Domme

Capítulo 5 - No Intention


CHAPMAN’S POINT OF VIEW

O barulho da porta foi tão alto e intencional que Nicky já estava na sala, em pé, quando dei o ar agradável da minha presença.

— Você devia tentar ser mais delicada... E olha que sou eu falando! – disse Nichols, divertindo-se.

— Toma o café que comprei enquanto eu te conto o quão péssimo o meu dia está e não são sequer... – parei tentando decifrar que horas eram, e o relógio marcava... – 9 horas da manhã!!!! – E nisso iniciou-se o meu longo relato sobre a manhã já catastrófica:

IN THE SAME MORNING

Mesmo sem ingerir um único gole de qualquer bebida na noite anterior na Domme, eu sentia como se eu tivesse bebido o bar inteiro do Butter. Embora a dor de cabeça não me abandonasse, eu tinha resolvido levantar da cama em que dividi com Nicky e vestir-me, estava decidida a correr pelo Central Park até que a fome me vencesse.

Eu sempre fui uma criança muito calma, que guardava tudo pra si, e então explodia, levando comigo todos ao redor. Uma pequena bomba atômica de olhos azuis e brilhantes. Era meu apelido pros amigos do papai, “bomba atômica”. Eu não chorava, ou gritava... Eu simplesmente tinha um humor do cão desde que aprendi a falar e me manifestar.

Eu não lembrava a última vez que corri, não sozinha no Central Park. A corrida foi, durante o ensino médio e a fa culdade, a única coisa que me acalmava, já que eu havia parado o francês, o ballet e a natação. Três voltas correndo e o vento batia tão forte e tão frio que eu sentia a ponta do meu nariz congelar e sorria sozinha, meu coração pulsava em velocidade exorbitante, eu quase podia sentir a endorfina sendo liberada, e quando pude senti os batimentos voltando a sua normalidade, resolvi caminhar até a Irving Farm.

Pedi pra viagem dois cappuccinos e folhados e esperei meu nome ser anunciado. Me sentia leve, a dor de cabeça nem me incomodava tanto mais, o dia nublado parecia perfeito por trás das minhas lentes escuras. Acontece que, às vezes, nem sabemos os erros que cometemos para chegar onde se está.

No segundo em que pisei do lado de fora de fora, alguém esbarrou em mim. Um dos cafés se virou contra a ela e eu nem pude me culpar, já que ela quase me atropelou.

— Quem sabe assim você olhe pra onde anda?! – eu disse pousando os óculos escuros na cabeça.

— OLHA O QUE VOCÊ FEZ! – ela berrou olhando para a blusa social manchada. Eu podia lidar com tudo, menos com uma louca histérica às 8 horas da manhã. Revirei os olhos e bufei, tentando me acalmar.

— Primeiro, o que você fez em você mesma. E, segundo, eu não sou cega. Todos viram... – respondi tranquilamente, ignorando o olhar fixo dela em mim, enquanto eu examinava o tamanho do desastre que meu café fez sobre a roupa dela.

— Não é meio cedo pra ser grossa e uma vadia? – ela disse, focada em arranjar uma briga.

— Você me parece tão familiar, mas eu... – e minha fala foi interrompida pelo som irritante do celular com uma ligação de Nichols.

Sendo assim, com a pouca paciência que eu tinha, acabei focando na conversa com Nicky, ignorando completamente a mulher quem esbarrou em mim e o quão familiar o rosto dela parecia. E distraí-me voltando pra casa.

NOW AGAIN

— Você tem certeza que ela parecia tão familiar? Você foi embora há muito tempo... Sei lá. É impossível que sua memória falhe? – Nicky dizia, arrumando sua bolsa apressadamente e sentando-se ao meu lado enquanto eu falava.

— Nicky, de fato, eu não sei, mas eu a conhecia. Com toda a certeza, eu a conhecia. Lembra de como eu reconheci a Polly numa liquidação na Madison só pelo perfume? Eu não sei, realmente não sei. – eu terminei de falar e peguei o expresso.

O celular de Nicky começou a tocar e ela olhava pra tela estática, sem qualquer reação.

— Nicky, vai atender ou é alguma girl irritada? – eu disse rindo, e mordendo o lábio, ansiosa pela resposta dela, que continuou quieta por alguns segundos.

— É do trabalho, só. Eu vou ter que ir até lá, mas queria apenas almoçar com você! Passamos a tarde conversando, mas temos mais coisas pra falar... – Nicky mantinha o cenho sério demais pra ser a Nicky e parecia preocupada.

— Eu ando almoçando todos os dias no Hundred Acres desde que comecei a trabalhar no MoMa e no MCNY. – eu respondo... – Podemos almoçar juntas, se quiser. Só me mandar uma mensagem com o horário que quiser, e eu estarei lá. – eu disse levantando-me.

Nicky me acompanhou até a porta e eu sorri, ao abri-la. Beijou minha testa e saiu.

VAUSE’S POINT OF VIEW

— Onde está Nicky? – eu perguntei, abrindo a porta da minha sala. Ninguém trabalhava aos sábados, mas era meu dia predileto para pensar sobre os próximos passos a serem seguidos. Afinal, o crescimento das indústrias Vause era avassalador, depois de contornada a sua pequena crise. A estatística apontava pra mim como a dona de uma fórmula infalível pro sucesso. E eu estava determinada em manter as coisas como estavam.

Era, então, o meu dever zelar por isso.

— Atrasada. – Berry respondeu-me. – Como sempre! Eu ainda não entendi porque você insiste em manter essa mulher aqui. Como sua assistente pessoal, ainda por cima. Eu sou sua secretária, Alex. Eu posso fazer isso também! – a morena me alugava, mais uma vez, com o mesmo papo de sempre.

As tensões entre Berry e Nicky sempre existiram, já que Nicky era amiga de Piper e Berry sempre odiou Pipes. Algo como uma briga infantil e escolar, algo para o qual eu nunca me importei.

— Berry, eu perguntei pra você por que a sua social CK está machada de café? – eu perguntei pausando para que ela respondesse, o que gerou um sonoro “não” – Então, é justamente porque não devemos perguntar o que não nos diz respeito. Você trabalha pra mim aqui e ponto. Não confunda as situações. Não é porque estamos juntas lá fora, que você deve saber de todos os meus passos. E, ela é a única mulher que confio pra isso. – eu respondi. – E ligue, por favor, para Nicky. Preciso dela aqui!