Capítulo X – Presentes

Donatello Divindragg

Eu estava tão feliz, mais tão feliz, além de hoje ser o meu aniversário de cinco anos, finalmente estou deixando de ser uma criança e me tornando um jovem, onde eu começaria a receber mais treinamento, especialmente os de combate, o que era o que eu particularmente mais gostava de fazer, mais minha mãe não me permitia ter muito contato com isso, especialmente com armas. Mas o que realmente era a melhor parte deste dia era ver minha família, eles eram todos muito ocupados, meu pai, meus irmãos, meu avô, a vovó Aglaia, além é claro da mãe Hera, a deusa que me tornou seu protegido e cuidou de mim e da mamãe.

Uma das coisas que mais gostei foi conhecer meu irmão Pégaso, embora ele seja um pouco diferente de mim, na verdade, eu sou diferente de todos, só tenho minha mãe que realmente é parecida comigo. Ele era lindo, todo branco e grande, suas asas eram um pouco parecidas com as da mamãe, embora elas fossem de penas e não de escamas como as nossas. Mas poder voar com Pégasos antes dos meus outros irmãos chegarem foi incrível, eu já havia melhorado um pouco com a habilidade de voo e já conseguia voar um pouco, mas eu não era nem de longe tão veloz quanto Pégaso era, ele era muito rápido e voava muito alto, foi tão divertido e animado poder voar com ele.

Claro que não foi só legal voar, Pégaso me disse que havia esquecido um presente de comemoração e por esse motivo, que ele me levou para voar com ele, como meu presente de aniversário, eu fui o segundo mortal a voar em suas costas, o primeiro foi um antigo irmão nosso, Belerofonte. O mano Pégaso era muito legal e inteligente, ele podia falar, o que era muito incrível, os outros cavalos que conheci embora eu pudesse ouvir suas vozes em minha mente, eles não eram muito inteligentes e falam muitas coisas sem sentido, além é claro de não poderem falar de verdade, eu ouvia suas vozes em minha mente, pelo que entendi do papai isso era uma das habilidades que herdei dele, por ele criar os cavalos.

Eu gostava muito da minha irmãzona Rodes, de todos os meus irmãos e irmãs, ela é sempre a que mais vem me ver, quase o mesmo tanto que o papai. Estava tão animado que finalmente estava alcançando sua altura, logo, logo eu que a pegaria no colo, não o contrário. Sempre que ela vinha me ver, ela trazia deliciosas comidas da sua cidade, ela trazia doces deliciosos, bebidas quentes e geladas, embora eu gostasse mais das geladas, frutas e legumes do mundo inteiro, inclusive aquelas que somente são encontradas no fundo do mar, laticínios dos mais diversos, e é claro que comidas salgadas, que são as minhas prediletas, não importa qual sejam, massas, frituras, ou carnes dos mais diversos tipos.

Falando na cidade portuária de Rodes, mamãe me disse que ela era a maior cidade costeira do mundo, uma das maiores e mais antigas cidades do mundo, com uma enorme população, Rodes e sua cidade era responsável por tratar da maior parte dos materiais e matéria-prima que os mortais tiram do mar, por ter um comércio tão incrível e uma vasta população, estes são os motivos de sempre ter as mais diversas iguarias que podem se encontrar no mundo inteiro.

Pelo que minha irmãzona falou, quando papai dividiu o comando das cidades marítimas entre meus irmãos mais velhos, ela ficou responsável por todas as cidades da superfície, que estavam na costa do mar de Poseidonis, pois ela tinha mais facilidade de lidar com os mortais da superfície e sendo uma deusa da cura, ela é adorada pelos povos terrenos até mais que os povos do reino aquático.

Já o mano Crisaor era o mais maneiro dos meus irmãos, ele tinha como sua arma principal a espada, a arma que mais eu admiro e quero aprender manusear, quando era mais novo, eu o vi fazer alguns movimentos e manobras com espadas, eu achei muito mais sensacional do que quando via os movimentos da minha mãe com a sua lança ou as adagas gêmeas.

Desde então notei que talvez eu também quisesse ser um espadachim quando crescesse, afinal, meu pai foi um antes de usar seu Tridente e meu pai é o deus mais incrível e poderoso de todos. Eu também notei que todos os meus irmãos e meu pai tem os cabelos compridos e eu quero ser igual a eles, tão forte e incrível que como o mano disse que nem mesmo o cabelo grande pode fazê-lo perder.

O irmãozão tubarão, sempre me chamava de irmãozinho pequeno dragão, era a forma maneira que criamos de nós chamarmos, e eu adorava ser chamado de pequeno dragão e estou muito ansioso para o dia que me chamarão de grande dragão e embora eu esteja feliz em finalmente estar alcançando a irmãzona Rodes, ela era a mais baixa dos meus irmãos. Mas não importa, ela será a primeira que vou superar, depois vou ficar mais alto que todos.

Eu achava os dentes do irmãozão tubarão muito maneiros e incríveis, grandes, afiados e pontudos, eles eram parecidos com os meus e da mamãe quando nos tornávamos dragões, embora eu não consiga mutar muitas partes de dragões, os dentes são uma das partes que já consigo controlar. Paláimon era o mais engraçado dos meus irmãos, ele sempre me fazia rir, um dia, ele me fez rir tanto, mais tanto que até quase fiz xixi de tanto rir.

Agora, o irmão Delfim era muito sério, sempre calmo e falando devagar, ele, na verdade, falava muito pouco, ficava mais me ouvindo falar. Ele veio me visitar poucas vezes, e sempre que ele vinha ele dizia coisas estranhas, na maior parte das vezes eu não o entedia, talvez seja esse o motivo dele falar tão pouco, os outros não entendem o que ele fala. Mamãe disse que ele era o mais velho filho do papai, só Despina era mais antiga que ele, por isso ele era tão sério, pois ele servia de exemplo que todos deveriam seguir, especialmente os filhos do papai, mas parando para pensar nenhum dos outros é parecido com ele, mas como a mamãe disse eu tinha que tentar me inspirar na forma que o irmão Delfim age, calmo e quieto.

Sobre o banquete que a vovó Aglaia fez era incrível, a enorme mesa tinha tanta comida, mais tanta comida que eu acho que ficaria tão grande quanto Órion fica na sua forma de gigante se tentasse comer tudo aquilo sozinho. O irmão Órion era muito legal, da última vez que ele me visitou, eu pedi para ele me mostrar sua forma gigante, ele era tão alto e grande que parecia que se ele esticasse as mãos para o alto ele podia tocar as nuvens a qualquer momento. E suas roupas são muito extraordinárias, eram sempre feitas de pele ou escamas dos monstros, era tão incrível, toda vez que ele me visitava, ele me trazia um dente ou chifres de um dos monstros que ele havia abatido.

