Estava no jardim do salão me preparando. Maquiagem, cabelo e tudo mais já pronto. Cada detalhe do salão estava como Jane e Kurt sonharam e eu estava feliz por eles. Feliz por tudo. A sexta havia sido de intenso descanso para todos em um SPA, logo, todos estavam relaxados com exceção dos noivos por conta da data.

Nós mulheres havíamos sido separadas dos homens desde a despedida de solteiro, então desde o nosso beijo que eu não via o Roman. Nossos celulares haviam sido recolhidos na manhã de sexta para que ninguém pudesse ter qualquer preocupação, logo, eu nem sequer tinha falado com ele depois de tudo. Eu sabia que tudo estava bem. Seu sorriso, embora seu olhar estivesse confuso, me disse isso naquele momento.

Escutei uns passos no meio de toda aquela conversa entre os amigos do Kurt e me virei para encontrar com aquele belo par de olhos verdes logo ao meu lado. O Olhei de ponta a cabeça. Como ele estava bonito. Eu já o havia visto de terno, mas esse era bem mais alinhado e sua gravata num dourado fechado combinava com tom de seus cabelos e sua barba. Meu vestido tinha renda da altura dos seios até a cintura, junto com uns pontos brilhantes no resto da saia. Ele tinha mangas soltas e meu cabelo também estava solto com algumas ondas, o que dava um belo movimento pro conjunto. Eu estava me sentindo muito bonita. O olhar que Roman me deu quando me encontrou também confirmou isso.

— Olá. — Eu disse sorrindo timidamente.

Ele me fitou profundamente.

— Você está muito bonita. — Ele respondeu sem jeito. — Não que você não seja, mas…

— Obrigada. — Eu respondi com um sorriso maior.

Ficamos em um silêncio contemplativo. Eu queria tanto tê-lo visto na sexta, poder ter intensificado nosso beijo e conversado sobre isso. Ter falado a ele o quanto significou pra mim, do quanto eu gostei do seu sabor.

— Gostaria de ter te visto ontem. — Eu disse sem rodeios. Caso quisesse realmente avançar toda essa relação que tínhamos eu tinha que investir.

— Então… — Ele começou passando a mão no pescoço. — Eu acho que nós temos coisas a conversar.

Eu ri de seu jeito. Se não fosse pelos outros que estavam ali eu tinha beijado ele naquele momento novamente. Adorava seus momentos sem jeito.

— Sim. Temos. — Eu disse sorrindo pra ele que começou a sorrir também, aliviando aquela tensão.

— Eu também gostaria de ter te visto. — Ele respondeu enfim.

Nos olhamos intensamente, mas fomos cortados quando escutamos uma voz conhecida.

— Pai! — Aubree veio na nossa direção correndo e Ian pegou ela.

Ela estava com um vestido bege longo e metade do cabelo amarrado e o resto solto com uns cachinhos. Ela estava linda. O sorriso de Roman triplicou ao pegar ela, até que sua assistente social apareceu junto de Jane.

— Eu sabia que você estava aprontando algo, mas isso… — Ele disse abraçando Aubree e falando pra Jane.

Jane os abraçou.

— Infelizmente ela só poderá ficar para a cerimônia e eu virei pegá-la. Tudo bem? — A assistente perguntou pro Roman.

— Tudo bem. Tudo ótimo. Muito obrigada. — Ele disse feliz.

— Agradeça sua irmã. — Ela disse saindo.

Ele virou-se pra Jane.

— Eu nunca sei como agradecer tudo o que você me faz pra me ver sorrir, mas um dia eu vou saber agradecer também. — Ele disse olhando pra Jane.

Ela me olhou, olhou pra Aubree e olhou pro seu irmão.

— Eu só quero que você seja feliz. Você me agradece assim. — Ela disse e passou a mão na cabeça de Aubree fazendo carinho nela.

— Parabéns pelo casamento tia Jane. A senhora tá tão linda. Espero que tenha bebês lindos como você e o tio Weller logo para eu ter primos.

Todos começamos a rir de seu comentário e logo ela me ouviu pela primeira vez.

— Tia Tasha! — A menina disse logo que me viu, saindo dos braços de seu pai e abraçando minhas pernas. — A senhora ta tão linda. Ta parecendo uma princesa da Disney.

— Obrigada, bebê. — Eu disse apertando-a. — Você também está tão linda.

— Por que o seu vestido é de cor parecida com a gravata de meu pai? — Ela perguntou puxando levemente a saia do vestido. — Vocês são um par?

— Eu vou entrar com a tia Jane porque eu sou irmã dela. A tia Tasha vai entrar com o marido da irmã do Kurt, o tio Reade.

— Ah ta. — Ela disse olhando pro seu pai. — O senhor está muito lindo, pai.

— Não mais do que você. — Ele disse se aproximando de nós e pegou Aubree pelas mãos.

