Doce de Morango
Capítulo 2
Capitulo 2
Inspira, expira, inspira, expira…
Continua Rose. Não morras aqui e agora.
- Miss Weasley! – saltei novamente ao ouvir a voz da professora e apressei-me a sentar.
- Posso? – perguntei. Os seus olhos cinza encararam-me um arrepio percorreu-me. Cacete! Deixa de agir assim, Rose Weasley!
- Sim. – a sua voz estava mais forte do que ano passado. Sentei-me rapidamente e evitei encara-lo. A verdade era que cada dia Scorpius Malfoy parecia mais bonito. Os cabelos loiros pareciam sedosos e os meus dedos formigavam com vontade de os tocar, o rosto tinha traços mais másculos e o seu corpo fazia-me prender a respiração de cada vez que olhava para ele. Mas o melhor eram os seus olhos cinzentos.
- … e farão estes exercícios com o vosso parceiro de mesa.
- O QUE? – o grito partiu não só de mim, mas também de Malfoy.
- Sem discussões Weasley e Malfoy, ou querem perder pontos? – encarei o loiro ao meu lado e bufamos ao mesmo tempo.
- Vamos fazer isto rápido, Weasley.
- Concordo. – debruçamo-nos ao mesmo tempo sobre o livro. Espiei-o pelo canto do olho, mas ele retribuiu e eu voltei a olhar o exercício.
- “Efectue um feitiço de mudança de cor de cabelo correctamente.” – li, tentando acalmar-me.
- Eu sei ler, Weasley. Não sou nenhum idiota. – encarei-o com raiva.
- Disso já não tenho tanta certeza. – apontei a varinha para o cabelo dele. – Rutilae Comae. – contive uma risada ao ver o seu cabelo tornar-se rapidamente ruivo. Ele, assustado, conjurou um espelho e abriu a boca. A sua expressão contorceu-se em de raiva e apontou a varinha para mim tão rapidamente que não tive tempo de reagir.
- Blonde Comae. – peguei em uma madeixa de cabelo e fiquei furiosa ao constatar que estava loira. Voltei a erguer a minha varinha:
- Oculis caeruleis. – os seus olhos ficaram exactamente do mesmo tom que os meus e o imbecil revidou, como é obvio!
- Oculis glaucis. – ouvi uma gargalhada e ambos nos viramos furiosos para Albus que estava na mesa da frente. Ao seu lado Andrew ria descontroladamente. Nunca vi Jones daquela maneira.
- Vocês parecem-se um com um outro! Uma versão feminina de Scorpius e uma versão masculina de Rose! – roubei o espelho do idiota do meu parceiro e descobri que o meu primo tinha razão.
- Seu idiota! Olha o que fizeste comigo! Pareço uma reles Malfoy! – os seus olhos brilharam em fúria.
- Reles já és! Agora Malfoy, não tens qualidade para tanto. – fiquei tão irritada que nem encontrei forças para lhe responder. Limitei-me a empurra-lo. Aquele gesto, que numa altura normal não teria qualquer efeito no mentecapto, derrubou-o, fazendo o cair de rabo no chão.
A queda deste fez Albus e Jones rirem-se ainda mais. Preparava-me para lhe pedir desculpas, quando o loiro (agora ruivo) se levantou.
- SUA IDIOTA!
- FOI SEM QUERER!
- COMO FOI SEM QUERER? EMPURRASTE-ME!
- MAS NÃO QUERIA QUE CAISSES! NÃO TENHO CULPA QUE TENHAS A CABEÇA CHEIA DE MERDA E NÃO TE CONSIGAS SEGURAR!
- OLHA AQUI SUA… SUA… LOIRA SEM CLASSE! O MEU LUGAR NÃO É NO CHÃO, COMO O TEU, WEASLEY! – gritei de raiva e peguei no meu livro, atirando-o contra o parvo. Acertei-lhe em cheio e, após revirar os olhos, o Malfoy caiu. Aproximei-me e verifiquei que ele não se mexia.
Cacete! Matei o idiota!
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Estava sentada no gabinete da directora e mexia as pernas nervosamente. Ainda tinha a mesma aparência de antes, assim como o Malfoy que estava ao meu lado e pressionava um saco com gelo na testa.
- O que é que vou fazer com vocês? – perguntou a professora olhando de um para o outro.
- Deixar-nos sair sem nenhuma consequência? – propus. Ela encarou-me e eu encolhi-me. Após nos encarar mais uns minutos, ela abriu um sorriso. Porra, ela fica assustadora a sorrir.