O grande Órion era muito legal comigo, sempre que ele vinha me visitar, ele contava suas caçadas para mim, sobre as fraquezas dos monstros e como ele os derrotou, ele até me ensinou um pouco como procurar e notar as pistas que os monstros deixam no chão ou na vegetação. Ele sempre tenta acertar suas flechas mágicas invisíveis em mim, mas eu sou o mais rápido, sempre desvio delas e o acerto com as minhas, eu sempre o venço. Com toda certeza Órion é o meu irmão mais alto, então se até ele está falando que não posso usar a irmãzona Rodes em comparação, acho que não estou tão grande assim. Viu o que eu disse, Paláimon sempre faz todos rirem, especialmente eu, embora a irmãzona o atacou com a faca.

O irmão Proteus é sempre muito carinhoso, eu gosto disso, ele sempre dá abraços e carinho quando vem me ver, embora ele também ache estranho que ele não possa ver meu futuro, já que um de seus poderes é ver o futuro, mas pelo que minha mãe explicou, a razão é por conta de uma magia antiga que lady Hécate colocou nela e em mim, o que nos impede de ser encontrados, até mesmo pelo destino, as deusas moiras, o que por sua vez atrapalha meu irmão de prever o futuro para me ajudar com dicas do que eu poderia fazer, pelo menos foi isso que minha mãe e Proteus me disseram.

— Muito bem. — disse meu pai mais alto, chamando a atenção de todos para ele, ele fez um sinal com a mão na minha direção, então Rodes me passou do seu colo para o da minha mãe, que antes de me entregar ao meu pai, me beijou em meu rosto, com um longo e demorado beijo. Eu amava receber os beijos da minha mãe, de longe eles são os melhores e mais gostosos. Depois ela me passou para o colo do meu pai. — Quero agradecer a presença de todos, nessa confraternização de hoje, acho que todos os convidados que tínhamos para chegar já estão aqui, os que demoraram vão perder o melhor da comida, já estamos com um pouquinho de fome, certo?

— Sim, estamos com muita fome. — respondi, e embora eu não estivesse tentando ser engraçado, estava apenas dizendo o que estava sentindo, todos riram das minhas palavras, o que me deixou um pouco confuso do motivo de estarem rindo.

— Antes de darmos início a esse maravilhoso banquete que Aglaia fez para nós. — disse meu pai encarando a vovô Aglaia, que sorriu e acenou com a cabeça de volta, acho que isso é um tipo de agradecimento sútil. Então a atenção do meu pai voltou para mim, eu adorava ver seus olhos, eles são da mesma cor do meu olho direito. — Gostaria de dizer algumas palavras para nosso pequeno príncipe, não importa quais dificuldades e quais desafios a vida trouxer para você, saiba que cada um que está aqui nessa mesa hoje faz parte da sua família, nossa família, lembre-se que estaremos com você para sempre, eu estarei do seu lado independente do que acontecer, eu te amo, filho.

— Eu também te amo, papai. — eu não entendia muito bem o que ele queria me dizer, mas achei que responder confirmando que também o amava era o certo a se fazer. Seus olhos estavam levemente vermelhos, onde normalmente só eram brancos.

— Olha só para isso, até o velho está ficando mole. — disse Paláimon rindo.

— Fique quieto, idiota. — repreendeu a irmãzona Rodes de imediato, o cutucando novamente, só que com o dedo dessa vez, mas ela estava sorrindo um pouco. — Deixe os dois curtirem o momento.

— Tem razão, chega desse sentimentalismo, está mesmo na hora de enchermos nossas barrigas. — disse papai rindo, eu notei que seus olhos estavam mais vermelhos agora.

— Com licença, gostaria de dizer algumas palavras também. — pediu minha mãe, enquanto se levantava de sua cadeira. Ela se aproximou de nós e acariciou meu rosto. Eu amava muito quando ela fazia isso. — Serei breve, só gostaria de agradecer, a cada um dos presentes aqui e aqueles que não puderam estar presentes, mas ajudaram eu e meu filho, sem a ajuda de cada um de vocês não sei onde estaríamos, obrigado por nos ajudar, serei eternamente grata e estarei em dívida com vocês.

— Querida, você não deve nada para nós, como Poseidon disse, somos família e ajudar mutualmente é o que fazemos, para isso que os Olimpianos se juntaram e prosperaram. — disse a mãe Hera, sorrindo para nós. Então ela voltou sua atenção para mim, sorrindo. — E você, quer dizer alguma coisa?

— Eu não sei o que eu posso dizer.

— Diga o que sente, só isso que importa. — explicou-me mãe Hera. — Quando agradecemos e fazemos discursos em nossos aniversários é para mostrar aos nossos amigos e familiares o que sentimos.

— Eu me sinto feliz, muito feliz, hoje é o dia mais feliz da minha vida é o que eu sinto, eu normalmente passo os dias só com a mamãe e os anjos que cuidam de nós, os dias em que eu posso ver e falar com vocês sempre são mais divertidos e felizes e hoje está sendo um dia muito incrível porque todos vocês estão aqui ao mesmo tempo, e eu os amo muito, todos vocês, mesmo os que não puderam estar aqui hoje, mas vieram me ver em outros dias. — havia a rainha das amazonas, a Guardiã Hipólita, as minhas outras irmãs, Esmeralda, Despina e Cimopoleia que já vieram outras vezes me visitarem, mas ainda não chegaram. — Até mesmo conheci o mano Pégaso hoje e pude voar com ele.

— Assim você vai me deixar emocionado. — disse Pégaso com a voz meio chorosa, ele estava do outro lado da comprida mesa, onde não havia uma cadeira e ele poderia se posicionar com seu enorme corpo de cavalo.

— E vai nos deixar com a consciência pesada porque nos atrasamos. — disse uma voz chamando nossa atenção, era a irmãzona Cimopoleia, pelo que a mamãe me ensinou, a irmãzona era deusa das ondas violentas do mar e dos terrores marítimos, ela é filha do papai e da deusa Anfitrite. Mamãe me explicou que a antiga esposa do meu pai não gosta muito de nós dois, o que, na verdade, eu não sei o motivo que a fez desgostar de nós, já que nem ao menos eu conheço ela.

Mas mamãe e papai disseram que eu podia confiar nela, assim como também confiava e gostava de Rodes e Esmeralda, que também são filhos do papai e da sua antiga esposa, mas eles me disseram que eu não podia confiar no Tritão, que era o filho mais velho de Anfitrite, eu não sabia o motivo exato, eles não me explicaram, mas me disseram que eu tinha que fugir caso visse qualquer um dos dois. Mas a irmã Cimopoleia era legal e amorosa comigo, embora ela não venha me visitar com tanta frequência como Rodes, quando vinha me ver eu gostava muito de estar com ela. Eu gostava de chamá-la só de Leia.

