–- Bom dia, Granger. Dormiu bem? – Malfoy disse, com seu tradicional sorrisinho sarcástico.

Hermione suspirou, exasperada.

–- Estava melhor sem a sua presença.

–- Duvido... Bem, espero que tenha se preparado, porque hoje o seu dia não será nada fácil.

–- Prepare-se você, porque eu nunca vou ceder, seu cafajeste!- a garota disse, ríspida.

–- Cafajeste, mas você gosta. Contra fatos não há argumentos.

A morena revirou os olhos.

–- De qualquer maneira, pode desistir. Eu vou ganhar essa aposta.

–- Eu não teria tanta certeza... – ele se aproximou, puxando-a pela cintura.

Droga.

Uma sensação de choque elétrico passou pelo corpo de Hermione. Controlando-se para não agarrá-lo ali mesmo, a garota se afastou, empurrando-o para longe, e saiu apressada do recinto. De longe, ainda conseguiu ouvir a risada de Draco, que a tirava de seu juízo perfeito, mas continuou andando. O que os olhos não veem, o coração não sente. Mas mesmo estando o mais distante que conseguisse, seu coração ainda daria um pulinho só de pensar em seu nome.

Na pressa de sair de lá, Hermione acabou trombando com Gina.

–- Oy oy, onde vai com essa pressa toda?

–- Eu estou frita.

–- O que foi?

–- Vamos. – ela puxou a ruiva pelo corredor. – Eu não consigo ficar longe desse idiota. Ele apostou comigo que se eu assumir que eu o amo, ele já terá sua confirmação, e vai me zoar pelo resto da vida! Mas ele não pode e não vai vencer!

Gina deu uma risada sarcástica.

–- Ele já ganhou, Mione!

–- O caramba que ganhou! – Hermione esbravejou e Gina riu. – Ah, mas ele vai ver só... eu vou lançar uma maldição imperdoável nele um dia desses, se não me controlar. E você hein? Sua confiança em mim me fascina, sabia?

Gina riu com gosto.

–- Mas você é besta né? Ele quer que você fique caidinha por ele, e se arrastando aos seus pés, como ele está acostumado. Mas e se você pagar na mesma moeda?

A morena encarou a Weasley, sem entender.

–- Provoca ele até ele não aguentar mais... Faça como ele! Duvido que ele vá resistir!

–- Você está sugerindo que eu me atire em cima dele como a vagabunda da Parkinson costuma fazer?

–- Mais ou menos. Só que sem toda aquela vulgaridade, claro.

–- Eu não vou ser ridícula a esse ponto, não mesmo! Não vou me rebaixar a esse nível.

Ainda que tenha dito isso, Hermione hesitou e ponderou sobre a questão.

–- Tem certeza? Bem, eu quero provoca-lo, mas não desse jeito.

–- Tenho. Sem dúvidas, essa é a melhor abordagem. E você tem o direito de fazer isso, estará apenas revidando.

–- Eu não sei se consigo fazer isso...

–- Claro que consegue! Hermione, você consegue deixa-lo louco sem fazer nada. Se você fizer então... Aposta garantida!

–- Eu não sei.

–- Ah, não seja tão ingênua! Se liga, né, Mione! Ou você prefere ser caçoada por Hogwarts inteira? Assim que ele tiver sua constatação, realmente acha que ele vai guardar para si, a fuinha fofoqueira? Mas é nunca!

–- Ginevra! Você está me deixando ainda mais nervosa!

–- Em primeiro lugar, é Gina. Além disso, eu estou abrindo seus olhos. Quero o seu bem. E o que eu puder fazer para impedir que você se ferre, acredite, eu vou fazer.

Hermione riu.

–- Obrigada, Gina.

–- Assim está melhor... Mas enfim. Supostamente, ele pode até gostar de você, mas convenhamos, é um completo idiota. E eu não vou admitir que ele te humilhe, entendeu?

–- Hey, calma! Sei me defender muito bem. Ele não vai conseguir fazer nada quando eu esfregar na cara dele que venci, e não sinto nada por ele...

