Doce e Marrento

O primo de Jungkook


— Kai, vai embora daqui — Jungkook lançou um olhar mortal para seu primo.

— Calma, priminho. Não vai me apresentar ao seu amigo?

Jimin observou Kai e, ao perceber a tensão entre ele e Jungkook, compreendeu que a relação dos dois não era nada boa. Kai se aproximou de Jimin e tocou seu ombro, enquanto Jungkook se levantava da cadeira, visivelmente furioso.

— Não toque nele!

— Só quero cumprimentá-lo... Olá Jimin, eu sou o Kai.

— Olá Kai — Jimin fez uma breve reverência com a cabeça, sabia que o clima estava tenso mas mesmo assim tentou ser educado na medida do possível.

— Depois que você usá-lo, me empreste um pouco.

Jungkook avançou contra Kai, desferindo um soco que abriu uma pequena fissura em seus lábios. Os olhares curiosos dos presentes no restaurante se voltaram para a cena. Kai, longe de parecer incomodado, ria com desdém. Jungkook preparava-se para outro golpe, mas Jimin interveio, levantando-se e abraçando-o para acalmá-lo.

— Kookie, está tudo bem, aqui não é o lugar pra isso. Vamos embora daqui.

Jungkook recuperou os sentidos ao sentir aquele abraço carinhoso e reconfortante.

— Me desculpe por isso, Jimin — Segurou a mão de Jimin e saiu, deixando Kai para trás com sua risada maldosa.

...

No carro, Jungkook buscou acalmar seus ânimos, respirando profundamente e soltando o ar lentamente, ao mesmo tempo em que Jimin massageava delicadamente sua coxa.

— Está melhor agora?

— Estou, obrigado e me desculpe por isso. Por favor não ligue para o que aquele idiota disse — Jungkook olhou para ele e sorriu, e então deu partida no carro.

— Isso não me afetou nem um pouco, já percebi logo de cara que ele é um babaca — Jimin tocou a mão de Jungkook com delicadeza quando ele repousou a mão no câmbio para trocar de marcha — Você quer falar sobre isso? Sobre seu primo?

Jungkook suspirou e olhou pro nada, como se recordasse de algo.

— Ele não é uma boa pessoa. Além dele constantemente querer tomar meu lugar nos negócios, ele fez muito mal ao meu amigo Jin. Eles namoraram por um tempo, mas Kai não fazia bem a ele, foi um custo para terminarem. Kai era obcecado pelo Jin.

— Fico triste pelo seu amigo Jin. Não deve ter sido fácil.

— No começo Jin gostava muito dele, e ele do Jin. Mas o amor do Kai não era saudável, quer dizer, aquilo não pode ser chamado de amor. No começo, pensávamos que era só preocupação e cuidado da parte do Kai, mas as coisas começaram a sair do controle, Kai era possessivo e ciumento, Jin mal podia sair de casa. Até eu, que sou seu amigo de infância, Kai o proibiu de conversar. Jin estava se afastando da família e dos amigos, andava triste e desanimado, sem vontade de viver. Tive que interferir, foda-se, meti a colher mesmo, não aguentava mais ver meu amigo sofrer. Mesmo com o término, ele ainda perseguiu Jin por um bom tempo e sinceramente não creio que ele tenha desistido. Há um tempo atrás o vi sondando nossa faculdade, tenho certeza que ele estava atrás de Jin. Por isso quero que você tome cuidado com ele, além da obsessão dele por Jin, ele quer a todo custo me prejudicar, se ele souber que me interesso por você tenho medo do que ele possa querer fazer a você, para me atingir.

De todas as palavras que Jungkook falou as que mais chamaram a atenção de Jimin foram: “me interesso por você”

— Tudo bem Kookie, eu vou tomar cuidado. Não se preocupe, você conhece o meu amigo Yoongi né, duvido alguém fazer algo comigo.

— Sim sim — Jungkook deu risada — Nessas horas eu agradeço por você ter ele como amigo. Quer beber alguma coisa?

— Beber? — Jimin sorriu, de fato estava com sede — Acho uma boa ideia.

Jimin imaginou que Jungkook o levaria para beber suco ou refrigerante; jamais passou pela sua cabeça que iriam para um barzinho.

— O que você gostaria de beber, Jimin? — Perguntou Jungkook olhando o cardápio.