— Desculpem pela demora. — disse minha outra irmã, Esmeralda.

Pelo que a mamãe me ensinou, ela era a deusa das Sereias, a filha mais jovem do papai e da sua antiga rainha, pelo que o papai me falou, Esmeralda está muito ocupada com alguns problemas no mar, esse é o motivo dela ser a irmã que menos vinha me visitar, algo relacionado aos Tritões estarem causando problemas nas cidades submarinas. Embora ela fosse a que menos vinha me visitar, ela sempre foi carinhosa e legal comigo e sempre me contava sobre as lendas e a cultura das cidades submarinas.

— Eu disse que estávamos atrasadas, mas vocês são tão lerdas para se arrumarem. — disse outra irmã, que era a deusa Despina.

Eu aprendi que ela era a deusa das Geadas, ela era a primeira filha do papai, antes do Delfim, que ele teve com a deusa primordial Gaia. Embora, ela fosse gelada e seus abraços não fossem quentes como o da mamãe, eu gostava muito dela, na região em que moramos, não existe neve, mas quando ela vinha me visitar, sempre me mostrava um pouco da neve, a neve era muito bonita, bem branca, assim como a própria deusa.

— Vai lá cumprimentar suas irmãs. — disse meu pai enquanto me soltava no chão.

— Meu floquinho de neve, olha só como já está tão grande. — disse Despina sorrindo, corri na sua direção e pulei em seu colo, como sempre ele era gelado e confortável, beijei seu rosto, meus lábios ficaram rapidamente gelados. — Que beijo mais gostoso.

— Eu também quero um. — reclamou Esmeralda.

— Não se esqueçam de mim. — lembrou Cimopoleia.

— Tenho beijos e abraços para todas vocês, não se preocupem.

Desta forma as horas foram se passando rapidamente, eu me divertia como nunca, estava tão bom que eu só queria que o tempo congelasse nessa festa, com toda a minha família unida e se divertindo comigo, interagindo entre nós, até mesmo a Guardiã Hipólita conseguiu vir para a festa, e embora estivéssemos vivendo no reino das Amazonas, reino do qual mamãe já foi a rainha e a atual rainha é a Guardiã, ela dificilmente pode vir nos ver, já que é uma pessoa muito ocupada.

A guardiã era uma mulher muito bonita e incrível, eu a via como uma figura incrível e admirável, alguém que representava tanto poder quanto beleza. Hipólita descendera do próprio deus da guerra, sendo uma semideusa que recebeu o presente da juventude eterna, não envelhecendo. Sendo uma semideusa ancestral e milenar, ela era uma líder respeitada não apenas pelos mortais, mas também pelos próprios deuses e especialmente por mamãe. Eu me sentia honrado por tê-la presente em minha festa, e sua presença só tornava esse dia ainda mais especial e memorável.

Pelo que a mamãe me ensinou, Hipólita era uma mulher extraordinária, cuja presença era sempre marcante e cativante, das vezes que ela vinha visitar sempre era incrível e muito divertido, ela contava muitas histórias das antigas e incríveis guerreiras amazonas, todas mulheres admiráveis e poderosas que descenderam do próprio deus da guerra, criaram uma nação importante e majestosa, respeitada por todos, incluindo os deuses.

Uma nação tão respeitada que foram inclusive a escolha de lady Atena em pessoa para enviar sua única filha, minha mãe, para suas fileiras, eu me via fascinado com as histórias que ela contava sobre as guerreiras amazonas, suas ancestrais, e como elas eram mulheres poderosas e respeitadas, especialmente eu adorava ouvir as histórias sobre a mamãe e seus dias como guerreira amazona, subindo na hierarquia e tornando-se a rainha desse incrível reino.

— Sophia, infelizmente tenho que seguir meu caminho. — disse a Guardiã sorrindo para minha mãe. Após horas e horas de todos comendo e bebendo, eu já havia passado pelo colo da maioria dos presentes, especialmente minhas irmãs, no momento eu estava no colo da Hipólita, que conversava com a minha mãe.

— Compreendo, está ficando tarde. — disse a mamãe sorrindo. Mas eu fiquei um pouco triste, estava tão legal, mas é verdade que já estava começando a escurecer, eu só queria ter um pouco mais de tempo com todos aqui.

— Então, eu gostaria de dar meu presente agora. — disse a Guardiã sorrindo para mim.

— Presente? Você me trouxe um presente? — perguntei animado, quase me esquecendo que estava triste por um dos meus queridos convidados estarem indo embora.

— Claro, é um costume os convidados presentearem o aniversariante da vez. — explicou-me a guardiã.

— Mas eu não preparei um presente para ninguém.

— Não se preocupe com isso, o aniversariante não precisa dar presente aos convidados.

— Mas a mamãe me ensinou que devemos retribuir a bondade com ainda mais bondade. — Hipólita riu do que eu disse, enquanto acariciava meu rosto com sua mão.

— Você é muito bonitinho. — disse ela rindo. — Sua mãe te ensinou bem, mas o momento de você me retribuir o presente será no dia do meu aniversário.

— Então não esqueça de me convidar. — disse sorrindo. Até o momento eu não tinha ido aos aniversários dela, bem, na verdade, eu só tinha ido ao aniversário da mamãe.

— Não esquecerei.

— Chegou Finalmente a hora dos presentes?! — perguntou Paláimon animado, entrando na conversa. — Eu quero ser um dos últimos, porque o meu é o mais legal e após ganhar ele, não ligará para os outros.

— Sempre o mais exibido. — disse Rodes, enquanto revira os olhos.

— Mesmo? O que é? — perguntei curioso.

— Calma, calma, tem que ter um pouco de paciência. — disse Paláimon por fim, enquanto bagunçava meus cabelos com a mão. Não gostava disso, quando ele bagunçava meu cabelo com suas mãos. Então empurrei sua mão da minha cabeça. — Agora é a vez dos outros.

— Eu gostaria de pedir licença para os outros, pois gostaria de ser a primeira. — pediu a guardiã chamando a atenção de todos. Ela se levantou e entregou-me para o colo da minha mãe. Logo os outros convidados fizeram um semicírculo a nossa volta, nos observando.

— Por favor, será uma honra. — disse a mamãe sorrindo.

— Sim, será uma honra receber seu presente, guardiã. — me adiantei em ser educado, se esquecesse disso, talvez a mamãe ficasse irritada comigo e me daria bronca depois.

— Eu quebrei a cabeça para pensar em um presente que fosse útil e que serviria para ti, então cheguei à conclusão que melhor do que uma arma, item ou artefato.

