A pedra à minha frente, ainda possui a mesma careta horrenda entalhada nos exatos centímetros. Porém algo mudou nela. As plantas que brotam, simplesmente, cobrindo-a mais ferozmente que antes. Bastante tempo se passou e de certa forma parece que muita coisa está diferente desde que parti. Desde que me libertei de uma coisa, para perder outra.

Encaro com tristeza a entrada envolta pelo breu à minha frente. O grande túnel que me causara tanto pavor. A brisa que emana dele, desloca alguns fios do meu cabelo para trás com selvageria e meus olhos ardem em razão das lembranças. Não parece fazer 7 anos desde que adentrei este espaço com meus pais, relutante, e fui transportada para um lugar esquisito. Meus pais viraram porcos, mergulhados na lama, alimentando-se de maneira espalhafatosa e eu estava presa.

Atada à um mundo anormal e assustador, a única chance de salvar meus pais e retornar para o nosso mundo. A única que poderia resgata-los e salvar a mim mesma de perder meu nome e ser fardada a permanecer lá para sempre. Eu consegui.

Mas não sozinha.

Ele sempre esteve lá. Ajudou-me em aspectos inimagináveis e agradeço. Nunca esqueci o que ele fez por mim e principalmente, o que despertou em mim.

Fecho os olhos e cerro os punhos, respirando fundo. Eu apenas precisava voltar aqui, porém não posso mais prosseguir. Viro as costas para a entrada um tanto sombria e caminho até o carro azul estacionado calmamente sobre a terra imersa de brotos, que insinuam como o tempo passou.

Abro a porta da frente e despenco sobre o assento, encarando o volante com os olhos vermelhos.

Ah, Haku. Onde está você?

Por um momento apenas enterro o rosto no volante e deixou que as lágrimas refrescam minha face. Permito que todas as lembranças borbulhem e transbordem de mim, em prol do local em que me encontro.

Depois, sinto me vazia. Dou ré no veículo e inicio a rota, criando distância ente mim e aquela experiência. Enquanto as últimas lágrimas secam em meu rosto e o carro se liberta da penumbra daquela passagem, penso escutar a voz de Haku ao longe.

Mas era apenas a brisa do vento, chacoalhando as folhas ao longo da estrada.