Capítulo 22

Eu simplesmente não acreditava no que acabara de ver. Parada em frente ao notebook com as lágrimas insistindo em cair sem eu ao menos fazer um esforço, só me perguntava onde foi parar todo aquele amor que ele dizia ter por mim, aquele carinho...Acho que eu fui a mais burra na história, acreditei em uma mudança repentina no Bruno. Uma coisa de um dia pro outro. Pois é, estava perfeito demais pra acontecer comigo.

(BRUNO’S POV)

Era um Domingo à noite, eu estava me arrumando pra fazer uma surpresa pra Júlia. Fiquei a semana toda no estúdio, sem dar atenção a ela, então, decidi fazer um programa a dois, pra curtirmos mais um ao outro. No entanto, quando eu estava saindo, fui surpreendido por uma visita nada agradável...

-Joyce?! –Falei surpreso

-Oi Bruno...-Respondeu de cabeça baixa. Pude perceber em sua mãe, uma sacola, um pouco grande, mas não revelava o que tinha dentro –Posso entrar?

-Olha Joyce, eu não acho uma boa ideia e...

-Só preciso de cinco minutos –Disse me interrompendo- Apenas cinco. Confia em mim, não quero brigar, vim apenas esclarecer toda essa história – Depois de encará-la um pouco, resolvi dar passagem, e ela entrou.

Bom, conversamos um pouco, esclarecemos todo esse “fim de namoro mal resolvido” e parecia estar tudo bem agora.

-Bom, eu trouxe uma Champagne para comemorar nosso...Nossa conversa- Sorriu, tirando da tal sacola, a bebida. Ela parecia realmente arrependida das coisas que falou e eu realmente gostaria de “brindar” essa nossa...Enfim, mas não podia, a hora já avançava e eu precisava sair com a Júlia. -Desculpa Joyce, mas eu to atrasado pra pegar a Júlia –Tirei o chapéu e cocei a cabeça, meio sem jeito. -Poxa Bruno, é só um brinde, nada demais –Sorriu –A gente fazia tanto isso! Vamos lá, só um, prometo –Fez um sinal de juramento coma mão. Depois de tanta insistência, aceitei, ela foi até a cozinha, demorou um pouco, mas quando eu estava indo ver o porquê do atraso, ela estava voltando, com as bebidas na mão, e então, tomei. Essa, é a última coisa que me lembro.

(JOYCE’S POV)

Digamos que eu sou uma bela atriz e o Bruno, um tanto burro, vamos combinar. Foi fácil cumprir minha palavra de vingança sobre o casalzinho apaixonado, tão fácil que achei um tanto engraçado.

Sabe aqueles remedinhos, que dão bastante “potência” nos homens? Pois é, coloquei uma pitadinha na bebida do Bruno, junto com uma dose de calmante, dose essa que o deixou totalmente sem noção do que fazia, apenas, fazia.

Quando percebi que ele já estava ficando excitado e muito “grogue”, o carreguei para o quarto, tirei suas roupas e liguei minha melhor amiga do momento, a câmera. E assim comecei e concluí meu plano. Bruno parecia um selvagem na cama, e eu, aproveitei o momento, estimulando seu lado animal.

Enfim, gravei o vídeo, que ficou com uma resolução ótima, enviei para a Júlia e agora, era só sair dali o mais rápido possível, deixando o local super normal, como se nada tivesse acontecido e esperar pela crise do casal apaixonadinho.

(BRUNO’S POV)

Acordei com uma dor de cabeça inacreditável e um cansaço fora do comum. Parecia que eu tinha carregado cem sacos de areia nas costas, meus braços doíam, e principalmente minhas pernas. Tentei lembrar da noite passada e a última coisa que lembrava foi a Joyce me pedindo perdão por tudo e etc, depois disso, nada. Parecia que alguém tinha apagado minha mente, quando buscava por lembranças, encontrava um vazio, apenas um fundo preto na cabeça.

Decidi ligar pro Phil, para saber se ele e os meninos tinham a ver com isso.

