12.

Quinn

O colégio sempre ficava estranho quando os garotos vinham para cá. Geralmente nessa época, ainda mais na apresentação dos garotos, as garotas passavam horas e horas se arrumando para ver seus namoradinhos. Mas como eu, muito menos minhas amigas podemos ser normais, o máximo que ficávamos naquela época era entediadas. Menos Effy, pela primeira vez ela pareceu enérgica com alguma coisa do colégio, provavelmente, é algo para fazer ciúmes em Katie ou vai se encontrar com a mesma.

É claro que é muito fácil perceber o quanto eu estou animada quando a vinda do meu primo babaca e seus amigos babacas para a Morrison’s, nossa muita animação para uma pessoa só, imagina isso triplicando sabendo que existe um admirador secreto atrás de Rachel, alguém do século passado provavelmente. Não, não é ciúmes, é fisicamente impossível sentir ciúmes de alguém que você conhece muito pouco e não tem nenhum relacionamento contigo, a menos que essa pessoa seja o Joseph Gordon-Levitt, mas isso não vem ao caso. Talvez seja inveja o que eu sinta... Nah, não faz muito sentido eu sentir inveja disso. Ok, sejamos sinceros, eu não sei o que passa na minha cabeça quando eu tenho esses... Surtos, eu só não gosto da ideia de ter uma pessoa mandando cartas para Rachel, isso não é ciúmes. Não é, certo?Certo?!

A culpa no final de tudo é de Naomi. Sim, Naomi Campbell é a culpada de boa parte dos meus problemas, se eu não escutasse tanto essa... Coisa, eu poderia ser feliz no mundo dos unicórnios de Brittany, ou numa cadeia. Nunca se sabe. Enfim, eu acho que eu queria ter um relacionamento igual de Naomi e ela está tentando me ajudar forçando a barra, essas coisas acontecem depois de um tempo, eu acho. Nos meus antigos namoros, eu só aceitava os pedidos para não me sentir sozinha, mas agora se sentir sozinha é tão normal. Eu já sou meio renegada pela família e minhas amigas já vivem seus dramas mexicanos diários que eu me acostumei a balançar a cabeça e dizer que tudo vai ficar bem, mas quando eu estou numa situação como essa, eu não sei o que fazer. E a minha desordem mental só piora as coisas.

Pensa Fabray, pensa... Você já chegou num ponto de sua vida que tudo lhe frustra e você precisa sair disso. Como? Eu não faço a mínima ideia. Ok, eu gosto de Rachel... Parece mais simples na teoria do que na prática, enfim, eu gosto dela e ela, aparentemente, gosta de mim e é assim que relacionamentos funcionam no mundo real, mas nisso envolve também comprometimento e sentimentos e eu não gosto dessa ideia. Não que eu vá ser infiel e trair ela se caso estivéssemos juntas, mas eu não sei se eu seria boa o suficiente para ela e geralmente relacionamentos machucam e a ultima vez que alguém se apaixonou por mim, a pessoa acabou se enforcando. Podemos culpar a depressão?Sim, claro, mas isso aconteceu quando ele me amava e o que havia escrito naquele caderno vem á minha cabeça toda vez que eu penso em querer me apaixonar por alguém... E eu acabo de descobrir que eu não desacredito no amor, mas eu tenho receio de acabar igual Peter, com o pescoço preso numa corda.

- Q? – A voz de Emily me tira dos devaneios.

- Sim?

- Você ta bem? Ta encarando o horizonte há uns cinco minutos.

- Tava pensando numas coisas... Aleatórias, nada de mais. – Dei de ombros e ela me olhou desconfiada.

- Certo... Tinha te pedido se você estava animada para ver seu priminho. – Emily riu.

- Você não faz ideia... Não vejo a hora de ouvir o Cook berrar ‘agarre minhas bolas’ e isso ecoar pelos corredores, nossa, não vejo a hora. – Rimos.

- Cook não é tão babaca quanto parece, são só os hormônios aflorando. – Emily disse ainda rindo.

- Contanto que esses hormônios não me deem nos nervos.