Em sua mão direita, no dedo do meio, havia um anel, seu brilho tinha uma tonalidade prateada que o diferenciava da prata comum, pois era Mithril, um metal precioso que reluz com um brilho próprio, já havia lido sobre isso nos livros que a mamãe me deu. Sua superfície é adornada com intrincados padrões entalhados à mão, runas mágicas, que parecem dançar à luz, criando uma aura de magia e misteriosa ao seu redor. Também havia uma joia presa ao metal, mas na realidade era um núcleo mágico, ela tinha uma coloração prateada e brilhante. O anel por um momento aumentou seu brilho prateado, no momento seguinte um saquinho de pano apareceu na palma da mão de Hipólita.

Era um Anel interdimensional, a mamãe tinha um também, a diferença era que o núcleo do da mamãe era branco. A história da criação por trás do anel interdimensional remonta à Sociedade das Súcubos, uma antiga e misteriosa civilização que existe no planeta água, notória por ser um país de feiticeiros e magos poderosos, que dominavam as artes da magia dimensional. Elas criaram o anel como uma ferramenta poderosa para armazenar e transportar objetos entre diferentes planos de existência, era como ter uma pequena dimensão de bolso, acho que até por isso ele também era conhecido como anel de dimensão.

Ele era comercializado e não é barato ter um destes, pois mais um dos motivos de ter um deste é em razão de que ele tinha um núcleo mágico, normalmente um de nível médio ou alto, ele até poderia servir como um salva-vidas de energia, caso esgote sua energia, ainda teria uma quantidade ali, caso tenha deixado bem abastecido anteriormente, motivo que eles são mais bem vistos do que as bolsas mágicas.

— Eu irei te dar um pouco de dinheiro, mas não é para gastar com uma bobeira qualquer, mas sim, para poder te introduzir ao valor do dinheiro e a como o mundo dos mortais funciona e você mesmo poderia comprar algo que gostar quando for para a cidade com sua mãe.

— Esse é mesmo um bom presente, pensou bem. — observou Hera, ela sorria levemente. Hipólita me entregou o saquinho de couro, ele era um pouco pesado, acho que tinha bastante moedas, era realmente a primeira vez que eu tocava em moedas. — Aprender o valor do dinheiro e como usá-lo realmente é algo que você não pode deixar de aprender.

— São só trinta moedas, elas são chamadas de Argentum ou moedas de prata. — explicou-me a guardiã.

— Muito obrigado, eu agradeço muito. — sorri para ela, estava muito feliz e animado pelo presente que ganhei.

— Não há de que, pequenino. — ela beijou meu rosto e depois deixou-me beijar o dela. — Infelizmente já vou seguir meu caminho, aguardo ansiosa pela minha próxima visita.

— Será sempre bem-vinda, guardiã. — disse minha mãe sorrindo.

— Já estou ansioso para te ver. — disse também, minha mãe levantou e abraçou e beijou a rainha das amazonas. Depois disso, a Guardiã se despediu de cada convidado e seguiu seu caminho para a cidade, voltar para sua função de rainha.

Eu abri a boca do saco e peguei uma das moedas, ela era mesmo feita de prata, pois não havia aquele brilho prateado emanando dela, como o Mithril, em um lado da moeda, tinha um desenho entalhado no metal de uma coroa elaborada e imponente, com detalhes intricados. Eu reconheci o símbolo, era o elmo das trevas de lorde Hades, símbolo do submundo e do próprio deus imperador. No outro lado da moeda, havia uma figura claramente feminina, em armadura e segurando uma lança em mãos. Esse símbolo eu reconheci também, a guardiã Hipólita já havia me ensinado sobre ele antes, era o símbolo que estava na bandeira das Amazonas, simbolizava Otrera, a primeira Amazona e a lança era o símbolo do seu pai, lorde Ares.

— Porque o símbolo da bandeira das amazonas fica de um lado e de lorde Hades do outro? — perguntei curioso para meu pai, que estava sentado ao meu lado.

— Há muito tempo, os mortais precisavam de uma moeda para facilitar a transação comercial e a troca de bens entre eles. — meu pai começou a me explicar. — No começo as moedas eram feitas de qualquer forma e sem um valor adequado, então, nós deuses intervirmos e ajudamos os mortais a aprimorar a ideia, em homenagem a isso, eles nos homenagearam entalhando de um lado nossos símbolos, dos seis deuses antigos e do outro o símbolo do país que a cunhou.

— Isso é legal.

— Mas existe mais um deus homenageado fora nós seis. — Hera começou a explicar. — O Óbolo é a moeda com o menor valor, mas como ela tem um importante valor ritualístico na hora da morte dos mortais e sua passagem para o submundo, os mortais escolherem para o homenagear a imagem de quem as recebe nesse momento, Caronte, o barqueiro.

— E foi uma boa ideia fazer um agrado para aquele mal-humorado. — explicou meu pai.

— Pai, qual é a sua moeda?

— A minha é a de ouro, chamada de Áureo também.

— A minha é a de Platina. — disse mãe Hera e antes que eu pudesse perguntar as outras, ela já começou a explicar. — Zeus é o Dracma, Deméter é o Cuprum que é feita de cobre e Héstia é a Bronzo, a moeda feita de bronze, ele é maior que o Óbolo, que também é feito de bronze.

— Só o Dracma não é produzido pelos mortais, é produzido diretamente no Olimpo, sendo a moeda oficial dos deuses, que eles dão raramente para os mortais. — completou minha mãe. — Depois eu te ensino melhor sobre a história de cada moeda e seu valor monetário de hoje em dia.

— Legal.

— Muito bem, se me permitem, eu quero ser a próxima. — disse vovó Aglaia sorrindo.

Aglaia me permitiu chamá-la de vovó Ya, assim como minha mãe a chamava de Ya, que era um apelido carinhoso que minha mãe criou, ela era como uma espécie de mãe para a mamãe, então eu a chamava de vovó, mesmo que ela aparentasse ser muito jovem, mas eu sabia que ela era uma deusa muito antiga e ela era a esposa do vovô Hefesto e sempre que ele vinha me ver, ela o acompanhava. Ela era muito bonita, afinal era uma deusa da beleza e ela realmente merecia seu título. Seu colo era quente e confortável e seus beijos eram carinhosos, além é claro dela ser uma excelente cozinheira, toda a comida foi ela que fez.

Em sua mão, uma luz branca apareceu e rapidamente desapareceu, deixando no lugar um anel interdimensional sem dono, pois o núcleo estava sem cor alguma, mostrando que não foi injetado nenhuma energia nele, então o núcleo ficava com a aparência de um vidro, transparente.

