Estavam abraçados há um bom tempo, sentados no sofá em completo silêncio, repensando nos últimos acontecimentos.

Perderam um filho, ganharam outro.

Era quase difícil de processar.

— O que fazemos agora?

Scully perguntou em um sussurro. Cansaço presente em sua voz.

Ela sentiu os dedos de Mulder acariciarem sua nuca carinhosamente.

— Eu não sei. — Ele respondeu igualmente sussurrando. — Eu não sei o que vem agora.

Ele a sentiu suspirar, as batidas do coração dela ressoando contra seu próprio peito. Ele sabia que doía. Doía o fato de terem perdido William. Doía tudo o que haviam passado. Tudo o que perderam. Doía nele também.

— Minha cabeça está explodindo. — Ela disse.

— Eu pego um remédio. — Ele falou depositando um beijo na testa de Scully e levantando-se, saindo da sala.

Scully repousou a cabeça no encosto do sofá e fechou os olhos, ouvindo a própria respiração, sentindo as próprias lágrimas escorrerem, a cabeça latejar e o coração doer. Um aperto quase insuportável. Pôs a mão sobre a barriga e imaginou como tudo estava acontecendo tão de repente, simultaneamente.

E em meio a esse silêncio, sua mente foi invadida.

Correndo. Ofegando.

Asfalto.

Luzes.

Um choro de bebê.

— William!

Ela gritou, foi ela.

Ele a olhou. Ela o olhou.

Frente a frente.

Era noite.

Scully abriu os olhos em um susto. Ficou imóvel pensando no que acabara de acontecer.

Mulder voltou para a sala com um copo de água e um comprimido. Ele viu a expressão no rosto dela e sentiu ligeira preocupação.

— O que foi, Scully? — Ele perguntou colocando o copo e o comprimido na mesa de centro e sentando-se ao seu lado.

— Eu vi... — Ela ofegou. — Eu tive uma visão, Mulder. De William.

— Como assim? — Ele ouviu mais atentamente.

— Ele estava correndo, sozinho. Perdido. Eu ouvi choro de bebê. Nosso bebê. — Seus olhos estavam marejados novamente enquanto os de Mulder tinham um brilho de curiosidade e esperança. — Eu olhei para ele e ele para mim.

— Scully, sabe o que isso significa? — Ele questionou em voz baixa sentindo a clareza dos pensamentos.

— William transmitia as visões para mim. — Uma pausa para desfazer o nó em sua garganta. — William está vivo. — Um sussurro e um sorriso compartilhado.

Eles olharam nos olhos um do outro profundamente. Aquelas palavras nunca foram tão doces de se dizer. E tão doloridas também.

— Precisamos encontrá-lo. — Ela disse decidida. — Nós precisamos encontrá-lo.

— O que você disse... sobre não sermos os pais dele.

— Eu sei... Nós não fomos seus pais... mas ainda podemos ser.

Essa possibilidade fez uma lágrima escorrer pela bochecha de Scully.

— Ok... ok... — Mulder balançava a cabeça levemente em concordância, raciocinando. — Vamos encontrá-lo.

Um sorriso delineou-se nos lábios de ambos sentindo um aperto consolador em seus corações.

— Não vamos desistir.

Scully afirmou.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.