Don't Wanna Know

Capiítulo 28 - Garden


Já era bem tarde da noite quando o aniversário que começou a tarde de fato acabou.

Todos estávamos cansados.

Roman estava com Aubree no colo, e embora eu soubesse o quanto ela pesava, ele não reclamou e a deixou ali até ela dormir. Enquanto juntava o lixo do outro lado da sala, parei para observá-lo observando Aubree dormir. Seus olhos eram amorosos e cuidadosos para com a criança. Ele sempre falava que gostaria de tê-la sempre nos braços, de protegê-la e, dentro daqueles minutos, ele estava tendo o prazer de sentir protegendo-a.

Senti um pouco de chateação por ele, por não poder dormir tranquilo com a filha em casa. Naquele momento imaginei como ficava a cabeça dele todo final de tarde, quando ele se despedia dela e só a veria no outro dia.

Ela ainda não era sua filha oficialmente nos papéis, mas no coração provavelmente ela era desde o momento em que eles se falaram pela primeira vez.

Quebrando meus pensamentos em torno dos dois, ele a segurou mais firme nos braços e levantou-se. Eu fingi continuar recolhendo o lixo e então ele falou o mais baixo possível ao seu tom de voz.

— Vou deixá-la no quarto.

Eu acenei um ok com a cabeça e ele foi.

Quando voltou, já estava tudo arrumado e estávamos prontos para ir embora.

— Desculpa não ter ajudado tanto a limpar. — Ele começou logo que íamos entrar no carro, mas eu o cortei.

— Você merece um tempo com sua filha, Roman. Nada mais justo.

Ele respondeu com um beijo bem forte, embora curto, depois sorriu e então fomos para casa.

Supondo que teríamos Aubree em casa, eu havia marcado nossa comemoração surpresa para o dia seguinte. De qualquer modo, estávamos muito cansados para ter qualquer noite extravagante, então chegamos em casa dispostos apenas a ir dormir.

— Essa é uma ótima maneira de terminar o dia. — Ele afirmou com um sorriso enquanto entrava no quarto só de toalha, procurando sua roupa para dormir. Eu já estava deitada na cama, apenas esperando sua companhia para me aconchegar.

Sorri na mesma sintonia e então respondi.

— Com você fazendo massagem nos meus pés? Oh, claro que sim.

Ele riu, trocou de roupa e depois sentou na cama, pegando meus pés e colocando sob sua coxa, começando a fazer massagem no direito.

Não falamos nada por um bom tempo, nos confortando um com a presença e o carinho do outro, até que ele terminou a massagem e veio deitar ao meu lado.

— Voce é ótima. — Ele afirmou de repente, beijando meu nariz logo em seguida.

— De onde vem esse elogio? — Perguntei confusa.

— Quando estávamos na padaria e observei você tão preocupada com o aniversário, que tudo saísse perfeito pra Aubree, tudo que eu consegui pensar foi que você é a melhor pessoa que eu poderia ter comigo. A melhor mãe que a Aubree poderia ter.

Aquele comentário me deixou vermelha.

Não por vergonha, ou por não querer, mas por perceber que pouco a pouco Aubree realmente tomou um lugar de filha no meu coração. Talvez a relação com o Roman ajudasse nisso, porque isso nos aproximava de alguma forma, mas o que importava era que ela me fazia entender como era diferente o sentimento de amar alguém como filho antes mesmo d’eu sequer pensar em ter um filho. O sentimento de acordar de madrugada só pra ver se ela ta respirando e se ta tudo bem, de ficar angustiada quando ela está doente ou triste e de muitas vezes ter medo de não conseguir protegê-la da maldade que é o mundo.

Deixando meus pensamentos de lado, eu sorri de forma tímida para ele e respondi.

— Nada teria saído perfeito se não fosse por você.

Ele fingiu não acreditar e eu me odiava por não consegui fazer ele acreditar que ele era um paizão, mas eu não ia desistir de convencê-lo.