- E longe de Rachel também... – Emily disse tentando controlar o riso. Revirei os olhos.

- Ta vendo? Não sou eu quem começa falar dela, são vocês.

- Nah, só porque vocês formam um casal bonitinho. – Emily sorriu, revirei os olhos e acabei sorrindo.

- Não sei de onde vocês tiraram isso...

- De seus surtos de indiferença quando Rachel comenta de suas cartas de amor de seu admirador secreto.

- Eu costumo ser indiferente no dia-a-dia Ems. – Ela assentiu.

- Sim, mas existe Quinn Fabray indiferente por tédio, indiferente diariamente, indiferente com Katie e a mais nova, Quinn Fabray indiferente por está com ciúmes. – Ela disse, enquanto enumerava nos dedos, me fazendo rir.

- E você ta fazendo um estudo de todas as Quinn Fabrays que existem dentro de mim?

- Basicamente, já coletei até algumas amostras de sangue e fios de cabelo. – Emily disse tentando se manter séria.

- Você é estranha Fitch, não existem outras explicações.

- Claro que existem, mas vocês são preguiçosas demais para ir atrás de informações sobre isso.

- Estranha.

- É a convivência, amiga. – Ela piscou para mim e acabamos rindo uma da outra.

- Oi meninas. – Franky disse se sentando em uma das poltronas da sala de convivência. E estava toda sorridente.

- Alguém estava se divertindo, pelo visto. – Emily comentou sorrindo.

- Está tão na cara assim? – Franky pediu rindo.

- Quase nada Franks. – Emily disse, rindo.

- Teríamos ficado mais tempo se não fosse os garotos da Dollar e por sinal, deveríamos estar nos arrumando. – Eu ri.

- Qual é? As garotas que estão se arrumando estão desesperadas pela atenção dos garotos e isso é o que mais falta aqui, não sei se vocês perceberam. – As duas riram. Katie entrou na sala.

- Hey lesbos.

- Oi Katie. – Disse indiferente.

- Mamãe ligou, disse que se você quiser viajar conosco no recesso de natal é para ligar para casa. Papai disse que te ama e sente saudades. – Emily assentiu.

- Ok, mas para que vocês se divirtam eu não vou ir, vou passar o natal com Naoms e Quinn.

- Não me importo, ligue para casa e avise você mesmo. – Katie disse como se fosse a coisa mais obvia do mundo.

- Sua simpatia vem crescendo cada vez mais, não é irmãzinha? – Katie bufou e mostrou o dedo do meio para Emily antes de sair da sala.

- Amor de irmã é o que não falta nessa família, não é? – Franky comentou rindo, quebrando o silencio da sala.

- Ela está com ciúmes, eu passo mais tempo com vocês do que com eles. A culpa não é minha, eles que não conseguem me aceitar. – Emily deu de ombros.

- Não sente falta disso? – Pedi.

- Ás vezes do meu pai, mas minha mãe é a megera do ano. – Emily revirou os olhos. – É a mesma coisa seu pai, só um pouco pior. – Eu ri.

- Eles não te jogaram na casa de sua tia, você nem ta no começo.

- Não, me jogaram num colégio interno. – Emily riu. – Mas eu prefiro ficar aqui, do que passar o dia ouvindo minha mãe reclamar... A gente podia mudar de assunto, não é? – Eu e Franky nos entreolhamos e assentimos.

- Sabe uma coisa que ainda não apareceu aqui? Naomi, não faço ideia de onde ela esteja. – Comentei.

- Eu vi ela conversando com o professor Jesse, mas não vi mais ela. – Emily. – Provavelmente está nas aulas de esforço.

- Naomi não precisa de aulas de reforço. – Franky disse confusa.

- Não, mas Holly disse que ela já podia ajudar as colegas dela. Rachel está também para pegar os conteúdos que ela não tinha e, Santana e Brittany estão em algum banheiro da escola.

- Grande novidade. – Eu disse, fazendo-as rirem.

- Eu não quero ser uma estraga prazeres, mas não seria uma boa ideia a gente ir se arrumar para ver receber a Dollar? – Franky. – Depois deixamos tudo para ultima hora e as coisas começam a dar errado. – Eu e Emily rimos.

