Chapter 1- YongGuk

Enquanto dava seu último suspiro, lembrava de seus irmãos.

YongNam, sua outra metade, seu reflexo, a outra parte de sua alma, seu irmão gêmeo, o único que teria a chance de ver outro sol nascer sobre essa Terra maldita.

E sua irmã, sua doce irmã que criou-o enquanto o trio vagava sem destino, sem dinheiro, sem objetivos, dependendo um do outro para sobreviver a cada dia. A bela Natasha, sua Tasha, por quem ele prometeu dar a vida. E é engraçado como o destino se encarrega de nos fazer cumprir, eventualmente, nossas promessas.

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O trio perdeu tudo o que tinha após a morte de sua mãe. O pai afundou-se em dívidas de apostas, tornou-se violênto, era um homem irreconhecível, perdeu-se no desespero e na angústia do luto que nunca acabou. Juntou-se a sua amada esposa se jogando de um prédio. Seus filhos não foram ao funeral, somente sua querida filha, a mais velha e a mais amorosa, em respeito a mulher virtuosa que fora sua mãe, compareceu para enviar a memória de seu pai para junto dela.

Tudo começou com pequenos furtos, somente para obter uma refeição. Quando conseguiam algum trocado dormiam nas saunas públicas de Seoul. YoungGuk odiava ver sua família decair desta maneira, odiava ver o sofrimento daqueles com quem compartilhava o mesmo sangue, precisava fazer alguma coisa, mesmo sendo o mais novo, se sentia na responsabilidade de cuidar deles, pois inegavelmente, ele sempre foi o mais forte naquela família.

Foi assim que, aos 17 anos, cometeu seu primeiro crime. Se envolveu com uma gangue, um quarteto de homens corruptos, baixos, sujos, enganadores e perversos. Mas eles eram bons, eles eram excelentes no que faziam. Cada morte encomendada, cada fuga, cada roubo era executado com perfeição.

O líder do bando, Kim Yunho, conseguia ser a pessoa mais doce do mundo e também a mais cruel. Ele estava no bar quando viu o jovem Guk, lutando ilegalmente no campeonato. O garoto levou-o a perder o dinheiro da sua aposta. Como aquele menino magrelo de cabelos descoloridos poderia vencer o campeão invicto? YongGuk apanhou muito, o moleque sabia como levar um soco, mas foi a violência com que afundou o nariz do adversário em seu próprio crânio que fez Yunho se apaixonar pelo garoto instantaneamente e levou-o para fazer parte da gangue, sua família de braço. O único pedido feito pelo novo campeão, era o de dar dignidade para sua família.

Após isso, YongNam, incentivado pelo irmão e dirigido pela sua própria vontade autruísta, entrou para o exército. Ele se sentia confortável em campo, engajou em missões pacifistas em nome do país.

Já o bar das lutas ilegais foi passado para a responsabilidade de Natasha. Ela transformou aquele pedaço de desespero e obscuridade em um dos melhores lugares de Seoul. Mas Natasha tinha aquele mal hábito de se envolver com as pessoas erradas. Dirigida por sua louca paixão pelas artes, virou tatuadora. Nos fundos do CARNIVAL BAR, sessões ilegais de tatuagem aconteciam, junto com sua sócia, Son GaIn, o studio escondido era referência e um lugar de repouso para os marginalizados da cidade. Ela gostava de dar algum tipo de apoio àquelas almas perdidas, pois ela também era uma. Mas como a luz e as trevas precisam andar juntas, pois se completam, as sessões de alucinógenos e outras drogas também eram frequentes no pequeno mundo que ela criou.

Depois da misteriosa morte de Yunho e da perda de Choi JunSeo (um dos membros da gangue em uma missão), YoungGuk assumiu a liderança do bando. Agora eram ele, Kim Himchan, Yoo YoungJae e, aceitando o último pedido de JunSeo, tirou Choi Junhong (irmão mais novo do falecido) da clínica de abusos onde vivia e o fez dele um membro da gangue visto que o garoto, tinha uma pontaria infalível.

"Ah Tasha, por que você se envolveu com esses malditos? Por que tinha que amar aquele filho da puta? Me espere, estou indo para seu lado, iremos beber juntos no céu."

E ao encarar os túneis do infinito da morte, ainda de olhos abertos e sentindo o gosto do próprio sangue na boca, pensou ter visto a silhueta de seu irmão e embarcou na viagem ao desconhecido com um sorriso nos lábios.

"Nāo pude salvá-los, mas este reino é seu."