-Phil, o que fizemos ontem?-Disse apressadamente

-Nossa, boa tarde pra você também, comigo está tudo ótimo e com você?

-Para de palhaçada Phil, só me responde! O que fizemos ontem?

-Ta...Deixa eu pensar...Ficamos o dia todo no estúdio e quando deram 21:00 horas você foi pra casa, dizendo que iria fazer uma surpresa pra Jú!

-Espera! Não fomos pra nenhuma boate, nem nada? –Perguntei confuso.

-Olha brow, se a gente tivesse ido, você acha que eu esqueceria? –Respondeu num tom irônico.

-Ta, obrigado irmão, obrigado! Tchau –Desliguei o celular, me sentando na beirada da cama, tentando lembrar o que realmente aconteceu.

(JÚLIA’S POV)

-Mel, ele me traiu Mel! –Falei aos prantos

-Meu deus amiga, que vídeo é esse? Mas não, não pode ser, o Bruno te ama mais do que tudo! –Disse com convicção, mas não me convenceu.

-Você viu a gravação não viu? Viu que era o Bruno com aquela puta não viu? Que provas você quer mais? Hein? –Limpei algumas lágrimas- Olha, eu vou, sei lá...Desligar e pensar um pouco, quero ficar sozinha pra ver o que faço!

-Não Jú, você não ta num bom estado...Não desliga...Se pelo menos eu estivesse aí, meu Deus!

-E como eu queria você e a mamãe agora, era tudo que precisava...Mas sério, preciso de um tempo, meus pensamentos estão confusos, não sei o que fazer...Prometo te ligar mais tarde!

-Ta bom então irmã, me liga mesmo! Te amo muito, se cuida –E desligou.

Sinceramente, eu nunca me senti assim na vida, sem chão, sem rumo, sem saber o que fazer nem pensar, querendo apenas uma coisa...Sumir.

Não tive cabeça pra ir ao colégio, então, fiquei a manhã toda no meu quarto, falei apenas com a Mel por telefone e mais nada. Eu pensava demais...Uma hora defendia o Bruno e o nosso “amor”, outra, me sentia tão traída e angustiada por saber que ele me traiu, que meu peito doía, uma dor incontrolável, uma dor que só sente quem já passou por isso.

Estava deitada na cama, toda encolhida, como se estivesse com medo de algo. A cabeça afundada no travesseiro, ensopado das lágrimas que pareciam não ter fim, até que meu celular tocou. Sim, era ele, mas não atendi, não aguentaria ouvir a voz dele, tudo que sentia agora, em relação ao Bruno, era nojo. Por fim, acabei adormecendo em meio a tantos pensamentos confusos.

[...]

-Júlia? –Disse alguém batendo na porta do meu quarto, me fazendo acordar, coisa que eu não queria.

-Oi! Quem é? –Perguntei passando a mão nos olhos e recostando na cama.

-É a Jessie, o Bruno está lá embaixo e...

-NAÕ! –Falei, quer dizer, gritei. Mas depois percebi que Jessie não tinha nada a ver com isso, então, me desculpei – Perdão, é que...Não quero vê-lo, diz que to dormindo, não sei...Apenas faça ele sair daqui, por favor!- Afundei na cama como antes, já sentindo as lágrimas se formarem em meus olhos.

-Bom, se é assim, tudo bem, mas se quiser conversar, pode me chamar –Fechou a porta e saiu.

Minha vontade era mandar o Bruno subir e apenas perguntar o por que daquilo, o por que desse papelão todo, mas não, sou muito fraca pra isso, não dá.

Consegui adormecer mais uma vez, mas fui interrompida pelo celular tocando. Mas não era o Bruno.

-John? –Disse meio surpresa.

-Oi, desculpa te ligar, é que...Bom, estou produzindo um desfile aqui em Los Angeles, com estilistas da mais alta custura e...-Deu uma pausa- Queria saber se você quer vir comigo? Quer dizer, não comigo, assim, é comigo- Tentou explicar, mas foi em vão.

"John? Me chamando pra sair? AGORA? Bom destino, acho que você está gostando de brincar com meu coração não é?"