Aubree também pegou nas minhas mãos e um fotógrafo nos chamou para tirar as fotos dos padrinhos. Haviam dois pares de amigos de Weller como seus padrinhos, e eu e Reade estávamos como padrinhos de Jane, juntamente com Patterson e um amigo de Jane de seu setor de espionagem. Roman estava com Sarah que esbanjava um barrigão enorme, mas também muita felicidade. Ela estava mais linda do que nunca.

Ao terminarmos de fazer as fotos com Jane, já que Weller era mega supersticioso e não queria ver Jane até o altar, nos espalhamos na porta do salão. O fotógrafo ainda estava ali tirando foto dos pares individualmente. Fui tirar a foto com o Reade e me posicionei ao seu lado. Ao terminar, ele estava me olhando meio torto. Eu sabia que ele queria me falar algo, mas não queria falar porque sabia que eu iria reprová-lo pois aquele era seu olhar.

— Fala logo que hoje eu tô boazinha. — Eu disse com humor.

Ele riu um pouco até me olhar com humor.

— Eu sempre soube que o irmão da Jane era seu tipo.

Eu bati em seu ombro.

— Fala baixo. — Eu disse batendo em seu ombro até que ele me olhou com espanto.

— Sério?

— Talvez. Ele é um cara incrivelmente legal. Eu gosto dele.

— Se eu contasse isso pra Zapata de alguns anos atrás que a Zapata do futuro me diria isso ela colocaria fogo em mim.

— Sorte sua que eu não tenho uma caixa de fósforo aqui agora. — Respondi com humor e rimos.

— Mas sério, Fico feliz que você tenha encontrado alguém que você goste de verdade.

— Nós só nos beijamos uma vez. As coisas estão indo devagar.

Ele levantou suas sobrancelhas e o fotógrafo me chamou. Ele estava com Roman e Aubree. Sarah tinha acabado de voltar pro nosso lado.

— Eu não sei o quão devagar é isso, mas eu vi o sorriso que ele colocou em seu rosto e eu espero que independente da velocidade que for que esse sorriso seja constante.

Eu sorri pro meu amigo e fui na direção do fotógrafo.

— Eu gostaria de tirar uma foto de vocês. Jane pediu. — Ele disse e eu sorri olhando pro Roman.

— Ok.

Eu fiquei do lado de Roman que colocou sua mão em minha cintura e Aubree ficou na nossa frente. Ele tirou umas fotos até que Roman se desvencilhou de mim. Senti falta do seu contato físico ao perdê-lo.

— Vocês são uma bela famíli… — Disse o fotógrafo quando Roman quase o cortou.

— Não somos u… — Ele quase disse, mas eu o interrompi.

— Obrigada. — Eu disse com um sorriso e Roman me olhou depois que ele saiu.

— Nós somos, ué, eu sou tia dela. — Disse com ceticismo, até que todos foram colocados em suas posições pela mestre de cerimônias. Fui para o lado de Reade e Patterson estava na minha frente.

— Vocês realmente fazem uma bela família. — Ela disse brincando comigo.

— Eu nunca pensei que o jogo fosse virar a ponto de você e Reade estarem juntos me zoando.

— O jogo virou. — Ela disse rindo até ser sua vez de entrar.

Logo depois foi minha vez de entrar.

Aubree estava sentada perto de onde eu sentaria. Aparentemente ela havia sido colocada lá por conta de Roman. Era a fileira dos padrinhos e madrinhas de Jane. A primeira a esquerda. Eu entrei com Reade e contemplei cada momento. Cada convidado ali. Todos estavam felizes. Eu também estava, afinal era o momento de minha amiga e meu amigo enfim se tornarem um só dentro daquilo que eles acreditavam. Eles haviam passado por tanto pra chegar ali, e compartilhar esse momento com todos nós era uma graça que eu estava contemplada em participar.

Sentei-me com Reade e Aubree estava uma cadeira depois de mim. Roman sentaria entre nós duas. Logo a primeira música tocou e Kurt entrou com sua irmã. Eu não sabia quem estava mais feliz ali, se Sarah com seu barrigão ou Kurt. Sarah parecia estar tão orgulhosa de seu irmão, como se ele fosse receber o céu naquele momento. Mas ele já tinha esse céu. O céu era a vida dele com Jane pois ele vivia feliz como um anjo junto a ela. Ele estava com um sorriso que quase partia seu rosto e nós também compartilhamos desse sorriso junto com ele, pois vê-lo feliz assim era gratificante para quem sabia tudo que ele havia passado antes de estar ali com Jane. Eles mais do que ninguém mereciam a felicidade.