- Não se contentou com a Minerva, Francesca? – Pedi e acabei recebendo uma almofadada na cara.

-x-

Fabray, Fitch e Fitzgerald caminhavam lentamente para o auditório, seguindo a fila organizada por Emma. Quinn estava entediada, o que não era nenhuma surpresa para suas amigas. Quinn nunca gostou da ideia de ter os garotos dentro da Morrison’s, nunca acabava bem na maioria das vezes e pelo outro fato de Rachel estar solteira no meio de garotos que só tinham suas mãos como companheiras durante meio ano. Isso definitivamente incomodava Quinn.

Assim que chegaram ao auditório, já poderão ver os garotos sentados nos primeiros bancos. Quinn suspirou pesadamente e seguiu Emily até o lugar onde elas ficariam. Demorou um tempo para que todos ficassem em silencio, até Holly ir até o centro do palco e dar as boas vindas para os garotos. Depois o diretor Martinez disse algumas palavras e eles foram liberados para o jantar. Quinn estava evitando ao máximo ser vista pelo seu primo e passou o tempo todo se escondendo no meio da multidão até chegarem ao salão. O trio encontrou o resto das garotas e foram até elas e ficaram ali mesmo. Depois do jantar, todos foram liberados para o baile que teria, mas Quinn disse que estava exausta e iria dormir. Mas desviou seu caminho para a piscina e ficou sentada por ali.

- Pensei que iria dormir. – Quinn ouviu a voz de Rachel atrás de si.

- Foi uma mentira necessária. Esses garotos estão incontroláveis hoje e eu não vou ficar num lugar fechado com eles. – Rachel riu e sentou ao lado de Quinn.

- Eu também não queria ficar lá. Minha decoração ficou bonita demais para eu ver ela sendo destruída. – Quinn riu.

- Eu entendo esse sofrimento.

- Eu não te encontrei na biblioteca hoje.

- Estou nas minhas férias de livros. – Quinn riu. – Eu só vou poder voltar lá na primavera.

- Você tira férias pelas estações? – Rachel pediu rindo.

- Basicamente. – Quinn riu. – Por que me procurava?

- Eu fui pegar alguns livros para eu estudar...

- Oh... E seu admirador?

- Você não quer falar sobre isso, quer?

- Não, estou pedindo por educação.

- O bom de conversar com você Quinn, é que você é sincera não importa o que for. – Quinn sorriu.

-Obrigada... Eu acho. – Quinn riu.

-Considere um elogio... Quinn posso te pedir algo? – As bochechas de Rachel coraram.

- Já está pedindo, mas peça. - Quinn sorriu.

- Por que te incomoda tanto o meu admirador? – Quinn arqueou a sobrancelha.

- O que te faz pensar que eu me incomodo com isso? – Quinn pediu num tom desafiador.

- E-eu não sei, suas reações nunca são das melhores quando eu comento sobre. - Quinn se sentou ao na mesma espreguiçadeira de Rachel.

- Bem, aquilo simplesmente me incomoda. – Quinn deu de ombros. – E bem... Eu gosto de você.

- Gosta?

- Aparentemente sim. – Quinn sorriu. Rachel aproximou seu corpo, ainda mantendo o contato visual com Quinn, a loira mordeu o lábio e fez o mesmo. O beijo seguiu segundos depois, o tão esperado beijo das duas. Quinn sentia seu estomago prestes a ser rasgado pelas borboletas que se mexiam inquietamente nele e Rachel apenas se desligou de tudo para se focar nos lábios de Quinn, que tinham gosto de cereja, que provavelmente era de seu brilho labial. Ela sentiu a mão fria de Quinn tocar seu rosto, fazendo com que seu corpo reagisse ainda mais com o toque.

E por fim, Quinn e Rachel podiam dizer que estavam no céu, graças á um beijo... E não poderia ter vindo em ocasião melhor, Rachel não precisaria se iludir mais por um admirador secreto e pensar ser Quinn mandando aquilo, porque ela já tinha Quinn e era somente ela quem ela queria estar.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.