— Eu o vi observando-a enquanto dormia. E você não sabe como me dói saber que incomoda você ainda ter que deixar ela lá. Isso também me incomoda. Eu também sinto a ausência dela aqui. — Ri ao lembrar de uma situação. — Já me acostumei a acordar para ver se ela está bem e uma vez acordei para fazer isso e percebi que ela não estava aqui, só por costume.

Ele também riu e passou a mão no rosto, me puxou para mais perto de si.

— Eu já vi você colocando a mão no rosto dela para verificar se ela tava respirando. — E me beijou antes de continuar. — E é por isso que digo que você é a melhor mãe que a Aubree poderá ter. Nem nos meus melhores sonhos eu imaginei que ela teria uma mãe tão boa.

— Que tipo de mulher você imaginou ser mãe de Aubree com você um dia?

— Eu não sei. — Ele assumiu. — Não era que eu esperava alguém ruim, mas eu não esperava conhecer ninguém que entendesse minha conexão com Aubree até você aparecer.

Depois de um longo beijo, ele continuou.

— Fico feliz em ter você compartilhando esse sentimento de família conosco.

— Eu fico feliz em fazer parte da vida de vocês. — E o abracei.

Assim ficamos até a manhã seguinte.

Não sabia que estava tão cansada até acordar e perceber que Roman á não estava na cama e eu sequer havia percebido que ele havia saído. Ou não lembro, pensei. Me espreguicei lentamente, sabendo que aquele dia era só nosso e que não teríamos qualquer trabalho. Ao virar meu corpo, vi que havia um envelope no criado mudo. Ao abrir, a mensagem que havia nele era bem simples.

“Gracias por ser mi sol en este últimos 8 meses. Te quiero. R.”

Ao pousar meu olhar no criado, vi que havia uma caixa de jóia pequena que havia ficado abaixo do envelope. Abri para ver um par de brincos, delicados. Eu gostava de joias bem discretas e Roman sabia disso e provavelmente me viu namorar com os brincos da última vez que fomos ao shopping.

Tínhamos feito 8 meses ontem, mas pelo cansaço do aniversário de Aubree, acabamos não comemorando como havíamos feito nos outros meses. Mas Roman era Roman. Ele sempre procurava algo simples para me fazer feliz. Fosse uma flor, um cartão com poucas palavras ou uma ida a um restaurante simples para matar minha vontade de comer alguma coisa. Eu sempre o presenteava, mas o achava melhor em fazer coisas simples se tornarem especiais.

Vesti os chinelos e fui em direção à cozinha, para encontrá-lo concentrado no fogão e o abracei por trás, beijando a parte das suas costas que minha pouca altura alcançava.

— Bom dia, cariño. — Disse e ele virou-se para me dar um beijo.

— Bom dia, paixão.

Suas palavras pararam quando ele colocou seu olhar na minha orelha. Eu já havia colocado os brincos na orelha. Um tímido sorriso tomou seus lábios.

— Que bom que você gostou do presente.

— É muito lindo, Roman. Muito obrigada.

— Você sabe que não precisa agradecer. — Ele respondeu dando um beijo na minha bochecha esquerda.

O encarei com olhar malicioso.

— Posso lhe agradecer de outro modo, também. — Diante do olhar que ele fez, dei uma dissimulada. — Te presenteando também. Você não é o único que pensa nessas coisas.

Ele riu e voltou a cozinhar e logo tínhamos tomado café.

Quando terminamos, fomos pro quarto e eu o entreguei seu presente, era o novo livro de uma das sagas de mistério que ele lia. Não havia lançado ainda, mas eu havia conhecido uma pessoa da Editora que havia me conseguido a unidade com uma semana de antecedência.

— Como você já o conseguiu? — Ele perguntou com brilho no olhar enquanto folheava as páginas.

— Eu tenho minhas fontes. — Respondi com um sorriso.

Durante a semana, havia pensado que era um presente modesto, mas não. Apesar de não ser como jóias, ele valia aquele sorriso que estava na minha frente e também como aquele sorriso me fazia feliz.

Ele me beijou em agradecimento, mas guardou o livro junto aos seus outros.