— Meu presente pode ser um pouco simples, mas creio que será útil para você. — eu estava animado, muito animado, eu já havia pedido um para minha mãe, mas ela disse que no momento era muito caro para ela poder bancar e eu ainda nem conseguia manipular minha energia divina, então não poderia utilizá-lo até melhorar meu controle. — Esse é um anel interdimensional com a maior capacidade que eles vendem no reino das Súcubos, senão me engano tem um espaço de armazenamento de trinta mil metros cúbicos, mas não se pode colocar seres vivos lá dentro, pois não tem oxigênio, somente objetos.

— Legal, legal, eu adorei. — sorri animado, enquanto pulava em seu colo e beijava seu rosto.

— Que tal testar guardando essas suas moedas aqui dentro? — ofereceu Ya, enquanto me entregava o anel. Ele era gelado, mas era muito bonito, acho que ele era grande demais para caber no meu dedo também, embora pelo que li no livro, existe uma magia que faz ele se adaptar em tamanho, até mesmo de espécimes gigantes.

— Eu não consigo, não aprendi utilizar minha energia divina.

— Você ainda não aprendeu. — disse Ya beijando meu rosto. — Não se preocupe, ninguém nasceu sabendo tudo, nem os deuses.

— Obrigado pelo presente, vou me esforçar para poder utilizá-lo o mais breve possível.

— Ótimo, já que foi a vez de Aglaia, gostaria de ser a próxima. — pediu a irmã Esmeralda.

Ela se aproximou de mim, um brilho branco apareceu em sua mão, quando desapareceu, deixou no lugar um livro, cuja capa exibe um brilho iridescente, como se fosse tecida de luz lunar refletida nas ondas do mar e padrões sutis de conchas e corais são entalhados ao redor das bordas. Ela me entregou o livro, sua superfície é suave ao toque, criando uma sensação de movimento constante, como se estivesse sendo acariciado pelas correntes marinhas.

— Esse livro eu mesma o compilei e o batizei de O Mar Encantado: Contos e Lendas das Sereias.

Ela abriu o livro, as páginas revelam uma textura única e inesperada: são feitas de algas marinhas prensadas, conferindo-lhes uma tonalidade verde-azul e uma leve fragrância salgada. Cada página é uma obra de arte natural, com padrões intrincados e delicados, que parecem dançar sob a luz. As ilustrações que adornam as páginas são vibrantes e vivas, retratando cenas de vida marinha em detalhes deslumbrantes. De sereias dançando entre os recifes de coral a criaturas místicas emergindo das profundezas do oceano, cada imagem é uma janela para um mundo de maravilhas subaquáticas.

— Que lindo. — murmurei encantado com as figuras.

— O conteúdo do livro é tão envolvente quanto sua aparência, repleto de histórias e lendas que cativam a imaginação e transportam o leitor para os reinos mágicos do fundo do mar. É uma obra que não só encanta os sentidos, mas também enriquece a mente, proporcionando mais conhecimento do mundo subaquático, não apenas como entretenimento, mas também como um recurso educacional valioso sobre a cultura e comportamento das criaturas, e dos nossos povos.

— Obrigado, eu adorei, estou ansioso para ler. — fechei o livro e me aproximei para beijar e abraçar minha irmã, em agradecimento.

— Quando eu vim te visitar novamente, trarei outro. — prometeu ela, enquanto sorria.

— Já que estamos no tópico de livros de presente, acho que é o momento perfeito para dar o meu presente. — disse Delfim se aproximando, em sua mão um brilho branco apareceu e desapareceu muito rapidamente, deixando no lugar um livro. — Eu também o compilei e o batizei de O Mar Profundo: Bestiário das Criaturas Marinhas, como o nome sugere, ele é uma análise analítica e centrada nas criaturas marinhas mais selvagens que habitam as profundezas.

Ele me entregou o livro, a capa dele era mais simples em comparação com o de Esmeralda, não há entalhes elaborados ou brilhos iridescentes, era feita de um material semelhante, mas com menos ornamentos, a capa exibe uma tonalidade azul-escura, reminiscente das profundezas oceânicas, e é texturizada com padrões sutis que lembram as ondas do mar, eu podia ler o nome do livro escrito em dourado na capa, a simplicidade da capa transmite uma sensação de seriedade e objetividade.

Quando eu abri o livro, as páginas revelam uma textura semelhante às algas marinhas, mas em tons mais escuros e menos brilhantes. Cada página é impressa com umas ilustrações detalhadas e meticulosas das mais diversas criaturas que habitam os mares. Fui folheando as folhas e vendo as gravuras em cada página, gravuras das criaturas mais diferentes umas das outras, desde os majestosos hipocampos até os menores habitantes das profundezas abissais que eu nem conhecia. As gravuras são realistas e impressionantes, retratando as criaturas em seu habitat natural com uma precisão que surpreende até mesmo os leitores mais experientes.

— Muito legal. — murmurei enquanto olhava as imagens dos monstros.

— O conteúdo do livro é uma compilação abrangente e informativa sobre as diversas espécies marinhas, organizadas em seções detalhadas e acompanhadas por descrições minuciosas de seus comportamentos, hábitos alimentares, habitats e interações com outros seres marinhos. — explicou-me Delfim.

— Tão metido a Sabichão. — disse Paláimon parecendo cansado. — Perder todo esse tempo estudando-os é coisa de maluco.

— Conhecimento é poder, Paláimon. — censurou Delfim, ele parecia levemente irritado com o irmãozão Tubarão. — Cada página é uma fonte de conhecimento sobre a vida no oceano, apresentando informações valiosas que vão despertar a curiosidade e a admiração do pequeno Don aos mistérios das profundezas.

— Certo, certo, não vou falar mais nada. — Paláimon ergueu as mãos para acalmar Delfim. — Eu só espero que o pequeno dragão não seja tão erudito e seja mais como um guerreiro no futuro, não perca tempo demais estudando, treine para ficar mais forte e um melhor combatente.

— Não seria melhor eu ser os dois? — perguntei confuso.

— Com certeza, você pode e deve fazer os dois. — disse mãe Hera entrando na discussão, fazendo ambos ficarem em silêncio. — Eu até mesmo tive uma ideia de presente semelhante ao que o querido Delfim teve, bom trabalho.

— Fico feliz em ser elogiado, imperatriz Hera. — Delfim curvou-se respeitosamente.

— Peço perdão por falar demais. — curvou-se Paláimon em respeito. Eu achei muito incrível a forma que os outros tratavam a mãe Hera, sempre com o maior respeito e cuidado, os únicos que a tratavam informalmente eram meu pai e o vovô Hefesto, o qual são o irmão e filho dela.

— Agradeço o presente, farei bom uso dele, irmão Delfim. — o abracei, ele retribuiu o abraço e sorriu para mim. Voltei minha atenção ao Paláimon e sorri para ele. — E treinarei com disciplina, irmãozão Tubarão.

— Essa é a resposta certa, pequeno Dragão.

