I was feeling sick, losing my mind

I heard about these treatments, from a good friend of mine

He was always happy

Smile on his face

He said he had a great time at the place.


A voz de Joey Ramone me despertou de novo. Mas bem que eu queria estar dormindo mais tempo.

Fui olhar a hora no despertador. Seis da manhã. Que merda.

Esfreguei os olhos e tentei me livrar da preguiça.

Era sábado, enfim. Mas tinha esquecido de desligar a porra do despertador.

Aproveitei que já estava acordada pra fazer um lanche. Fui até a cozinha, peguei uma garrafa quase acabada de whisky e um pacote de biscoito pela metade.

Enquanto comia, liguei o rádio, mesmo não tendo quase nada interessante tocando nas manhãs muito cedo.

Logo veio meu gato, Danny, sentar no meu colo.

Eu nunca soube se ele ficava comigo por gostar de mim ou porque eu tinha comida. Na verdade, ele era o único ser que ultimamente eu dava afeto.

O telefone tocou. Quem diabos tava me ligando a essa hora?

– Alô? - Falei sonolenta.

– Olá, senhorita Sherman? - Uma voz não lá muito estranha falou.

– Sim, ou Andy se preferir.

– Aqui é do hospital. Liguei pra avisar que sua mãe teve outra overdose e foi parar aqui. Ela está bem, está se recuperando e pediu que ligássemos pra você.

De novo, mãe? É por isso que odeio drogas.

– Certo... Estou vindo daqui a uma meia hora.

Desliguei sem nem esperar um tchau.

E o que eu ia fazer? Dormir mais um pouco, claro. Ou você acha que eu ia me arrumar toda? É só botar uma roupa qualquer não muito vulgar. Não que eu tenha esse tipo de roupa. Mas por exemplo, ir até lá de pijama nunca ia acontecer.

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– Senhora Sherman, sua filha está aqui. - A enfermeira falou ao abrir a porta do quarto.

– Mande a entrar, por favor. - Uma voz rouca respondeu.

Entrei e vi minha mãe numa cama de hospital. Essa imagem é assustadora para muitos filhos, mas eu já me acostumara.

– Você tem que parar de fumar. - Ela deixou escapar ao ver uma caixa de cigarros no meu bolso.

– E você de se drogar e ter overdoses. - Respondi rispidamente.

Minha mãe era viciada em remédios para dormir, por ter problemas de insônia. Ela comprava vários tipos diferentes e tomava 7 pílulas de cada e muitas vezes tinha overdoses.

Ela tentou se tratar, mas nunca adiantou. E depois que eu saí de casa, piorou cada vez mais.

– Mãe, não acha melhor ir pra uma clínica de novo?

– Clínica, Andy? Aquela merda nunca funciona. Eu pareço estar curada quando saio de lá, mas em uma semana o vício volta.

Ela chorou. Não gostava de ser uma viciada, e nem eu. Nunca foi um bom exemplo na minha infância. Uma mãe viciada e um pai sumido.

Ótimo tipo de família para usar como vergonha para um filho e praticar bullying.

Foi no colégio que aprendi que a maioria das pessoas eram babacas e aprendi a ignorá-las também.

– Ok, ok... - Falei tentando consolá-la, mas já estava cansada disso.

Ela limpou um pouco as lágrimas e assoou seu nariz.

Um dia a minha mãe acabaria morrendo por causa dessas overdoses, e eu não podia fazer nada.

– Bem... - Minha mãe fungou. - Como está a vida?

Como está a vida? Novidade ela perguntar isso.

– Bem, ando trabalhando muito e continuo tocando... Só.

– Só mesmo?

– Ah... Eu reencontrei o Kurt.

– O filho bipolar dos Cobain?

– Esse mesmo. Não se esqueça que ele é meu melhor amigo.

– Há, eu lembro de vocês dois na sala desenhando e conversando ao som de Beatles...

– Também lembro disso.

– Vocês dois eram tão amigos... E briguentos também ao mesmo tempo. Ainda continuam assim?

Minha mãe falando desse jeito meio que me deixa sem graça....

– É, eu acho que sim...

– Ele gosta meeeesmo de você?

Já entendi aonde ela queria chegar... Pelo amor de Deus...

– Eu não sei, só sei que somos grandes amigos.

– Né, amigos...

– Mãe, a senhora está se recuperando de uma overdose e quer falar de amor com a sua filha, sério?

– Acho que sim, não é?

– Pois eu não acredito em amor.

– Mas devia.

– Mas não vou.

– Bom filha, não posso fazer nada a respeito disso. Mas acho que um dia vai mudar de idéia.

– Duvido muito.

– Tá, né...

– Sabe, acho que vou indo, mãe...

– Se cuida, minha pequena.

– Você também.

Então me levantei daquela cadeira e fui saindo do hospital. E andando pela rua encontrei ele de novo.

Aquele maldito bipolar, mas também muito legal...

Sim, você sabe quem é.



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Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.