- Vocês vão ter de ficar na pele um do outro até ao fim do jantar. Claro que nas aulas estão livres do castigo, mas de resto a Weasley é o Malfoy e o Malfoy é a Weasley. E eu vou saber se não o fizerem. Agora podem ir. – levantamo-nos atordoadose dirigimo-nos para a saída. No corredor encaramo-nos pela primeira vez.
- Como é que eu vou ser tu? – perguntei.
- Imagino que seja difícil agir com classe, Weasley. – revirei os olhos.
- Pois é Malfoy, por isso boa sorte. Eu só tenho de fingir que tenho um monte de merda debaixo do nariz. – virei-me e desci as escadas com dignidade, deixando o obtuso sozinho no corredor.
Ao chegar ao átrio principal vi Lily e Marlene com Albus e Andrew. Dirigi-me até eles e o primeiro a ver-me foi Jones que não se conteve e começou a rir-se, assim como Albus que me viu a seguir. Quando Roxanne e Lily olharam para mim, eu já estava muito aborrecida, mas mesmo assim elas riram-se.
- Hey! Weasley! – virei-me rapidamente e acabei por chocar com o idiota que estava a fazer de mim.
- Que queres? Falar-me da tua vida miserável? Eu sou superior a isso! – e aqui estava eu a entrar na personagem. Os olhos dele (ou meus) faiscaram.
- Ah, desculpa-me ser supremo! Eu vivo numa toca e esqueço-me que existem outras pessoas á minha volta tão magníficos como o senhor!
- Eu não diria isso! Só prova que mesmo como eu, tu és tu! – todos me olharam confusos. - Só estou a tentar dizer que ele é demasiado egocêntrico para se preocupar com os outros!
- Eu preocupo-me com os outros! – óptimo! Agora tinha ofendido o loiro… ruivo… tanto faz! Vocês percebem! – Eu preocupo-me com o meu pai, com a minha mãe, com o Albus, o Andrew e com a Kristen!
- Será que ouvi o meu nome? – uma rapariga loira com uns bonitos olhos azuis aproximou-se. Kristen é a irmã mais nova de Scorpius, tem 14 anos e é Hulflepuff. Um amor de rapariga, apesar de manter o orgulho dos Malfoy. Olhou para mim e o seu sorriso morreu.
- OH MEU MERLIN! Scorpius, és uma rapariga!
- Pior, sou ruivo! – exclamou o jovem ao meu lado. Ela olhou para ele e ainda abriu a boca em choque antes de se sentar no chão a rir. Aproveitando a deixa todos os outros se começaram a rir também. Eu virei costas para eles, assim como o Malfoy, e encaminhei-me para a próxima aula.
Passei o resto do dia sem falar com ninguém e quando falava era arrogante mesmo sem querer, até que, após a Lily e a Roxanne me deixarem a falar sozinha no corredor, calei-me de vez.
À hora de jantar sentei-me sozinha na mesa dos Ravenclaw, mas não por muito tempo.
- Weasley. – não olhei, mas eu reconheceria a sua voz em qualquer lugar.
- Vai-te embora! – obviamente, ele sentou-se ao meu lado. Continuei a comer como se nada fosse. Ele segurou a minha mãe e obrigou-me a olha-lo.
- Desculpa. – pediu. – Sei que sou uma pessoa difícil. Mas eu gostava muito que fossemos amigos Weasley. O Albus é teu primo e está completamente apanhado pela tua melhor amiga e não tarda nada o Andrew vai cair nos braços da pequena Potter. Até os nossos irmãos são amigos! – ele apontou para a mesa da Hulflepuff onde Hugo e Kristen e mais dois amigos estavam sentados e conversavam animadamente. – Vamos sobrar apenas nós. – encarei-o, mas os seus olhos azuis não pareciam correctos, então ergui a minha varinha e apontei-a para ele. Pouco a pouco os seus cabelos tornaram-se loiros e os seus olhos cinza, repletos de sinceridade, fintavam-me. Ele repetiu o meu gesto e pelo canto do olho vi os meus cabelos tornarem-se ruivos. Ele levantou-se calmamente. – Obrigado Weasley. – e virou costas.
- É Rose. – ele olhou confuso para mim. – O meu nome é Rose. – Scorpius sorriu e eu retribui.
Voltei a olhar para a minha comida com a sensação que aquele ano ia mudar muita coisa.
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