–- ...mesmo que você sinta. – Gina completou, e Hermione fez uma careta.

–- Foi só uma paixonite. – mentiu. – Eu já superei.

–- Vamos descobrir se você fizer uma Amortentia e o cheiro for do Malfoy.

Hermione ruborizou.

–- Claro que não! Como eu disse, foi passageiro. Mas vai ser divertido fazer da vida do Malfoy um inferno!

–- Fico feliz que você não esteja realmente apaixonada, mas de qualquer forma... Não vá se envolver, huh?

–- Claro que não, Gina! Eu não sinto absolutamente nada!

–- Se você diz... Bom, eu não sei você, mas eu tenho muito o que fazer. Nos falamos no almoço.

–- Ok...

Hermione suspirou quando a amiga já tinha ido embora. Não iria admitir que estava apaixonada por Draco Malfoy nunca, nem sob tortura. Toda a situação em si já era humilhante o suficiente. “Uma mentira contada mil vezes se torna verdade”, era o que diziam... A garota ia dizer a si mesma que não sentia absolutamente nada pelo sonserino até em que isso se tornasse verdade.

–- Ora, ora, ora... Se não é a sangue-ruim... – Pansy Parkinson disse ironicamente atrás dela.

–- O que você quer, Parkinson? Já falei que não tenho nada com o seu Draquinho... – Hermione disse, com a voz sonolenta.

–- Não foi o que pareceu na sua conversa com a "Weasley fêmea"... – ela disse, em sua voz esganiçada.

Hermione gelou, mas evitou ao máximo demonstrar. Não sabia quem era pior: Malfoy com suas investidas irritantes, ou Parkinson rodeando-a feito um urubu.

A morena a encarou ferozmente, sorrindo.

–- Gotcha! – ela disse, com um sorriso torto, e revirando a varinha entre os dedos. – eu acho que você deve se lembrar que eu te falei para ficar muito, mas muito longe do meu Draco...

–- O que você ouviu? – Hermione perguntou, sem alterar o tom de voz, muito embora estivesse apreensiva.

–- O suficiente para Hogwarts toda zoar da sua cara... Paixonite, Granger? Espere só até o Weasley saber disso...

Hermione a fitou, com raiva.

–- Cale essa boca!

–- Veja lá como fala comigo, sangue-ruim! – Pansy rosnou. – Eu ouvi tu-di-nho... E posso muito bem espalhar sem querer esse verdadeiro furo de reportagem.

–- “Tudinho” o que? Não houve nada para ser ouvido!

–- Pobrezinha da sangue-ruim de cabelos de palha... Pobre patinho feio de Hogwarts... Logo de quem foi gostar, hein?

–- Pobrezinha da Parkinson... Sempre rejeitada pelo amiguinho Malfoy. Será que ele nunca vai notar você? Será que... – Hermione fingiu surpresa e pena. – será que ele te trocou por uma “sangue-ruim”? Puxa, que ruim, huh? O que diriam de você?

Pansy Parkinson ficou vermelha, e apontou a varinha para Hermione.

–- Lave sua boca para falar de mim, garota! Você não sabe de nada! Você que fica atrás do meu Draquinho e se faz de desentendida!

–- Eu não tenho culpa se o seu Draquinho fica me perseguindo. Como se eu quisesse ter o desprazer da companhia dele.

–- Ele não te quer, garota, se toca! O que uma pessoa como ele ia querer com uma grifinória sangue-ruim?

–- Ah, muita coisa... – Hermione sorriu, maliciosa.

–- Estupefaça! – Pansy gritou, com ódio.

–- Expelliarmus! – Hermione rebateu, e a varinha de Pansy saiu voando. – Tsc tsc... Ainda tem muito o que aprender, Parkinson. Agora se me dá licença, eu tenho mais o que fazer. – Hermione começou a andar, mas hesitou. – Ah, quase me esqueço... Obliviate.

Pansy Parkinson caiu no chão, e Hermione tratou de sair correndo com as memórias recentes da garota antes que ela acordasse e notasse sua presença lá.