Parando para analisar, esse nosso “caso” que começou há apenas três dias não teria futuro. Eu nem sabia se era realmente especial pra ele, se ele sentia a mesma coisa que que eu sentia, e pior, eu voltaria para o Brasil em menos de dois meses. Se ficar com alguém normal à distância já é complicado, imagina essa pessoa sendo famosa.

-Bruno?

-Que foi minha Hooligan?

-O que vamos fazer daqui pra frente? Quero dizer, você ainda tem namorada, e eu acho que não te contei, mas vou embora no final do mês que vem e...

-O que? Você vai embora? Como assim Júlia você não pode ir, não pode! –Disse se levantando

-Bruno, minha vida é no Brasil, eu estou aqui apenas pra estudar dois meses, você não estava nos meus planos, quer dizer, não desse jeito – Me levantei também.

-Nossa! Eu não estava nos seus planos? Obrigado Dona Júlia– Deu um sorrisinho irônico, se virou e saiu andando.

-Não Bruno! Espera– Fui o seguindo e ele parou – Eu não disse nesse sentido, você sabe que é o homem dos meus sonhos desde a adolescência e isso tudo que está acontecendo é a melhor coisa da minha vida, mas eu to com medo...

-Medo? Medo de que?

-Medo de te perder Bruno! Eu vou embora daqui a um mês e três semanas. Tenho medo de não ser realmente especial pra você, ser só mais uma que entra na sua vida, você se diverte e pronto, esquece! –Nesse momento uma lágrima caiu.

-Jú, depois do que eu te disse não acredito que você está duvidando do que sinto?! Sabe, um dos pontos ruins em ser famoso é isso, as pessoas acham que não podemos nos apaixonar, namorar, casar e ter filhos como pessoas “normais”- Fez sinal de aspas com os dedos- Acham que devemos viver na bagunça, mas Júlia, chega uma hora que isso acontece, nos apaixonamos e eu não...Eu não consigo me imaginar mais sem você... –Secou meus olhos, que estavam marejados.

-Nem eu Bruno, nem eu– O abracei. Bom, se realmente ele gostasse de mim, isso se mostraria com o tempo, para ser sincera eu não acreditava cem por cento, mas sabe quando algo te diz que é pra você se afundar numa história? Pois é, eu estava decidida a fazer isso. Sempre fui quieta, como a Mel dizia, eu só fazia as coisas certas, mas esse tempo em Los Angeles seria diferente, eu queria viver uma aventura, pelo menos uma vez na vida.

-Que bom minha Hooligan –Me deu um beijo na testa –E então, com aquela confusão toda eu nem comi nada, ta com fome?

-To, morrendo –Coloquei a mão a altura do estômago

-Vamos no Mc Donald’s então? –Disse me abraçando de lado

-Claro!

Fomos até o carro que estava estacionado em frente e praça. Entramos e seguimos para a lanchonete.

-Escuta, não é que eu queira te esconder nem nada, mas por enquanto, vamos deixar esse relacionamento meio que abafado. Eu ainda preciso conversar com a Joyce, terminar o namoro, coisa que nem devia ter começado, e também quero deixar meus Hooligans a par de tudo, ta bom? –Ele iria terminar com a Joyce pra ficar comigo? Inacreditável.

-Não tem problema Bru, a gente pede o lanche de dentro do carro- Sorri- Mas...você vai terminar com ela mesmo? –Senti meus olhos brilhando.

-Sabe, quando eu penso em um casamento, numa igreja, com uma mulher vindo em minha direção no altar, não é ela que eu vejo vestida de noiva– Pegou minha mão e beijou. Meus olhos ficaram marejados, mas me controlei, se eu fosse chorar a cada palavra que o Bruno falasse iria ser meio tenso – Isso responde sua pergunta?- Sorriu

-Responde até mais que isso!- Tudo bem, digamos que Bruno sabe como convencer uma menina. Eu estava começando a acreditar nos seus sentimentos por mim e se ele realmente fizesse isso, seria uma prova incrível do que ele realmente sente.

Chegamos no MC, ele pediu os lanches de dentro do carro como combinado e a garçonete pediu um autógrafo na sua camisa de trabalho. Fiquei rindo dessa cena, acho que se fosse comigo eu faria a mesma coisa ou pior, mas enfim. Bruno assinou a camisa dela com um sorriso de satisfação no rosto e fomos embora.

