Don't Ever Let It End

Capítulo 6 – I just need an escape from everything


Capítulo 6 – I just need an escape from everything

Eu não conseguia dormir, então tudo o que fazia era girar desconfortavelmente na minha cama. Para qualquer canto que eu olhasse, via apenas Luke e sua expressão ao me rever depois de dois anos. Via também o quanto ele havia mudado, ficado mais bonito. Apostava que todas as fãs que ele ganhou morreriam para ter o que eu havia tido com ele.

Meu coração acelerava sempre que eu repensava suas palavras, tanto as daquela tarde quanto as ditas em nossa despedida. Não queria ser fraca, tudo o que eu queria era esquecer tudo isso e voltar a viajar com a banda do meu pai. Era muito mais fácil não pensar nele quando eu estava a mais de milhares de quilômetros. E eu precisava pensar em alguma coisa rapidamente. O plano A foi por água abaixo e já não dava mais para simplesmente manter a filosofia de ignorar um problema até que ele vá embora.

Olhando para o relógio digital na cabeceira da cama, dei-me conta de que como eu não dormi até as duas da manhã, não iria mais conseguir. Levantei tentando não fazer muito barulho. Eu conhecia bem aquela casa e sabia que o piso de madeira faria bastante barulho se eu não tomasse cuidado. O que eu menos precisava no momento era acordar todo mundo. Troquei rapidamente meu pijama por um jeans, um coturno e uma jaqueta de couro. Sydney era muito quente durante o dia, mas o frio da madrugada era ainda pior.

Fiz questão de trancar a porta do quarto antes de sair pela janela em direção ao telhado. Quase me estapeei ao lembrar que era assim que eu fugia de casa na maioria das vezes que eu ia encontrar escondida com Luke na casa dele. Fiquei com medo de dar algum passo em falso e tentei me lembrar do caminho exato que fazia pelas telhas para que não caísse direto no jardim dos fundos. Quando cheguei até a beirada, virei-me com cuidado e me pendurei pelos braços para aliviar a queda. O que eu não contava era que a janela para a cozinha estaria aberta, com Dawson e Ashton logo à bancada, bebendo cervejas.

Para meu grande azar, o barulho da minha queda alertou os dois.

— Bea? – perguntou Dawson, atônito ao me ver pela janela.

— Merda. – xinguei baixinho, antes de simplesmente sair correndo até a frente de casa, enquanto escutava-os gritando por mim logo atrás.

Olhei para os dois cantos da rua, pensando numa maneira de sair dali antes que Dawson me pegasse – ele nunca gostou que eu saísse no meio da madrugada e eu tinha bastante certeza que ele estava puto comigo. Eu não tinha nem ideia de para onde iria! Por isso eu não sabia se ria ou chorava quando percebi que só havia uma única opção.

— Calum! – chamei seu nome ao ver que ele estava prestes a subir numa moto do outro lado da rua.

— Beatrice? – ele pareceu bastante surpreso quando eu corri e subi na moto atrás dele.

— Te explico depois, só me tira daqui. – pedi, ouvindo a porta da frente sendo escancarada e Dawson correndo atrás de mim.

— Beatrice Kroeger, se você ousar sair daqui nessa moto, eu juro que você... – não ouvi o resto da frase, já que Calum me entregava rapidamente o único capacete que tinha e iniciava a ignição.

— Já entendi. – Calum disse logo antes de colocar a moto em movimento.

Dei uma guinada e me segurei fortemente ao seu tronco, passando os braços por seu abdômen para ficar mais firme. O vento batia no meu cabelo e eu tinha a sensação de que ele só não batia no meu rosto por causa do capacete, que por acaso era pesado e desconfortável. Mas, hey, segurança em primeiro lugar. Depois de passarmos algumas ruas e algumas luzes, senti Calum diminuindo a velocidade até parar em frente à praça que eu havia fugido dele alguns dias antes.

— Você não me disse para onde queria ir. – ele disse ao me ouvir bufar. – Sabia que eu conhecia a louca que saiu correndo do muro aquele dia, mas só percebi que era você na gravadora.

— É, pelo visto não sou muito boa em fugir sem ser notada. – comentei amargamente, saindo da moto e tirando o capacete.

— Por acaso, por que queria fugir às duas da manhã? – Calum perguntou, enterrando as mãos no moletom que usava.

Olhei para baixo, pensando se deveria ou não contar a ele. Decidi que, como ele havia me ajudado, não custava nada contar a verdade.

— Não conseguia dormir e decidi tomar um ar.

Okay, talvez não toda a verdade.

— E para isso ia simplesmente sair correndo de casa? – o franzido de sua sobrancelha deixava bastante claro que estava preocupado.

Suspirei, sabendo que dessa vez estava completamente encurralada. Além disso, aquele era Calum. Mesmo tendo ficado mais de um ano sem contato, ele ainda parecia o melhor amigo que eu sempre tive. Ou ao menos era como ele estava me tratando no momento.

— E-eu... – comecei, tentando desembolar a bagunça que estavam meus pensamentos e falar algo que realmente fizesse sentido. – Eu só não consigo para de pensar em tudo o que aconteceu. Meus planos eram ficar aqui apenas o tempo que o Nickelback precisar ficar aqui e simplesmente ir embora de novo junto com eles. Agora vocês têm uma parceria com eles, que por acaso eu terei que criar a letra, e eu não sei nem se consigo voltar até aquele raio de gravadora e ver o rosto dele, tentando evitar ao máximo não falar com ele.

Eu sabia que tinha saído tudo de uma vez e ele havia entendido cada palavra mesmo assim.

Calum ficou me olhando nos olhos, como se conseguisse ler meu desespero apenas por eles e me entendesse. Passamos vários minutos assim, ele apenas me analisando enquanto eu tentava não entrar à beira de lágrimas. Por fim, ele suspirou, pegando o capacete que deixei sobre a moto e me oferecendo novamente.

— Tenho uma proposta. – ele começou. - Por que não passamos numa lanchonete vinte e quatro horas e achamos algum lugar para conversar?

Não sei o que me levou a aceitar aquela proposta depois de ter fugido dele nos últimos dias, mas eu sabia que meia horas depois, tudo o que eu queria era bater em Calum por ter me levado num local onde havia uma das lembranças mais fortes para mim.