— Você já pensou em algo para fazermos hoje?

Eu brinquei com ele e o joguei em cima da cama.

— Em qualquer lugar, desde que com você.

Seu sorriso se triplicou e logo depois nos beijamos.

8 meses. Era incrível como o tempo tinha passado, as coisas se encaixavam cada vez mais. Tínhamos implicâncias um com outro, preocupações, mas tínhamos juntos o que nunca experimentamos com mais ninguém: conforto, e uma paz mesmo nos momentos de preocupação que era até mesmo difícil de explicar.

Eu tive medo de ser um sentimento temporário, de depois de uns meses ter que lidar novamente com a falta de paz que eu sentia antes, mas não. A cada dia que passava esse sentimento se estabelecia. Era como uma casa que a cada dia ganhava novos tijolos e que ventania nenhuma tinha sido capaz de derrubá-la.

Fizemos amor naquela manhã com a firmeza de nosso relacionamento e então decidimos ir almoçar fora. Almoçamos em um restaurante brasileiro que havia em frente ao Central Park e depois fomos atrás de uma sobremesa de chocolate.

Já era tarde quando resolvemos sentar no Central Park. O tempo não era quente, mas o sol era forte e ficamos abaixo de uma árvore.

— Eu deveria ter preparado alguma programação melhor para nós. — Ele refletiu alto.

Eu tomei seu rosto em minha mão.

— Não se cobre isso. O dia hoje foi divertido. E nós dois odiamos programações extremamente chiques.

Ele sorriu por saber que eu estava certa.

— Não é isso, meu amor, mas é que acho que você merece um dia melhor.

Eu encarei seu olhar.

— Todos os dias do seu lado são melhores que o dia anterior. — Dei um selinho e continuei. — Eu tenho sua companhia, nossos amigos aprovam nosso relacionamento, estou de barriga cheia e sei que ainda vamos comemorar mais e mais meses juntos. O que eu posso desejar mais?

— Você sempre me deixa sem palavras.

O beijei com mais intensidade e só o quebrei quando ele estava com um sorriso no rosto.

— Sei que ainda falta a guarda da Aubree, mas sei também que você irá conquistar isso. É só uma questão de tempo. Quem sabe não podemos comemorar nosso primeiro ano de relacionamento com ela conosco?

— Eu não poderia desejar algo melhor.

Assistimos um belo por do sol e então fomos para casa.

Estávamos com preguiça de cozinhar, então pedimos comida, mas Roman diminuiu a iluminação e acendeu umas velas. Comemos e eu o observei o quanto pude com aquela iluminação. Sua barba parecia ficar mais loira e seus olhos mais claros. Quando terminamos, voltamos a namorar e eu sentei em seu colo no tapete da sala.O Observei por um tempo e era incrível como ele me tirava o fôlego apenas com seu olhar. Com uma mão em seu pescoço, sentindo sua mão me segurando pela bunda, era como se faltasse ar, mas não era uma sensação desesperadora.

Aqueles segundos antes de nos despirmos eram mágicos. Eu sabia exatamente o que ia encontrar, minha memória já havia mapeado todo seu corpo, mas ele sempre me levava uma sensação nova. Enquanto ele tirava minha blusa e sua boca beijava meu ombro em direção aos meus seios eu sentia um arrepio de nervosismo como nas primeiras vezes.

Quando já estávamos despidos, meu corpo era como um imã ao seu. Nos encaixávamos de forma inigualável e dessa forma dávamos prazer um ao outro. Não era só sexual, carnal. Era a sensação de ser totalmente preenchida. De sentir que, naquele momento, nada mais me faltava. E mesmo quando algo faltava, eu tinha certeza que, com Roman, eu poderia conquistar.

No dia seguinte, uma nova conquista. Recebi da direção uma promoção. Um cargo de diretoria, só em no setor de contrabando. Tudo na minha vida estava se alinhando e eu esperava que o destino continuasse a caminhar assim.

Eu não via a hora de chegar em casa, só para poder compartilhar com Roman mais esse momento de felicidade.