Era noite de 31 de Outubro. A maioria das pessoas estava comemorando o Halloween. Mas não ele, Alex, que se encontrava deitado preguiçosamente no sofá da sala de seu apartamento, assistindo a uma maratona de filmes de terror, sem realmente prestar atenção. O tédio o consumia, enquanto passava a mão por seu cabelo castanho, olhando de relançe o celular a cada certo tempo, com esperanças de que alguém o socorresse.

Passado um momento, suas preçes foram atendidas. A musica ‘Felling This’, do Blink 182 soou, indicando que alguém, afinal, tinha se lembrado de sua existência e decidido ligar para ele.

“Alô” disse ao atender, sua voz deixando transparecer seu desânimo.

“Oi, cara, é o Jack.” Ouviu a voz do melhor amigo do outro lado da linha. “Tá fazendo o que?”

“Estou sozinho em casa.” Respondeu. “Por que?”

“Descobri que vai ter uma festa à fantasia no meu prédio, às nove e meia.” disse Jack. “Quer vir?” Alex olhou seu relógio. Eram quinze para as nove. Se quisesse ir, teria que se arrumar rápido. Por que não? – Pensou. Não tinha nada para fazer mesmo e não desejava simplesmente desperdiçar a noite vendo TV. “Só que tem um detalhe: pra poder entrar, tem que levar alguém...se é que me entende.”

“Levar alguém tipo num encontro?” perguntou.

“Isso aí.”

“Bom, dude, estou lisonjeado, mas...” começou a falar, em um tom gozador.

“Não estou falando de irmos nós dois num encontro, anta, já chamei uma garota pra ir comigo.” Exclamou Jack.

“Eu sei, só tava tirando uma com a sua cara.” Disse Alex, rindo.

“Mas e aí, você vem ou não?”

“Claro, estarei aí em meia hora.” Com isso, desligou o celular e dirigiu-se a seu quarto, para procurar o que vestir. Abriu seu armário, um pouco aflito. Então lembrou-se da caixa de papelão, no fundo, onde guardava as fantasias. Pegou a caixa, abriu-a e retirou algumas peças até encontrar uma roupa de enfermeira. Perfeito. – Pensou. Um sorriso torto se formou em seu rosto. Aquilo seria hilário.

Agora o problema era encontrar alguém para ir com ele. Pegou novamente o celular e olhou seus contatos, esperando achar alguém que poderia aceitar o convite. Mas nenhuma das opções parecia promissora.

Estava quase desistindo de ir, quando ouviu a campainha tocar. Foi até a porta de entrada, caminhando lentamente. Ao abrir a porta, deparou-se com uma garota baixa, fantasiada de zumbi, com a boca e a testa manchadas de sangue falso. Estava acompanhada de uma menina que aparentava ter oito anos e estava vestida de vampira.

“Doces ou travessuras?” disseram as duas, erguendo as os sacos plásticos, quase cheios, que carregavam. Alex observou a mais velha com curiosidade. Ela não parecia ser muito mais nova que ele. Apesar da maquiagem, era possível notar que era bonita, de uma maneira simpes. Viu-se preso em seus olhos verdes por um momento, antes de voltar a si.

“Não é meio velha pra pedir doces?” perguntou-lhe, provocador. Ela ergueu uma sobrançelha, olhando-o de cima para baixo. Ele poderia jurar que a vira tentar segurar o riso.

“Estou acompanhando minha irmãzinha, senhora.

Touché.” Ele disse, sorrindo, antes de esticar o braço para pegar a tigela que havia deixado sobre uma mesinha, ao lado da porta. “Como vocês se chamam?”

“Meu nome é Hayley.” Respondeu ela. “E esta é a McKayla. Nos mudamos pra cá faz dois meses.” Viu-se surpreso por não ter notado que havia uma família nova no prédio. Realmente precisava prestar mais atenção no que ocorria a seu redor.

“Eu me chamo Alex.” Disse, ao colocar os doces na sacola de McKayla, que sorriu ao murmurar timidamente um ‘obrigada’.

“Prazer, Alex, a enfermeira.” Disse Hayley, desta vez não conseguindo conter o riso. Adorável. – Pensou ele. “Mas, afinal, por que você tá vestido assim, se está sozinho em casa?” Ela pareceu não conseguir mais esconder sua curiosidade.

“Meu amigo me chamou pra uma festa à fantasia.” Ele disse, após deixar escapar um risinho. Um olhar de compreensão estampou-lhe o rosto.

“Faz sentido.”

“Mas acho que não vai dar pra ir.” Ele disse, fazendo uma careta de conformado. “Tenho que levar alguém, mas parece que isso não vai dar muito certo.” Ela o encarou por um momento. Foi quando uma ideia lhe veio à cabeça. “A não ser que...você não gostaria de ir comigo?” Sua expressão demonstrou que o convite repentino a surpreendera. Ele sacudiu a cabeça. “Mas que pergunta idiota, claro que não quer ir, você mal me conheçe.” Ela mordeu o lábio inferior, pensativa.

“Bom..não vejo porque não.” Disse após um momento.

“Sério?” perguntou ele, não acreditando em sua sorte. Ela fez que sim com a cabeça.

“Só vou deixar a McKayla em casa antes. Você me espera?”

“Claro.” Disse ele, agora exibindo um sorriso de orelha a orelha, que ela retribuiu antes de pegar a mão da irmã e afastar-se. Passados dois segundos, no entando, ela se virou, subitamente lembrando-se de algo.

“Pera aí...e os meus doces?” disse. “Não achou que ia sair daqui sem eles, achou?” Ele olhou para a tigela em suas mãos e depois para ela, antes de lançar-lhe um sorriso torto.

“Acho que desta vez vou preferir as travessuras.”

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.