Logo foi a vez de tudo fazer silêncio até a corneta tocar pela primeira vez. A porta da igreja abriu para revelar Jane de braços entrelaçados com seu irmão. Weller chorava como eu nunca tinha visto antes ao ver sua noiva. Ela estava mais fantástica que nunca. Seu cabelo curto estava com um penteado para trás, mas alto. Havia um buquê atrás formado com seus cabelos e alguns pontos de luz no meio. O sorriso dela era tão grande quanto o dele. O vestido era longo e sua calda se arrastava por alguns centímetros atrás dela. A manga de seu vestido era longa, mas parte dele deixava os ombros e um detalhe das costas abertos. Ela estava com um véu somente na parte de trás do cabelo que se arrastava, deixando mais delicada suas costas. Ela estava maravilhosa, e maravilhada com seu momento.

Ao seu lado estava Roman, que entrava lentamente com ela e chorava muito. Ele chorava de felicidade ao ver sua irmã tão feliz naquele momento. Ele como ninguém sabia tudo que ela tinha passado para chegar ali, e como ninguém sabia que ela merecia. Ao chegar no altar, ele a entregou para Kurt e o cumprimentou. Jane limpou as lágrimas dele. Ele era tão sensível, e foi sua sensibilidade que faz amolecer cada pedaço do meu coração.

O juiz começou o evento após Roman sentar entre mim e Aubree. Aubree logo colocou suas mãos na mão dele e se confortou o mais perto possível de seu pai. Eles eram tão lindos juntos.O juiz falou sobre compaixão, cruz e sobre céu. Tudo o que Jane e Kurt haviam passado antes de chegar ali. Após o discurso, foi hora deles trocarem alianças. A promessa de viverem entrelaçados um ao outro pro resto de suas vidas. Jane foi a primeira a entregar a aliança. A mão de Kurt tremia tanto que todos nós rimos. Observei Roman que tinha sua mão livre bastante tensa apoiada em seu joelho. Deslizei minha mão na sua tentando fazê-lo relaxar e ele virou sua mão. Nossos dedos instantaneamente se entrelaçaram e eu os deixei assim e assim confortáveis nós ficamos.

Não precisávamos falar nada, nem sequer nos olhar. Nós só estávamos apoiando um ao outro como fizemos desde que nos reencontramos naquela manhã no orfanato e eu estava feliz assim. Ele também parecia estar feliz e era parte do que me deixava assim.

Após as promessas, foi a vez de Kurt deslizar a aliança no dedo de Jane. Ele chorava feito uma criança pequena e todos acabaram chorando muito juntos, principalmente Jane. Era impossível não se embriagar com tanto amor que emanava daquele altar. Após a troca de alianças, o amor foi selado e logo foi selado por um beijo. Kurt apoiou suas duas mãos no rosto de Jane e ambos sorriram de forma plena até Jane fechar os braços no pescoço de Kurt e eles se beijaram. Todos aplaudiram e surpreendentemente pétalas de rosas caíram em cima deles dois. Roman olhava sorrindo para sua irmã contemplando sua felicidade e eu sorrir a ver eles assim e ele também. Em sua distração, ainda sem soltarmos nossas mãos, todos ficamos de pé e eu beijei seu ombro por trás. Ele apertou minha mão mais forte e me olhou e após sorrirmos um pro outro ele deu um beijo rápido na minha testa. Todos saímos para acompanhar o casal, eu saí junto com Roman e Aubree e Reade saiu com Sarah. Estávamos todos felizes lá fora jogando pétalas no casal e participando de fotos quando vimos o carro da assistente social chegar.

Nossas mãos se separaram e Roman pegou sua filha mais perto de si. Nos afastamos, indo em sentido a assistente e chegamos lá nela.

— Ela está aqui. — Disse Roman com sua filha nos braços.

— Bem na hora. — Ela disse com humor.

— Muito obrigada por ter deixado ela vir. — Ele disse e olhou pra sua filha. — Você vai ter que ir até ela, mas prometo que segunda-feira estaremos nos revendo novamente.

— Ok, pai. Eu fico feliz em ter vindo ver tia Jane de princesa. — Ela disse sorrindo.

— Ela estava linda realmente. — Eu complementei.

— Nós temos que ir. — A assistente disse pegando nas mãos de Aubree.

Roman se ajoelhou para se despedir de sua filha.

— Obrigada por ter vindo, bebê. Significou muito pra mim e pra sua tia.

— Obrigada por tudo que você faz por mim, pai. Eu amo muito você.

Eles se abraçaram e eu os olhei ternamente. Não cansava de contemplá-los juntos. A assistente social também os contemplava com um sorriso no rosto. Eles se soltaram e então Aubree veio me abraçar. Seu abraço quentinho fazia eu me sentir acolhida, como se eu fizesse parte de seus braços. Ao nos desvencilharmos ela deu tchau para nós dois, indo com a assistente social. Observamos ela ir até que Roman virou-se para mim. As pessoas já haviam ido para o salão onde a festa aconteceria. Estávamos só nós na parte de trás do estacionamento, onde havia um chafariz, as escadas e um jardim.

— Eu acho que é uma ótima hora para conversarmos. — Ele disse sério.

Me virei para ficar de frente a ele e peguei novamente em sua mão.

— Eu acho que sim.