— Já que adiantei o que era meu presente, acho que é melhor eu ser a próxima. — quando me virei para ver a mãe Hera, eu já pude ver o livro em suas mãos. — Este livro, embora pareça barato e simples aos olhos, ele é de uma riqueza sem tamanho em conhecimento.

Ela entregou ele em minhas mãos, ele era mais pesado que os outros, mesmo que fossem feitos de materiais bem mais simples e baratos, realmente em comparação com os outros dois, ele mais parecia um livro feito para não ser vendido, mas sim, doado, algo que ninguém daria dinheiro devido a sua aparência, mas claramente ele era mais grosso e volumoso que os outros dois. Um livro encadernado em couro preto surrado, com páginas de papel simples e amareladas, sua capa desgastada exibe apenas o título em letras esbranquiçadas e desbotadas, sem nenhum adorno adicional, apenas estava escrito: “O Guia do Sobrevivente: Criaturas.”

— Este livro me serviu de inspiração para começar o meu. — disse Delfim sorrindo, enquanto encarava o livro em minha mão. Quando eu o folheei, as páginas internas são repletas de texto simples, sem ilustrações ou decorações bem-feitas como os que Paláimon e Esmeralda fizeram nos dele, apenas com desenhos rudimentares de algumas criaturas, elas não eram malfeitas, mas eram simples. — As gravuras desse exemplar são muito melhores do qual eu tenho.

— Assim, esse é o livro original, a primeira cópia e mais detalhada, feitas diretamente das mãos do Quíron, que ele me presenteou há muitos anos. — explicou mãe Hera

— Incrível, esse livro vale milhares de vezes mais que o meu.

— E o meu também. — concordou Esmeralda. — Tanto em seu conteúdo quanto com sua importância.

— Mesmo? — eu estava confuso. — Mas ele parece tão simples.

— Filho. — disse minha mãe chamando minha atenção. — O Quíron que mãe Hera se refere é o deus dos Centauros, o mestre de todos aqueles heróis lendários que a mamãe contou a história para você.

— Exatamente, o livro é simples por que essa foi a ideia que o Quíron teve quando o copilou, a simplicidade do livro reflete sua utilidade prática e acessibilidade para aqueles que desejam aprender sobre as criaturas da superfície e como lidar com elas, vindos diretamente dos anos de experiências do deus dos Centauros. — explicou-me Hera.

— Mesmo após milênios caçando, eu ainda não chego nem perto da experiência do mestre Quíron. — Órion adicionou, é verdade, Órion é um aventureiro classificado no nível dez, o nível mais alto, e quem era o responsável por cuidar dos aventureiros do mundo, era Quíron.

— No quesito caçar monstros, ninguém é mais experiente que o velho Centauro, eu não chego nem perto. — admitiu meu pai.

— Incrível, eu muito mais que adorei o presente, ele é incrível, muito obrigado, mãe Hera. — deixei cuidadosamente o livro na mesa e corri para abraçá-la e agradecer pelo incrível presente que recebi. — Eu nem sei como te agradecer.

— Cuide bem dele e aprenda o máximo que puder do conteúdo, assim eu ficarei satisfeita com seu agradecimento.

— Deixe comigo. — respondi animado, estava mesmo ansioso em aprender mais sobre as criaturas que posso enfrentar no futuro.

— Já que o assunto está em livros e meu presente está na mesma linha, eu gostaria de ser a próxima. — disse a irmãzona Leia chamando a atenção para ela. Ela me entregou um grosso pergaminho, o material era feito da mesma espécie de algas que o livro do Delfim e da Esmeralda foi feito, era uma espécie de papel com uma tonalidade azul-escura. — Embora não seja um livro, acho que ele será bem útil para ti, embora tenhamos uma habilidade inata de localização marinha, ela não é perfeita, abra-o.

Quando eu o desenrolei eu me espantei com o que vi, era um mapa, mas não um simples mapa comum, era uma verdadeira obra-prima de artesanato mágico, exibindo uma riqueza de detalhes em suas intricadas linhas e símbolos. A primeira coisa que chamou a minha atenção foi o brilho sutil que emanava do mapa, como se cada traço estivesse impregnado com uma luz própria. As cores eram vivas e deslumbrantes, representando as profundezas dos oceanos de uma forma que parecia quase viva.

— Esse mapa é um artefato de navegação criado pelos magos e feiticeiros com a mais incrível forma de magia, e como pode ver, ele vem com o básico, mas eu conheço alguns caminhos únicos, tesouros, que deixei marcado no mapa, para que um dia você possa explorar e quem sabe achar alguns tesouros.

Olhando para esse mapa, logo eu me vi imerso em um mundo de maravilhas subaquáticas, era como se as próprias águas dos oceanos se se estendem diante meus olhos, revelando rotas seguras, correntes favoráveis e passagens ocultas que só poderiam ser descobertas pelos mais experientes navegadores. Pontos de interesse específicos eram marcados com clareza impressionante, indicando tesouros submersos, antigas ruínas afundadas e até mesmo a localização de criaturas místicas que habitavam os mares.

— Eu adorei, é tão lindo e incrível, muito obrigado, irmãzona Leia.

— Fico feliz que tenha gostado. — ela me abraçou e beijou meu rosto com carinho.

— Vamos caçar esses tesouros juntos, certo?

— Com certeza, em mais alguns anos. — ela respondeu rindo.

— Combinado.

— Já que o assunto é caçar, acho que o meu presente vai ser útil para você levar nas suas caçadas. — Órion se aproximou, ele não trazia nada em suas mãos, não entendi exatamente o que era o presente, mas sua bolsa de armazenamento mágica estava como sempre em seu pescoço.

A bolsa de armazenamento mágico é o artefato da moda de milênios atrás, que foi substituído pelo anel interdimensional em razão da praticidade de carregar só um anel, além é claro que é muito mais fácil perder uma bolsa do que o anel, se, por exemplo, estiver sendo perseguido por monstros. A bolsa era simples e visivelmente antiga e surrada, não era muito grande, o que em comparação com seu corpo gigante até parecia um colar ao invés de uma bolsa. Ela tinha só uma alça que ficava envolta do pescoço de Órion, mas era uma bolsa de couro robusta, envelhecida pelo tempo e marcada pelas aventuras e caçadas passadas, mas ainda se podia ver as runas que as tornavam especial e mágica, com detalhes intrincados e símbolos mágicos entrelaçados em seu design.

Ele parou na minha frente, então ele tirou a bolsa de seus ombros e a colocou em meu colo, não entendi muito bem o motivo, ele não poderia estar me dando a própria bolsa?! Ao segurar a bolsa, é possível sentir uma vibração sutil de energia pulsando através dela, indicando sua natureza mágica e a energia divina que estava nela.

