pra esquecer tudo!

-Ta bom Jú, me liga qualquer coisa, beijos

-Beijos

Desliguei o celular e fui fazer o que tinha dito. Terminei de colocar gelo na minha perna, que já não estava doendo tanto, fui tomar banho e lembrei-me da pulseira que a Mel me deu no aeroporto. Fui até o armário e peguei-a. Coloquei no pulso e senti a Mel ali, comigo. Aquilo me deu segurança e muita paz. Enfim, fui procurar um livro na instante da sala. Achei um que parecia bom, e fui para o quarto ler.

Fiquei lendo durante umas duas horas e fiquei deitada, esperando o sono vir. Por fim, adormeci.

“Espero que amanhã seja melhor que hoje” – Pensei antes de cair no sono.