Doppelgänger: Primeiro Dia
Prólogo - Quem é?
Vejo uma luz intensa em meio à escuridão. Meus músculos desgastados adormecem num chão duro e gelado. Uma longa vertigem me consome, impedindo-me de averiguar onde me encontro.
Então, noto que a luz é artificial, suspensa no teto. Viro a cabeça e percorro os olhos pelas paredes de tijolos barrentos que margeiam minha posição. Observo o chão de concreto se alongando até sumir na escuridão. Percebo que estou num corredor estranhamente quieto, onde algumas lâmpadas jorram uma claridade ofuscante no plano. Porém, a negritude impera mais ao longe, e o silêncio que antes governava é cortado por passos ecoantes.
Mantenho meus olhos fixos na escuridão onde os passos reverbam.
Quem é?
Queria que meus membros não fraquejassem às ordens da mente. A debilidade que me paralisa é assustadora enquanto os passos no escuro se assomam.
Quem é?
Desejava que as lâmpadas naquela escuridão distante se acendessem assim como essas que irradiam sobre mim. Mas o breu permanece.
Quem é?
O som dos passos torna-se mais estridente. Quanto mais me aferro em olhar para aquela região negra, mais ela parece se avolumar.
Quem é?
Então meus olhos começam a pesar. Mas falta pouco, tão pouco para vê-lo... Minha vontade de permanecer ali não valia nada. Sinto alguma força me expulsando desse mundo.
Quem é?
Embora a escuridão ainda permaneça, o som dos passos diminui, e estou regredindo para a escuridão de meu sono. Estou o perdendo.
Quem é?
E logo nada mais escuto.
Quem era?
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