— É sua, faça bom uso de tudo que está aí, pequeno Don.

— Espera, você está me dando sua bolsa inteira de presente? — eu estava confuso, afinal de contas Órion é um aventureiro andarilho, sem uma residência fixa, viajando pelo mundo o tempo todo, então sua bolsa é basicamente como se fosse sua própria casa, onde ele carregava tudo de mais importante que ele tinha.

— Sim, eu juntei algumas coisas ao longo dos milênios, contém uma seleção de ervas e plantas medicinais, remédios, poções e elixires, uma variedade de ferramentas de caça, linhas de pesca, e armadilhas confeccionadas por mim, projetadas para capturar até mesmo as criaturas mais astutas, alguns artefatos como amuletos e talismãs, ferramentas de sobrevivência, cordas resistentes, kits de primeiros socorros, alguns mapas. — ele riu um pouco. — Eu já nem me recordo de tudo que tem aí, será divertido você explorar e descobrir.

— Mas você não vai precisar delas? — perguntei preocupado, o que fez Órion sorrir.

— Eu vou fazer outras, começar tudo de novo será divertido também, não se preocupe com isso, pequeno Don.

— Eu agradeço, grande Órion. — sorri animado, enquanto me levantava para abraçá-lo, ele era quente e enorme.

— Já que tem o anel e queira se livrar dessa bolsa velha e só aproveitar o que tem dentro, está tudo bem...

— Não. — eu o interrompi. — Eu jamais poderia fazer isso com seu presente, ele será o meu tesouro, para sempre. — Órion sorriu mais largamente e fez carinho em meu rosto.

— Esse é o espirito, nunca despreze um presente, ainda mais quando ele é dado com tamanho amor. — disse mãe Hera, quando eu olhei para ela, ela sorria largamente para mim.

— Estou orgulhosa de você, meu amor. — disse minha mãe, enquanto sorria para mim.

— Eu também estou, filho. — meu pai me olhava sorrindo.

— Mas pelo quê? Eu só fiz o óbvio! — eu estava confuso.

— Infelizmente, o óbvio é raro hoje em dia, meu amor. — disse a mana Rodes, ela me olhou seriamente, mas ela começou a sorrir. — Já que o assunto é bolsas mágicas, chegou a hora do meu presente, ele é chamado de bolsa do sacerdote.

Uma luz brilhante apareceu em sua mão, quando despareceu deixou no lugar uma bolsa mágica, à primeira vista, parece uma bolsa comum, menos surrada que a de Órion, feita de um couro resistente e de cor branca, adornada com símbolos sagrados de cura e proteção de cor verde, era de uma alça também. Era a primeira vez que eu a via, mas ela me parecia estranhamente familiar, como se eu já a tivesse visto antes, talvez Rodes em algum momento quando eu era muito novinho me apareceu com uma destas.

— Normalmente, essa bolsa é dada para aqueles que concluíram seu treinamento como um dos meus sacerdotes, tanto dos poderes de cura, quando das práticas de curandeirismo e medicina. — ela sorriu levemente. — Há muitos e muitos anos, uma de minhas sacerdotisas começou a utilizar uma destas, tomando a iniciativa ela gastou seu dinheiro com a intenção de maximizar as chances de salvar vidas em campo, seu nome era Amélia Vrago.

— Que mulher incrível. — disse sorrindo. Mas esse nome, que estranho, era tão familiar, mas tenho certeza que é a primeira vez que ouço.

— Realmente, desde então eu adotei sua iniciativa e aprimoramos a ideia com o tempo, embora o espaço dela não seja tão amplo, ela tem só 18 metros cúbicos, mas é o suficientemente grande para levar uma quantidade incrível de provisões e itens mágicos, além é claro do básico de medicina, como Analgésicos, Antisséptico, Bandagens e ataduras, esparadrapo...

— Vai de leve, ele não precisa da aula de medicina inteira agora. — disse Paláimon a interrompendo.

— Estupido. — resmungou Rodes irritada, seus olhos brilharam de raiva.

— Não liga irmãzona, eu adoraria aprender contigo. — ela sorriu ainda mais largamente.

— Você realmente deveria aprender bons modos com o Don, cara de tubarão. — disse Despina irritada.

— Concordo plenamente. — disse Esmeralda.

— Sempre o mais irritante e estúpido. — disse a irmã Leia.

— Tanto faz, eu cansei de esperar, serei o próximo...

— Nem pensar, eu serei a próxima. — disse Despina o interrompendo. Sem esperar por mais discussão, ela se adiantou e parou na minha frente sorrindo, mas antes de continuar, ela voltou-se para Paláimon. — Se tu interromperes o meu momento, te congelarei e te largaremos aqui um ano inteiro, não me teste.

— Claro, claro, fique à vontade. — disse Paláimon a contragosto, mas ele ficou quieto.

— Estou muito ansioso para aprender mais sobre a medicina depois. — eu estava realmente animado em aprender mais, parece muito interessante, além disso, talvez se eu soubesse um pouco de medicina antes, eu talvez pudesse ter salvo o pequeno filhote de cervo que machuquei daquela vez ou caso eu acabe fazendo besteira no futuro.

— Logo, logo vamos começar com o seu treinamento. — prometeu a mana Rodes sorrindo, depois ela beijou meu rosto e voltou sua atenção para Despina. — Continue irmã.

— O meu presente é chamado de Senhor das Geadas, é um colar artefato antigo, que te dá a habilidade de não sentir as baixas temperaturas e suportar os frios mais intensos e te mantém resfriado se precisar explorar um deserto escaldante, ou mesmo o interior de um vulcão.

Em sua mão direita o colar apareceu, além dele muito legal na descrição que ela deu, ele ainda era uma peça verdadeiramente deslumbrante, com uma beleza que reflete a essência do mar gelado e das geadas. A joia principal é uma pedra verde, cuja cor lembra os tons frios das águas profundas e dos gelos eternos. A pedra é lapidada de forma meticulosa, revelando uma profunda luminosidade em seu interior, como se contivesse um fragmento do próprio gelo eterno. A pedra é envolta por uma delicada estrutura de prata, habilmente trabalhada para parecer como se fosse feita de cristais de gelo congelados, com padrões intricados que capturam a luz e a refletem de volta em um espetáculo de brilho cintilante.

As bordas da joia são adornadas com pequenas estrelas e flocos de neve esculpidos em prata, adicionando um toque de magia e encanto à peça. A corrente do colar é feita de prata pura, com elos finamente entrelaçados que proporcionam flexibilidade e resistência. Cada elo é polido até brilhar como o gelo sob o sol, refletindo a luz de forma deslumbrante. O fecho do colar é decorado com um pequeno pingente em forma de gota de água congelada.

— Esse é muito útil para aventuras, eu adorei, muito legal.