-Pra onde está me levando senhor Hernandez? –Disse enquanto comia uma batata

-Pra minha casa, tudo bem?

-Cara sério? Eu vou na casa do Bruno Mars, meu Deus! –Falei que nem uma fã enlouquecida, como se a Mel estivesse do meu lado e eu contando isso pra ela, até me dar conta que não era a Mel, e sim o próprio Bruno me olhando ter um mini ataque. Vergonha? Imagina!

-Vocês Hooligans brasileiras são tão espontâneas – Soltou uma gargalhada- Mas escuta, na boa, eu estou morrendo de fome e dirigindo enquanto você fica sentada do meu lado, comendo essas batatas, me dá uma! –Abriu a boca

-Toma criança – Respondi sorrindo colocando em sua boca

-Que estranho... –Disse enquanto mastigava

-O que Bru?

-Essa intimidade que a gente tem, nem com a Joyce eu fazia isso, de colocar comida na boca um do outro, correr pelo parque, sei lá, eu gosto disso– Falou abrindo a boca para eu colocar outra batata.

-É verdade, parece que nos conhecemos há anos- Fiz uma pausa- É...Bruno posso te fazer uma pergunta?

-Claro minha Hooligan, fala!

-Por que começou a namorar com a Joyce?

-Ah sabe, eu não vou negar, ela é uma mulher bonita e atraente. Desde que ficamos a primeira vez ela queria ter uma coisa séria comigo, mas eu sempre negava, até que um dia decidi dar uma chance, mas posso dizer que esses dez meses com ela foram os piores da minha vida em relação a relacionamentos. Ela não é o tipo de mulher que te entende, só quer sugar seu dinheiro, não está com você pelo que você é, e sim pelo que tem e eu só fui sacar isso nesses últimos dois meses quando ela fez questão de aparecer em público comigo porque queria deixar meus fãs com inveja e tal. Achei isso uma atitude infantil e egoísta... Chegamos! –Estacionou o carro.

-Deve ser difícil ser famoso, eu que o diga sabe?! Lá no Brasil eu era como a rainha da Inglaterra, super popular, saía nas capas de revista e tudo! –Sentiu a ironia?

-É mesmo senhorita Júlia? –Saiu do carro para abrir a porta pra mim.

-Claro, liga pra minha mãe e pergunta, ela vai confirmar tudo –Disse enquanto comia outra batata e saia do carro.

-Olha que eu ligo mesmo hein?! “Alô sogrinha? Vem cá, qual a próxima revista que a Júlia vai sair?” –Fingiu que estava no telefone me fazendo rir muito –Para de palhaçada, vamos entrar sua boba! –Me abraçou e fomos até a porta, ele abriu, me deixou entrar primeiro e em seguida fez o mesmo.

A casa era linda, tudo muito claro, móveis, decoração, simplesmente perfeitos. Tinha uma piscina gigante nos fundos, sauna, hidromassagem, tudo que você possa imaginar.

-Acho que minha casa lá do Brasil é menor do que essa sala, sério. –Disse olhando o lustre lindo que tinha centralizado no teto daquele cômodo.

-Preciso de uma casa grande, o pessoal da banda vem muito pra cá –Sorriu –Mas então, vamos comer?

-Com certeza!

Comemos nossos lanches sentados na sala, ficamos brincando de dar batata um na boca do outro, e eu só ficava tentando entender por que comigo? O que eu tinha de especial pra merecer tanto carinho. Bom, mas agora não era hora de pensar nisso, e sim aproveitar o momento com o amor da minha vida. Enfim, depois de tanta brincadeira com o lanche, terminamos e eu olhei no relógio, já era quase uma da madrugada.

-Bruno, ta tarde, preciso ir embora –Disse deitando no seu colo. Bela maneira de querer se despedir não é?

-Não vai não, fica aqui comigo, por favor –Passou a mão no meu cabelo. Bom, pra muitos isso seria fácil responder. Um simples “sim” resolveria tudo, mas pra mim não. Na minha vida toda eu só dormi com um garoto uma vez, foi onde perdi minha virgindade, e depois disso nunca mais aconteceu com nenhum outro, e agora eu sabia que se dormisse ali não iria ficar só no “dormir”, disso eu tinha certeza.

“E agora, o que eu faço?” -Pensei