“Ah que ótimo, eu com meu paladar infantil vou pedir o que na frente dele? Um super milk shake de chiclete? Não parece ter isso aqui” — Pensou Jimin, olhando em volta. As pessoas bebiam e conversavam animadas ao som de música clássica ao vivo. Não estava barulhento, o volume era agradável, não atrapalhava a conversa e o ritmo da música era calmo.

— Kookie, o que você escolher pra mim, está bom.

Jungkook fez alguns pedidos e, minutos depois, as bebidas chegaram à mesa. Jimin admirou sua bebida, uma explosão de cores vibrantes e pedaços de frutas que pareciam uma obra de arte. Sentia até um certo remorso em beber e desfazer a harmonia dos ingredientes cuidadosamente dispostos na taça. Brindaram, e Jimin deu um gole, sua expressão de surpresa como se tivesse descoberto um tesouro fez Jungkook sorrir.

— Gostou?

— Não é ruim, na verdade é doce, achei que fosse mais forte — Jimin virou quase metade do copo de uma vez e na terceira taça já estava tonto.

— Jiminnie, vai com calma, isso é forte — Jungkook pegou a taça de sua mão.

— Pare de ser chato, eu aguento, não é tão forte assim — Jimin tomou a taça de volta, tentou se levantar para falar algo mas cambaleou e Jungkook o segurou.

— Acho melhor você parar por aqui, pelo visto você é fraco pra bebida.

— Eu tô bem — Disse com um soluço — Nossa, você é tão bonito...

— Eu sei. Me dê esse copo aqui, chega de bebida por hoje.

Jungkook pegou a taça novamente e colocou na mesa, Jimin o olhou com desaprovação mas em seguida sorriu de forma desajeitada e o abraçou.

— Jimin? O que está fazendo? — Jungkook ficou surpreso com aquela atitude e tentou afastá-lo.

— Kookie... vamos pra um lugar mais reservado, só você e eu — Sua voz saiu arrastada e embaraçada.

— Não, Jimin. Você está bêbado.

Jimin fechou os olhos lentamente, suas pernas bambearam, e Jungkook o segurou pela cintura, oferecendo-lhe apoio.

— Não tô me sentindo muito bem... Acho que vou...

Jungkook percebeu que ele iria desmaiar e rapidamente o abraçou para que ele não caísse.

— Jimin? Jimin? Está tudo bem?

Não houve resposta, Jimin estava apagado.

Jungkook o acomodou na cadeira e foi até o caixa pagar a conta. Ao retornar e encontrar Jimin desacordado, sua única opção era carregá-lo nas costas, como nos doramas que Jimin assistia, mas ele não estava acordado para presenciar isso.

Jungkook considerou a ideia de levar Jimin para casa, mas ponderou que, nessas condições, sua mãe não ficaria satisfeita em vê-lo tão bêbado. Então, decidiu levá-lo para seu próprio apartamento. No estacionamento do apartamento, Jungkook pegou Jimin com delicadeza, assegurando-se de evitar qualquer acidente ao manusear o corpo adormecido. Jimin estava profundamente entregue ao sono, murmurando ocasionalmente palavras ininteligíveis com o nome de Jungkook. Ao chegarem em seu apartamento, Jungkook o acomodou na cama, retirou seus sapatos e jaqueta, e o cobriu com uma manta para protegê-lo do frio da noite. Enquanto se afastava para permitir que Jimin descansasse, surpreendeu-se quando ele segurou seu pulso, olhando-o com um olhar sonolento e afetuoso.

— Fica comigo — Pediu manhoso, Jungkook sentiu aquele terrível frio na barriga.

— Jimin, eu vou ficar na sala e…

— Por favor, Kookie… fica comigo.

Jungkook, apesar de ter uma regra fundamental, encontrou-se incapaz de dizer não. A regra estava prestes a ser quebrada. Deitou ao lado de Jimin, experimentando uma sensação desconhecida, pois nunca havia compartilhado a cama para dormir com alguém. Inicialmente desconfortável, tentou relaxar, mas quando estava quase conseguindo, Jimin o abraçou. Jungkook permaneceu estático por alguns minutos, mas gradualmente relaxou; o abraço de Jimin era acolhedor e reconfortante. Sem perceber, acabou adormecendo com Jimin em seus braços.

Jimin, inadvertidamente, havia quebrado mais uma regra do código de relacionamentos de Jungkook: "Nunca dormir com alguém".