— Vire-se irei colocar em você. — disse Despina sorrindo, eu me virei, ela colocou o colar em mim, senti imediatamente o leve calor que sentia passar completamente. — Mais confortável, certo?

— Sim, com certeza.

— Além de ter o deixado ainda mais lindo. — disse Esmeralda sorrindo.

— Realmente, muito bonito. — disse a irmãzona Rodes sorrindo.

— O mais bonito de todos. — concordou a irmã Leia, o que fez meu rosto corar bastante.

— Isso é só um bônus. — sorriu Despina. — Não que precise do colar para ficar mais lindo.

— Sim, sim, ele é o senhor da beleza infantil. — entendi sua piada, ele pegou o nome do colar e utilizou-o para fazer a piada, o que achei engraçado e me fez rir, mas minhas irmãs apenas encararam o Paláimon com expressões não muito boas. — Agora é minha vez? — perguntou o irmãozão impaciente.

— Já que não consegue ficar quieto, vai ter que ficar esperando. — disse Despina irritada, mesmo usando o colar pude sentir o ar ficando mais gelado com o nervosismo dela. — Vá você, Proteus.

— Isso é injusto! — reclamou Paláimon irritado.

— Ei, calma aí, não tem problema a ordem, eu vou amar todos os presentes. — disse agitado, não queria que o clima feliz e animado da minha festa torna-se uma briga.

— Você sempre é tão irritante, Paláimon. — disse a irmã Leia irritada.

— Já chega. — a voz grossa e imponente do papai se fez ser ouvida, silenciando todos, antes mesmo que começasse uma briga generalizada entre minhas irmãs e Paláimon. — Hoje é um dia feliz e memorável do irmão mais novo de vocês, querem estragar isso?! Não será nenhum de vocês, Hefesto, entregue seu presente, por favor.

— Muito bem, chegou finalmente a minha vez. — sorriu vovô Hefesto. Paláimon e as irmãs ficaram em silêncio, mas acataram a ordem do papai, mesmo que eles tivessem um rosto um pouco azedo. — Meu netinho, que dia mais feliz ver você finalmente tornando-se um jovenzinho, infelizmente meu verdadeiro presente não pode ser dado a ti, pelo menos não de uma forma rápida, mas sim aos poucos, meu conhecimento na arte das forjas, assim como eu ensinei sua mãe.

— Legal, isso é o que eu mais queria. — me sentia muito mais que só animado, aprender a arte da forja diretamente do deus ferreiro em pessoa era incrível demais. Mamãe já havia me ensinado algumas coisas, especialmente como usar madeira para fazer mais brinquedos, até mesmo fiz uma pequena espada de madeira para começar meu treinamento. — Quando podemos começar, amanhã?

— Esse é o espirito. — riu vovô Hefesto. — Assim que possível, estarei te levando as forjas do Olimpo ou do Etna, começar com seu treinamento, sua mãe me disse que você até mesmo já começou a aprender construir as coisas com madeira.

— Sim, a carpintaria é muito legal.

— Gostei do brilho em seus olhos, tu tens o fogo dos Anões em seus olhos. — ouvir isso me animou ainda mais. Afinal de contas o vovô era o progenitor e criador da espécie de mortais chamada de Anões, os Forjados de Pedra, diziam que suas peles são tão duras quanto ferro e seus ossos são tão resistentes quanto aço, todos eles são pequenos em estatura, mais formidáveis nas habilidades de combate, além de serem os melhores na forja, assim como o próprio criador deles. — Falando em brilho, trouxe uma pequena lembrança para não chegar aqui de mãos vazias.

Então ao nosso lado uma luz brilhante chamou minha atenção, assim que ela desapareceu, deixou algo incrível em seu lugar, era um autômato humanoide, ele tinha só um metro e meio de altura, sua aparência era amigável e cativante, com um sorriso simpático em seu rosto dourado e olhos brilhantes que refletem a luz esverdeada do ouro do mar. Sua estrutura é esbelta e ágil, com membros articulados que permitem uma ampla gama de movimentos.

— Brilhinho. — exclamou minha mãe surpresa, enquanto se levantava de sua cadeira e se aproximava do autômato. — Pelos deuses, a quantos anos eu não o via.

— Realmente, faz mais de 30 anos que você não o via, desde que chegou aos seus 4 anos. — concordou o vovô.

— Que saudade, amiguinho. — sorriu minha mãe, enquanto acariciava o pequeno autômato. — Não acredito que o senhor o guardou por tantos anos, pai.

— Jamais me desfaço das boas memórias.

— Você é o melhor, pai. — minha mãe se aproximou dele, enquanto se ajoelhava para abraçá-lo.

— Brilhinho? — perguntei confuso, era um nome um tanto estranho para um autômato.

— Como a mamãe já te ensinou, eu fui criada com uma aparência e capacidades de uma pessoa de dez anos, então o papai criou esse autômato para me ajudar com o meu treinamento de combate, sendo meu parceiro de treinamento. — ela tinha seu rosto levemente corado, estando envergonhada. — Sendo tão inocente e infantil, acabei o chamando de Brilhinho, devido ao brilho do Ouro do Mar.

— Foi o melhor nome que já deram para qualquer um dos meus autômatos que criei.

— Para pai, não me faça ficar mais envergonhada. — disse minha mãe ainda mais vermelha, o que me fez rir um pouco. — Não ria, é feio rir dos momentos vergonhosos dos outros, Donatello.

— Desculpe mãe, é que só havia visto você corar por causa do papai.

— Bons momentos. — riu meu pai. O que fez minha mãe ficar ainda mais corada que já estava e fez os outros rirem também.

— Eu adorei o brilhinho, estou ansioso em aprender a lutar com ele.

— Não só isso, estou te dando o brilhinho para ele tornar-se um bom companheiro, assim como foi para sua mãe, eles passaram muitas horas juntos, praticando técnicas de combate e explorando o reino divino. À medida que Sophia crescia, Brilhinho se adaptava ao seu nível de habilidade, fornecendo desafios adequados para seu treinamento, ele era mais do que apenas um autômato, ele era um amigo e até mesmo um mentor para sua mãe, ajudando-a a desenvolver suas habilidades e confiança.

— É verdade. — concordou minha mãe sorrindo.

— Espero que Brilhinho traga alegria e companheirismo para você, assim como fez para Sophia em sua infância. — disse vovô sorrindo. — Então lembre-se, que ao receber o Brilhinho, estará herdando não apenas um autômato de treinamento, mas também uma parte da história de sua família e uma conexão com sua mãe, espero grandes coisas de você no futuro, como esperava de sua mãe e concretizou-se, este presente representa a continuidade das nossas tradições familiares e a promessa de um futuro brilhante.

— Entendido, farei o melhor para não o decepcionar.