Capítulo 8 - Uma noite de chuva

Bella Pov’s

Acordo no meio da noite com um clarão no quarto estava relampeando muito e eu tinha esquecido as cortinas abertas ontem. Encolho-me na cama com mais um trovão, me tampo com o edredom. Tenho medo de trovões, parece coisa de criança, mas fazer o quê? Levanto-me e fecho as cortinas rapidamente, volto para a cama e me enrolo no edredom. Ouço uma batida na porta.

– Onee-chan? – pergunta uma voz chorosa. Reconheço a voz de Wataru, pulo da cama e abro a porta rapidamente. Wataru estava com os olhos arregalados, quase chorando e abraçando um coelhinho de pelúcia.

– Tenho medo de trovões. Posso dormir com você? – pergunta. Abraço ele e fecho a porta do quarto.

– Eu também tenho medo de trovões. – falo.

Sento na cama e pego o edredom, me enrolo e puxo Wataru para o meu colo. Ficamos enrolados no edredom, quando soa outro trovão abraço Wataru fortemente e ponho a mão em sua cabeça. Fazendo um cafuné.

Masaomi Pov's

Cheguei do hospital e fui direto tomar banho. Saio do banho e visto uma calça de moletom, ainda secando a barriga, corro até a janela e a fecho antes que alague meu quarto, vou para o quarto do Wataru, quero ver se ele está bem, já que ele tem medo de trovões. Abro a porta do seu quarto e acendo a luz, ele não está no quarto. Vou de quarto em quarto na ponta dos pés a procura do Wataru, ele não está em nenhum. Vou para o andar do meu quarto e olho a porta do quarto da Bella.

Talvez ele esteja lá.

Abro a porta bem devagar para não acorda-lá. Vejo ela sentada na cama enrolada no edredom, com o Wataru dormindo em seu colo.

Estou surpreso com essa cena. Foi fofo ela ter se preocupado com Wataru e seu medo bobo. Geralmente adolescentes não ligam para criança, ainda mais Bella que é diferente.

– Sabia que é feio entrar no quarto de uma garota à noite?! – fala Bella.

– D-desculpa. – gaguejo e sinto meu rosto esquentar. Droga. – Eu estava procurando o Wataru, mas vejo que você já cuidou disso.

– Ah, ele veio pedir se podia dormir comigo porque ele tem medo de trovões.

– Ele e seu medo bobo. – falo. Bella me lança um olhar irritado e vira o rosto para a janela.

– Ele não pode fazer nada se tem medo de trovões. – fala ainda olhando para a janela.

– Você tem medo de trovões? – pergunto segurando uma risada.

– E se eu tiver? – pergunta irritada e me olha, vejo que ela ficou constrangida. Solto uma risada e Bella fica vermelha.

– Eu não acredito que você tem medo de trovões. – falo ainda rindo.

De tantas coisas que eu poderia pensar que ela teria medo, trovões não estariam na lista.

– Idiota. Não vejo o que isso tem de engraçado. - fala ainda irritada. Rio ainda mais, não sei por que mas quero irritar ela. E a carinha de braba dela é muito fofa!– E você é um médico e tem medo de sangue.

Nesse momento um trovão soa muito alto, Bella solta um gritinho e esconde seu rosto nos cabelos de Wataru. Vou até ela e a abraço.

– O que você está fazendo? – pergunta confusa.

– Não sei. Só senti vontade de te confortar. – falo. Quando soa outro trovão ela se encolhe ainda mais e esconde seu rosto em meu pescoço.

Sento-me na cama e a puxo para meu colo, Wataru continua em seus braços dormindo, abraço os dois e beijo o topo da sua cabeça.

– Quando eu era pequena não tinha ninguém para me confortar quando dava trovoadas. – ela começa a falar do nada, sua voz soa abafada por estar falando contra meu pescoço. – Minha mãe sempre estava trabalhando. Então eu me enrolava no edredom e ia para o quarto dela.

Começo a imaginar a Bella quando criança enrolada no edredom no quarto da mãe. Não é diferente da de agora.

– E seu pai? – pergunto. Bella suspira.

– Eu não tenho pai. – responde com a voz sem emoção.

– Ah, eu não... – ela me interrompe.

– Eu já me acostumei. Agora vamos mudar de assunto.

– Ok. Você tem mais algum medo?

– Tenhomedodepatos. – murmura.

– Você tem o que? – pergunto.

– Eu tenho medo de patos. – fala enquanto levanta o rosto para me encarar, ela me olha desafiando a rir.

– É serio isso? Medo de trovões até vai, mas de patos?

– Você nunca sabe o que eles estão pensando! Eles te olham de um jeito estranho, podem estar planejando dominar o mundo e nem sabemos. – ela soa tão convicta do que está falando que começo a rir.

– Você é impossível! – falo com uma risada.

– Quero ver você rir quando os patos estiverem dominando o mundo. – fala me fazendo rir mais. – Pare de rir. Você vai acabar acordando o Wataru.

– Então pare de falar coisas absurdas!

– E você? Além de sangue do que mais tem medo?

– Só de sangue.

– Você é médico e tem medo de sangue. Isso é irônico e ridículo.

– Não é mais ridículo que ter medo de patos e achar que eles vão dominar o mundo. – rebato e ela fica sem palavras. – Acho que é a primeira vez que você não tem um comentário sarcástico.

– Pois é não consegui argumentos. – fala com uma risada.

Viro meu rosto e a beijo.

– O que foi isso? – pergunta chocada.

– Não sei por que fiz isso, talvez por gostar do som da sua risada, por achar fofo quando fica brava e por muitas vezes aparentar ser madura para sua idade, mas também ter seus momentos de loucuras. Nesses dois meses você me encantou Bella.